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quinta-feira, 25 de maio de 2017

DIA NACIONAL DE COMBATE AO GLAUCOMA: Dose certa da medicação evita desperdício e facilita a adesão do tratamento contra a cegueira



 O Dia Nacional de Combate ao Glaucoma (26 de maio) é a melhor oportunidade para a conscientização do público leigo, e ainda mais útil para pacientes já diagnosticados. A mensagem central é ajudar a estimular a adesão e a manutenção do tratamento e, paralelamente, auxiliar no uso correto do colírio, uma vez que medicamentos tópicos hipotensivos (colírios) são usados ​​como primeira opção de tratamento e combate à progressão do Glaucoma.

Nos últimos anos, dois importantes aspectos têm chamado atenção de oftalmologistas especialistas em glaucoma: a falta de adesão e o desperdício de colírio, o que implica em pior prognóstico da doença e, consequentemente, na ineficácia do tratamento e em gastos econômicos desnecessários.

Como diversas outras campanhas no âmbito da saúde, as datas temáticas são pontos de partida para a conscientização do público leigo. Por se tratar de uma doença assintomática, e o fato de a progressão da doença ter relação com a baixa adesão ao tratamento (principalmente entre os idosos), pretende-se cada vez mais incentivar e mostrar a importância dos exames regulares com oftalmologistas.

O glaucoma é uma neuropatia óptica caracterizada pela perda progressiva do campo visual. Atualmente, representa 12,3% dos casos de cegueira no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) - a principal ainda é a catarata, mas ao contrário desta, a cegueira do glaucoma é irreversível.

No Brasil, estima-se em mais de 1 milhão de glaucomatosos, com incidência de 2 e 3% na população acima de 40 anos, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Aos 70 anos, o risco de desenvolver a doença triplica, segundo a Sociedade Brasileira de Glaucoma.

Dos cerca de 1 milhão de pacientes com glaucoma, 50% ou mais não sabem que são portadores da doença. No Brasil, supõem-se um índice ainda maior. A estimativa é que até 2020 o glaucoma atingirá 80 milhões de pessoas em todo mundo, sendo que destas, 11 milhões estarão em estágio de cegueira bilateral³.

No início da progressão da doença, pacientes glaucomatosos têm a perda do campo visual periférica. Daí, a visita ao periódica ao oftalmologista ser recomendada. Com o passar do tempo, ocorre a atrofia progressiva do campo visual que, inexoravelmente, levará à cegueira.


Falta de Adesão

O tratamento do glaucoma inicia-se com o uso de colírios específicos, porém, dependendo do paciente, a cirurgia pode ser uma opção quando o medicamento não surtir o efeito desejado.

Entre as causas do abandono do tratamento estão a dificuldade em manter os olhos abertos para instilação do colírio, desistência no uso do medicamento e não seguir as orientações médicas, os horários prescritos e a forma de manuseio do frasco de colírio. Pacientes na terceira idade, por dificuldade em instilar o colírio sozinho, são pouco aderentes ao tratamento.

Os glaucomatosos são os que mais utilizam colírios diariamente para o controle da doença. A utilização correta do medicamento tem efeito adjunto no tratamento, pois cada gota desperdiçada pode representar um dia de tratamento a menos. Ou seja, há o desperdício no aspecto da saúde física do paciente e também financeira. Aproximadamente 65% dos pacientes apresentam dificuldade na aplicação dos colírios e 38% erram a primeira gota. De cada dez, quatro não acertam o alvo. Quando a gota do colírio não chega de forma correta no olho, perde-se a eficácia do tratamento.

“Quanto maior a adesão à terapia tópica, melhor para o paciente. Mas se o colírio não foi instilado de forma correta, o tratamento torna-se ineficaz. O uso da medicação acima do recomendado, ou o excesso de uso do colírio, além de não trazer benefícios, aumenta o efeito colateral da medicação”, diz o Prof. 
Tiago Prata, médico oftalmologista e professor de pós-graduação da UNIFESP e diretor clínico do Hospital Medicina dos Olhos (HMO).

O Prof. Tiago Prata e colegas conduziram um estudo¹ que avaliou a eficácia e a segurança de um dispositivo projetado para instilar o colírio de forma correta no tratamento. Aproximadamente 20% dos pacientes precisam de outra pessoa para ajudar, o que nem sempre é possível e, muitas vezes, leva à desistência do tratamento e, consequentemente, à progressão da doença.

Outro benefício demonstrado pelo estudo foi que o dispositivo reduz as chances de contaminação e diluição da medicação, pois o aplicador não permite que o frasco encoste a ponta no globo ocular.

Estudos de persistência e adesão ao tratamento do glaucoma já mostram que uma proporção significativa de pacientes interrompeu o uso da terapia prescrita logo no primeiro ano. Do ponto de vista econômico, o auxílio e a facilidade de um aparelho para instilar colírio, especialmente no caso de pacientes inexperientes, é maior em comparação à instilação tradicional².

De modo geral, o colírio é um medicamento de uso pessoal, exclusivo do paciente e deve ser utilizado somente sob recomendação médica. O auxílio de um dispositivo para estilar colírio tem demonstrado eficácia porque o paciente percebe que está fazendo o uso correto do colírio, e sente-se mais motivado a aderir ao tratamento. “É como um atleta que recebe um tênis novo. Aquilo é um incentivo extra, que o impulsionará a seguir seus objetivos, suas metas”, descreve o oftalmologista Tiago Prata.

O oftalmologista da UNIFESP e diretor clínico do Hospital Medicina dos Olhos (HMO) alerta que, no Brasil, alguns medicamentos à base de corticoide, vendidos sem receita, podem ser grandes vilões no tratamento da doença. Estes colírios podem tanto aumentar a pressão dentro do olho, conhecida como PIO (Pressão Intraocular) como ainda desenvolver o glaucoma.






Dr. Tiago Prata - oftalmologista pela UNIFESP/EPM, com especialização na área de Glaucoma na mesma instituição. Atualmente é Professor Afiliado e Professor da Pós-Graduação no Departamento de Oftalmologia da UNIFESP/EPM. Concluiu o Doutorado em Oftalmologia e Ciências Visuais em 2011 pela UNIFESP/EPM, com bolsa de doutorado-sanduíche (CAPES) nos Estados Unidos, no New York Eye and Ear Infirmary / New York Medical College. Concluiu o Pós-Doutorado em Oftalmologia e Ciências Visuais em 2016 pela UNIFESP/EPM. É Membro da American Academy of Ophthalmology, Pan-American Association of Ophthalmology e da Association for Research and Vision in Ophthalmology.





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