O hábito alimentar
formou-se, inicialmente, pelo objetivo do ser humano em aumentar o aporte de
energia corporal a fim de sobreviver aos predadores no período da pré-história.
A partir do desenvolvimento de instrumentos de caça e do descobrimento do fogo,
ampliou-se a variedade e a digestibilidade dos alimentos. Isso se refletiu no
abrandamento das fibras, com mais maciez, facilitando e promovendo mudanças
evolutivas na dentição, na mastigação e na absorção de nutrientes.
Além disso, se
pensarmos do ponto de vista histórico, nos séculos XV-XVI, iniciaram-se as
grandes navegações e, com isso, a mistura e a integração entre os povos e as
culturas. Ou seja, houve uma complexa vinculação de hábitos de vida, relações
interpessoais, conhecimentos diversos, religiões, crenças, criação de animais e
cultivo de alimentos variados e, ainda, o acesso às especiarias e à farinha
refinada. Com toda essa fusão, o que se percebe é uma maior miscelânea
cultural, que evidencia a mudança do foco alimentar.
Daremos um salto
histórico em direção aos anos 70. No âmbito global, a educação nutricional se
distanciou das raízes sociais e antropológicas e cedeu lugar à medicina,
promovendo programas de educação nutricional. A constatação científica de que
os hábitos alimentares errôneos são um fator de risco para várias doenças fez
com que, nos anos 90, reemergisse o interesse pelo assunto, no qual a educação
nutricional assumiu destaque na prevenção da saúde. Nesse contexto, a nutrição
viveu a divergência das carências, como desnutrição e anemia, com os excessos,
como obesidade, diabetes, dislipidemias.
Com o passar dos
anos, o hábito do brasileiro foi redefinido a partir do surgimento da indústria
alimentar e marcado pelo consumo excessivo de produtos processados, ricos em
conservantes e corantes, e que traziam opções práticas, saborosas e pouco
perecíveis para a rotina corrida.
A publicidade e a
ideologia consumistas ganharam importância, favorecendo a formação de novos hábitos alimentares e
influenciando as escolhas dos consumidores. Como resultado, tem-se, na sociedade,
uma transição nutricional
caracterizada por uma dieta extremamente calórica, rica em açúcares e gorduras, e, consequentemente,
insatisfatória em questões nutricionais. Segundo pesquisa do IBGE de 2018, a maioria
dos brasileiros faz escolhas alimentares inadequadas, principalmente os
adolescentes.
Em contrapartida,
temos o movimento slow food, que conjuga prazer e regionalidade no hábito
alimentar. É o resgate ao "como era antigamente", a feira, ao fresco,
ao natural. O problema é que o solo já está modificado, os alimentos vêm cheios
de agrotóxicos e mesmo o "fresco" não fornece os nutrientes de antes.
É exatamente nesse
contexto que a suplementação funciona como uma conveniência e benefício, já
que, de forma prática, auxilia no suprimento das necessidades do corpo. Quando
a alimentação atual ou pregressa é pobre em verduras, legumes, frutas,
castanhas, proteínas; quando a digestão é ruim; quando o intestino não funciona
regularmente; quando há frequentes gripes, resfriados, alergias; quando os
cabelos caem além o habitual; quando há dificuldade para dormir, estresse,
ansiedade, fadiga, falta de energia, TPM, excesso de apetite... a suplementação
torna-se fundamental. De acordo com pesquisa da Abiad (Associação Brasileira da
Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres), divulgada em 2020,
59% dos lares possuem ao menos uma pessoa consumindo suplementos.
Por isso, a
suplementação deve ser pensada com um caráter estratégico, personalizada,
adequada a cada fase da vida, para melhora da saúde e da performance. A
ingestão de suplementos feitos especialmente para cada organismo responde não
só à necessidade de cada indivíduo, como também a uma tendência para os dias
atuais: fazer uso da tecnologia em prol da praticidade, inclusive no que diz
respeito à sua saúde e à sua alimentação.
Roberta Thawana -
nutricionista da Polaris Nutrition
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