A Europa segue acometida por uma
atmosfera de tensão e incertezas. Em meio a decisões políticas e diplomáticas
importantes o terrorismo ganha os holofotes no velho continente, levando a população
a um constante estado de insegurança.
A relação do terror com o sentimento
de medo ganhou novos capítulos com o episódio desumano em que um atentado
deixou diversas crianças e adolescentes mortos em um show da cantora pop Ariana
Grand, em Manchester. Mesmo com toda a cautela por parte da segurança
britânica, um novo ato de violência, dessa vez por atropelamento, voltou a
assustar a capital londrina.
Apesar de ser considerada uma das
cidades mais seguras do mundo, o pânico é generalizado ao menor sinal de
aglomeração ou estrondo. “Seria esse o objetivo do terror? Desassossegar a
todos? Tornar todos reféns do medo, portanto, reféns de quem os pratica?
Provavelmente sim”, aponta Aurélio Melo, psicólogo da Universidade
Presbiteriana Mackenzie.
“Vejam os exemplos dos condomínios:
as construções típicas da sociedade do medo. Muros que separa, isolam, dão a
falsa sensação de segurança e não resolvem a violência”, conta o especialista.
“O medo é um afeto incômodo que, em muitas vezes, tem a capacidade de imobilizar”,
explica.
Outras vezes, ainda segundo Melo,
esse medo promove mudanças ou mobilizações absurdas. Isto é: “O medo é um
potente afeto. Spinoza (1632 – 1677), filósofo holandês, viu no medo a causa do
ódio, considerando ambos sinônimos. Dito de outra forma, odiamos aquilo que
tememos. E por temer muitas coisas, ou por medo, cometemos barbaridades. Por
medo, vigiamos pessoas e punimos excessivamente”, comenta.
Por medo não saímos de casa, quando o
certo a fazer seria sair para diminuir o medo e assegurar os espaços públicos.
Como se vê, o medo é um afeto que circula entre pessoas na vida social e se
potencializa com os episódios de terror e violência.
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