As pesquisas eleitorais de intenção de voto sobre as eleições
municipais mostravam o que se confirmou nas urnas: o segundo turno em Curitiba.
A dúvida maior na reta final estava em quem disputaria o segundo turno com o
candidato Rafael Greca: Fruet ou Leprevost? É fato que a reeleição do atual
prefeito Gustavo Fruet se mostrava comprometida desde julho de 2015, quando sua
gestão foi desaprovada por 62% dos curitibanos, segundo a pesquisa do Instituto
Paraná Pesquisas. De lá para cá ele não conseguiu reverter esse quadro de
insatisfação e, pior, se colocou como o candidato de maior rejeição eleitoral
entre os eleitores da capital.
Podemos presumir que o atual prefeito e outros que tentavam a
reeleição estão provando daquilo que Nicolau Maquiavel, filósofo italiano do
século XV, alerta no livro O Príncipe: “conquistar o poder é fácil, difícil é
conservá-lo”. Sobretudo nos dias de hoje em que a reeleição para os prefeitos
está se tornando cada vez mais difícil. É o que mostrou em 2013 o levantamento
feito pelo Valor Data, a partir do cruzamento de dados do Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da
Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Naquele levantamento o índice de
reeleição dos prefeitos no país desabou consideravelmente, entre 2004 a 2012,
nos 100 municípios que mais evoluíram no Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH). Em 2004 o índice de reeleição foi de 82%; em 2008, caiu para 68% e em
2012, para 48%.
Portanto, nas eleições de 2 de outubro se consumou algo já
esperado. Entre as 26 capitais, 18 terão o segundo turno, entre as quais estão
Curitiba, Goiânia, Vitoria, Belo Horizonte, Porto Alegre, Campo Grande,
Aracaju, Rio de Janeiro e Florianópolis. Aliás, estas são as dez capitais que
lideram o ranking de bem-estar urbano no Brasil, publicado dia 27 de setembro,
de acordo com o levantamento do Observatório das Metrópoles e da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dentre os indicadores de qualidade analisados
neste levantamento estavam mobilidade urbana, condições ambientais, condições
habitacionais, serviços coletivos urbanos e infraestrutura.
Ou seja, esses dados confrontados aos resultados das urnas nas
disputas para prefeitos em 2016 mostra a boa tendência do eleitor nas capitais
em exigir cada vez mais dos governantes que tentam a reeleição ou que indicam
possíveis sucessores no governo. E que sirva de lição para os prefeitos vencedores
deste ano.
Doacir Gonçalves de Quadros - professor
de Ciência Política e do mestrado acadêmico em Direito do Centro Universitário
Internacional Uninter.
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