A cada três fumantes, dois morrem por causa de
doenças relacionadas ao tabaco. Este e outros dados alarmantes fazem do Dia
Mundial Sem Tabaco (31/05) uma data importante para a Sociedade
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) intensificar a
divulgação de informações e pesquisas científicas que comprovem os malefícios
do fumígenos.
O Dia Mundial Sem Tabaco foi criado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) há 30 anos, com o objetivo de reunir
instituições de saúde, especialistas e sociedade civil para discutir políticas
de redução do consumo de produtos derivados do tabaco.
O tema deste ano - “Tabagismo: uma ameaça ao
desenvolvimento” - transcende aos assuntos sobre saúde e amplia o debate para
os riscos sociais e econômicos decorrentes do fumo.
O Brasil é o 2º maior produtor mundial de tabaco e
principal exportador da folha. “Estamos exportando um ‘veneno’, que após ser
processado em cigarros, por exemplo, contém mais de 7 mil substâncias tóxicas.
Em vez disso, poderíamos produzir mais alimentos para sanar a fome no país e no
planeta”, argumenta o pneumologista Dr. Alberto José de Araújo, membro das
Comissões de Tabagismo da Associação Médica Brasileira (AMB), Sociedade
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e Sociedade de Pneumologia e
Tisiologia do Rio de Janeiro (SOPTERJ).
Além da questão econômica, o pólo de produção do
tabaco, concentrado no sul do país, também apresenta problemas sociais e
ambientais. “A indústria do tabaco cria toda sorte de obstáculos para impedir
os fumicultores de saírem da secular monocultura do tabaco para a
diversificação para outros cultivos de alimentos, cuja produção seja menos
nociva ao ambiente e à própria saúde deles”, explica o Dr. Araújo.
Enquanto os agricultores têm a saúde debilitada por
causa dos agrotóxicos, na outra ponta, os consumidores de tabaco e seus
derivados correm riscos ainda mais evidentes.
“O hábito de fumar encurta a expectativa de vida
entre 8 e 15 anos, e pode causar cerca de 55 doenças. Estima-se que 130 mil brasileiros
morram todos os anos por alguma enfermidade relacionada ao tabaco. As
principais são: infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico, doença
pulmonar obstrutiva crônica, câncer de pulmão e em outros órgãos”, informa o
pneumologista.
O especialista cita, ainda, os dados do Instituto
Nacional de Câncer que constatam que, a cada 100 pacientes que desenvolvem
câncer, 30 são fumantes. Além disso, 90% dos casos de câncer de pulmão são
causados pelo tabagismo.
Principais medidas de
controle vigentes no país
Diante de informações preocupantes, o Brasil tem
avançado nas políticas de controle do tabagismo. Em relação à queda no consumo,
o país passou de 34,8% de fumantes na população em 1989 para 14,7% em 2013, de
acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE.
As medidas mais eficazes adotadas por aqui foram a
de prevenção do fumo passivo, por meio da lei 12546/11 (lei antifumo), em vigor
desde 2014; a oferta de tratamento para a cessação do tabagismo, implantada
desde 2004 na rede básica de saúde; o aumento da alíquota de impostos sobre os
cigarros e estabelecimento de preço mínimo de produtos de tabaco, o que ajuda a
inibir a iniciação de jovens ao tabagismo; além das advertências sobre os
riscos à saúde nas embalagens, que tiveram grande evolução no país, passando de
frases como "pode causar câncer" (anos 80 e 90), até a posição mais
incisiva: “causa câncer".
Até o dia 26 de maio, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) está realizando Consulta Pública para renovar os
textos e imagens de alerta das embalagens. Contribuir com medidas como esta e
ajudar a difundir mais informações sobre o hábito de fumar são algumas das
formas de ajudar a reduzir a mortalidade por doenças relacionadas ao tabagismo.
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