Em
contrapartida, os benefícios trazidos pela IA vêm com responsabilidades que
corporações e governos devem considerar. Com as máquinas aptas a aprender, as decisões
relacionadas aos negócios digitais podem trazer consequências significativas e
é preciso questionar todos os aspectos que envolvem a ética ao adotar novas
tecnologias.
As
transformações trazidas pela IA são profundas e as decisões tomadas hoje gerarão
tamanho impacto em cadeia, com efeitos secundários ainda mais transformadores,
que infelizmente, não podemos dizer exatamente o que acontecerá a seguir, mas
podemos dizer que precisamos nos planejar para isso agora. Da mesma forma que
ocorre com desastres naturais, onde não sabemos exatamente como e quando irão
ocorrer, mas precisamos nos preparar para eles, as empresas devem se preparar
para esta transformação.
Com
esse cenário de evolução em Inteligência Artificial, há uma série de
questionamentos éticos que surgem e têm que ser considerados pelas companhias
na tomada de decisões. As empresas devem desenvolver uma estrutura que
questione aspectos como a segurança, confiança e privacidade de dados.
Uma
pesquisa recente da Avanade identificou seis medidas que as empresas devem
adotar para estarem alinhadas à transformação do mercado e se beneficiarem com
AI:
1-O uso de novas tecnologias traz
responsabilidades para as empresas. É preciso discutir quais são os limites
éticos de uma organização, quais são os padrões a serem seguidos e os dilemas a
serem enfrentados. Para isso, ter um comitê de ética permanente, como extensão
do departamento de governança ou conselho corporativo, é o primeiro passo para
as corporações se protegerem de possíveis dilemas no uso de novas tecnologias.
2- Quais são os valores e princípios de uma
empresa, e como eles são medidos? Segundo a consultoria Gartner, a ética digital
é um sistema de valores e princípios morais para a condução de interações
digitais entre pessoas, empresas e coisas. Portanto é válido que as empresas se
questionem sobre quais são suas crenças, quais interações são representativas
do seu perfil e quais são as condutas que se aplicam a esses valores e
princípios.
3- Para os funcionários de uma empresa, a
digitalização reflete em impactos que vão além dos ambientes de trabalho.
São novas interações e processos que devem ser aprendidos por todos, muitas
vezes, em pouco tempo. Mas qual é o limite do uso? Quantas horas por dia o
trabalhador deve interagir com as máquinas? Essas são questões que devem ser
discutidas e combinadas nas empresas para que não sofram com o impacto futuro
da tecnologia.
4- Analisar os benefícios e os riscos de cada
nova tecnologia é aumentar a segurança da corporação. Só porque algo pode
ser feito, não significa que deve ser feito. Muitas tecnologias vão contra o
perfil das corporações. Entender qual é o propósito ao se adotar novas
ferramentas é analisar se a recompensa é maior do que as ameaças e perigos.
5- Nova tecnologia é sinônimo de flexibilidade.
Com o passar dos tempos, a ética, os dilemas e a aceitabilidade das novidades
irão se desenvolver e mudar. Por isso, as estruturas da ética digital precisam
ser dinâmicas para que as companhias tenham respostas às questões
controversas.
6-
A segurança continuará a ser de extrema importância, especialmente no
que diz respeito ao acesso ao grande volume de dados compartilhados por
organizações públicas e privadas, por meio de parcerias entre as empresas e a
crescente capacidade de tomada de decisões das máquinas.
A
inteligência artificial está disponível para melhorar o mundo coorporativo,
trazendo inovação, otimizando processos, possibilitando vantagens e até
melhorando a qualidade de vida. Contudo, seu uso não isenta as empresas das
responsabilidades. Por meio de atitudes éticas, companhias e comunidades terão
caminho livre a fim de melhorar a experiência digital e, quantos antes fizerem
as escolhas certas, mais cedo terão sucesso.
Marcelo
Serigo - Líder de Inovação da Avanade Brasil
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