A nova variante provoca aumento da procura nas clínicas dermatológicas por tratamentos para fortalecer os fios
Com o aumento do número de casos de infecções
pela Covid-19, devido a variante Ômicron, as clínicas dermatológicas estão
sendo mais procuradas na busca por amenizar um dos efeitos colaterais que a
doença pode causar. “Como já se sabe, a Covid-19 e suas variantes podem
prejudicar principalmente a respiração, o olfato e o paladar. Mas a queda de
cabelo pós-infecção é um relato que se tornou comum, e vem sendo uma das
principais queixas no consultório”, afirma a dermatologista Karine Cade, da
Clínica Otávio Macedo e associados de São Paulo.
No caso das variantes não havia certeza se estas
apresentariam efeitos semelhantes aos que vinham sendo descritos como
consequências posteriores ao fim do ciclo do vírus no corpo, mas em princípio
as variações também manifestam características similares, sendo a queda de
cabelo uma delas. “Com o decorrer da pandemia foi possível diagnosticar que a
Covid leva ao eflúvio telógeno agudo, ou seja, desencadeia uma perda de cabelo
mais acentuada em relação ao que é considerado normal. A queda dos fios, no
geral, acomete cerca de 25% das pessoas que tiveram Covid”, afirma Karine.
O dermatologista Otávio Macedo concorda e explica
ainda que não há necessariamente uma relação com o grau de desenvolvimento da
doença, podendo a queda de cabelo acometer qualquer pessoa que foi infectada.
“O cabelo e todas as estruturas que estão relacionadas a ele são bem sensíveis
a qualquer alteração no organismo. Assim, a queda de cabelo é uma das formas do
corpo refletir problemas ou transformações pelas quais vem passando. E o
estopim para isso são os mais variados”, diz o médico.
Estresse duplo
No caso da Covid, a queda pode ter relação com
dois tipos de estresse. Aquele causado pela situação em si e também devido à estafa
imunológica. “Em especial nessa situação, o corpo é muito exigido na função de
combate a infecção, o que acaba mexendo com o ciclo capilar”, explica doutora
Karine. Assim, a Covid e suas variantes somam diversos fatores que podem ser
desencadeantes de queda capilar, o que contribui ainda mais para um
desprendimento acelerado. “Essa queda de cabelo decorrente da Covid é mais
precoce, antes acontecia cerca de dois meses após a infecção. Com a Ômicron há
pacientes que a partir de 15 dias da manifestação da doença já começam a
perceber uma queda mais significativa”.
E agora?
O primeiro passo é buscar respaldo médico para
avaliar o padrão de queda, mas Karine explica que os tratamentos só conseguem
ser mais bem indicados e a causas investigadas a partir de alguns exames. “O
acompanhamento dermatológico tem a função de dar respaldo ao paciente, para que
este se sinta amparado e acompanhado. A Covid é uma doença que inflama o
folículo piloso, somado a isso gera a queda do fio. Assim, cabe ao médico
explicar que não há risco de calvície, pois o que está acontecendo é uma queda
programada que vai ocorrer de qualquer maneira”, destaca a especialista. “Além
disso, é preciso investigar outros fatores que podem estar contribuindo para a
queda. Se há, por exemplo, deficiência de ferro, zinco, vitamina C ou D.”
Assim, com os resultados em mãos é possível fazer
as reposições necessárias para que se tenha um tratamento completo. “Ainda
existem técnicas/tratamentos que podem auxiliar durante esse período. No
consultório, inclusive, estamos vendo que o uso dessas ferramentas auxilia a
interromper a queda, apesar de ainda não se ter tantas evidências científicas
documentadas”.
Dentre as terapias capilares feitas em
consultório e que podem ser uma ajuda a mais, doutora Karine indica: “Temos a
mesoterapia, onde vitaminas são colocadas no couro cabeludo com o objetivo de
nutrir as estruturas ali presentes. Na mesma linha de aplicação de ativos
também se tem a técnica de MMP. E ainda existe o método PRP, terapia regenerativa
que utiliza o plasma e plaquetas retirados do sangue do paciente para ativar
fatores de crescimento que estimulam o folículo piloso na formação de fios.
Além disso, incentiva a circulação e regeneração da área com um boost de
antioxidantes. Outra ferramenta que também pode ser usada é o laser fracionado,
assim como corticoides tópico para um efeito anti-inflamatório na área que por
vezes apresenta prurido associado, queixa muito frequente”, destaca a médica.
“Estas são terapias que podem ser feitas individualmente, mas a combinação traz
resultados ainda mais satisfatórios”, finaliza a especialista.