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sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Setembro em Flor - Marieta Severo é madrinha de campanha de conscientização sobre câncer que acomete 32 mil brasileiras anualmente

 Ao menos 32 mil brasileiras recebem, anualmente, o diagnóstico de algum câncer ginecológico. O mais comum deles, de colo do útero, pode ser evitado com vacina contra HPV e exame de Papanicolau. Conscientizar a população sobre como prevenir os tumores ginecológicos é a principal missão do EVA, grupo multidisciplinar responsável pela campanha Setembro em Flor, que busca somar na busca pela prevenção e divulgação de informações sobre os cânceres ginecológicos e que traz como madrinha a atriz Marieta Severo. Dentre as atividades deste ano, está a projeção da Campanha Setembro em Flor, em Brasília, e também parcerias com hospitais e instituições para promover a campanha

 

A campanha Setembro em Flor, de conscientização sobre câncer ginecológico, criada pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) ganhou um reforço importante em 2023: a atriz Marieta Severo se torna a madrinha da iniciativa que alerta sobre prevenção e acesso ao diagnóstico e tratamento de câncer de colo do útero, ovário, endométrio e outros tumores do aparelho reprodutor feminino. 

Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam para 704 mil novos casos de câncer por ano no Brasil até 2025. O câncer ginecológico é um dos mais incidentes nas mulheres, sendo que os três órgãos do sistema reprodutor feminino mais acometidos por tumores malignos são os de colo do útero, ovário e corpo do útero (endométrio), que somam 32,1 mil novos casos anuais, o que representa 13,2% de todos os casos de câncer diagnosticados nas brasileiras.

Do total de mulheres do país que recebem, anualmente, o diagnóstico de algum câncer ginecológico, a maioria apresenta tumores de colo do útero: são 17.010 novos casos previstos para 2023. Em seguida está o corpo do útero (endométrio) com 7.840 casos, seguido por câncer de ovário com 7.310 casos. O câncer de ovário é o tipo de tumor mais mortal e frequentemente descoberto em estágio avançado. Outros dois tipos, câncer de vulva e vagina, também entram nesse grupo, mas para eles não há dados nacionais oficiais de novos casos/ano.

Dentre as atividades da programação do Setembro em Flor deste ano, cujo tema será “Diversidade, inclusão e a busca por equidade na assistência à paciente com câncer ginecológico”, haverá o Fórum de Conscientização do Câncer Ginecológico e a busca por mudanças de políticas públicas. O evento ocorre no dia 12 de setembro, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, em Brasília. Ao final, o destaque para uma projeção, com cores da campanha.

Campanha Setembro em Flor – A campanha que marca o mês de conscientização do câncer ginecológico foi criada em 2021 pela oncologista clínica Andréa Paiva Gadêlha Guimarães, diretora do EVA e coordenadora de Advocacy. A ação surgiu de uma carência de conhecimento da população brasileira sobre os tipos de cânceres que acometem o aparelho reprodutor feminino: câncer de colo de útero, ovário, endométrio, vagina e vulva. Durante as atividades, que ocorrem anualmente em setembro, o foco é conscientizar a população feminina sobre os sintomas e formas de prevenção.

“A maior conquista da campanha foi a criação de um canal para falarmos de câncer ginecológico em todos os seus aspectos. Trouxemos conscientização, alerta sobre sinais e sintomas dos cânceres ginecológicos para diagnóstico precoce, novas formas de diagnóstico e tratamento, utilizando diversos canais de comunicação, como redes socais com divulgação de posts, além da realização de lives com médicos, profissionais e agentes de saúde e parceiros”, reflete Andréa Paiva Gadêlha Guimarães.

A mobilização para prevenção e diagnóstico são fundamentais. A oncologista clínica e vice-presidente do EVA, Graziela Zibetti Dal Molin explica que para evitar o câncer de colo de útero é muito importante o acesso e a adesão das mulheres ao exame de Papanicolau e à vacinação contra o papilomavírus humano (HPV). “Sabemos que a principal causa do câncer de colo do útero pode ser atribuída ao vírus HPV (vírus do papiloma humano), até hoje amplamente reconhecido como um fator necessário para o desenvolvimento do câncer invasivo”, explica.

Tanto o exame quanto a imunização estão disponíveis na rede pública. Como muitos desses cânceres acabam sendo silenciosos, é válida a atenção e conscientização para um rastreio controlado através de rotina de exames das mulheres. Nesse sentindo, promover educação e ensino em câncer ginecológico é um dos focos do grupo que busca trabalhar em parceria com outras associações para unir esforços da entidade, dos médicos e das sociedades médicas para evolução do tratamento de câncer ginecológico.


VACINA CONTRA O HPV - O papilomavírus humano (HPV) é um vírus que pode causar câncer do colo de útero e verrugas genitais. Geram lesões benignas, pré-invasivas ou invasivas, como o câncer de colo do útero (responsável por 99,7% dos casos) e outros tipos de câncer de órgãos genitais. Outro dado aponta que 80% da população sexualmente ativa contrai a infecção pelo HPV pelo menos uma vez na vida.

A vacinação contra o HPV é um dos grandes aliados para o controle dessa doença. No Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI) disponibiliza gratuitamente a vacinação desde 2014, sendo indicada para meninas e meninos de 9 a 14 anos, homens e mulheres até os 45 anos que vivem com HIV/AIDS, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e vítimas de violência sexual. A Sociedade Brasileira de Pediatria, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) também recomendam a vacinação de mulheres de 9 a 45 anos e homens de 9 a 26 anos, o mais precoce possível.

Mesmo que as vacinas sejam as mais estudadas do ponto de vista de eficácia e segurança, a adesão no Brasil é baixa, longe do ideal de 80% de imunização. Em 2020, 55% das meninas brasileiras de 9 a 14 anos tomaram as duas doses da vacina. Entre os meninos de 11 a 14 anos, a taxa dos que completaram o ciclo vacinal foi de apenas 36,4%. Em razão da baixa adesão às campanhas de vacinação contra HPV e gargalos no acesso ao exame Papanicolau, o Brasil apresenta alta incidência e mortalidade por câncer de colo do útero: 6,5 mil morrem pela doença todos os anos. No mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são mais de 331 mil mulheres mortas em decorrência da doença.

Embora o câncer do colo do útero tenha diminuído em muitas regiões do mundo nas últimas três décadas – particularmente na América Latina, Ásia, Europa Ocidental e América do Norte – os números continuam altos em muitos países de baixa e média renda. Por exemplo, a prevalência de câncer de colo do útero no Rio Grande do Sul - a menor prevalência do país, é de 7,1. Mas em comparação com a Argélia, país de menor IDH, são 7,9 mortes pela doença para cada 100 mil mulheres. O maior impacto da falta de acesso se dá no Comores, quarto menor país africano em área territorial, que registra 38,8 casos para cada 100 mil mulheres. Por lá, cerca de 30% delas tornam-se noivas na infância. Em seguida está a Bolívia, que registra 36,6 casos para cada 100 mil bolivianas.

Como descrito, o desenvolvimento de programas eficazes de vacinação e triagem contra o HPV tornou o câncer do colo do útero uma doença amplamente evitável. Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou uma meta para acelerar a eliminação do câncer do colo do útero como um problema de saúde pública, a fim de reduzir a incidência abaixo do limiar de quatro casos por 100 mil mulheres por ano em todos os países até 2030.

A Fundação do Câncer aponta que 65,8% das mulheres com câncer de colo do útero esperam mais de 60 dias para conseguir iniciar o tratamento, sendo, portanto, impactadas pelo não cumprimento da Lei dos 60 dias. Gargalos nas regiões do país apontam diferenças. Por exemplo, o Norte tem o maior número de casos de câncer de colo de útero, com 76 novos casos a cada 100 mil mulheres. Além disso, a região Norte apresenta ainda o maior número de mortes em decorrência da doença em todas as faixas etárias. Outro dado da pesquisa é que os maiores percentuais da lesão do HPV que pode virar câncer são em mulheres com nenhuma escolaridade ou com ensino fundamental incompleto, com destaque para o Nordeste (55%).

Além disso, 61,6% das mulheres com o câncer de colo de útero possuem baixo grau de escolaridade (nenhuma instrução ou ensino fundamental incompleto). Também foi constatado que tanto o câncer em si quanto a lesão precursora da doença acometem mais mulheres negras (pretas e pardas) em quatro das cinco regiões do Brasil, com, respectivamente, 64,3% e 62,7%.

O estudo EVITA do grupo EVA em parceria com o LACOG explica os motivos da baixa procura pelo exame Papanicolau: falta de vontade em 46,9%, vergonha ou constrangimento em 19,7%, e falta de conhecimento em 19,7%. Além disso, a pesquisa aponta outras questões como disparidades sociais, menor renda, nível educacional e parceiro estável. Dados que reafirmam a importância da conscientização sobre o tratamento precoce. Em outra pesquisa, a vice-presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), Graziela Zibetti Dal Molin, está desenvolvendo, junto com o LACOG, o estudo EVITA LATAM, um retrato epidemiológico de câncer de colo do útero que inclui outros países da América Latina para entender a prevalência de vacinação do HPV, as fases da doença e os tipos de tratamento.


PRECISAMOS FALAR TAMBÉM SOBRE OS OUTROS TUMORES GINECOLÓGICOS

Os tumores ginecológicos se diferenciam quanto aos fatores de risco, conforme local de origem.  Se por um lado o câncer de colo do útero, como já descrito, tem o HPV como fator causal, o câncer do corpo do útero (ou endométrio) vem apresentando crescimento de incidência nos últimos anos provavelmente por conta da obesidade. O câncer de corpo do útero (endométrio) é responsável por 7.840 novos casos e pela morte de mais de 1.800 mulheres/ano no país e não há um método eficaz para rastreamento. O câncer de endométrio tem como principal fator de risco a obesidade, mas os principais sintomas são sangramento uterino anormal e desconforto pélvico, que podem alertar à mulher para necessidade de procurar por atendimento médico e assim, há mais chances de diagnóstico e tratamento precoces.

O câncer de ovário, com 7.310 novos casos anuais no país, é o terceiro tumor ginecológico mais comum e é o que apresenta a menor taxa de sobrevivência entre os cânceres femininos. “É chamado de tumor silencioso, por não apresentar sintomas específicos e pela ausência de métodos eficazes de rastreamento”, explica o presidente do EVA, Glauco Baiocchi Neto. Ainda segundo o especialista, alterações genéticas podem estar presentes em 25% das pacientes com câncer de ovário e a história familiar de câncer de mama e ovário devem sempre ser sinais de alerta. “Os testes genéticos tornam-se importantes ferramentas não só para definição de tratamento, mas para aconselhamento genético aos familiares”, acrescenta.

Os cânceres de vulva e vagina são tumores mais raros e que também possuem associação com infecção por HPV como fator causal. A vacina contra o HPV e o exame ginecológico de rotina são os pilares para prevenção e diagnóstico desses tumores em fases iniciais.

Apesar dos avanços em prevenção e tratamento, a taxa de mortalidade no Brasil não tem diminuído satisfatoriamente devido a diagnósticos com doença avançada e atraso para início do tratamento, conforme estudo recente de membros do grupo EVA.


Sintomas de tumores ginecológicos

Embora muitos tumores se apresentem de forma assintomática, principalmente nos estágios iniciais, a maioria se desenvolve com os seguintes sintomas:

Sangramento vaginal fora do ciclo menstrual;
Sangramento vaginal na menopausa;
Sangramento vaginal após a relação sexual;
Corrimento vaginal incomum;
Dor pélvica;
Dor abdominal;
Dor nas costas;
Dor durante a relação sexual;
Abdômen inchado;
Necessidade frequente de urinar.

Diagnóstico de câncer ginecológico - Em caso de suspeita de câncer ginecológico, é necessário realizar uma série de exames minuciosos para definir o histórico correto da paciente e chegar ao diagnóstico preciso, tais como:

Ultrassom;
Radiografia;
Tomografia computadorizada;
Ressonância magnética;
Tomografia por emissão de pósitrons;
Após esses exames é fundamental que seja feita uma biópsia para confirmar o diagnóstico.

Além disso, é essencial avaliar a natureza do tumor. O sistema de estadiamento varia, mas geralmente essas neoplasias são classificadas em quatro níveis diferentes, desde o inicial (Estágio I) até o mais avançado (Estágio IV). 

 



Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA)
www.eva.org.br



Referência

1 - Instituto Nacional do Câncer: Estatísticas 2023. https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2023-incidencia-de-cancer-no-brasil
2 - Fundação do Câncer: Um retrato do câncer de colo do útero no Brasil. https://www.cancer.org.br/wp-content/uploads/2022/11/info_oncollect_ed-01.pdf
3 - Global Cancer Observatory https://gco.iarc.fr/

 

Viatris e ABRATA lançam campanha ‘Bem Me Quer, Bem Me Quero’ para reforçar a importância da saúde mental

 


No mês da prevenção ao suicídio, a iniciativa sugere enxergarmos a imposição de limites como uma forma de evitarmos a sobrecarga mental e física  

 

As responsabilidades do dia a dia são inúmeras: trabalhar, estudar, dar atenção à família, sair com os amigos, fazer atividade física, se alimentar de forma saudável, entre outras. Esta sobrecarga mental e física pode desencadear uma série de transtornos mentais, como ansiedade e depressão.  

Por isso, durante o Setembro Amarelo, mês da prevenção ao suicídio, a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA) e a Viatris, empresa global com o propósito de empoderar as pessoas ao redor do mundo para viverem com mais saúde em todas as fases da vida, lançam a terceira a edição da campanha Bem Me Quer, Bem Me Quero: Compreenda seus limites e priorize sua saúde mental”, com o objetivo de gerar conscientização sobre a depressão e a ansiedade por meio de uma visão positiva em relação a imposição de limites.  

Pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde aponta que 11,3% dos brasileiros têm depressão, sendo que a prevalência é maior nas mulheres (14,7%)¹ quando comparada com homens. Porém, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, apenas um terço das pessoas com depressão recebem cuidados formais de saúde mental2 

Para a neurologista e diretora médica da Viatris, Elizabeth Bilevicius, a campanha “Bem Me Quer, Bem Me Quero” é uma forma da companhia contribuir para a redução dos estigmas dos transtornos mentais. “Nessa campanha, queremos abrir espaço para conversas sobre saúde mental e dar ferramentas para que os pacientes consigam se empoderar de sua saúde”, conta a médica. 

 

Campanha incentiva a compreensão e o respeito aos limites  

Antes de impor limites, o paciente precisa compreende-los. Além do processo terapêutico, os grupos de apoio são uma ferramenta importante de autoconhecimento. “Trocando experiências, o paciente pode reconhecer os seus próprios limites a partir do reconhecimento dos limites dos outros”, explica a presidente da ABRATA, Neila Campos.  

A rede de apoio, por outro lado, precisa respeitar o limite do paciente. “Existe uma tendência das pessoas incentivarem o paciente a sair da inércia e levantar da cama. Mas a depressão é uma doença incapacitante e esse tipo de incentivo pode se transformar em cobrança”, conta Neila. “A melhor forma de ajudar é se fazer disponível, sem deixar de lado sua própria saúde mental”.  

Como o preconceito e os estigmas dos transtornos afetivos estão enraizados na falta de conhecimento sobre eles, a presidente da ABRATA também reforça a importância dos familiares se munirem de informação para contribuírem para a melhora do paciente de forma mais efetiva. Para isso, a campanha da ABRATA e da Viatris oferece ao público um hotsite (www.bemmequerbemmequero.com) com diversos conteúdos relevantes sobre depressão e ansiedade, a fim de reduzir os estigmas e ajudar pacientes e rede de apoio a lidarem com os desafios do diagnóstico. 

 

 

 



ABRATA - Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos
https://www.abrata.org.br/.
Instagram; Facebook e YouTube



Viatris
viatris.com.



Referências

Organização Mundial da Saúde. World Health Statistics 2023. https://www.who.int/publications/i/item/9789240074323. Acesso em 24/07/2023 às 18h18.

Fiocruz. Pesquisa Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19. Disponível em https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisa-analisa-o-impacto-da-pandemia-entre-profissionais-de-saude#:~:text=De%20acordo%20com%20os%20resultados,vida%20de%2095%25%20desses%20trabalhadores. Acesso em 31/07/2023 às 17h03. 

 

 

Esgotadas: relatório inédito de Think Olga mostra o que está adoecendo as mulheres

Seja por sobrecarga de trabalho, vulnerabilidade financeira ou pressões e violências de gênero, as mulheres estão entre as principais vítimas do esgotamento mental 

 

A pandemia de Covid-19 foi uma das piores crises já enfrentadas no século e suas consequências ainda ressoam no cotidiano, mesmo após o fim da emergência sanitária. Para as mulheres, entretanto, que já chegaram em 2020 adoecidas, o problema se apresentou ainda mais profundo. É o que mostra o relatório Esgotadas: o empobrecimento, a sobrecarga de cuidado e o sofrimento psíquico das mulheres, desenvolvido pela ONG Think Olga - que indica que 45% das mulheres brasileiras possuem hoje um diagnóstico de ansiedade, depressão, ou outros tipos de transtornos.  

A pesquisa inédita foi realizada com 1.078 mulheres, entre 18 e 65 anos, em todos os estados do país, entre 12 e 26 de maio de 2023. “A saúde mental não deve ser uma discussão limitada por fatores biológicos. Claro que existe influência deles, mas o que o relatório nos mostra é que a perspectiva de gênero e suas interseccionalidades afetam diretamente as relações sociais e, portanto, impactam diretamente no psicológico das mulheres”, explica Maíra Liguori, diretora da Think Olga. 

Com a proposta de entender as estruturas que impõem o sofrimento das brasileiras na atualidade, o relatório reúne dados que demonstram desde a sobrecarga de trabalho e insegurança financeira até o esgotamento mental e físico causado pela economia do cuidado, que enquadra todas as atividades relacionadas aos cuidados com a casa e com produção e manutenção da vida. 

Entre as principais conclusões do relatório:  

·         Esgotadas, portanto, adoecidas - 45% das entrevistadas foram diagnosticadas com algum transtorno mental. A ansiedade, o estresse e a irritabilidade fazem parte do cotidiano de pelo menos 4 em cada 10 mulheres. As pressões estéticas e as violências de gênero também cobram seu preço: entre as entrevistadas mais jovens, 26% declararam que os padrões de beleza impostos impactam negativamente na saúde mental. Já o medo de sofrer violência é citado por 16% das respondentes;

·         Insatisfeitas - A situação financeira e capacidade de conciliar os diferentes aspectos da vida têm as menores notas de satisfação entre as entrevistadas. Em uma classificação de 1 à 10, a vida financeira recebeu a classificação 1.4, já para a capacidade de conciliação das diferentes áreas da vida, a nota ficou em 2.2. 

·         Maior vulnerabilidade e maior responsabilidade - As mulheres são as únicas ou principais provedoras em 38% dos lares. Essas mulheres são, em sua maior parte, negras, da classe D e E e com mais de 55 anos de idade. Somente 11% das entrevistadas dizem não contribuir financeiramente para a manutenção de suas famílias; 

·         Mulheres dedicam o dobro de tempo nas tarefas de cuidado - Segundo dados da Pesquisa Nacional por amostra de domicílio realizada em 2022, as mulheres gastam 21,4 horas da semana em tarefas domésticas e do cuidado, os homens usam 11 horas. Já o relatório Esgotadas mostrou que a sobrecarga de trabalho doméstico e a jornada excessiva de trabalho foi a segunda causa de descontentamento mais apontada - atrás apenas de preocupações financeiras. O trabalho de cuidado sobrecarrega principalmente as mulheres de 36 a 55 anos (57% cuidam de alguém) e pretas e pardas (50% cuidam de alguém). 

·         Responsabilidade demais adoece - 86% das mulheres consideram ter muita carga de responsabilidades. A insatisfação entre mães solo e cuidadoras é muito superior em relação àquelas que não possuem esse tipo de responsabilidade. As cuidadoras e mães-solo também são as mais sobrecarregadas com as tarefas domésticas e de cuidado, com 51% das mães e 49% das cuidadoras apontando a situação financeira restrita como o maior impacto na saúde mental. Isso quer dizer que a sobrecarga de cuidado também é um fator de empobrecimento das mulheres ou “feminização da pobreza”.

 

Diante da realidade, a Think Olga também traz pontos de partida para que a sociedade civil, o setor privado e o poder público possam começar a enxergar e a atuar sobre esses problemas. Para Nana Lima, co-diretora da Think Olga, “é necessário que comecemos a entender o impacto do trabalho de cuidado e suas consequências, além de partirmos de discussões que desestigmatizem tabus sobre a saúde mental. É essencial incentivar ações do setor privado, da sociedade civil e, principalmente, do setor público para um futuro viável para as mulheres”, avalia.

 

O relatório, na íntegra, pode ser acessado aqui.

 

Think Olga



Exame genético NIPT rastreia síndromes e doenças raras em bebês ainda durante a gestação

 Análise é feita após coleta de sangue da mãe e permite que família e médicos avaliem possibilidades de tratamento com antecedência  

 

Recentemente, a síndrome de Patau, uma malformação congênita associada à síndrome da trissomia do cromossomo 13, ganhou destaque na mídia nacional e aumentou a conscientização sobre doenças genéticas. Apesar de ser um quadro de alta complexidade, que exige monitoramento especializado a partir dos primeiros dias de vida, essa e outras condições já podem ser rastreadas antes do nascimento, por meio de exames especializados no pré-natal, como o Non-Invasive Prenatal Testing (NIPT).   

De acordo com o dr. Gustavo Guida, geneticista do laboratório Sérgio Franco, que faz parte da Dasa, a maior rede de saúde integrada do Brasil, o NIPT é uma abordagem não-invasiva e com grande eficácia na detecção de uma ampla gama de alterações genéticas. O exame está disponível nos laboratórios em dois tipos, o comum e o ampliado: enquanto o primeiro rastreia as trissomias, como as síndromes de Down, Patau e Edwards, e as alterações de par sexual, como as síndromes de Turner e Klinefelter; o ampliado detecta também algumas microdeleções mais comuns, como as síndromes de DiGeorge e Prader Willi e a deleção do 1p36.  

“O NIPT é feito por meio de uma coleta simples do sangue da gestante. Isso ocorre graças à possibilidade de ter acesso ao DNA do bebê sem precisar colher o material direto no útero, já que as células que já cumpriram sua tarefa no organismo do feto se rompem e liberam seu material genético na corrente sanguínea da mãe”, explica o dr. Gustavo. Além das doenças genéticas, o exame também revela o sexo do bebê. No laboratório Sérgio Franco, o NIPT pode ser feito também pelo atendimento móvel e sem custo adicional. 

 

Quando o NIPT é indicado e contraindicado 

 Esse exame, que dura entre 5 e 10 minutos, costuma ser realizado a partir da nona semana (terceiro mês de gestação), quando as células liberadas pelo bebê já atingem uma quantidade suficiente para fornecer resultados mais efetivos na análise. Porém, a necessidade de realização desse rastreio, o momento ideal para isso e a repetição do exame são detalhes definidos pelo obstetra que acompanha a paciente. A gestante  não precisa fazer nenhuma preparação ou estar em jejum para o exame, o que preserva seu bem-estar no dia da coleta.  

“Existem algumas situações específicas nas quais o NIPT pode não ser eficiente, já que a precisão dos resultados pode ser comprometida e não refletir a real condição do feto. Entram nesses casos as gestantes que foram submetidas a transplante de medula – pois o material do doador atrapalha na separação do DNA da mãe e do feto – e a gravidez de gêmeos e trigêmeos ou a presença de um ou mais ovos de doação, o que torna difícil a diferenciação de partes menores do DNA que apontam um bebê específico”, detalha o médico. 

 

O NIPT e outros exames do pré-natal  

É importante lembrar que o NIPT é uma abordagem capaz apenas de rastrear a existência de alterações cromossômicas no feto. Por isso, caso o resultado aponte alguma alteração que deva ser investigada mais a fundo, o obstetra que acompanha a gestante vai propor a realização de exames confirmatórios, como a ecografia morfológica e a amniocentese, para a validação efetiva de um diagnóstico de doença rara. Em uma gravidez considerada saudável, o NIPT deve ser encarado apenas como mais um passo do check-up de pré-natal.

 

92% Das Pessoas que Fazem a Cirurgia Bariátrica Voltam a Engordar

Saiba por que Isso Acontece e Conheça Alternativas Mais Eficazes e Seguras

A batalha contra a obesidade é complexa e muitas vezes cheia de obstáculos. Entre as diversas abordagens disponíveis, a cirurgia bariátrica tem se destacado como uma ferramenta para auxiliar na perda de peso significativa. No entanto, um novo estudo conduzido pela Universidade de São Paulo (USP) revelou uma realidade intrigante: aproximadamente 92% dos pacientes que passam por essa cirurgia começam a reganhar peso após dois anos do procedimento. 

Esse achado alarmante destaca a importância de olhar além da cirurgia como uma solução definitiva e de compreender as nuances envolvidas no processo de perda de peso e manutenção a longo prazo. O médico nutrólogo, Dr. Ronan Araujo, explica o quanto é crucial explorar essa questão detalhadamente, fornecendo informações claras e abrangentes para auxiliar na tomada de decisões informadas.

O Ciclo do Reganho de Peso: Lua de Mel e Desafios Pós-Operatórios

O estudo da USP destacou que o período de até dois anos após a cirurgia bariátrica é frequentemente chamado de "lua de mel", quando os pacientes experimentam uma perda de peso notável. No entanto, é nessa fase que muitos começam a enfrentar dificuldades, principalmente quando o acompanhamento psicológico é interrompido. A ausência desse suporte emocional parece contribuir para o reganho de peso. 

Essa descoberta nos leva a questionar o papel essencial que a saúde mental desempenha na jornada de perda de peso. Transtornos psicológicos, como depressão e ansiedade, são comuns em pessoas com obesidade e podem influenciar significativamente os resultados após a cirurgia bariátrica. 

A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) destaca que aproximadamente 60% das pessoas com obesidade enfrentam algum distúrbio psiquiátrico. Isso reforça a necessidade de avaliação psicológica minuciosa antes de decidir pela cirurgia. Detectar transtornos pré-existentes, como compulsão alimentar e depressão, é crucial para garantir uma abordagem holística na perda de peso. 

Dr. Ronan Araujo destaca que os transtornos alimentares são condições de saúde mental que envolvem padrões disfuncionais e perturbados de comportamento alimentar. Esses padrões podem manifestar-se em uma variedade de formas, como restrição alimentar extrema, episódios de compulsão alimentar, preocupações excessivas com peso e forma corporal, comportamentos compensatórios inadequados, entre outros. 

No entanto, enquanto a cirurgia bariátrica pode oferecer resultados iniciais impressionantes, é importante considerar as alternativas disponíveis. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) revelam que, no último ano, quase 75.000 cirurgias bariátricas foram realizadas no Brasil. No entanto, com base no estudo da USP, mais de 69.000 pacientes podem enfrentar desafios na manutenção do peso.

 

Mudança de Paradigma: Evolução das Medicações e Abordagem Integrada

É alarmante perceber que pacientes submetidos à cirurgia bariátrica apresentam índices de depressão e ansiedade consideravelmente maiores em comparação com a população em geral. Isso levanta questionamentos cruciais sobre a eficácia e os riscos associados a esse procedimento. 

“Ao mesmo tempo, é notável que tratamentos medicamentosos vêm demonstrando resultados superiores à cirurgia bariátrica, sem os riscos inerentes a essa abordagem. O fato de que alternativas seguras e eficazes estão disponíveis coloca um foco renovado na necessidade de considerar todas as opções antes de optar pela cirurgia”. Observa o Dr. Ronan Araujo. 

Como sempre, a decisão de optar por qualquer abordagem deve ser informada e orientada por profissionais de saúde, buscando uma abordagem integrada e individualizada para alcançar e manter a perda de peso saudável e duradoura. 

 

Dr. Ronan Araujo - Formado em medicina pela Universidade Cidade de São Paulo, médico especializado em nutrologia pela ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia). Com foco em causar impacto e mudar a vida das pessoas através de sua profissão, ele também se tornou membro da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), que o leva a ser atualmente um dos médicos que mais conhece e entrega resultados quando falamos sobre emagrecimento e reposição hormonal.


Casos de covid no Hospital São Luiz Morumbi, em SP, triplicam em agosto

Aumento do número de pacientes com resultados de exame positivo para a doença foi identificado no pronto-socorro da unidade Morumbi da Rede D’Or; especialista alerta para medidas de prevenção, como higiene das mãos, uso de máscara e vacinação 

                                   

O EG.5, nova cepa do vírus da Covid-19, conhecido popularmente como Éris, chegou ao Brasil e reacendeu o alerta sobre a doença. 

 

O primeiro caso da variante foi identificado no Estado de São Paulo, no início do mês de agosto, em uma paciente de 71 anos. Hoje, já são dois casos em São Paulo, um no Rio de Janeiro e um no Distrito Federal, indicando que há transmissão comunitária da EG.5.

 

“De acordo com os últimos relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS), a Éris é mais transmissível, já que foi identificado um aumento na positividade desta variante nas amostras encaminhadas para análises”, destaca Fernando de Oliveira, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do São Luiz Morumbi.  

 

Na unidade, que pertence à rede D’Or e está localizada na zona Oeste de São Paulo, a taxa de positividade entre os exames de covid saltou de 5% para 15% ao longo do mês de agosto, nos atendimentos realizados no pronto-socorro.

 

“Apesar do aumento da transmissão, não foi identificado até o momento aumento dos casos graves, com internação em unidades intensivas e óbitos. Mas, é preciso ter atenção às medidas de prevenção, principalmente entre a população mais vulnerável, como idosos e pessoas com comorbidades”, alerta o especialista.

 

As recomendações se mantêm nos pilares já conhecidos: higiene das mãos e uso de máscara, principalmente no caso de sintomas ou em locais com grande concentração de pessoas e mal ventilados, especialmente para o grupo de risco. “Ao identificar sintomas, mesmo que leves, é importante buscar atendimento médico para fazer a investigação e adotar medidas para evitar a propagação do vírus”, orienta Dr. Fernando.

 

Outro ponto essencial é em relação à vacinação. A recomendação da Sociedade Brasileira de Infectologia é que todas as pessoas com mais de seis meses de idade devem ter pelo menos três doses de vacina contra Covid-19 realizadas. Grupos com fatores específicos devem ter doses adicionais, preferencialmente com a vacina bivalente. 

 

“É importante destacar que todas as vacinas disponíveis apresentam ação eficaz na redução de quadros graves e mortes pela doença”, enfatiza o infectologista.


 

Outra variante em monitoramento

 

De acordo com boletins dos Centros de Controle de Doenças Americano e Europeu, e da OMS, outra subvariante classificada como “sob monitoramento” é a BA2.86, que causa preocupação em decorrência da grande quantidade de mutações na parte principal do vírus. 

Já há registro de casos nos Estados Unidos, Europa e África, porém ainda sem muitas informações sobre o comportamento do vírus.

 

Distress e Eustress: entenda as diferenças e como é possível gerenciar o stress

48% dos brasileiros estão estressados; especialistas discutem como lidar melhor com os desafios do cotidiano


O quanto você está estressado? Essa pergunta vai ter respostas diferentes de acordo com realidades distintas, mas certamente o stress esteve, está ou estará na vida de qualquer pessoa. O que muita gente não sabe é que o stress é uma reação natural do próprio corpo diante de uma situação que represente ameaça. Quando alguém se estressa, o corpo libera diversas substâncias no organismo, inclusive o cortisol, considerado o hormônio do stress. O que acontece na prática? O corpo ativa o sistema primitivo de luta ou fuga, que é um processo autônomo do organismo. Ao ativar esse sistema, o corpo também libera adrenalina e norepinefrina, causando taquicardia, respiração curta, suor excessivo, alteração na pupila e no intestino, entre outras reações que alertam para esse momento. 

Duas pesquisas recentes trazem números relevantes para a discussão sobre a presença do stress e a forma como as pessoas lidam com  ele. De acordo com os dados mais recentes da International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR), o stress profissional, por exemplo, afeta 72% dos brasileiros frequentemente causando irritabilidade, adoecimentos, afastamento do trabalho, entre outros problemas. Fora do ambiente corporativo, outro número recente vem do levantamento da StarCheck (da Healthtech Starbem), que revelou no segundo semestre de 2022 quase 49% dos brasileiros estão estressados de um modo geral. 

De acordo com especialistas, como a Dra. Ana Maria Rossi, presidente da ISMA-BR, a principal instituição que estuda o tema no mundo todo, se o stress é algo natural, ele precisa ser entendido por dois pontos diferentes que se somam: eustresse, o positivo, e o distresse, considerado o negativo.

O eustresse e distresse causam reações fisiológicas iguais no organismo das pessoas. A diferença está na reação emocional. O eustresse pode fazer com que a pessoa sinta motivação e satisfação. Já o distresse traz a sensação de ameaça e intimidação. 

Segundo Ana Maria, o stress não é algo a ser combatido, pois pertence naturalmente ao ser humano. “Precisamos olhar o stress como algo a se gerenciar melhor, o que inclusive vai ajudar na manutenção da saúde do indivíduo como um todo”, explica a especialista.

Outra especialista no tema é a neurologista Ana Paula Peña. Estudiosa no assunto, ela ainda acrescenta que o gerenciamento de stress deve ser uma prática a ser adotada diariamente. “Uma espera no elevador, uma conversa com o chefe no trabalho ou até uma apresentação em público são situações que podem ocasionar o stress, por exemplo, por isso é importante termos inteligência emocional para saber gerenciar nossas emoções. Precisamos entender que temos poder apenas sobre nossas reações e não sobre como o outro vai reagir em determinada situação”, afirma.

Na prática, o gerenciamento do stress sugere reflexões e atitudes mais assertivas diante dos estímulos. O indivíduo pode se estressar em determinadas situações, mas quando a prática do gerenciamento é feita com frequência, algo que poderia vir causar um desconforto, pode se tornar uma prevenção à situações estressantes e claro, à saude também.

 

Setembro Dourado: atenção ao retinoblastoma, tumor ocular mais comum em crianças

Alerta acontece no mês em que é celebrado o Dia Nacional Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma (18/9) e a campanha sobre câncer infantojuvenil; doença afeta principalmente crianças até cinco anos de idade


O retinoblastoma é um tumor raro originário das células da retina, sendo o tipo mais comum em crianças no início da infância e até mesmo no nascimento.

De acordo com o Ministério da Saúde, a doença representa cerca de 4% dos cânceres infantis, chegando a uma média de 400 casos por ano no Brasil, podendo causar cegueira infantil e até a morte.

A doença se desenvolve na retina, estrutura de tecido neural responsável por detectar a luz e enviar para o cérebro para podermos enxergar. Eventualmente, durante a multiplicação, as células formam um tumor, que se espalha dentro e ao redor do olho (de forma unilateral ou bilateral), ou até mesmo para outras partes do corpo, incluindo o cérebro e a coluna.

O principal sintoma do retinoblastoma, presente em até 90% dos casos, é a leucocoria, também conhecida como “olho de gato”, que se caracteriza por um reflexo branco na pupila da criança em contato com a luz.

Quando a luz passa normalmente pela pupila o reflexo costuma ser vermelho. “A cor branca pode indicar que algo está impedindo a passagem da luz, no caso do retinoblastoma, é o tumor. Esse fenômeno pode ficar mais evidente, por exemplo, ao tirar fotos com flash”, explica Marcelo Cavalcante Costa, oftalmologista e especialista em Retina Infantil da Maternidade São Luiz Star e membro do Departamento Científico de Oftalmologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.


No mês em que é celebrado o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma (18/9), marcado pela campanha Setembro Dourado, o especialista da Maternidade Star, da Rede D’Or, alerta para a importância do diagnóstico precoce da doença, essencial para garantir bons resultados no tratamento e evitando cegueira.

“Um fato importante é que em algumas situações o retinoblastoma se encontra na periferia dos olhos, podendo passar despercebido no teste do reflexo vermelho comum, porém sendo possível diagnosticar através de um exame hoje conhecido por Teste do Olhinho Ampliado”, complementa o médico.

O exame proporciona uma avaliação mais detalhada e abrangente, já que detecta 100% das doenças oculares do recém-nascido por meio de imagens digitais.

O Teste do Olhinho Ampliado é um exame rápido, não invasivo, e realizado com um equipamento portátil, onde o profissional capta imagens do globo ocular do bebê para análise, ainda nos primeiros dias de vida. Estatísticas apontam que 1 a cada 20 pacientes (5% dos casos) possui alguma condição importante e que deve ser acompanhada.

O exame é oferecido na Maternidade São Luiz Star, que reúne toda a expertise do Hospital São Luiz, um dos mais tradicionais de São Paulo, com o serviço premium da Rede D’Or.

“Quanto mais cedo a doença for descoberta, melhores as chances de que o bebê não venha a acumular prejuízos que afetem sua visão pelo resto da vida. Por isso, o teste do olhinho e o teste do olhinho ampilado, realizado ainda na maternidade, é tão importante para identificar precocemente diversas doenças, incluindo o retinoblastoma”, enfatiza Dr. Marcelo Cavalcante.


Tratamento

O tratamento do retinoblastoma pode variar de acordo com o caso, levando em conta a idade, a presença de tumor em um ou nos dois olhos e o estadiamento, entre outros fatores.

O objetivo é salvar a visão sempre que possível e preservar o bulbo ocular, podendo envolver uma equipe multidisciplinar e várias modalidades terapêuticas, como quimioterapia, radioterapia, laserterapia, crioterapia, termoterapia e cirurgia.

“O cuidado, que basicamente deve surgir dos pais, é a garantia de um amanhã melhor para os pequenos. Caso percebam algo errado, conversem com o pediatra, para que indique avaliação com oftalmologista infantil. Quanto antes o diagnóstico do retinoblastoma for feito, melhor será o futuro da criança”, enfatiza o especialista da Maternidade São Luiz Star.


Inteligência emocional: estudo recente indica que maior capacidade cognitiva está ligada à menor resposta emocional

Especialista em desenvolvimento humano e pessoal, Gisele Hedler, explica o impacto da inteligência emocional em todos os âmbitos da vida

 

No mundo acelerado e dinâmico dos negócios de hoje, a inteligência emocional emergiu como uma habilidade essencial para o sucesso profissional e pessoal. A capacidade de compreender, gerenciar e utilizar eficazmente as emoções, tanto as próprias quanto as dos outros, desempenha um papel fundamental no ambiente de trabalho. De acordo com um estudo publicado em agosto na revista Intelligence, pessoas com maior capacidade cognitiva geral apresentam padrões de resposta emocional distintos, caracterizados por picos mais lentos e menos intensos, se comparado com aqueles com menor capacidade cognitiva. 

Para explorar como a capacidade cognitiva pode interferir no processamento emocional, os pesquisadores realizaram dois estudos diferentes. O primeiro estudo consistiu em quatro experimentos separados com o objetivo principal de investigar a relação entre a capacidade cognitiva geral e a dinâmica emocional em resposta a estímulos visuais. Os voluntários, com idade média de 18 anos, foram instruídos a avaliar continuamente suas reações afetivas, com um mouse do computador, a partir da visualização de imagens com valência emocional. 

Já o segundo estudo, teve como objetivo replicar e ampliar as descobertas da primeira parte da pesquisa. Aqui, eles usaram um método diferente de resposta, pressionando botões em conjunto diferente de imagens com valência emocional. Em ambos os estudos, os investigadores descobriram que os participantes com maior capacidade cognitiva medida através de pontuações ACT (um teste padronizado comumente usado para admissão em faculdades nos Estados Unidos) exibiram padrões distintos nas suas reações emocionais em comparação com aqueles com menor capacidade cognitiva.

Segundo a especialista em comportamento humano, Gisele Hedler, a inteligência emocional não trata apenas de competências técnicas; é uma ferramenta poderosa que pode influenciar positivamente a colaboração, a liderança e o crescimento individual, além de impactar positivamente em relacionamentos, e até mesmo em uma comunicação mais assertiva.  


Influência nas relações humanas 

Para Gisele, a inteligência emocional é a base das relações humanas saudáveis e significativas. A habilidade de compreender as emoções de outras pessoas, demonstrar empatia genuína e comunicar-se de forma eficaz é fundamental para a construção de laços fortalecidos. “Em um relacionamento, seja amoroso, profissional ou até mesmo de amizade, precisamos agregar a ele resultados, e não ser apenas um ‘sangue-suga’, que sempre espera receber dos outros, mas nunca está disposto a doar”, pontua a especialista.  

Essas relações interpessoais sólidas são essenciais tanto no ambiente pessoal quanto no profissional, permitindo colaboração, resolução de conflitos e criação de ambientes harmoniosos”, pontua Hedler. 


Controle das emoções e melhor liderança 

Nos cenários de liderança, a inteligência emocional se destaca como um fator determinante. Para Gisele, líderes emocionalmente inteligentes são capazes de inspirar, motivar e criar um ambiente positivo para suas equipes. Eles compreendem as necessidades e emoções de seus colaboradores, promovendo um clima de confiança e engajamento. 

“Em todos os âmbitos da nossa vida, muitas vezes a gente vai precisar segurar na mão de alguém para ajudá-lo. Mas, para fazer isso, temos primeiramente que liderar nós mesmos, isso significa que precisamos liderar nossas próprias emoções e não sermos reativos. É preciso sair do lugar de vítima”, explica. 


Comunicação assertiva

Além disso, a inteligência emocional está diretamente ligada à capacidade de comunicar de maneira eficaz. A compreensão das próprias emoções permite uma comunicação mais clara e assertiva, evitando mal-entendidos e conflitos. Para isso, é necessário ter empatia, que permite compreender o ponto de vista dos outros, facilitando a comunicação e construindo ligações entre diferentes perspectivas, explica Gisele.


Melhores decisões 

A inteligência emocional desempenha um papel vital na tomada de decisões. “Quando consideramos não apenas os aspectos lógicos, mas também as implicações emocionais de uma escolha, conseguimos tomar decisões mais informadas e equilibradas. Isso é um destaque em ambientes de trabalho e liderança, onde decisões impactam equipes, resultados e relacionamentos”, afirma a especialista. 


Resiliência e Gerenciamento de Estresse

Indivíduos com alta inteligência emocional tendem a ser mais resilientes diante dos desafios. “É preciso sair da zona de conforto, se auto desafiar todos os dias e parar de reclamar. É sobre fazer o que precisa ser feito e ter resiliência para continuar. Essas pessoas são capazes de terem uma melhor compreensão de suas próprias emoções e lidar com o estresse de maneira saudável”, exemplifica. Essa resiliência os ajuda a enfrentar adversidades com confiança, encontrar soluções criativas e manter um equilíbrio emocional.

Gisele finaliza defendendo que investir no desenvolvimento da inteligência emocional é um passo crucial para o crescimento pessoal e profissional. Aumentar a autoconsciência, a autogestão, a empatia e as habilidades sociais não apenas enriquece a experiência de vida, mas também abre portas para oportunidades de carreira. Profissionais emocionalmente inteligentes muitas vezes são mais adaptáveis, resilientes e têm uma vantagem competitiva, segundo ela.  



Gisele Hedler - empresária e uma entusiasta em Nutrição Funcional. Especialista em saúde emocional, física e espiritual, Gisele está à frente da Faculdade de Saúde Avançada, que conta com mais de 30 mil alunos pelo mundo. A instituição se destaca por desenvolver e acompanhar profissionais de saúde com formações em Nutrição Funcional. Além disso, ela conta com um colágeno de desenvolvimento próprio com uma fórmula premium que oferece saúde em estética.
@giselehedler


Fibra óptica biodegradável permite medir ou modular correntes elétricas no corpo humano

 

Material extraído de algas vermelhas é transparente, flexível,
 comestível e renovável (
foto: Eric Fujiwara/Unicamp)



Feito com material extraído da alga ágar, o dispositivo poderá ser usado para monitorar estímulos produzidos no cérebro ou nos músculos. Ou como interface auxiliar na conexão homem-computador em tecnologias de assistência ou reabilitação

 

Sinais elétricos comandam um enorme conjunto de atividades no corpo humano, da troca de mensagens entre neurônios no cérebro à estimulação do músculo cardíaco e aos impulsos que permitem movimentar mãos e pés, para mencionar apenas alguns exemplos. Tendo como horizonte de aplicação o monitoramento ou a modulação desses sinais, com finalidades médicas, uma fibra óptica biocompatível e biodegradável, produzida a partir da alga ágar, acaba de ser desenvolvida.

Apoiado pela FAPESP, o trabalho foi liderado pelos professores Eric Fujiwara, da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Cristiano Monteiro de Barros Cordeiro, do Instituto de Física Gleb Wataghin da Unicamp, e Hiromasa Oku, da Universidade de Gunma (Japão). Artigo a respeito foi publicado no periódico Scientific Reports, do grupo Nature.

“Dispositivos biocompatíveis são imprescindíveis quando se utilizam fibras ópticas para aplicações médicas, como monitoramento de parâmetros vitais, fototerapia ou optogenética [o termo diz respeito ao estudo e controle da atividade de células específicas por meio de técnicas que combinam óptica, genética e bioengenharia], entre outras. Além disso, fibras ópticas feitas com materiais biodegradáveis são alternativas às tecnologias disponíveis para telecomunicações, que empregam fibras de vidro ou plástico”, diz Fujiwara.

A nova fibra foi produzida a partir de ágar, um material transparente, flexível, comestível e renovável, extraído de algas vermelhas. Os mesmos pesquisadores já haviam desenvolvido fibras ópticas biocompatíveis de ágar para monitoramento de concentração química e umidade (leia mais em: agencia.fapesp.br/33133).

“O método de fabricação consiste, basicamente, no preenchimento de moldes cilíndricos com soluções de ágar. O trabalho atual expande a gama de aplicações, propondo um novo tipo de sensor óptico que explora a condutividade elétrica do ágar”, afirma.

Fujiwara explica que, excitada por luz coerente, a fibra produz padrões luminosos granulares que evoluem espacial e temporalmente. As correntes elétricas presentes no meio atravessam a fibra e, ao fazê-lo, modulam o índice de refração do ágar, gerando perturbações nos padrões granulares. “Analisando essas perturbações, é possível determinar a magnitude, direção e sentido dos estímulos elétricos, com medições confiáveis para correntes iguais ou até menores do que 100 microamperes [μA]”, conta.

A capacidade de detectar sinais elétricos tão sutis inspira possíveis aplicações em configurações biomédicas. “A ideia pode ser explorada para desenvolver sistemas de sensoriamento destinados a monitorar estímulos bioelétricos produzidos no cérebro ou nos músculos, servindo como uma alternativa biodegradável aos eletrodos convencionais. Nesse caso, os sinais ópticos podem ser decodificados para diagnosticar distúrbios. Outra possibilidade é utilizar a fibra como interface auxiliar na conexão entre humano e computador, em tecnologias de assistência ou reabilitação”, exemplifica Fujiwara.

A resposta do sensor pode ser aprimorada, ajustando-se a composição química do material. E o fato de o ágar ser moldável em diversas geometrias viabiliza a confecção de lentes e outros dispositivos ópticos com sensibilidade a corrente elétrica. Mais do que tudo, a grande vantagem é que, após o uso, a fibra pode ser absorvida pelo organismo, evitando intervenções cirúrgicas adicionais.

Fujiwara ressalta que o estudo ainda se encontra em nível de bancada – portanto, distante da aplicação tecnológica. Mas a determinação rigorosa dos parâmetros físicos de resposta óptica à corrente elétrica estabelece um terreno sólido para a eventual fabricação de dispositivos biomédicos.

O artigo Agar-based optical sensors for electric current measurements pode ser acessado em: www.nature.com/articles/s41598-023-40749-7.



José Tadeu Arantes
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/fibra-optica-biodegradavel-permite-medir-ou-modular-correntes-eletricas-no-corpo-humano/44738

 

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