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terça-feira, 5 de maio de 2015

GASTO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE COM AÇÕES JUDICIAIS CRESCE 129% EM TRÊS ANOS




Entre 2012 e 2014, o Governo Federal pagou R$ 1,76 bilhão na compra de medicamentos para pacientes que cobraram tratamento pela Justiça

As despesas do Ministério da Saúde geradas por ações judiciais vêm crescendo em ritmo cada vez maior. Nos últimos três anos, o valor pago na chamada “judicialização da saúde” saltou de R$ 367 milhões em 2012 para R$ 844 milhões em 2014; um aumento de 129%. O acumulado desse período é de R$ 1,76 bilhão.
As ações judiciais são motivadas pela falta de acesso a tratamentos no SUS, seja por falta de disponibilidade dos medicamentos ou porque eles não forma incorporados (não fazem parte da lista de tratamentos da rede pública). Em outro levantamento recente da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), foi verificado que o Governo Federal recebeu 225 pedidos para incorporação de novos medicamentos ao SUS nos últimos três anos e, até agora, avaliou apenas 171. Desse total, mais da metade foi negada (55%).
“A judicialização é um instrumento de defesa da sociedade diante do país que determina, pela Constituição, que todos tenham acesso, mas acaba não oferecendo esse acesso a tratamentos e medicamentos”, afirma Antônio Britto, presidente-executivo da Interfarma. Ele explica que a população está bem informada e, apoiada por médicos com boa qualificação, vale-se da Constituição para assegurar tratamentos que já estão ao alcance em diversos países.

Duas modalidades
Ao ser acionado pela Justiça, o Ministério da Saúde pode realizar os pagamentos de duas formas. A mais frequente é a modalidade “Compra”, representava 83,32% dos gastos em 2014, enquanto a modalidade “Depósito em conta judicial” representa apenas 16,68%. Veja o quadro abaixo:  
1) Gastos do Ministério da Saúde com judicialização entre 2012 e 2014 (milhões de R$)
Modalidade de pagamento
2012
% 2012
2013
% 2013
2014
% 2014
Var. 2014/ 2012
Acum. 2012 a 2014
% Acum. 2012 a 2014
Compra (DELOG)
324,45
88,19%
438,82
79,37%
703,39
83,32%
116,80%
1.466,67
83,10%
Depósito em conta judicial (FNS)
43,44
11,81%
114,05
20,63%
140,82
16,68%
224,18%
298,31
16,90%
Total
367,89
100,00%
552,87
100,00%
844,21
100,00%
129,47%
1.764,98
100,00%
Variação anual


50,28%

52,70%




Fonte: Comprasnet e Fundo Nacional de Saúde. Elaboração: Interfarma
Vale lembrar que os gastos por depósito em conta judicial são proporcionalmente superiores aos da modalidade compras. Isso acontece porque, em qualquer aquisição pública por judicialização, deve ser observada a aplicação do CAP (Coeficiente de Adequação de Preços) sobre o preço fábrica dos medicamentos; ou seja, o medicamento é adquirido com descontos. Já no caso de depósito em conta, o paciente pagará o preço máximo ao consumidor (PMC), o que representa uma perda financeira aos cofres públicos.
2) Gastos do Ministério da Saúde com judicialização nas diferentes modalidades (R$)
Período
Dispensa de Licitação (1)
Inexigibilidade de Licitação (2)
Subtotal Compras DELOG (1+2)
Subtotal Depósito em conta judicial
Totais
2012
191.651.854
132.802.071
324.453.925
43.442.024
367.895.949
2012 (%)
52,09%
36,10%
88,19%
11,81%
100,00%
2013
435.804.141
3.018.626
438.822.767
114.054.087
552.876.854
2013 (%)
78,82%
0,55%
79,37%
20,63%
100,00%
2014
628.573.684
74.818.979
703.392.663
140.822.280
844.214.943
2014 (%)
74,46%
8,86%
83,32%
16,68%
100,00%
Var. 2014/2012
227,98%
-43,66%
116,79%
224,16%
129,47%
Acum. 2012 a 2014
1.256.029.679
210.639.676
1.466.669.355
298.318.391
1.764.987.746
Acum. 2012 a 2014 (%)
71,16%
11,93%
83,10%
16,90%
100,00%
Fonte: Comprasnet e Fundo Nacional de Saúde. Elaboração: Interfarma
 “O crescimento da judicialização nos mostra que precisamos discutir mais o problema do acesso. O mesmo Brasil bem-sucedido em oferecer tratamento para as doenças básicas, que o SUS responde muitíssimo bem, tem encontrado dificuldade no atendimento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, e problemas mais complexos, como o câncer”, avalia Britto. “A saúde é como um prédio, em que o térreo abriga as doenças transmissíveis que o SUS atende, mas faltam soluções no segundo, no terceiro, no quarto e no quinto andar de um edifício que não para de subir”, compara o presidente-executivo da Interfarma.

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