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terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Raro caso de gambá infectado com raiva acende alerta sobre circulação do vírus no ambiente urbano

 

Transmissão entre morcegos e gambás pode se dar
 pela interação entre os animais durante
 competição por hábitats
(
foto: Alex Popovkin/Wikimedia Commons)

Animal, também conhecido como saruê, foi encontrado morto em Campinas e tinha mesma variante de vírus de morcegos frugívoros. Por serem comuns em cidades e frequentemente atacados por cães, esses mamíferos podem ser importantes sentinelas para vigilância de doenças infecciosas

 

Encontrado em 2021 no Parque Bosque dos Jequitibás, região central de Campinas, o corpo de uma fêmea de gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), mamífero também conhecido como saruê ou sariguê, teve a causa da morte determinada por um grupo de pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz e da Universidade de São Paulo (USP), além de profissionais da saúde de instituições públicas dos municípios de São Paulo e Campinas: meningoencefalite causada por infecção pelo vírus da raiva.

Publicado na revista Emerging Infectious Diseases, o resultado acende um alerta sobre a presença do vírus, mortal para humanos, no ambiente urbano.

“A variante da raiva de cães não é mais detectada no Estado de São Paulo, por conta do sucesso das campanhas de vacinação de animais domésticos. Por isso, é importante monitorar outros mamíferos que possam ser vetores do vírus, principalmente animais negligenciados por esse tipo de vigilância, como os gambás”, alerta Eduardo Ferreira Machado, que conduziu o trabalho durante seu doutorado na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ-USP) com bolsa da FAPESP.

Os sinais neurológicos da doença detectados no animal sugerem a forma que causa paralisia e é transmitida por morcegos. A detecção de partículas virais em outros órgãos indicou, ainda, que a infecção estava na fase de espalhamento sistêmico.

O gambá foi um dos 22 testados para raiva e outras doenças pela equipe em 2021, no âmbito de um projeto de vigilância epidemiológica realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e o Centro de Controle de Zoonoses de Campinas.

No mesmo ano, a equipe analisou ainda 930 morcegos, 30 deles positivos para a raiva. Entre os infectados, a maior parte (17 ou 56,7%) era de espécies frugívoras do gênero Artibeus. Os outros 13 (43,4%) eram insetívoros de três gêneros diferentes.

Em amostra de cérebro de gambá (Didelphis albiventris),
 imagem feita com microscópio indica antígenos
do vírus da raiva em neurônios
(indicados por setas) (
foto: Eduardo Ferreira Machado)

Ponte para os humanos

A transmissão entre morcegos e gambás pode se dar pela interação entre os animais, que competem por hábitats tanto naturais (como alto de árvores) quanto aqueles fornecidos por humanos (sótãos de casas, por exemplo).

Em 2014, um caso de raiva em um gato foi notificado em Campinas (SP). O vírus era de uma variante encontrada em morcegos. Assim como os gatos, os gambás também podem predar esses animais, o que leva à hipótese mais provável para a transmissão.

Os pesquisadores destacam ainda que, dos 22 gambás analisados, 15 haviam sido mortos por ataques de cães. “Os cachorros poderiam ser uma ponte entre os gambás e nós, trazendo a raiva e outras doenças para os humanos. Por isso, também, a importância de monitorar os animais silvestres que vivem nas cidades”, completa Machado.

Segundo José Luiz Catão Dias, professor da FMVZ-USP e orientador de Machado, os gambás são estratégicos para esse tipo de vigilância, uma vez que se adaptam muito bem a ambientes urbanos, sem necessariamente deixar de interagir com áreas silvestres.

“Mesmo assim, são muito negligenciados. Não se sabe quase nada das doenças que eles podem ter e, eventualmente, transmitir para nós”, diz o pesquisador, que coordena o projeto “Patologia comparada e investigação de doenças em marsupiais neotropicais, ordem Didelphimorphia: uma proposta de vigilância em um grupo de mamíferos negligenciado nos estudos de sanidade de fauna selvagem”, apoiado pela FAPESP.

Os autores lembram que um estudo dos anos 1960 sugeriu que os gambás seriam resistentes ao vírus da raiva, um argumento que ganhou força pelo fato de haver relatos escassos de casos da doença nesses animais.

A baixa temperatura corporal (entre 34,4° C e 36,1° C) e as poucas chances de sobreviverem a um ataque de um animal com raiva foram sugeridos como as prováveis causas da baixa ocorrência da doença em gambás na América do Norte, uma vez que carnívoros selvagens são reservatórios naturais do vírus.

O estudo brasileiro, porém, mostra que a transmissão ocorre e precisa ser monitorada.

Os pesquisadores seguem investigando animais mortos que chegam até o Centro de Patologia do Instituto Adolfo Lutz, tanto para monitorar a presença de raiva como de outras doenças.

Uma das ideias para continuar os estudos é firmar parcerias com instituições em outros países que realizem a vigilância de marsupiais como os gambás, por exemplo, a Austrália.

“Lá eles possuem bastante experiência nessa área e podemos fazer comparações que sejam úteis para os dois países”, encerra Catão.

O artigo Naturally Acquired Rabies in White-Eared Opossum, Brazil pode ser lido em: wwwnc.cdc.gov/eid/article/29/12/23-0373_article.

 

André Julião
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/raro-caso-de-gamba-infectado-com-raiva-acende-alerta-sobre-circulacao-do-virus-no-ambiente-urbano/50785


Conheça as principais doenças infecciosas que podem ser transmitidas pelo beijo

Mononucleose, herpes labial e HPV podem ser adquiridas por meio de contato com a saliva contaminada ou feridas na boca.


Além de seguir os blocos de rua, trios elétricos e festejar durante o Carnaval, beijar na boca é uma das atividades que muitas pessoas, especialmente as mais jovens, gostam de praticar e que, infelizmente, pode ser responsável pela transmissão de algumas doenças infecciosas. Além dos vírus causadores de resfriados, o caso mais comum é a da mononucleose, conhecida popularmente como a doença do beijo e causada pelo vírus Epstein-Barr.

Segundo o Ministério da Saúde, a doença afeta, principalmente, pessoas com idade média entre 15 a 25 anos. “Essa é uma infecção bastante comum e a maioria das pessoas no Brasil já teve contato com o vírus e a transmissão ocorre pelo contato íntimo com a saliva contaminada”, explica Josias Oliveira Aragão, infectologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), principal unidade do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe).

É possível ter mononucleose de forma assintomática, mas, caso apresente sintomas, eles se assemelham aos de outras doenças infecciosas e incluem febre, mal-estar e dor de garganta. A diferença é que também pode haver a presença de manchas vermelhas pelo corpo e o aumento no tamanho dos gânglios, principalmente no pescoço, além de aumento do fígado e baço nos casos mais graves. “Por isso é importante ter atenção aos sinais do corpo”, afirma o médico.

O profissional explica que a maior parte dos sintomas deve regredir em alguns dias, mas o cansaço físico pode durar semanas e, nos casos mais graves, meses. De modo geral, o tratamento consiste apenas nos cuidados aos sintomas caso seja necessário. “Poucos casos precisam de hospitalização e, quando isso acontece, geralmente é devido a alterações expressivas em exames de fígado ou quadros neurológicos”, complementa. Sobre a prevenção, Dr. Josias afirma que evitar contato com saliva infectada ainda é a principal forma enquanto não há nenhuma vacina disponível. O Ministério da saúde afirma a mononucleose pode transmitida pela pessoa infectada e sem sintomas até um ano após a infecção.


Outras doenças infecciosas


Herpes labial

Entre as outras infecções que podem ser transmitidas pelo beijo, destaque para o herpes labial, que se manifesta com pequenas e dolorosas bolhas nos lábios. “Em geral, as lesões duram menos de uma semana e seus sintomas podem ser abreviados com o uso de medicamentos prescritos por um médico”, explica o Dr. Josias.

“As feridas na boca podem retornar ocasionalmente, pois o vírus causador do herpes não é eliminado do corpo, fica em estado latente. Lesões semelhantes podem aparecer nos órgãos genitais, então também é uma infecção de transmissão sexual.”


Papilomavírus Humano (HPV)

A transmissão do HPV acontece por meio de contato direto. Pelo beijo, pode ser transmitida caso existam feridas na boca que entrem em contato com o vírus, mas o contágio mais comum acontece nos genitais, por meio de relações sexuais. O HPV é o causador das verrugas genitais, também chamadas de condilomas. Muitas pessoas não apresentam esse sintomas relacionados ao vírus, porém, ainda assim, pode ocorrer o contágio. “Além das verrugas, o HPV é responsável por alguns tipos de câncer, sendo o principal o do colo uterino. Por isso, é importante a realização de exames preventivos”, afirma o médico.

A principal forma de prevenção são as vacinas, que protegem contra os principais subtipos do vírus relacionados ao câncer e às verrugas. Além disso, a prevenção deve ser complementada com o uso de preservativos em caso de contato sexual. O tratamento das verrugas é realizado por dermatologistas, urologistas, ginecologistas ou proctologistas, dependendo da localização das lesões. É importante ressaltar que a PrEP (profilaxia pré-exposição) não previne a transmissão dessas doenças por ser um método de prevenção específico para o HIV.

Caso tenha sintomas relacionados a essas infecções, é fundamental buscar ajuda de um profissional médico.

 

Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo - Iamspe

 

Herpes zoster: Pacientes imunossuprimidos podem estar em maior risco de desenvolver a doença4

 

Vírus varicela zoster encontra terreno fértil para se manifestar em condições de baixa imunidade1

 

Cerca de 94% dos brasileiros acima de 20 anos já podem estar infectados com o vírus varicela zoster.3,6 O primeiro contato com este vírus costuma acontecer ainda na infância, através da catapora, e, a partir de então, ele pode permanecer adormecido no corpo durante décadas, até se manifestar novamente, desta vez como herpes zoster, em um momento de redução de imunidade.1 O enfraquecimento natural do sistema imune, causado pelo envelhecimento, pelo uso de medicações imunossupressoras ou outras condições, fazem com que o vírus varicela zoster encontre um terreno fértil.1 

Estima-se que uma em cada três pessoas terá herpes zoster em algum momento da vida. 1* Porém, pacientes em tratamento contra o câncer, que convivem com HIV, transplantados, com doenças reumatológicas, como lúpus e esclerose múltipla, ou doenças crônicas, como diabetes, podem ter o risco aumentado de apresentar a doença, além de serem mais propensas a casos mais graves e duradouros.4 

“Os pacientes imunossuprimidos têm o sistema imunológico enfraquecido, por isso, eles estão mais suscetíveis a desenvolver doenças infecciosas, como é o caso do herpes zoster, popularmente conhecido como cobreiro. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para uma boa recuperação e reduzir as chances de possíveis complicações”, explica o infectologista Jessé Alves, gerente médico da GSK. 

O herpes zoster pode se apresentar como uma erupção cutânea unilateral, em pequenas bolhas que acompanham o trajeto de um nervo, e que podem surgir em qualquer parte do corpo, mas são mais frequentes no tórax, na barriga e na face. 1-2 As lesões podem provocar uma dor extrema e incapacitante, que é frequentemente descrita pelos pacientes como latejante ou cortante, ardor e coceira, sensação de queimadura, formigamento e agulhadas. 1-2 “Quando não ocorre infecção secundária, as vesículas evoluem para cicatrização em até dez dias, porém, o herpes zoster pode levar a complicações e outras formas clínicas graves, principalmente, em pacientes imunossuprimidos”, afirma o médico. 

A neuralgia pós-herpética é a consequência mais comum do herpes zoster e pode acometer até 30% dos pacientes com a doença.1,5 A sequela é caracterizada pela dor que persiste por mais de 90 dias na área onde a erupção cutânea ocorreu e pode persistir por meses e algumas vezes por mais de um ano.1,5 Outras complicações do herpes zoster incluem sequelas oculares temporárias ou persistentes em pacientes com herpes zoster oftálmico, incluindo perda de visão; superinfecção bacteriana das lesões; paralisias de nervos cranianos e periféricos; e envolvimento visceral, como meningoencefalite, pneumonite, hepatite e necrose retiniana aguda.1,5 

Como os pacientes imunossuprimidos têm mais chances de desenvolver casos mais graves e duradouros do herpes zoster,4 ou seja, é fundamental que o diagnóstico seja feito o quanto antes. “Aos primeiros sinais da doença, procure orientação médica. O tratamento deve ser iniciado em até 48 horas após o início dos sintomas, o que tem mais chances de garantir o melhor resultado terapêutico e prognóstico”, finaliza dr. Jessé. 

Há prevenção e tratamento contra o herpes zoster.¹ Converse com seu médico.

 

Material destinado ao público em geral. Por favor, consulte o seu médico.

 

 

GSK
Para mais informações, visite GSK.

Material dirigido ao público em geral. Por favor, consulte seu médico.

* Dados dos Estados Unidos, podem não ser representativos para a população global.


Referências:
1. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Prevention of herpes zoster: recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). MMWR, v. 57, RR-5, p. 1-30, 2008;
2.Ministério da Saúde. Herpes (Cobreiro). Disponível em: <Link> Acesso em: 8 de novembro de 2023.
3. CLEMENS, S. Et al. Soroepidemiologia da varicela no Brasil – resultados de um estudo prospectivo transversal. Jornal da Pediatria, v. 75, n. 433-441, 1999;
4. CHEN, S. Y. el al. Incidence of herpes zoster in patients with altered immune function. Infection, v. 42, n. 2, p. 325-334, 2014.
5.KAWAI, K.; GEBREMESKEL, B. G.; ACOSTA, C. J. Systematic review of incidence and complications of herpes zoster: Towards a global perspective. BMJ Open, v. 4, n. 6, 2014.
6. REIS,A.; et al. Prevalência de anticorpos para o vírus da varicela-zoster em adultos jovens de diferentes regiões c
limáticas brasileiras. Revista da Sociedade Brasileria de Medicina Tropical, 36: 317-320,2003.

Consumo de energético causa danos cardíacos

 Quando ingerido em excesso e combinado a outras substâncias, como álcool e drogas, os riscos à saúde podem ser ainda maiores

 

Tradição nacional reconhecida mundialmente, o Carnaval reúne brasileiros e estrangeiros em uma grande festa. Seja desfilando em escolas de samba, assistindo ao espetáculo na avenida, curtindo os bloquinhos de rua ou aproveitando o feriado com a família e os amigos, milhões de pessoas saem da rotina nesses dias. Para conseguir dormir menos, ter mais disposição e até preparar drinks, os foliões recorrem ao energético. Neste contexto de excessos, a bebida se torna um verdadeiro risco para a saúde do coração. 

Isto porque os energéticos podem conter quantidades muito elevadas de cafeína e outros estimulantes que têm sido associados a diversos relatos de arritmias atriais e ventriculares. "Além de favorecer o descompasso cardíaco, o consumo da bebida também gera uma sobrecarga hemodinâmica significativa. A ingestão de apenas uma lata (355 ml) pode aumentar a pressão arterial, elevar a frequência cardíaca e prejudicar o bombeamento de sangue pelo coração”, alerta o cardiologista e diretor clínico do Hcor, Dr. César Jardim. 

Se isolada a bebida já pode afetar a saúde, quando combinada com esforço físico e álcool, se torna um perigo iminente. Um estudo demonstrou que, nas sessões de samba, em 86% do tempo, as pessoas atingem 60-90% da frequência cardíaca máxima. “O esforço, geralmente realizado por pessoas sedentárias, somado à combinação de energético com álcool, pode causar mal-estar”, explica. 

O problema ainda pode se estender depois da folia porque o consumo de álcool está associado à fibrilação atrial (FA), em uma situação chamada “Síndrome do Coração de Férias”. O uso de outras substâncias associado ao consumo excessivo de álcool também pode contribuir com o aumento da incidência de FA. Um estudo mostrou que 2,7% dos usuários recreativos de maconha desenvolveram arritmia, com tendência de aumento constante, sendo a FA o subtipo mais comum. 

Embora não haja um limite claramente definido para ingestão de energético, é preciso ter cuidado com o consumo da bebida. “Não é recomendado que pacientes com doenças cardiovasculares pré-existentes que estão tomando medicamentos façam uso de cafeína ou outros estimulantes. Em indivíduos saudáveis, mais de um por dia já pode ser prejudicial”, esclarece o médico.

 

Hcor

 

Alimentação no tratamento do autismo: abordagem estratégica para um desenvolvimento saudável

 Estudos sugerem que 90% das crianças diagnosticadas têm dificuldades alimentares

 

No universo complexo do autismo, as dificuldades alimentares emergem como uma questão central, afetando cerca de 90% das crianças diagnosticadas - segundo estudos científicos. A alimentação desempenha um papel crucial no tratamento do autismo, podendo alguns alimentos intensificar os sintomas, como a farinha de trigo, o leite e a soja. Devido a deficiência enzimática comum em autistas, inibindo a digestão completa dessas proteínas, a retirada desses itens pode resultar em melhora da atenção, concentração e maior calma. Os salgadinhos, sucos em pó artificial e gelatina, ricos em corantes, estimulam a hiperatividade e devem ser evitados na dieta de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Sintomas gastrointestinais, como constipação, diarréia, gastrite e refluxo, são comuns nesse grupo, destacando a importância de considerar esses aspectos na abordagem nutricional. 

Leonnor Medeiros, nutricionista da Clínica Multidisciplinar MedAdvance destaca a importância de abordagens especializadas para lidar com as complexidades alimentares associadas ao TEA. "A dificuldade de alimentação está frequentemente vinculada a problemas que vão além do simples ato de comer, pois crianças autistas podem apresentar seletividade alimentar mais grave, limitando o consumo de certos alimentos e texturas", ponderou a especialista, acrescentando que essas restrições podem acarretar consequências significativas na saúde física e social da criança, resultando em necessidade de suplementos nutricionais e prejuízos no desenvolvimento.

A alimentação de crianças autistas pode ser, de fato, um desafio. Leonnor explica que o problema não se resume a fornecer um cardápio, mas sim a implementar uma terapia alimentar eficaz. "A terapia alimentar é uma abordagem inovadora que utiliza alimentos de maneira lúdica, visando estimular a criança a melhorar sua relação com a alimentação. Trabalhando de forma individualizada, a terapia busca desenvolver habilidades motoras, orais e sensoriais, proporcionando estímulos adaptados às necessidades específicas de cada criança", ressaltou.
 

De acordo com a nutricionista da MedAdvance, a avaliação individual é essencial, pois cada criança autista é única, apresentando necessidades distintas. "Muitos pais procuram auxílio relatando desafios como a falta de apetite, seletividade alimentar e medo de comer. A abordagem, portanto, exige uma equipe multidisciplinar para avaliar e conduzir a intervenção da melhor forma possível", destacou Leonnor. 

Crianças dentro do Espectro possuem hábitos alimentares restritos e resistência à introdução de novos alimentos. Mesmo diante dessas limitações, enfatiza a especialista, é importante estimular o consumo da maior variedade de alimentos possível, visando evitar deficiências nutricionais, como a carência de vitaminas e minerais essenciais para o desenvolvimento saudável. "É desafiador, mas a nutrição especializada é uma aliada indispensável para garantir que cada criança portadora de TEA alcance seu pleno potencial de saúde e bem-estar", pontuou.


Samba também é saúde: saiba quais são os benefícios da dança para o bem-estar físico e mental

 

Divulgação

Especialista da Bio Ritmo explica como esse componente cultural pode auxiliar na vitalidade

 

A canção “Samba é Saúde”, interpretada por grandes artistas, como Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz, utiliza da licença poética para destacar a potência desse ritmo como elemento de bem-estar. Ao cantar que o samba "tem valor de vitamina” e “renova a energia da gente”, a música indica que esse ritmo contribui não apenas para a saúde física, mas também mental , sendo uma fonte indispensável de energia. Apesar da música utilizar de licença poética, o samba como atividade física traz diversos benefícios. Caique Ferreira, professor de aulas coletivas da Bio Ritmo, rede de academia high end, explica de forma mais aprofundada quais são:

 

1.Melhora a saúde cardiorrespiratória

O samba envolve movimentos ritmados, transformando essa forma de dança em um ótimo e divertido exercício físico. Aulas coletivas com músicas desse ritmo podem ter diversos níveis de dificuldade. Devido aos diversos movimentos, com passos e giros, a atividade promove um treino cardiorespiratório eficaz, ajudando na saúde cardíaca e pulmonar, aumentando sua resistência. De acordo com estudo realizado no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HCFMUSP, foi possível observar um aumento de 18% no poder respiratório, e 12% na capacidade do coração de transportar oxigênio nas pacientes que frequentaram ensaios pré-carnavalescos por três meses.


2. Beneficia a percepção corporal

Ao aprendermos uma dança, desenvolvemos capacidades perceptivo-motoras e uma melhor consciência corporal e espacial. O professor comenta que “termos uma boa noção de corpo ajuda a entendermos quais nossas dificuldades, trabalhando a autoconfiança para explorarmos melhor nossas limitações.”

 

3. Fortalece os músculos

Sambar também pode ser uma alternativa para quem busca fortalecer a musculatura. Os movimentos ajudam a tonificar os membros inferiores e os músculos das regiões abdominal, pélvica e lombar. Além de aumentar a flexibilidade e a amplitude de movimento. Ainda segundo estudo realizado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia, após o período de avaliação física, as voluntárias da pesquisa tiveram uma diminuição de 15% no percentual de gordura, um aumento de 2,2% de massa magra e 13,8% na redução de peso.


4. Estimula a cognição

Aulas de dança exigem o aprendizado de novos passos e coreografias, que estimulam a função cognitiva e memória. No samba, a necessidade de coordenar movimentos com a música também ajuda a trabalhar o cérebro, o que pode ser benéfico para todas as faixas etárias. Conforme análise de cientistas da Max Planck Institute for Human Cognitive and Brain Sciences (Alemanha) e do Instituto D’OR de Pesquisa e Educação (Rio de Janeiro), observou-se que o samba estimula o desejo de se movimentar, ativando regiões cerebrais que têm a função de controlar o movimento e a percepção do ritmo, podendo ser instrumento de neurorreabilitação, em que o paciente precisa reaprender algum movimento.


5. Interação Social

Por fim, geralmente aulas de samba são praticadas em grupo, o que pode ser benéfico para pessoas que se sentem sozinhas, sendo uma ótima oportunidade para interagir e criar novas amizades. A comunicação é muito importante para o bem-estar e pode contribuir para uma melhor saúde mental. 

“O samba é uma atividade múltipla que promove a alegria e bem-estar físico e mental. Além disso, sambar faz parte da rica cultura brasileira, sendo também uma ótima prática para imergir e conhecer a história do Brasil”, explica Caique.

 

Bio Ritmo


Os perigos da hiperconectividade para a saúde

Um dos grandes privilégios proporcionados pela evolução tecnológica dos últimos anos está relacionado à comunicação. Durante o período da pandemia de Covid-19, as videoconferências entraram na nossa rotina diária, para falarmos com nossos familiares, para reuniões de trabalho e até mesmo para delegação de funções e tarefas à distância.

Há mais de sete anos atuo em um projeto de saúde na Amazônia e quando nós não tínhamos comunicação, pelo fato de estarmos meio da floresta amazônica e a comunicação de urgência era feita por um telefone via satélite, percebemos a importância de coisas simples no nosso dia a dia e que, para as pessoas que vivem lá, é algo normal. Jogar dominó, tocar violão, bater papo, conversar em família.

O que se vê hoje nos centros urbanos é um fenômeno chamado hiperconectividade. Hiperconectividade é o uso excessivo de tecnologia, em especial smartphone, tablet e computadores. Eu costumo dizer que a tecnologia aproximou pessoas distantes e afastou pessoas próximas e comprometendo relacionamentos.

Existe um conceito que vem sendo discutido há alguns anos chamado FOMO (Fear of Missing Out ou, em tradução livre, medo de perder algo ou ficar de fora). E como esse comportamento das pessoas diante da tecnologia pode ser extremamente comprometedor para as nossas vidas? Você já pensou, por exemplo, na hora do jantar, colocar uma cesta sobre a mesa para que todos coloquem seus aparelhos nela e não os usem durante a refeição?

Meu objetivo neste texto é mostrar os riscos que a hiperconectividade traz para a saúde. Crianças de até dois anos de idade não devem ser expostas às telas, principalmente de celulares, por mais que os pais acreditem que isso acalma. Entretanto, a criança se acalma porque o seu cérebro entra em alfa. O cérebro humano passou por uma evolução do córtex frontal e pré-frontal. Se compararmos um símio ao ser humano, a parte frontal da cabeça é onde atribuímos as nossas funções cognitivas.

Quando começamos a ter o desenvolvimento cerebral afetado, e o cérebro das crianças quando está numa fase crítica e desenvolvimento, a exposição excessiva das telas pode afetar áreas relacionadas à tensão, controle de impulsos, desenvolvimento de habilidades sociais, problemas de atenção, a constante simulação pode levar a dificuldade de concentração, atenção sustentada. A luz azul da tela altera o processo de produção de melatonina, que leva à alteração do sono. Por este motivo que as crianças tão dormindo mal, por ficarem com o celular na cama.

O problema não é a ferramenta, mas como estamos utilizando-a, seja computador, tablet ou smartphone. Os pais precisam aprender a serem mais responsáveis, para evitar os chamados sintomas do vício. Por exemplo, sintomas comportamentais, mudança de padrão de sono, isolamento social, falta de interesse em outras atividades, incapacidade de controlar o uso da tecnologia, ansiedade, irritabilidade, mudança de desempenho acadêmico e profissional.

Entretanto, vinte anos atrás, acreditávamos que várias ferramentas iriam ajudar a melhorar a nossa inteligência. E isso não aconteceu. Infelizmente, não conseguimos prever o que as novas tecnologias que surgiram gerariam e hoje constatamos que os filhos têm uma inteligência inferior à dos pais.

Portanto, pais, tenham a disciplina de usar aplicativos e controlar as horas dos seus filhos no celular. Nós temos o poder de mudar, usando essas ferramentas tecnológicas para construir relacionamentos, um mundo melhor, não destruir relacionamentos e o cérebro das pessoas.


Dr. Jô Furlan - médico, neurocientista, nutrólogo, criador da Teoria da Inteligência Comportamental Humana e precursor do conceito de Neurowellness, bem-estar do cérebro. Saiba mais nas redes sociais: @dr.jofurlan

 

Epidemia de Dengue no Rio de Janeiro: cinco dicas para prevenir a doença

Pixabay


Cidade acaba de ser declarada oficialmente em epidemia, com mais de 10 mil casos apenas no primeiro mês do ano


A cidade do Rio de Janeiro está em epidemia de Dengue, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Na capital, foram registrados em janeiro 10.156 casos — quase a metade de todo o ano passado e mais que o dobro de 2022 inteiro. Isso também causou um recorde histórico de internações pela doença. Foram 362 hospitalizações em janeiro, segundo os dados divulgados. 

No Brasil todo, a história não tem sido diferente. O País registrou nas quatro primeiras semanas de 2024 mais de 217 mil casos de dengue, segundo dados do Ministério da Saúde. O número é mais que o triplo de notificações do mesmo período em 2023. O painel de monitoramento de arboviroses do governo contabilizou 15 mortes pela doença neste ano e 149 óbitos seguem em investigação. Em 2023, 41 mortes foram registradas. 

O Aedes aegypti, mosquito responsável pela transmissão da dengue, também é vetor de Zika e Chikungunya, e se desenvolve, principalmente, em locais com concentração de água parada. Com o verão, o índice de chuvas cresce por conta das temperaturas altas, facilitando o surgimento de criadouros. 

Pensando em conscientização e prevenção, Dra. Anna Niemiec, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Reckitt Industrial, fabricante das marcas SBP e Repelex, traz algumas dicas para evitar focos da doença no dia a dia:
 

  1. Manutenção em dia: caixas d’água e tambores representam 39,6% dos focos de água parada que podem vir a ser criadouros de mosquitos da dengue, seguido de vasos, garrafas, calhas e lajes, que são 36,45%**. Sem manutenção, a água parada é o local mais propício para o mosquito colocar seus ovos. No caso de vasos de plantas, é recomendado usar terra nos pratos para impedir o acúmulo de água. No caso de caixas d’água, não deixe de criar uma rotina de limpeza frequente, impedindo, além da criação de mosquitos, o acúmulo de sujeira.
  2. Foco na higiene: manter a limpeza em dia, principalmente em áreas externas como quintais e jardins, impede a criação de focos de mosquito. A OMS também recomenda a coleta e descarte corretos do lixo*** para não atrair insetos e outras pragas.
  3. Repelentes: o uso de repelentes está entre as orientações médicas para proteger contra o Aedes aegypti. Fora de casa, o item é um grande aliado na prevenção contra mosquitos que podem transmitir doenças, seja no caso de viagens e imersões na natureza, ou idas ao parque e saídas esporádicas. De acordo com órgãos estaduais de saúde****, repelentes de uso tópico também podem ser usados por gestantes, desde que estejam devidamente registrados e regularizados na Anvisa. Também existem linhas especializadas na proteção de bebês a partir de dois meses, garantindo proteção para toda a família. Consulte seu médico para mais orientações.
  4. Proteção contínua: produtos como repelentes líquidos elétricos funcionam como uma camada de proteção para o ambiente, ou seja, repelem mosquitos em cômodos entreabertos (importante deixar uma frestinha da porta ou da janela abertas). Por funcionarem com liberação contínua, o produto mantém os mosquitos a distância e é um grande aliado para ter noites mais tranquilas de sono.
  5. Proteger portas e janelas: caso queira reforçar a barreira de proteção contra os invasores, vedar a parte inferior e frestas das portas e apostar em telas de proteção para as janelas também ajuda a impedir que os mosquitos acessem a casa.
No caso do uso de produtos como repelentes e inseticidas, é indispensável conferir as recomendações do rótulo antes da utilização e seguir as instruções de uso. Febre alta e abrupta é um dos primeiros sintomas apresentados em casos de dengue, de acordo com o Ministério da Saúde. Entre os sintomas, também pode haver dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de falta de energia e erupções cutâneas. Em casos de suspeita, procure o médico mais próximo.


Vacina contra a dengue: tudo o que você precisa saber

Foto: Wynitow Butenas/
Centro de Vacinas Pequeno Príncipe
Pequeno Príncipe responde as principais dúvidas sobre o imunizante


O Brasil é o país com o maior número de casos de dengue no mundo, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2023, foram 2,9 milhões de casos e só nas primeiras semanas de 2024, a incidência dobrou em relação ao último ano. 

Recentemente, o Ministério da Saúde incorporou a vacina QDENGA ao Sistema Único de Saúde (SUS) e anunciou que irá priorizar a faixa etária de 6 a 16 anos na aplicação que iniciará a partir de fevereiro. Por isso, o Pequeno Príncipe, maior hospital exclusivamente pediátrico do país, reforça a importância da vacinação contra a dengue para o público e responde as principais dúvidas sobre o imunizante.

 

Principais dúvidas sobre a nova vacina contra a dengue

 

- Como é a vacina QDENGA?

É uma vacina tetravalente, com o vírus atenuado, ou seja, o vírus é enfraquecido a níveis considerados seguros para aplicação do imunizante. 

A médica do Hospital e coordenadora do Centro de Vacinas Pequeno Príncipe, Heloisa Ihle Garcia Giamberardino, destaca que essa nova vacina tem algumas novidades. “Esse imunizante atual pode ser aplicado tanto em pessoas soropositivas como soronegativas. Ou seja, quem nunca foi acometido pela dengue também poderá ser vacinado”, explica.

 

- Qual público pode receber a vacina QDENGA?

Pessoas de 4 a 60 anos de idade, exceto gestantes, puérperas, imunossuprimidas ou que tenham alergia grave a algum dos componentes da vacina.

 

- Como é o esquema vacinal dessa nova vacina?

Duas doses, por via subcutânea, com o intervalo de três meses entre elas, independentemente de histórico prévio de dengue.

 

- É necessária alguma dose de reforço?

Até a data da publicação, não existem estudos que recomendem doses de reforço.

 

- Qual é o nível de proteção?

Após 30 dias da primeira dose, a vacina oferece um nível de proteção de mais de 80%. Porém, para alcançar a proteção de médio a longo prazo, é necessária a aplicação das duas doses.

 

- Essa vacina protege contra chikungunya, zika e febre amarela?

Não. O imunizante é exclusivo para proteção contra a dengue.

 

- Quem já recebeu as três doses do imunizante anterior (Denguevaxia) deve vacinar-se novamente?
Até o momento não há indicação para uma nova imunização.

 

- Por que o público escolhido para a campanha na rede pública foi dos 6 aos 16 anos?

Devido à maior incidência dos casos graves, complicações e até mesmo óbitos, e seguindo a recomendação da OMS.

 

- Qual é a importância da vacinação, especialmente neste período?

Os meses de janeiro, fevereiro e março são os de maior circulação do vírus da dengue e do mosquito transmissor. Por isso, a vacinação é ainda mais essencial nesse período crítico.

 

- Caso não seja o público-alvo da rede pública, onde receber o imunizante?

Na rede privada, como no Centro de Vacinas Pequeno Príncipe, que disponibiliza a vacina da dengue e todos os outros imunizantes necessários para cada faixa etária.

 

Sobre a dengue

A crise climática é apontada como uma das causas do aumento da dengue no Brasil. Isso porque o mosquito transmissor (Aedes aegypti) se reproduz em regiões quentes e com água parada. Por isso, a especialista reforça que o principal cuidado é com a higienização dos ambientes, sem o acúmulo de lixo e água parada. 

Após a picada, pode levar até 15 dias para a pessoa começar a desenvolver os sintomas. Entre os sinais de alerta da dengue, destaque para a febre alta que dura de três a sete dias, associada a dor de cabeça, dor nos olhos, fraqueza muscular e dor nas articulações. O sangramento (na gengiva, na pele, na evacuação ou no vômito) indica a dengue hemorrágica, que exige um atendimento emergencial. 

O diagnóstico médico é feito por meio de análise clínica, epidemiológica e exames laboratoriais. Já o tratamento é fundamental para evitar manifestações mais graves. Nos casos mais leves, é recomendado repouso, hidratação e controle dos sinais clínicos. Já em situações mais graves, pode ser necessário o internamento para hidratação intravenosa e até mesmo suporte intensivo.

 

Centro de Vacinas Pequeno Príncipe

O Centro de Vacinas Pequeno Príncipe, referência em imunizações há mais de 20 anos, disponibiliza os imunizantes para todas as faixas etárias – de recém-nascidos até idosos. Funciona de segunda a sexta, das 8h às 19h, e aos sábados, das 8h às 18h, sem necessidade de agendamento. Além disso, também é possível que uma equipe vá realizar a vacinação em casa, mediante agendamento por meio do telefone (41) 3310-1414 ou (41) 3310-1141.


Diagnósticos de câncer colorretal vêm aumentando entre os mais jovens, aponta pesquisa americana

 Dados indicam que esse tipo de tumor já é a principal causa de morte entre homens diagnosticados com câncer antes dos 50 anos

 

Diagnósticos de câncer colorretal em pessoas abaixo dos 60 anos estão cada vez mais comuns em um cenário que, segundo especialistas, é preocupante. É o que aponta novo estudo publicado neste início de ano na “CA: A Cancer Journal of Clinicians”. A pesquisa, realizada pela American Cancer Society (ACS), analisou a incidência da doença, assim como a mortalidade, em todas as faixas etárias de 1995 até 2020 na população dos Estados Unidos. A pesquisa mostrou que a taxa de mortalidade geral vêm caindo, mas que os diagnósticos em pessoas jovens sobem há décadas. 

Os dados apontam que 13% dos pacientes diagnosticados com câncer colorretal têm menos de 50 anos, um percentual que cresceu 9% em comparação a períodos anteriores. Na pesquisa americana, para os jovens adultos, esse tipo de tumor tornou-se ainda a principal causa de morte nos homens e a segunda principal causa nas mulheres, atrás apenas do câncer de mama. No final da década de 1990, ocupava o quarto lugar entre homens e mulheres com menos de 50 anos. O aumento contínuo da incidência é "muito preocupante", afirma Renata D’Alpino, co-líder nacional da especialidade de tumores gastrointestinais e neuroendócrinos da Oncoclínicas. 

“Embora a gente saiba que o câncer é um doença de causa muitas vezes multifatorial, precisamos olhar o que mudou nessas últimas décadas em termos de fatores ambientais. E a epidemia de obesidade é provavelmente um fator que contribui para o aumento das taxas. Mas não é tudo e muitas pesquisas, estudos e trabalhos estão sendo feitos para tentar descobrir o que exatamente está causando um risco aumentado de câncer colorretal. Ainda não temos todas as respostas”, explica a oncologista. 

Para a médica, os novos dados reforçam a importância da conscientização sobre a manutenção do acompanhamento médico contínuo para o diagnóstico do câncer colorretal em estágios iniciais. “É preciso estimular o conhecimento da população em geral sobre como é feita a detecção precoce de tumores e disponibilizar os serviços necessários, que incluem a disponibilidade de médicos, exames e tecnologias. Quanto mais cedo descoberta a doença, melhor o prognóstico, com resultados positivos às terapias e maiores chances de cura”, frisa Renata D’Alpino. 

Atualmente, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer colorretal é o terceiro mais incidente no Brasil. Para 2024 são previstos 45.630 novos casos da doença no país.

 

Atenção aos diagnóstico precoce 

Para a oncologista da Oncoclínicas, um ponto de grande relevância no combate ao câncer colorretal é o estabelecimento de uma recomendação mais clara para triagem de casos assintomáticos, quando não há sinais de sintomas clássicos que podem levantar suspeitas - caso de sangramentos corriqueiros visíveis nas fezes - entre a porção da população com menos de 50 anos. 

Entre as ações possíveis, a especialista destaca uma iniciativa liderada pela US Preventive Services Task Force que considera que testes menos invasivos poderiam ser iniciados precocemente e repetidos com intervalos menores em comparação à colonoscopia. Além disso, prevê mudar a idade de rastreamento para os 45 anos, devendo ser repetido a cada 5 anos em caso de resultados normais, como já vem sendo sugerido desde 2019 pela ACS. 

“Nos EUA o debate sobre uma possível mudança de protocolo, passando a adotar a idade de 45 anos como recomendada para o início do rastreio periódico, está sendo baseada na avaliação de centenas de levantamentos e ensaios clínicos que levam em conta o perfil de pessoas assintomáticas na faixa etária acima dos 40 anos. Uma forma possível de ampliar as chances de prevenção seria a indicação de pesquisa das fezes, por meio de testes imunoquímicos e testes de sangue oculto nas fezes em pessoas mais jovens e que não apresentam mudanças de saúde perceptíveis. De acordo com os resultados, havendo achados suspeitos, a colonoscopia seria então realizada”, ressalta a Renata D’Alpino.
 

Entenda a doença 

O tumor colorretal se desenvolve no intestino grosso: no cólon ou em sua porção final, o reto. O principal tipo de tumor colorretal é o adenocarcinoma e, em 90% dos casos, ele se origina a partir de pólipos na região que, se não identificados e tratados, podem sofrer alterações ao longo dos anos, podendo se tornar o câncer. A principal forma de diagnóstico e prevenção é através do rastreamento do exame de colonoscopia, em que um aparelho chamado colonoscópio, que conta com uma câmera na ponta, é introduzido no intestino e faz imagens que revelam se há presença de possíveis alterações. No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda iniciar o rastreio do câncer de cólon e reto da população adulta de risco baixo na faixa etária de 50 anos. 

“Grande parte dos tumores de intestino aparecem a partir dos chamados pólipos, que são lesões benignas que crescem na parede interna do órgão, mas que se não identificadas preventivamente podem evoluir e se tornarem malignas com o passar do tempo. Após os 50 anos de idade, a chance de apresentar pólipos aumenta, ficando entre 18% e 36%, o que consequentemente representa um aumento no risco de tumores malignos decorrentes da condição a partir dessa fase da vida e, por isso, ela foi estabelecida como critério para início do rastreio ativo”, explica a oncologista. 

Ela lembra que pessoas com histórico pessoal de pólipos ou de doença inflamatória intestinal, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn, bem como registros familiares de câncer colorretal em um ou mais parentes de primeiro grau, principalmente se diagnosticado antes de 45 anos, devem ter atenção redobrada e realizar controles periódicos antes da idade base indicada para a população em geral.
 

De olho na prevenção 

A médica afirma que muitas vezes o tumor só é descoberto tardiamente, diante de sintomas mais severos, como anemia; constipação ou diarréia sem causas aparentes; fraqueza; gases e cólicas abdominais; e emagrecimento. Apesar do sangue nas fezes ser um indício inicial de que algo não vai bem na saúde, muitas pessoas costumam creditar essa ocorrência a outras causas convencionais, como hemorroidas, e acabam postergando a busca por aconselhamento médico e a realização de exames específicos. Isso faz com que muitas pessoas só descubram o câncer em estágios avançados. 

Por isso, a prevenção primária e secundária à doença devem ser amplamente estimuladas. “A primária se refere a mudanças nos hábitos alimentares e de vida, como investir alimentos com mais fibras e laticínios e evitando carnes vermelhas e processadas. Essas mudanças de estilo de vida consistem ainda em combater a obesidade, praticar atividades físicas regularmente e evitar o tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas”, destaca Renata D’Alpino. 

Já a prevenção secundária se baseia em exames que avaliam a presença de sangue oculto nas fezes e de imagem, com destaque para a colonoscopia - principal ferramenta para identificar o câncer colorretal. "Esse procedimento é capaz de identificar problemas mais graves e silenciosos, como o caso do câncer, além da doença de Crohn e retocolite ulcerativa. Por isso, é fundamental que informações de qualidade sejam transmitidas à sociedade com o objetivo de conscientizar sobre a importância da colonoscopia e, principalmente, alertar que o exame pode salvar vidas", complementa a especialista. 

Renata D’Alpino reforça que hábitos de vida saudáveis são considerados fatores protetivos que contribuem para a redução de riscos da doença. Por isso, é fundamental investir em uma dieta rica em fibras e prática de exercícios físicos regulares. Esses cuidados podem não só auxiliar na prevenção do câncer colorretal, como no combater o crescimento dos casos de câncer como um todo.

 


Oncoclínicas&Co.
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