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quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Região Sul possui a menor concentração de analfabetos do país, segundo levantamento da UnitFour



Estudo indica interesse de compra em e-commerces e afinidade com serviços de crédito pessoal, além de estimar escolaridade e classe social da região 


A UnitFour, empresa fornecedora de dados para o mercado, realizou um levantamento sobre a região Sul, a menor do Brasil e que corresponde a 6,76% do território nacional. População dividida por gênero, interesses em obter crédito pessoal e empréstimo bancário, e escolaridade foram alguns dos pontos analisados.


Gêneros

O estado com mais habitantes é o Paraná, seguido por Rio Grande do Sul. Santa Catarina fica em último lugar, possuindo a menor concentração de pessoas. Segundo o estudo, a população do Sul é 51% feminina e 48% masculina, sendo dividida da seguinte forma: 25% dos paranaenses são mulheres e 23% são homens e os gaúchos representam 21% e 18%, respectivamente. Já os catarinenses têm maior equilíbrio, com 6% de ambos os gêneros. 


Grau de Escolaridade e Classe Social

O levantamento revelou ainda que essa região possui a menor concentração de analfabetos do país, com uma taxa de 12%. Além disso, é o segundo melhor colocado na quantidade de pessoas com o ensino superior completo, ficando atrás apenas do Sudeste. Analisando os graduados em cada estado, a empresa constatou que o Paraná conta com o maior número de pessoas com ensino superior completo (49%), seguido pelo Rio Grande do Sul (37%) e Santa Catarina (14%).

Ao abrigar grande parte da população com o ensino básico, o Sul é composto por pessoas das classes A e B, divididas em 17% e 20%, respectivamente. A classe C representa 16% da população e a D, 10%. Apenas 13% não tiveram a classe social identificada.


Afinidades financeiras

A pesquisa detectou que a localidade possui um dos maiores índices de interesse em efetuar compras on-line, obter empréstimos bancários e crédito pessoal, conforme tabelas:
 

É importante destacar que as informações foram levantadas pela base de dados da UnitFour, que por meio de cálculos de estatística, estimou a representatividade e o impacto das informações em cenário nacional, porém que não têm relação com as fornecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Em um comparativo direto, a região Sul possui o segundo maior interesse em crédito pessoal, ficando atrás apenas do Sudeste, que concentra 53% das pessoas com afinidade nesse tipo de transação financeira. Na sequência, vêm o Nordeste (15%), Centro-Oeste (9%) e, por último, o Norte (5%).




UnitFour



Qual cultura de crédito queremos para o Brasil?



Recentemente, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello, anunciou um programa de crédito para ajudar as microempresas, em que o Governo Federal vai injetar R$ 100 bilhões de recursos anuais – portanto dinheiro do contribuinte -, para uma espécie de “funding” rápido direcionado para empresas com faturamento de até R$ 90 milhões. Mas, antes mesmo desse anúncio, o próprio BNDES já havia divulgado outro programa, o “Canal do Desenvolvedor MPME”. É uma plataforma exclusiva para micro, pequenas e médias empresas, transportadores autônomos de carga e produtores rurais, que faturam até R$ 300 milhões.

Nós, SCMEPPs - Sociedades de Crédito ao Microempreendedor e à Empresa de Pequeno Porte, entidades reguladas e supervisionadas pelo Banco Central do Brasil, nos perguntamos: “quem deve repassar este crédito na ponta”? Ora, se nascemos com um único objetivo, que é ser um canal formal e exclusivo de repasse de recursos em massa as Micro e Pequenas Empresas, esse trabalho deveria ser de nossa incumbência.

O papel do BNDES é, sem dúvida, fundamental para o desenvolvimento social e econômico do País, assim como outras instituições que auxiliam na capacitação e qualificação de micro e pequenas empresas. Mas, sabemos também, que o microcrédito é algo específico e que deve ser concedido por instituições financeiras especializadas, experientes em identificar as necessidades dos microempreendedores, avaliar riscos e a quem ofertar esse capital.

A relação próxima do cliente, além de inibir o risco de fraudes, ajuda a criar um círculo virtuoso que força a instituição a entender o “DNA do cliente”, considerando a comunidade, linguagem, necessidade e entorno. A sociedade é beneficiada integralmente. Entendemos que, assim, o microcrédito incorpora o seu real objetivo de ser, de existir e gerar valor social. “Estatizar e subsidiar o microcrédito”, é ineficaz para o País, sobretudo nesse momento de ajustes das contas públicas em que o Governo está empenhado, pois levará a um desperdício de dinheiro, aumentará ainda mais as taxas de inadimplência e viciará o cliente em algo artificial e, normalmente, de curtíssimo prazo.

As dificuldades enfrentadas pelas SCMEPPs são inúmeras, como a falta de autonomia e autorização para captar recursos diretamente do mercado, ou, ao menos, de investidores qualificados, como já pleiteado. É necessário que o governo aperfeiçoe o atual marco regulatório, respeitando o princípio da auto sustentabilidade do modelo. Criar novos canais de oferta de crédito, quando já existe um outro, não contribui para a eficiência do sistema. Melhor seria aperfeiçoar os canais já existentes, dando mais liberdade para que as instituições financeiras cumpram melhor seu papel socioeconômico, permitindo, por exemplo, a exploração de toda a cadeia de valor dos meios de pagamentos, a antecipação de recebíveis de cartão de crédito e assim por diante.

Sabemos que a concentração bancária e a alta taxa de juros limitam o acesso ao crédito das MPMEs e isso, definitivamente, não desenvolve a economia e nem a vida empreendedora do País.






Ricardo Assaf - presidente da ABSCM – Associação Brasileira das Sociedades de Microcrédito




Faltou a população fazer sua parte



Passado o episódio da votação de admissibilidade da denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção, cabe uma análise criteriosa sem influência do calor dos fatos relativos à sessão na Câmara Federal. Perdura o questionamento: por que o presidente saiu ganhador no embate legislativo, quando evidências e provas eram-lhe desfavoráveis? A resposta tem muitas variantes e argumentos. Sabidamente, aconteceu o que é costumeiro acontecer, houve a manobra política do governo com distribuição de benesses, inclusive liberação de emendas orçamentárias, na ‘undécima hora’, a parlamentares negocistas.

Todos os argumentos tentando justificar o resultado do episódio são aceitáveis, todavia no meu entendimento o elemento decisivo foi o desinteresse da sociedade que mesmo com algum grau de indignação diante dos fatos permaneceu alheia ao ponto central da questão. Acredito que se houvesse mobilização e vigorosa tomada de posição o desfecho seria outro. É bom recordar casos anteriores na nossa história política. Quando o então presidente Fernando Collor enfrentou processo de cassação e mais recentemente no impeachment de Dilma Rousseff o povo foi para as ruas, mobilizou a opinião pública e exerceu legítima pressão. No caso atual a denúncia e as provas apresentadas mostravam ser a situação de Michel Temer tão ou mais grave do que nos exemplos citados.

Temer estava mais complicado (e ainda não se encontra totalmente a salvo, há expectativa de que nova denúncia poderá ser apresentada), havia entendimento generalizado de que teria de ser punido, tanto que o governo mobilizou todas as forças disponíveis para neutralizar o processo, o que resolveu, o presidente acabou poupado, mas ficou o sentimento de frustração.
A pergunta é “por que o povo não saiu às ruas”? A conclusão pode ser preocupante: estará o povo desiludido, descrente de mudanças que possam recuperar a decência política?

Claro está que o desfecho da votação foi favorecido pelo próprio processo político, pois a oposição (leia-se PT e seus aliados) não foi enfática, preferindo prolongar o desgaste do presidente, certamente antevendo o pleito de 2018. Exponenciais lideranças empresariais igualmente se mantiveram distantes, assim como setores que concentram notórios formadores de opinião.

O fator decisivo em favor de Temer foi a ausência do povo nas ruas. A pressão popular funciona mesmo, tem força, pois os políticos, especialmente deputados, no caso, tomam cuidado em não contrariar a vontade popular. Muito provavelmente, se os brasileiros fossem às ruas a maioria dos deputados teria votado diferente. A apatia popular sinaliza para algo preocupante porque a descrença ou acomodação não ajudará em nada nas mudanças, principalmente éticas, que o país carece.

Politicamente as coisas se aquietaram e o governo está tentando implementar as reformas estruturais, portanto tem seus méritos. Porém, uma administração adequada não isenta nenhum governante de sofrer sanções quando cometer erros, notadamente se estiverem ligados a crimes como corrupção. No caso em foco, por justiça Michel Temer deveria ser condenado, julgamento que leva em consideração a boa gestão em detrimento da lisura e da decência é completamente errado. Acredito que se o povo houvesse se conscientizado disso teria se manifestado com vigor. Se a voz da sociedade se calar podem acontecer coisas piores.

Para evitar que isso aconteça o povo tem de ter pleno convencimento do peso de sua participação e da força de sua pressão. Grandes mudanças e importantes correções de rumos aconteceram a partir do engajamento popular, afinal, uma das definições da democracia é ‘governo do povo, pelo povo e para o povo’.





Luiz Carlos Borges da Silveira - empresário, médico e professor. Foi Ministro da Saúde e Deputado Federal. 






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