Entre 2021 e 2023, o número de brasileiros que dizem que é importante falar sobre saúde mental caiu mais de 3 pontos percentuais
Mesmo a saúde
mental sendo um problema persistente em todo o país, a pandemia trouxe mais
desafios. Até no final do ano passado, o Conselho Federal de Enfermagem
(COFEN), alertou que o Brasil estava enfrentando uma pandemia de
saúde mental, impulsionada pelo isolamento social, pela perda
de familiares para o COVID-19, pelo sentimento de medo do vírus e pela
ansiedade causada devido à instabilidade nos empregos.
E segundo dados
recentes divulgados pela YouGov,
multinacional especializada em pesquisa de mercado on-line,
67,9% das pessoas no país dizem que a doença mental é uma condição real. Embora
esse número possa parecer alto, ele representa um declínio em relação aos 69%
que se sentiam da mesma forma em 2022; e o número do ano passado é ainda menor
em comparação com o 74,5%, em 2021. Portanto, nos últimos dois anos, houve uma
queda de 7 pontos percentuais no número de brasileiros que levam a saúde mental
a sério.
Esse não é o único
indicador de que há uma clara tendência à queda na atenção ao campo da saúde
mental. Em 2021, 80,5% dos brasileiros disseram que era importante discutir
problemas de saúde mental. Já em 2023, o percentual é de apenas 77,2%, uma
queda de mais de três pontos percentuais.
Uma leve retração
também pode ser observada entre este ano e o anterior no número de pessoas que
consideram que os estigmas em torno da saúde mental estão desaparecendo, depois
de terem crescido entre 2021 e 2022.
Mulheres
e adultos mais velhos levam a saúde mental a sério
De modo geral, as
mulheres e os adultos mais velhos no Brasil estão mais propensos a levar a
sério a questão da saúde mental. Em comparação com 73,2% dos homens, 81,1% das
mulheres brasileiras dizem que é fundamental falar sobre essas questões.
Existe um
contraste semelhante na comparação entre as idades, com apenas 68,8% dos jovens
de 18 a 24 anos acreditando que a saúde mental deve ser discutida, em contraste
com 8 em cada 10 pessoas que ultrapassaram os 55 anos de idade.
Esses dois grupos
também são os mais propensos a rejeitar o fato de que as doenças mentais não
são tão graves quanto as doenças físicas: 80,5% das pessoas com mais de 55 anos
e 72,7% das mulheres discordam dessa afirmação, estatisticamente mais alta do
que a média nacional de 67,9%. Os homens e os brasileiros mais jovens, por
outro lado, são estatisticamente mais propensos a desprezarem essas doenças em
comparação com a média.
Os brasileiros do
sexo masculino e os mais jovens também são os mais convencidos de que os
estigmas em relação à saúde mental estão se desfazendo lentamente. “Isso pode
ser explicado pelo fato de que as mulheres e os adultos mais velhos, aqueles
que, na verdade, estão mais abertos a discutir seriamente essa questão, estão
mais conscientes de como é difícil conversar sobre estas adversidades no
Brasil”, comenta David Eastman, diretor-geral da YouGov América Latina.
A saúde mental,
por si só, ameaça se tornar um risco crescente para o bem-estar dos brasileiros
se a sua importância continuar a diminuir no ritmo dos últimos dois anos.
Mas os dados da YouGov revelam que também há uma ligação entre a saúde mental e
a saúde física.
Aqueles que não
consideram a doença mental como algo sério são estatisticamente mais propensos
a também dizer que não se alimentam ou se exercitam adequadamente, não cuidam
do seu bem-estar como deveriam, vivem sem dormir muito e sofrem de ansiedade
recorrente, (51%, 61,3%, 52,5% e 58%, respectivamente, contra 30,7%, 55,5%,
27,3% e 52% daqueles que a consideram uma doença real).
Existe até uma
ligação entre a seriedade com que os brasileiros levam a saúde mental e algumas
ações e atitudes que podem se tornar problemáticas e até prejudiciais.
Aqueles que não
acreditam que a doença mental seja real têm quase duas vezes mais chances de
aceitarem serem compradores impulsivos do que aqueles que levam a questão a
sério. Além disso, é três vezes mais provável que digam que bebem demais, duas
vezes mais provável que manifestem que jogam demais e significativamente mais
provável que afirmem que a publicidade afeta a sua imagem corporal.
“Essa relação é
simples de explicar, pois os brasileiros que levam sua saúde mental a sério
provavelmente estarão mais dispostos a procurarem ajuda médica profissional
para tratar suas condições. E, ao fazer isso, ficam menos vulneráveis a outras
ações e atitudes prejudiciais que podem afetar negativamente outros aspectos do
seu bem-estar físico, mental e social”, finaliza David.
Nesse sentido, a saúde mental e a conscientização sobre sua gravidade vão muito além das próprias condições. Portanto, é necessário que haja mais atenção por parte das autoridades e dos consumidores para essa questão.
YouGov - multinacional de origem britânica, pioneira em pesquisa de mercado on-line e ferramentas que integram o planejamento e o monitoramento de dados, garantindo informações mais precisas e ágeis de serem acionadas por seus clientes.