Interação de
colírio com remédios para gripe, resfriado e outras doenças respiratórias
atinge 2 em 10 pacientes.
O inverno só começa
oficialmente na próxima semana, mas as baixa temperaturas já estão aumentando
os casos de conjuntivite viral por causa das aglomerações em ambientes
fechados. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto
Penido Burnier em Campinas, o frio também resseca a lágrima. Isso aumenta a
síndrome do olho seco e a conjuntivite alérgica em quem já tem predisposição à
alergia. O problema é que a maioria das pessoas pensa que colírio é uma aguinha
refrescante. Por isso, quando sente ardência, vermelhidão, dor nos olhos e
sensação de corpo estranho usa qualquer colírio indicado pelo amigo, familiar
ou vizinho e até uma sobra guardada em casa.
Para piorar as doenças
respiratórias como gripe, resfriado, asma, rinite e sinusite chegam a triplicar
nos meses mais frios, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Resultado:
Um levantamento feito por Queiroz Neto nos prontuários do hospital mostra que
no outono/inverno as interações
perigosas entre colírios e medicamentos
indicados para tratar estas doenças chegam a dobrar e atingem 20% dos
pacientes.
Combinações arriscadas
Um exemplo, comenta, é o
uso de descongestionante nasal com colírio betabloqueador para controlar a
pressão interna do olho em portadores de glaucoma. Isso porque, esta combinação
pode cortar o efeito do colírio e levar à piora do glaucoma.
O médico destaca que as
mulheres devem estar atentas ao uso de colírio antibiótico para conjuntivite
bacteriana com pílula anticoncepcional. Isso porque, os antibióticos cortam o
efeito da pílula.
Já a lágrima artificial
não tem efeito quando usada com anti-histamínico. O especialista afirma que para alérgicos, as cápsulas de
semente de linhaça que contêm ômega 3 garantem a melhor lubrificação dos olhos.
O mais grave, adverte, são
as interações que levam a outros problemas de saúde. Este é o caso do uso
de medicamentos broncodilatadores para
aumentar a entrada de ar nos pulmões com colírio betabloqueador para glaucoma
que leva à falta de ar e pode causar asma.
Cuidados com colírios
Queiroz Neto ressalta que
depois de aberto todo colírio deve ser descartada após 30 dias porque perde a
validade.
O bico dosador também não
pode ser encostado no olho para que o medicamento não seja contaminado pela
flora bacteriana da superfície ocular.
A escolha do tipo de
colírio depende da avaliação médica. O tratamento da conjuntivite viral pode
ser feito com anti-inflamatório não hormonal e em casos mais severos
anti-inflamatório hormonal que contém corticóide quando o paciente não tem
comorbidades que impedem o tratamento. O
médico afirma que o uso de corticóide não pode ser interrompido bruscamente
porque ocorre efeito rebote, ou seja, a conjuntivite volta mais forte. Por
outro lado, o uso prolongado provoca glaucoma e catarata. Por isso, só deve ser
usado com supervisão médica.
O único cuidado imediato liberado antes da consulta
médica é a aplicação de compressas frias
feitas com gaze e água filtrada. Não desaparecendo os sintomas em dois dias a
recomendação é consultar um oftalmologista.
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