Cerca de 30% dos óbitos registrados
anualmente no país são em decorrência de complicações cardíacas
As doenças cardiovasculares são as mais comuns entre os brasileiros e também a principal causa de morte. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o percentual é maior que todos os cânceres juntos, problemas respiratórios, violência e acidentes de trânsito.
Isso acontece porque as patologias do
coração são muitas e acometem grande parte da população brasileira. Estima-se
que, pelo menos, 400 mil pessoas venham a óbito por doenças cardiovasculares ao
final de cada ano, o que significa uma morte a cada um minuto e meio. Segundo
um artigo publicado do Arquivos Brasileiros de Cardiologia, a pressão arterial
sistólica elevada foi o principal fator de risco para a mortalidade por doenças
cardiovasculares em 2019.
A chegada da pandemia agravou mais um
pouco o cenário, já que devido ao isolamento, grande parte da população parou
de fazer exercícios físicos e adotou uma alimentação pouco saudável. Além
disso, a contaminação por Covid-19 é uma das causas para o surgimento ou piora
de doenças cardiovasculares. “Pessoas que contraíram o modo mais agressivo do
vírus têm maior chance de desenvolver patologias cardiovasculares após um ano.
Por isso, durante as consultas, sempre perguntamos se o paciente já teve
coronavírus, pois a doença por si só representa grande risco ao coração”,
afirma a Dra. Salete Nacif, cardiologista do Hcor.
Em média, o Hcor realiza 250 exames
mensais para detectar doenças cardiovasculares. Durante a época mais forte da
pandemia, este número caiu 30%, o que representa uma forte propensão ao
diagnóstico tardio. Até julho deste ano, a média era de 216, ainda inferior à
antes da pandemia. Com a redução do diagnóstico, também houve queda na
realização de cirurgias, passando de 155 (2019) para 110, no primeiro ano da
pandemia. Atualmente, a média é de 137 cirurgias por mês.
Doenças
cardiovasculares mais comuns e tratamentos
Existe uma variedade muito grande deste
tipo de doença, mas algumas das mais comuns são: hipertensão, doença arterial
coronária, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC),
obstrução das artérias das pernas e das carótidas (vasos que levam o sangue ao
cérebro) e arritmias, todas elas agravadas pela pandemia.
“A insuficiência cardíaca é a fase
final de todas as outras doenças cardiovasculares. Para isso, o paciente deve
cuidar da pressão arterial, verificar o colesterol, cessar o tabagismo,
combater o sedentarismo e controlar o estresse, pois esses são os principais
fatores de risco”, explica Dr. César Jardim, cardiologista do Hcor.
Existem ainda os tratamentos
específicos para cada enfermidade. “Para a doença arterial coronária, por
exemplo, podem ser indicados medicamentos e/ou realizada cirurgia para a
colocação de Stent ou ponte de safena/ mamária. As doenças valvares podem ser
tratadas também com remédios, mas muitas vezes são necessárias cirurgias ou
procedimentos por cateterismo para fazer a correção das válvulas. As arritmias
dependem de tratamento clínico, e, em último caso, há a possibilidade de
intervenção invasiva como as ablações”, detalha Salete.
Quando devo
procurar um médico?
Ao sentir cansaço, dor no peito, falta
de ar, inchaço nas pernas e/ou palpitações é fundamental procurar um
atendimento cardiológico. No entanto, a maioria das doenças cardiovasculares é
silenciosa, não apresentando nenhum sinal para o indivíduo. Por isso, o mais
correto é fazer acompanhamento de rotina. “Em casos onde a pessoa não possui
histórico familiar, a partir dos 40 anos é recomendado fazer um check-up
anualmente. Em contrapartida, caso a família do paciente já possua alguma
doença cardiovascular, o ideal é fazer esse acompanhamento com o cardiologista
a cada quatro ou seis meses, dependendo da gravidade”, finaliza Jardim.
Hcor