Com apoio
dos pais, usuários mirins ganham milhares de views e se tornam celebridades
on-line
Usar a
Internet todos os dias é um hábito comum a 81% das crianças e adolescentes
brasileiros que possuem acesso à rede, conforme pesquisa TIC Kids Online Brasil
lançada no ano passado. Não é novidade que cada vez mais brasileirinhos estejam
presentes na Internet. O que surpreende, além do protagonismo precoce, é o
número de views, fãs e seguidores que os usuários
mirins vêm acumulando nas mídias sociais. Uma criança de 9 anos, por exemplo,
tem vídeos com mais de 4 milhões de views.
Esse
cenário bastante abrangente leva a reflexões quanto a atuação dos menores
de idade como produtores de conteúdo, bem como suas implicações
legais. Como fica a proteção dos dados e da própria criança? Quais as
consequências ao receber ataques de haters nos comentários? A produção de
vídeos pode ser considerada como rotina de trabalho segundo o Direito
brasileiro? E a inserção de publicidade nesse ambiente? Essas e outras
questões merecem ser debatidas e divulgadas para a população, principalmente
com a proximidade do Dia das Crianças e o contato das marcas
junto aos youtubers mirins.
Na
opinião da Dra. Patricia Peck Pinheiro, advogada especialista em
Direito Digital, os pais têm um papel fundamental nessa tarefa de monitorar os
conteúdos publicados pelos pequenos. “As crianças já nascem imersas nas tecnologias
e não sabem os riscos que correm ao expor sua imagem e intimidade na rua
digital global que é a Internet”. Ou seja, é preciso dialogar que existem
muitos perigos envolvendo o compartilhamento de fotos ou vídeos de menores de
idade. “O conteúdo digital não tem devolução. Ao criarem perfis nas
redes sociais - muitas vezes desrespeitando a idade mínima - e publicarem
detalhes de sua vida íntima, os pequenos ficam suscetíveis a pessoas
mal-intencionadas, podendo sofrer assédios, sequestros, pedofilia e
cyberbullying.”
Para a
advogada, sempre que envolver dados de crianças ou adolescentes, o meio de
comunicação deve ser o mais reservado possível para preservá-los. “Cautela e
discrição são a melhor forma de proteção." Eles não tem noção que a
internet é um espaço público e que tudo eu ocorre neste ambiente fica documento.
Esses rastros deixados quando criança podem trazer consequências não só na infância,
mas também na vida adulta. O trabalho conjunto de apoiar o início (assistência)
e ensinar o uso certo (discernimento) permite reduzir grande parte dos
incidentes”
O que fazer
quando houver incidentes de
exposição de imagem infantojuvenil na web?
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1. Documentar o ocorrido por
meio de print ou foto da tela para preservar a prova e o dispositivos
para perícia se necessário.
2. Solicitar de imediato o apagamento
do conteúdo (remoção) no serviço (Redes sociais, escolas e outros) em
questão, informar que é caso envolvendo menor de idade.
- Youtube:
https://support.google.com/youtube/topic/2803138?hl=pt&ref_topic=2676378
- Snacpchat: https://support.snapchat.com/pt-BR/article/report-explorer-snap
- Periscope/Twitter:
https://support.twitter.com/articles/20169197
3. Dependendo do caso, relatar
o fato à autoridade para providências de investigação (situação de
assédio, pornografia infantil, deve ser feito Boletim de Ocorrência com base
no art. 241 do ECA).
4. Dependendo do caso, entrar com as medidas legais
cabíveis com a assessoria de um advogado especialista em direito digital.
5. Buscar orientação médica, psicológica, pedagógica
para apoiar na recuperação do menor e da família.
|
Há mais de cinco anos, a
advogada desenvolve ações educativas sobre o uso ético, seguro e legal da
tecnologia por meio do Instituto iStart. Somente neste ano, a Dra.
Patricia realizou mais de 30 palestras e capacitações em diferentes escolas do
país, além de quase 20 webinários sobre como engajar o jovem na prevenção dos
perigos digitais e o papel de vigilância dos pais no uso correto das novas
tecnologias. Além disso, o Instituto também lançou o app Istartcare, um
dispositivo criado justamente para auxiliar nessa tarefa preventiva de orientar
os usuários sobre as melhores práticas para evitar incidentes na Internet,
disponível na Google Play e na Apple Store (http://bit.ly/2cUvRxW).
Dra.
Patricia Peck Pinheiro - advogada especialista em Direito
Digital, formada pela Universidade de São Paulo onde é doutoranda em Direito
Internacional, e possui 17 livros publicados sobre o assunto. Reconhecida por
seis anos consecutivos de 2010 a 2016 como uma das advogadas mais admiradas em
propriedade intelectual no Brasil e condecorada com três medalhas militares
pelas Forças Armadas Brasileiras. É sócia-fundadora do escritório Patricia Peck
Pinheiro Advogados, da empresa de cursos Patricia Peck Pinheiro Treinamentos e
do Instituto iStart de Ética Digital que conduz o Movimento Família mais
Segura.
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