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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

“Falta conhecimento dos profissionais da saúde sobre a doença rara”

  • 35% das crianças morrem antes dos 5 anos de idade
  • 28 de fevereiro: Dia Mundial das Doenças Raras
  • Teste do Pezinho pode detectar precocemente cerca de 50 doenças·         


Existem de 6 a 8 mil tipos de doenças raras. Cerca de 70% a 80% delas têm origem genética, 75% afetam crianças e 35% dessas crianças morrem antes dos 5 anos de idade, muitas vezes por causa do diagnóstico tardio. Só no Brasil, existem aproximadamente 13 milhões de pessoas com algum tipo de doença rara. “Esses dados demonstram a necessidade de difusão do conhecimento do que é uma doença rara, como identificá-la e tratá-la”, comenta Dra. Tânia Bachega, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional São Paulo (SBEM-SP).

 

Um teste fácil e que possibilita diagnosticar cerca de 50 doenças raras é o Teste do Pezinho. Esse teste promove o diagnóstico precoce de uma doença enquanto o bebê é assintomático. “Isso é o que chamamos de janela de oportunidade: diagnosticar o bebê que está doente e evitar as complicações graves”, explica a endocrinologista.

 

Todo bebê tem que fazer o Teste do Pezinho na maternidade. E se lá não for coletado, a mãe tem que levar numa UBS entre o 3º e 5º dia de vida. “Uma vez que o Teste do Pezinho tem um resultado alterado para uma determinada doença, rapidamente este bebê deve ser submetido a um teste comprobatório, mais específico, que definitivamente vai fechar ou excluir o diagnóstico”, explica Dra. Tânia.

 

Ainda há muita confusão entre o que é a impressão digital do pé do bebê (um registro feito para comprovar que esse bebê pertence àquela mãe), com o Teste do Pezinho. O teste é feito com uma agulha muito fina no calcanhar do bebezinho para retirar algumas gotas de sangue. É um teste rápido, indolor e que permite evitar o óbito da criança ou a deficiência intelectual grave. “Tenho relato de mães que não querem submeter seus filhos ao teste por medo da agulha”, pontua a endocrinologista.

 

“O hipotireoidismo congênito é uma doença rara, sendo a causa mais frequente de deficiência intelectual e que pode ser totalmente evitável com o início do tratamento precoce. Mas, para isso, tem que fazer o Teste do Pezinho, porque quando mais tarde colhido, perde-se a janela de oportunidade de um tratamento efetivo. Não basta coletar o teste: o município tem que enviar o papel de filtro com a gota de sangue para o laboratório do ministério da Saúde, que faz o teste, processa e emite o resultado. Como disse anteriormente, um teste alterado precisa ser repetido ou confirmado por outro exame mais específico. Mas esse fluxo de coleta até o resultado e confirmação tem de ser rápido”, pontua Dra. Tânia.

 

Um em cada 3.500 bebês terão hipotireoidismo congênito. A tiroxina é um hormônio produzido pela tireoide da mãe e fornecida ao bebê pela placenta. Quando há deficiência desse hormônio, chamamos de hipotireoidismo congênito. Ao nascer, o bebê parece “normal”, podendo apresentar, em alguns casos, hérnia umbilical, icterícia prolongada, língua grande (macroglossia) e choro rouco. Porém, é o Teste do Pezinho que vai confirmar o hipotireoidismo congênito que, se não detectado e tratado antes dos 30 dias de vida, a criança certamente terá deficiência intelectual grave.

 

“Existem áreas carentes do Brasil que estão com falta dos kits para a realização dos testes. A orientação que dou aos pais e mães é que exijam o resultado antes de 30 dias de vida por escrito: seja pelo papel ou via internet”, diz a endocrinologista.

 

Segundo ela, em locais do Brasil como na maioria dos Estados das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, o Teste do Pezinho no SUS é um programa de saúde muito bem desenhado, pois não só é feito o teste e o diagnóstico, como também o bebê é encaminhado para uma rede especializada de tratamento e recebe o medicamento. “Não adianta diagnosticar e depois não tratar e não seguir. Muitos pediatras nem sabem como encaminhar o bebê quando recebem o teste da rede privada”, comenta a médica.

 

Equidade – Para Dra. Tânia, falta uma educação continuada dos gestores sobre a importância desse teste. No pré-natal é importante que o obstetra faça as orientações à mãe sobre a importância da coleta do Teste do Pezinho, seja na maternidade particular ou na UBS. Falta um programa de educação em diferentes níveis, passando pelo obstetra durante o pré-natal, na saída da maternidade, nos gestores públicos, todos precisam estar empenhados em fornecer as informações para as famílias sobre a importância desse teste que detecta e trata em tempo algumas dessas doenças raras.

 

“Para as doenças raras que não estão no Teste do Pezinho falta conhecimento médico e dos profissionais da saúde sobre a doença rara. No caso da hiperplasia adrenal congênita, por exemplo, os pacientes ficam perdidos, pois na própria graduação de Medicina o conhecimento está incompleto. É frequente que o paciente enfrente uma odisseia até seu diagnóstico. Luto para sensibilizar nossos administradores para inserir uma grade de doenças raras e de triagem neonatal na graduação de Medicina. Falta uma consciência pública nas políticas de saúde para doenças raras, através da criação de centros especializados de tratamento com ferramentas diagnósticas adequadas e fornecimento de medicações ou fórmulas específicas de dietas para pacientes com doenças como a fenilcetonúria. Há escassez de pesquisas, que geram maior conhecimento fisiopatológico das doenças, novas tecnologia diagnósticas e de tratamento. Sem falar sobre a desigualdade e o preconceito que esses pacientes vivenciam no dia a dia”, conclui a endocrinologista.

 

O Dia Mundial das Doenças Raras foi criado em 2008 pela Organização Europeia de Doenças Raras para ajudar na conscientização da sociedade e classe médica sobre a incidência destas enfermidades e as dificuldades que seus portadores enfrentam no dia a dia.

É considerada como doença rara aquela que afeta até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos, ou seja, 1,3 para cada 2 mil pessoas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

 

 

SBEM-SP  - Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo

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Remédio de R$ 6,5 milhões: preço baseado na cura é injusto e cruel, diz Idec

Instituto critica aumento do preço de tratamento para atrofia muscular espinhal e demanda mais transparência da indústria


Uma reportagem publicada na manhã desta quarta-feira (16) pelo jornal Folha de S.Paulo revelou que o Conselho de Ministros da Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) acolheu um recurso apresentado pela farmacêutica Novartis e reajustou o valor máximo do medicamento Zolgensma - usado para o tratamento da atrofia muscular espinhal (AME) - de R$ 2,9 milhões para R$ 6,5 milhões. O Zolgensma é considerado o remédio mais caro do mundo e, desde sua aprovação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2020, tem suscitado debates sobre a falta de transparência na composição dos preços dos remédios.

Por decisão da própria Novartis, o medicamento ainda não está disponível para a compra no Brasil, tampouco é oferecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Isso tem obrigado as famílias de pacientes a recorrerem à Justiça para obrigar o Estado a arcar com os custos de compra e importação. No mercado internacional, o valor do mesmo medicamento é de cerca de R$ 12 milhões.

A reportagem da Folha de S.Paulo também revelou que, para o cálculo do novo valor do Zolgensma, a Cmed levou em conta os custos de tratamento da atrofia muscular espinhal com um medicamento concorrente, o Spinraza, pelo período de 5,2 anos. Nas regras atuais para definição de preços-teto da Cmed não existe nenhuma diretriz que permita comparar a nova tecnologia com o valor hipotético que os pacientes estão dispostos a pagar pela cura de uma doença, ou com outros tratamentos e terapias já disponíveis no mercado.

Desde 2020 o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) vem alertando a sociedade e as autoridades para a falta de transparência no processo de precificação de medicamentos e demandando melhorias na regulação desse mercado. Para Ana Carolina Navarrete, coordenadora do Programa de Saúde do Instituto, o debate sobre o Zolgensma mostra que “os preços dos remédios são arbitrariamente estabelecidos e impostos sobre os pacientes e os sistemas de saúde”.

“Não há transparência na indústria sobre os custos para o desenvolvimento das tecnologias, sua produção e distribuição. Portanto, é impossível saber se o preço de um produto realmente reflete os investimentos feitos pelas empresas. Essas informações têm sido sistematicamente ocultadas da sociedade e também das autoridades regulatórias. O que sobra é uma discussão cruel e injusta, pautada pelo valor que as pessoas e o Estado estão dispostos a pagar para salvar vidas. A cura não tem preço”, afirma Navarrete.

Para a advogada, a Cmed precisa ser fortalecida e ter à disposição ferramentas regulatórias que permitam aferir de maneira mais justa e precisa o valor dos novos produtos que chegam ao mercado brasileiro. “As regras atuais para o cálculo dos preços-teto devem ser atualizadas e aperfeiçoadas, e a boa notícia é que já há um projeto de lei tramitando no Senado nesse sentido. Além disso, essa proposta amplia os requisitos de transparência que recaem sobre a indústria, o que sem dúvidas marcará um ponto de inflexão no debate”, completa.

Navarrete se refere ao PL 5591/20, de autoria do senador Fabiano Contarato (PT-ES), que ainda não tem data prevista de votação. Nos próximos dias, o Idec apresentará um pedido baseado na Lei de Acesso à Informação para acessar o conteúdo do processo de avaliação do preço-teto do Zolgensma pela Cmed.


Metade da população mundial será míope em 2050, aponta OMS

 A miopia - alteração ocular que dificulta enxergar a distância - afeta 59 milhões de brasileiros, cerca de 25% da população, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. A estimativa da OMS é que até 2050, aproximadamente 50% da população mundial seja afetada pela doença. 

Em todo o mundo, o número de pessoas atingidas chega a 2,6 milhões, sendo que países do sudoeste asiático têm quase 90% da população míope. 

Um levantamento realizado pela Fundação Abióptica (2019) apontou que 36 milhões de brasileiros usam lentes de contato ou óculos para o tratamento de doenças como hipermetropia, presbiopia, miopia ou astigmatismo. 

O oftalmologista Dr. Ricardo Ducci, especialista no tratamento destas alterações, explica que existe uma cirurgia capaz de corrigir esses problemas de visão, suspendendo a necessidade de óculos. “A cirurgia refrativa promove a remodelação da córnea entregando ao paciente a capacidade de enxergar perfeitamente, sem o uso de acessórios”. 

Dados da empresa Market Scope (2018) apontam que foram realizadas 158 mil cirurgias de correção visual a laser no Brasil naquele ano. “O procedimento pode ser feito com duas diferentes técnicas, de acordo com a necessidade do paciente. Dura aproximadamente 10 minutos - para os dois olhos - e tem resultados imediatos”, explica Ducci. 

A indicação da cirurgia é feita após avaliação médica e não existe grau mínimo ou máximo para a sua indicação. “A possibilidade de correção da cirurgia a laser, que é altamente tecnológica, vai variar de acordo com as características de cada córnea. Algumas pessoas podem corrigir até 15 graus e outras nem a metade disso, por exemplo. É essencial para a cirurgia que o paciente esteja com o grau refrativo estável há pelo menos um ano e não apresente doenças que possam prejudicar a cicatrização da córnea”, afirma. 

A analista de RH, Luiza Bobato Cuman, de 26 anos, realizou a cirurgia em fevereiro deste ano para o tratamento da miopia. “ Eu tinha um grau alto e usava óculos desde os 14 anos. Não me adaptava muito bem com lentes de contato e sempre sonhei em poder ficar sem o acessório. Sofria quando precisava ir a algum evento”, contou. 

Segundo a paciente, a cirurgia trouxe qualidade de vida. “Minha recuperação foi super tranquila. Eu já estava enxergando sem os óculos na manhã seguinte. O doutor Ducci passou uma prescrição de colírios que auxilia muito na recuperação, então em momento nenhum senti dor ou algum incômodo. Eu me emocionei diversas vezes quando consegui fazer atividades e ver coisas que eu não conseguia, sem os óculos”, ressaltou Luiza.

 

POSSIBILIDADE DE EPIDEMIA - A OMS já considera a miopia uma endemia do século XXI. O Conselho Brasileito de Oftalmologia realizou um levantamento que apontou que: sete a cada dez médicos entrevistados identificaram a progressão da miopia em crianças durante a pandemia do Coronavírus no Brasil. 

Foram abordados 295 médicos oftalmologistas, entre abril e junho de 2021. 

Ducci alerta que a doença não é apenas hereditária, apesar de este ser um fator importante. “Estudos comprovam que a falta de exposição ao sol e a consequente exposição frequente a telas, por exemplo, podem causar ou agravar a miopia, o que explica a alta nos casos durante o período de isolamento social”. 

Além disso, dados do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS, apontam que 3,7 milhões de consultas oftalmológicas deixaram de ser realizadas em 2020, ou seja, 35% da população não fez o exame de rotina necessário, o que atrasa o diagnóstico e leva à progressão da doença.


Doença que matou cineasta e jornalista Arnaldo Jabor é a principal causa de incapacidade no Brasil

 

Morreu na madrugada desta terça-feira (15/02) o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor aos 81 anos em decorrência de complicações do Acidente Vascular Cerebral (AVC), uma síndrome neurológica decorrente da alteração do fluxo de sangue ao cérebro ocasionando a morte de células nervosas da região cerebral atingida. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o AVC é a principal causa de incapacidade no Brasil com uma incidência anual de 108 para cada 100 mil habitantes. Além disso, essa síndrome com grande prevalência em adultos e idosos é uma das principais causas de mortalidade no mundo e responsável por um número considerável de internações no país. 

O acidente vascular isquêmico ou infarto cerebral é responsável por 80% dos casos de AVC quando acontece o entupimento dos vasos cerebrais devido a uma trombose (formação de placas numa artéria principal do cérebro) ou embolia (quando um trombo ou uma placa de gordura originária de outra parte do corpo se solta e pela rede sanguínea chega aos vasos cerebrais). 

Os principais sintomas dos acidentes vasculares isquêmicos são fraqueza ou dormência na face, nos braços ou nas pernas, geralmente afetando um dos lados do corpo; perda súbita da fala ou da visão ou dificuldade para se comunicar e compreender o que se diz dificultando assim a cognição do paciente.  

Para o médico Guilherme Torezani, Coordenador de doenças cerebrovasculares do Hospital Icaraí e coordenador da neurologia do Hospital e Clínica de São Gonçalo, as principais implicações da doença envolvem muitas vezes a saída desse paciente de sua vida social, por um tempo mais prolongado ou até mesmo para sempre, dependendo das sequelas do AVC isquêmico.  

“Eu não tive acesso ao prontuário do jornalista falecido, mas acredito que tenha sido um AVC grave que é quando grande parte do tecido cerebral sofre um infarto ou isquemia e nesse caso as sequelas são graves, como: parar de conseguir engolir alimentos que podem inclusive, assim como a saliva pararem no pulmão do paciente gerando infecções ou dificuldade para respirar”, explica o neurologista. 

Guilherme complementa que além desses problemas, o AVC pode causar outras complicações o que pode ter agravado o caso do Arnaldo Jabor, como: restrição de mobilidade e trombose (pelo fato da pessoa já estar muito tempo parada em cima da cama), feridas na pele e até mesmo epilepsia que são complicações intra-hospitalares do AVC que podem aparecer nesses casos mais graves, gerando esses sintomas.   

Para Guilherme, indivíduos que pertencem aos grupos de risco portanto, devem ter mais atenção e fazer avaliações médicas mais frequentes.  

“A prevenção ao AVC se faz com um estilo de vida mais saudável, quando se inclui uma alimentação equilibrada associada à prática de exercícios físicos. Dessa forma, a pessoa consegue manter a pressão cardíaca e taxas de colesterol e glicose nos níveis aceitáveis. Outro ponto importante é evitar o tabagismo e o consumo em excesso de bebidas alcoólicas, o que na verdade além de prevenir o AVC, evita outros problemas graves de saúde”, finaliza Guilherme.


Saúde bucal: cuidado com as dicas de internet

Sempre que houver qualquer anormalidade, o recomendado é procurar um cirurgião-dentista!

 

As buscas na internet por opções que resolvam problemas cotidianos estão cada vez mais comuns, porém, quando o assunto é saúde, a atenção deve ser redobrada e a consulta a um especialista sempre é a melhor escolha.

Com a facilidade e o acesso na palma da mão, algumas pessoas optam por seguir dicas “caseiras” que encontram em sites de buscas para manter um sorriso saudável e bonito. O problema é que, na maioria das vezes, os tratamentos indicados nesses sites não funcionam. Pior ainda, podem provocar problemas maiores.

Diante disso, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) lista cinco mitos comuns, que geralmente são propagados em sites, blogs e redes sociais.


1 - Clareamento dental com bicarbonato de sódio e limão resolve?

Esta é uma das várias receitas disponíveis na internet com a promessa de clarear os dentes sem a necessidade de se recorrer ao cirurgião-dentista. Uma prática perigosa, pois o bicarbonato de sódio é um produto altamente abrasivo e utilizá-lo sem a devida orientação profissional pode resultar em corrosão e ranhuras do esmalte, queimaduras na gengiva, lábios e bochechas, além de poder causar maior sensibilidade em caso de exposição da raiz do dente.

Vale reforçar que não há qualquer comprovação científica sobre o uso do bicarbonato nesta forma caseira, como vem sendo indicado para o clareamento dental. A maneira mais segura de conquistar um sorriso saudável é realizar a higienização correta dos dentes e consultar o cirurgião-dentista periodicamente.


2 – A maçã substitui a escova de dente?

Não. A fruta rica em fibras e vitaminas é, sem dúvida, um alimento importante para a manutenção da saúde. No entanto, não é apropriado usá-la como forma de manter a higiene bucal. Assim, como qualquer alimento, a maçã não pode substituir a escova de dentes e os demais itens de higienização bucal – creme dental, enxaguante e fio dental. Somente esses produtos são capazes de promover a higienização correta da boca, fator essencial para a manutenção e prevenção de diversas doenças bucais.


3 - Cravo da Índia diminui dor de dente?

Há pessoas que relatam sentir diminuição da dor de dente ao mastigar ou tomar chá feito com cravo da Índia. Mas não é possível afirmar que haja uma relação entre o uso da especiaria e o alívio da dor.

Além disso, é arriscado ignorar a dor de dente ou procurar métodos paliativos para tratá-la. Quando surge um incômodo, significa que algo não vai bem. Sendo assim, somente o cirurgião-dentista é indicado para garantir um diagnóstico e um tratamento correto.


4 - Óleo de Coco ajuda a manter a saúde da boca?

Indicado para alimentação, cuidados com a pele e cabelos, o óleo de coco também aparece em pesquisas da rede como um item considerado altamente eficaz para manutenção da saúde da boca. Entre os benefícios apontados em textos da internet está sua possível ação antibacteriana, que seria capaz de reduzir a presença do Streptoccocus mutans, causador da cárie.

O fato é que não há estudos científicos ou reconhecidos que comprovem essa afirmação. Por isso, a melhor forma de prevenir cáries e combater o problema é manter a higiene correta da boca e fazer visitas regulares ao cirurgião-dentista.


5 - Vinagre de maçã e sal servem como enxaguante bucal?

Esta é mais uma dica caseira sem comprovação científica. Nenhum dos produtos citados possui propriedade capaz de eliminar bactérias, remover o tártaro (formação mineral que adere ao dente, permitindo o acúmulo de microrganismos) e prevenir o aparecimento de doenças.

O sal e o vinagre podem, inclusive, causar danos para a cavidade oral, como queimaduras, irritação e erupções. Portanto, bochechos só devem ser feitos com produtos indicados pelo profissional e por tempo determinado, a fim de trazer benefícios, não danos, à saúde.

O CROSP reconhece que há muitos estudos e produtos alternativos para prevenção de doenças, porém, reforça que a orientação profissional é fundamental. Sendo assim, dicas caseiras, mesmo que pareçam inofensivas, só devem ser adotadas com a anuência do cirurgião-dentista.

  

Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP

www.crosp.org.br


Tecnologia robótica traz vantagens únicas para cirurgias de hérnias abdominais complexas, aponta estudo

O uso da tecnologia robótica para a correção de uma hérnia da parede abdominal, considerada complexa, trouxe resultados positivos importantes para pacientes submetidos ao procedimento, de acordo com uma pesquisa chamada “robotic trans-abdominal preperitoneal approach (TAPP) aproach for lateral incisional hernias”, de 2021, feita em parceria por cirurgiões brasileiros e americanos. 

O estudo foi realizado com casos clínicos de pacientes que possuíam uma hérnia incisional (no local de uma cicatriz) com estruturas ósseas próximas e escassez de tecido, o que torna o reparo mais difícil. 

De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Hérnia, Dr. Marcelo Furtado, realizar esse tipo de cirurgia de forma minimamente invasiva, sem a necessidade de grandes cortes, só é possível devido à tecnologia. “Essa ferramenta permite realizar uma cirurgia que seja efetiva, com segurança, e que tenha bons resultados pós-operatórios. O robô permite ao cirurgião ampliar a visão em até 20 vezes. Para o paciente os benefícios são menor dor pós-operatória, redução no risco de infecção e recuperação mais rápida”, ressaltou. 

As cirurgias de reparação de hérnias da parede abdominal são as mais realizadas no Brasil. Atualmente a maioria das cirurgias é realizada de forma convencional, principalmente no Sistema Único de Saúde e, algumas, por laparoscopia -- técnica minimamente invasiva. 

Para o vice-presidente da SBH, Gustavo Soares, a técnica ainda não é amplamente utilizada devido aos altos custos. “A robótica não há dúvida que é o futuro. Hoje não estamos em um estágio de discussão de SE ela vai ser o futuro, mas de QUANDO ela vai estar disponível para a maioria das pessoas. Tem a questão do custo, que limita muito, mas o Brasil avançou nos últimos anos, com um número grande de plataformas instaladas. O que era algo restrito há quatro anos, mais do que dobrou recentemente”, afirmou.

 

O QUE SÃO AS HÉRNIAS - A hérnia é um defeito ou um orifício nos músculos do abdome que permite que o intestino ou uma porção de gordura passe através dele. Ainda que hérnias possam ocorrer em muitos lugares no corpo humano, elas são mais comuns na parede abdominal.

“Elas podem ocorrer em qualquer idade, mas, atingem principalmente os adultos. Como trata-se de uma abertura na musculatura o tratamento é exclusivamente cirúrgico, com exceção da hérnia de hiato que pode ser tratada com medicamentos”, explica Gustavo Soares. 

As hérnias não desaparecem sozinhas e a única forma de curá-las é a cirurgia. 

 

DADOS - Em 2021 foram realizadas, em todo o Brasil, 143,3 mil cirurgias de hérnias abdominais, sendo que 38 mil foram em caráter de urgência, de acordo com dados divulgados com o DataSus. A região que mais operou foi a Sudeste, com 53 mil. O número se manteve em estabilidade na comparação com 2020 quando foram feitos 141 procedimentos para a correção de hérnias da parede abdominal, sendo 35 mil de urgência.


Já em 2019, antes da pandemia da COVID-19, os números chegaram a 268,1 mil em todo o Brasil, sendo 43 mil de urgência. Isso representa queda de 46,5% durante cada ano da pandemia.




 
sbherniaorgbr

Número de cirurgias em idosos aumenta a cada ano

Chamados de “idosos ativos” ou “novos idosos”, eles buscam por maior integração social, deixando de lado a aparência de rugas e cansaço

 

O Brasil vem observando um aumento de longevidade ao longo dos anos. De acordo com uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 2060, 25,5% da população brasileira terá mais de 65 anos, e a expectativa de vida vai aumentar de 72,74 para 79,8 anos, no caso dos homens, e de 77,9 para 84,23 anos, no caso das mulheres.

Junto ao aumento de longevidade, o número de idosos que buscam por cirurgias e procedimentos estéticos também tem crescido. É o que demonstram dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Entre 2016 e 2018, a porcentagem de procedimentos entre idosos aumentou de 5,4% para 6,6%.

As cirurgias de rejuvenescimento facial estão entre as mais procuradas pelas pessoas da terceira idade, como tratamento de pálpebras, lifting facial e lifting no pescoço. Outro procedimento bastante procurado é o levantamento de sobrancelhas que, de acordo com o diretor do Centro Nacional — Cirurgia Plástica Arnaldo Korn, é feito de forma rápida e simples. “Este é um procedimento mais comum a partir dos 40 anos, mas pode ser feito em qualquer idade, desde que com orientação médica”, ressalta.

Seja por saúde ou estética, os idosos têm investido cada vez mais na autoimagem. Na terceira idade, eles sentem mais segurança para investir na aparência, já que, em geral, muitas pessoas nessa idade atingiram estabilidade financeira. Muitos estão aposentados e não precisam mais bancar seus filhos, sentindo-se financeiramente mais seguros para investirem em si mesmos.


Investindo na autoimagem

Muitas pessoas na terceira idade estão em busca de procedimentos para melhorar a autoimagem e, assim, sentir-se estimulados a cuidar mais da saúde, por meio da alimentação e de exercícios físicos. Desse modo, a cirurgia plástica feita na terceira idade pode trazer mais longevidade aos idosos, visto que, geralmente, as pessoas que se preocupam com a aparência também estão mais preocupadas com a saúde e bem-estar.

Além disso, embora os riscos sejam os mesmos para todas as idades, no caso dos idosos, é necessário ter uma atenção maior com o pré e o pós-operatório, visto que as pessoas nessa idade podem ter alguma doença, como diabetes e hipertensão, além de exigirem mais cuidados após o procedimento. De acordo com o diretor, “o cirurgião deve estar atento aos problemas de saúde do paciente, pois existem restrições, além de solicitar exames mais detalhados e fora do padrão convencional”, aponta.

Os exames podem informar ao médico quais tipos de cirurgia o paciente está apto a fazer e se ele pode associar mais de uma cirurgia de uma só vez. “Por envolver saúde, a segurança deve ser prioridade. É importante, também, pesquisar o histórico da clínica e do profissional que fará a cirurgia” alerta Korn, lembrando que nem sempre o mais barato é a melhor opção. Se houver alguma dificuldade financeira, ainda assim, o paciente não deve escolher a opção mais em conta, e sim aquela que garante segurança e qualidade. Nesse caso, o paciente pode contar com assessoria financeira e administrativa, como a oferecida pelo Centro Nacional — Cirurgia Plástica, que conta com condições especiais de parcelamento.

 

Pesquisadores brasileiros desenvolvem modelo de cérebro embrionário em passo essencial para o tratamento de epilepsia grave

 Pesquisadores brasileiros da UNICAMP, em parceria com a Universidade da Califórnia - San Diego, Estados Unidos, assinam estudo pioneiro à compreensão da origem da displasia cortical focal (DCF), malformação cerebral responsável por crises epilépticas. 

Recém-publicado no periódico Brain, –um dos jornais científicos mais importantes na neurologia e neurociência fundado em 1878, sob o título “Junctional instability in neuroepithelium and network hyperexcitability in a focal cortical dysplasia human model”, relata o processo de criação de um modelo de cérebro embrionário (organoide) a partir de células da pele. 

Em conclusão, traz perspectivas alvissareiras, à luz da ciência, para a investigação das causas da displasia cortical focal, completamente desconhecidas até hoje, e para a busca de tratamento efetivo. 

Fernando Cendes, professor titular do Departamento de Neurologia da UNICAMP e coordenador do Departamento Científico de Epilepsia da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), e Iscia Lopes Cendes, professora titular do Departamento de Medicina Translacional da UNICAMP e membro do Departamento de Neuro-genética da ABN, integram o núcleo de estudiosos da UNICAMP. Eles enfatizam a relevância do trabalho e o significado para avanços na descoberta de terapias e drogas a assistência a pacientes com displasia cortical focal.

 

Malformação, DCF 

A displasia cortical focal é uma malformação bem específica do sistema nervoso central. Ocorre ainda durante as fases iniciais do desenvolvimento do cérebro no útero. Do ponto de vista visível, estrutural, pode ser considerada discreta e sútil, pois, na maioria das vezes, é difícil de ser detectada em exames de imagem de rotina. 

É, enfim, um tipo de malformação no qual os neurônios têm um arranjo alterado do córtex cerebral, além de apresentarem alteração da morfologia e função. 

A principal consequência, frisa Fernando Cendes, é a epilepsia:

“As pessoas com essa malformação específica enfrentam uma forma bem grave da doença, de difícil tratamento. Geralmente esses pacientes não respondem às medicações e têm alta frequência de crises. Muitas vezes, faz-se necessária a realização de cirurgias, devido à ausência de drogas eficazes e capazes de controlar os episódios”. 

Além de causar epilepsia refratária ao tratamento medicamentoso, a DCF possui a característica de se manifestar muito cedo, em regra, os pacientes são ainda crianças. Suas crises recorrentes, chegando a dezenas ou até a centenas por dia, provocam limitações importantes ao desenvolvimento cognitivo, emocional e sociocultural. 

Aliás, a displasia cortical focal é a causa mais frequente de epilepsia grave, sendo um fator de risco de óbitos relacionados às crises epilépticas. É justamente a falta de conhecimento de sua origem e de caminhos de controle que resulta ameaça à vida.

 

Estudo e avanços 

Conforme pondera Iscia Cendes, a proposta do estudo foi decifrar etapas do processo desta malformação. Por exemplo, em que momento do desenvolvimento do cérebro ela se apresenta, quais suas intercorrências e como levam à displasia cortical focal. 

“O essencial para nosso grupo, tanto os pesquisadores brasileiros quanto os de San Diego, era sair do escuro que enfrentávamos até há pouco e entender as conexões aberrantes que acabam, com o tempo, gerando distúrbios no cérebro e crises”. 

A princípio, houve a seleção de quatro pacientes com DCF e de quatro controles, sem a malformação. Foi, então, feita uma biópsia superficial da pele de cada uma dessa pessoas. A partir daí, tornou-se possível realizar processo chamado de desdiferenciação, que consiste em transformar essas células, já maduras, em células-tronco. 

“Quando as temos como células-tronco, podemos visualizar como se diferenciam em relação a outros tipos de célula”, observa Iscia Cendes, que complementa: “Foi exatamente a partir dessas células dos pacientes que cultivamos neurônios em laboratório; um aglomerado de células que conseguiu simular o desenvolvimento do cérebro no período inicial”. 

Por não existir um sistema vascular e não ter meios de nutrir o organoide, o modelo de cérebro perdura por cerca de três meses, sendo eficiente, em especial, para estudos da fase inicial da embriogênese. 

Fernando Cendes considera que o principal mérito do trabalho é simular muitíssimo bem a lesão que aparece nos pacientes de DFC, tanto no ponto de vista de achados no microscópio quanto das alterações moleculares: 

“Também conseguimos registrar que os organoides apresentam descargas elétricas semelhantes ao processo de epilepsia. Assim, é possível observar e estudar os mecanismos que levam à distúrbios da cadeia de desenvolvimento e ainda gerar um modelo potencial para futuros estudos com medicações. Isso é absolutamente relevante em termos de saúde pública, pois até o momento todas as drogas utilizadas para o tratamento de displasia cortical focal são baseadas em protótipos de outros tipos de epilepsia e não surtiram resultado efetivo”.

 

Conclusões e perspectivas 

Em suma, o estudo atingiu a identificação de diversos processos biológicos ocorridos durante a formação do cérebro, aliás, responsáveis pela malformação. Ou seja, já evidenciou mecanismos que bem proximamente auxiliarão no desenvolvimento de medicações e tratamentos. 

“Registramos alterações relacionadas à constituição de um fio-guia, que orienta a migração dos neurônios para o local correto. Essa guia mostrou-se anormal, interferindo totalmente na formação do córtex cerebral humano. Enfim, o trabalho tem forte conclusão em relação aos mecanismos que levam à DCF. Outro mérito é ter gerado o modelo que agora pode ser utilizado para testes de triagem de novos remédios. Hoje, como resultado, temos a possibilidade real da promoção de estudos pré-clínicos específicos para a displasia cortical focal, antes algo inimaginável”, contextua Iscia Cendes. 

 

Resumo - Instabilidade juncional no neuroepitélio e hiperexcitabilidade da rede em um modelo humano de displasia cortical focal 

A displasia cortical focal (DFC) é uma malformação cortical altamente epileptogênica com poucas opções de tratamento. Aqui geramos organoides corticais humanos de pacientes com DCF tipo II. Usando este modelo humano, imitamos algumas características da DCF, como proliferação celular prejudicada, presença de neurônios dismórficos e células balão e hiperexcitabilidade da rede neuronal. Além disso, observamos alterações nas junções aderentes zônula occludens-1 e particionamento defeituoso 3, redução da polarização do citoesqueleto de actina e menos pontos sinápticos. Organoides corticais de DCF mostraram desregulação da pequena GTPase RHO A, um achado que foi confirmado no tecido cerebral ressecado desses pacientes. Funcionalmente, tanto a atividade elétrica espontânea quanto a evocada optogeneticamente revelou hiperexcitabilidade e conectividade de rede aumentada nos organoides de DFC.

Em conjunto, nossas descobertas sugerem uma instabilidade da zona ventricular na coesão tecidual das células neuroepiteliais, levando a uma parada maturacional de progenitores ou neurônios recém-nascidos, o que pode predispor à imaturidade celular e funcional e comprometer a formação de redes neurais na DCF.


Exames de tomografia auxiliam na avaliação de casos de COVID-19 e possíveis sequelas

Atualizado em tempo real, sistema contribui para a resolutividade dos casos

 

A urgência em detectar a infecção pelo novo coronavírus é uma medida essencial tanto para preservar a saúde dos pacientes quanto para evitar o aumento da disseminação. Para isso, existem vários métodos já conhecidos: o PCR, o teste de antígeno e o exame sorológico. Porém, o que muita gente não sabe é que a tomografia computadorizada também pode ajudar a entender melhor os impactos dessa doença. 

Segundo a Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI) -- gestora de serviços de diagnóstico por imagem da rede pública --, entre 2020 e 2021, nos hospitais públicos de São Paulo e Goiás onde FIDI atua, foram realizadas mais de 300 mil tomografias computadorizadas e, dessas, cerca de 40 mil foram para verificar a possibilidade de acometimento do pulmão pela COVID-19. Para ajudar a identificar esses casos com mais agilidade, a FIDI implementou, em março de 2020, um sistema para ajudar no diagnóstico. Desde então, 43% das tomografias computadorizadas de tórax realizadas com essa suspeita, apresentaram padrão de imagem que pode sugerir COVID-19. 

Igor Santos, médico radiologista e superintendente de Inovação da FIDI, explica que, além da tomografia, as radiografias também podem auxiliar nesses casos. “As radiografias de maneira geral são utilizadas como exame de avaliação inicial de pacientes com sintomas respiratórios ou qualquer tipo de acometimento pulmonar. 

Além de possibilitar a exclusão de outros diagnósticos, o exame ajuda a verificar possíveis sequelas pulmonares. A tomografia computadoriza do tórax ou a tomografia de alta resolução conseguem identificar a existência de alterações similares à fibrose pulmonar, sequela da infecção de COVID-19. “ 

“A maior parte das pessoas, que estão vacinadas, vão ter chances muito baixas de sequelas, por cursarem com sintomas leves, não sendo necessário geralmente nenhum exame de imagem para avaliação. Pacientes que apresentam complicações da doença, em sua enorme maioria, não-vacinados, podem cursar com quadros mais graves, sendo necessária avaliação por exames de imagem que podem detectar eventuais sequelas”. finaliza Dr. Igor. 

 

FIDI - Fundação privada sem fins lucrativos que reinveste 100% de seus recursos em assistência médica à população brasileira, por meio do desenvolvimento de soluções de diagnóstico por imagem, realização de atividades de ensino, pesquisa e extensão médico-científica, ações sociais e filantrópicas.


Guarda-sol não protege contra raios solares e pode aumentar risco de queimaduras

 

Freepik

Com forte sol e calor, raios ultravioleta refletem na areia e conseguem romper barreira de proteção

 

O Rio Grande do Sul vem registrando ondas de calor com sol extremamente forte. Por isso, os cuidados com a pele devem ser ainda mais intensos. Ao contrário do que se imagina, somente sentar debaixo do guarda-sol durante a estadia na beira da praia não garante uma proteção completamente segura, explica a dermatologista e associada da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção RS (SBD-RS), Francine Costa. 

De acordo com a médica, a radiação solar tem capacidade de refletir na areia e acessar a pele indiretamente. Com isso, a falsa proteção pode causar queimaduras que só serão sentidas mais tarde, causando um incômodo que poderia ser evitado. 

Ainda conforme Francine, outro cuidado importante é avaliar o tipo de tecido e a cor do guarda-sol. “São mais eficientes os guarda-sóis com tecidos mais escuros e espessos.” 

Por fim, ela recomenda a união de todos os mecanismos para a proteção solar, como filtro, chapéu e guarda-sol. “Não existe filtro que é bloqueador solar. É preciso reaplicar depois de um tempo. Quanto mais protegido do sol, melhor”, finaliza a médica.

 

 Marcelo Matusiak


O impacto positivo dos biossimilares nas terapias oncológicas


O desenvolvimento de medicamentos biossimilares tem sido uma solução inovadora na área da saúde, uma vez que vêm oferecendo novas opções de tratamento para os pacientes. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o primeiro biossimilar em junho de 2015. Atualmente, essa terapia pode ser utilizada para diversas doenças, inclusive para o tratamento de diferentes tipos de câncer, e traz perspectivas positivas para esses pacientes, ainda mais quando falamos do Mês de Combate ao Câncer, celebrado em 4 de fevereiro. 

A data representa grande importância, considerando que o câncer é a segunda causa de morte no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), as prospecções não são muitos positivas e a estimativa para 2022 é de 625 mil novos casos. Além disso, um estudo da The Economist Intelligence Unit (EIU), publicado em 2020, prevê que nos próximos dez anos, o País registre um crescimento de 42% nos casos de câncer. 

Exatamente por estes motivos, os biossimilares se fazem tão importantes neste momento. São produtos biológicos com custo menor do que os fármacos “tradicionais” (ditos referência), e com segurança e eficácia cientificamente comprovadas. Para seu desenvolvimento e liberação, são considerados dois pontos fundamentais: a qualidade do medicamento, que tem de ser rigorosamente atestada por meio de extensivos estudos de comparação avaliando aspectos clínicos e não clínicos, e a questão econômica. 

Desta forma, esses medicamentos ampliam as opções para os clínicos, financiadores e sistemas de saúde de modo geral, mas mantendo a qualidade do tratamento. Sendo assim, os biossimilares contribuem para ampliar o acesso aos tratamentos oncológicos no Brasil, aportando novas e avançadas tecnologias para as terapias. 

Um exemplo é o tratamento de câncer de mama no Brasil, que vem utilizando biossimilares em combinação com a quimioterapia. O câncer de mama HER2 positivo é responsável por até 20% dos casos deste tipo de neoplasia no País, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Este subtipo de câncer de mama, tem por característica crescer e se disseminar muito rapidamente. Portanto, as terapias com fármacos contra a proteína HER2 (terapias-alvo) para este tipo de tumor revolucionaram o combate à doença, tanto no estágio inicial quanto nos metastáticos. 

O medicamento biológico trastuzumabe tem sido a base deste tratamento nas chamadas terapias conjugadas. No entanto, associá-lo a um segundo anticorpo monoclonal -- ou seja, remédios precisos, de origem biológica e criados para combater de câncer a doenças autoimunes -- numa estratégia conhecida como duplo bloqueio, melhora significativamente os resultados, conforme comprovam os estudos científicos. Como é o caso do Herzuma, droga aprovada pela Anvisa em 2019, e que pode ser indicada em diferentes fases da doença, inclusive após cirurgia, quimioterapia e radioterapia, ou em conjunto com esses tratamentos. 

Da mesma forma, o anticorpo monoclonal Bevacizumabe chegou ao mercado brasileiro em 2020 para o tratamento tanto do câncer de mama, quanto de diversas outras neoplasias, como pulmão, colorretal, células renais, ovários e colo de útero, sempre em terapias conjugadas, que inibem a multiplicação das células tumorais e “poupam” os tecidos saudáveis -- fatores essenciais para o sucesso do tratamento e a qualidade de vida dos pacientes. 

Assim, oferecer tratamentos com custos menores, sem comprometer a segurança e a eficácia, é uma forma de aprimorar o uso de recursos financeiros na saúde, ampliando a disponibilidade dos medicamentos à população. Dessa forma, todos saem ganhando. As perspectivas são otimistas não somente na oncologia, mas em diferentes áreas da saúde, e considero os biossimilares o futuro-presente da indústria farmacêutica, que só tende a crescer. 

Além disso, vale ressaltar que os medicamentos acessíveis são essenciais, mas mais importante do que isso, é o olhar para si, sempre atento a prevenção. Por este motivo, neste Mês de Combate ao Câncer, não deixe de se questionar sobre os cuidados com si mesmo e, se ainda não o tiver feito, realize o “check-up” anual e a respectiva visita médica para mostrar seus exames e programar o seguimento de sua saúde. Cuide-se!

 

Dra. Maria Cristina Figueroa Magalhães - oncologista, professora da disciplina de Oncologia Clínica da PUC-PR e diretora científica da Associação Amigas da Mama (AAMA).

 

Escondido à plena vista, câncer nos olhos pode ser prevenido com diagnóstico precoce

Em sua maioria assintomáticos, tumores oculares podem acometer pessoas de todas as idades, inclusive crianças. Para especialista, consultas periódicas ao oftalmologista ainda são a melhor forma de aumentar as chances de cura

 

Em fevereiro, o Dia Mundial do Câncer (04/02) - iniciativa da União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) -, reacende o alerta da importância sobre a conscientização da doença, que pode afetar, inclusive, os olhos. Silenciosos, já que frequentemente apresentam sintomas apenas nos estágios mais avançados, os tumores oculares malignos podem atingir pessoas de todas as faixas etárias, mas, felizmente, são raros e, como a maioria dos tipos de câncer, apresentam altos índices de cura quando diagnosticados precocemente. 

Composto por diversas partes, o globo ocular apresenta uma extensa área suscetível ao surgimento de tumores. Contudo, segundo o oftalmologista Dr. Rommel Josué Zago, do Instituto da Visão de Curitiba (iVisão), em sua grande maioria, eles não são malignos. “Um tumor diz respeito a um crescimento anormal de células em qualquer parte do corpo. No caso dos olhos, os tumores malignos, ou seja, de fato cancerígenos, são infrequentes, diferentemente dos benignos, que já possuem uma taxa de incidência maior.” 

Os tumores malignos podem ser divididos de acordo com a idade dos indivíduos, sendo o retinoblastoma o tipo que afeta de forma mais comum crianças até os 3 anos de idade - mas, ainda assim, são raros: no Brasil, cerca de 400 crianças são diagnosticadas por ano com a condição. Recentemente, o retinoblastoma ganhou os noticiários e a atenção da população quando o apresentador Tiago Leifert e a jornalista Daiana Garbin anunciaram que a filha do casal, Lua, de apenas 1 ano, estava com a doença. 

Como o próprio nome indica, o retinoblastoma afeta a parcela do olho responsável pela formação das imagens que enxergamos: a retina. Porém, mesmo localizado à plena vista, trata-se de um tumor praticamente imperceptível, a não ser nos estágios avançados: “Por se tratar de um câncer que acontece na infância precoce, dificilmente a criança queixa-se de algum desconforto e, dependendo da localização do tumor, ela consegue se adaptar a presença dele e, assim, não relata nenhum sintoma.”, explica o oftalmologista. 

Outro agravante dessa doença é que esse tipo de câncer pode ser hereditário: “Cerca de um terço dos retinoblastomas são bilaterais, ou seja, afetam ambos os olhos. Nestes casos, a grande maioria são hereditários, com 50% de chances de o paciente transmitir o gene afetado para seus descendentes, além da probabilidade de desenvolver outros tipos de câncer ao longo da vida ser ampliada”, explica o Dr. Rommel. 

No que tange ao tratamento, uma vez identificado o retinoblastoma, faz-se necessária uma consulta com um oncologista para uma avaliação sistêmica, ou seja, com o objetivo de verificar se houve metástase do câncer, com o seu espalhamento para outras áreas do corpo. Caso ele esteja apenas nos olhos, o oftalmologista responsável indicará a melhor forma de tratamento, que pode variar de acordo com cada caso, sendo a quimioterapia (geral ou local), a radiação externa ou com a introdução de placas internas nos olhos, o laser e o uso de calor (termoterapia) ou frio (crioterapia) algumas das possibilidades disponíveis. 

Em jovens e adultos, por sua vez, é o melanoma intraocular o tipo de tumor maligno mais frequente. O nome justifica-se pelo fato de acometer as chamadas células pigmentares, responsáveis pela coloração dos nossos olhos, cabelo e da nossa pele - na qual está presente a melanina, por exemplo. Contudo, diferentemente do câncer de pele, o melanoma que afeta os olhos não possui relação comprovada com os efeitos dos raios ultravioletas emitidos pela luz solar. 

Assim como no retinoblastoma, as formas de tratamento são variadas e dependem do tamanho e da localização do tumor, além da verificação da existência ou não de metástase para outras áreas do organismo, como os ossos, o fígado e os pulmões. Nos casos de melanoma, contudo, há ainda a possibilidade de retirar cirurgicamente o tumor, dependendo da área atingida - algo que não é possível nos diagnósticos de retinoblastoma. 

A identificação de tumores ainda nos estágios iniciais pode evitar a necessidade de intervenções mais graves - no caso dos olhos, a retirada total do globo ocular. Por isso, consultas regulares ao oftalmologista, com os exames padrões, que dilatam a pupila, podem auxiliar a identificar possíveis anomalias. Nas crianças, fotografias com flash e o chamado “teste do olhinho”, no qual é projetada uma luz para verificar se há o reflexo branco nos olhos, podem indicar a presença de um tumor, mas não substituem uma consulta oftalmológica, que deve ser feita nos primeiros seis meses de vida e, depois, periodicamente, segundo orientação do oftalmologista pediátrico. 

“É fato que não temos o costume de visitar o consultório médico com frequência, especialmente um oftalmologista, a não ser que tenhamos algum problema visível, algum sintoma que esteja incomodando. Contudo, especialmente quando falamos de câncer, o diagnóstico precoce ainda é o nosso melhor aliado para aumentar drasticamente as chances de cura e reduzir os impactos que essa doença pode exercer na nossa qualidade de vida”, finaliza.


Instituto da Visão de Curitiba - iVisão
Responsável: Dr. Marcello Fonseca, Diretor Clínico e Oftalmologista - CRM 12521
Endereço: Av. Sete de Setembro, 5899, Bairro Batel - Curitiba - PR. CEP 80240-0001
Mais informações: acesse o site da clínica


Médica do Grupo Trasmontano Saúde orienta sobre os riscos causados pela sífilis congênita

 A sífilis congênita é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pelo Treponema pallidum. Ela é uma doença transmitida, via placenta, pela mãe, que não teve o tratamento adequado, para a criança durante a gestação. O risco do bebê ser infectado é de cerca de 60 a 80%, e a probabilidade de infecção aumenta na segunda metade do período gestacional. 

A maior parte dos bebês com sífilis congênita não apresenta sintomas ao nascer, porém as manifestações clínicas podem surgir nos primeiros três meses. São elas: erupções vesicobolhosas,nódulos salientes ao redor do nariz e boca e na região da fralda, dificuldade de crescimento e ganho de peso, rachaduras ao redor da boca ou secreção de muco, pus ou sangue pelo nariz e linfonodos, fígado e baço aumentados. 

Segundo Elis Regina Granzotti, gerente dos Centros Médicos do Grupo Trasmontano Saúde, algumas crianças podem apresentar meningite, coroidite, hidrocefalia ou convulsões, além de atraso no desenvolvimento mental. “Já nos primeiros oito meses de vida surge a inflamação dos ossos e cartilagens, especialmente de ossos longos e costelas, dificultando a movimentação dos bebês, o que pode acarretar desenvolvimento incorreto dos ossos”, explica.

 

Sintomas 

A manifestação ocorre após os dois anos de vida da criança, apresentando feridas no nariz e boca e os ossos podem crescer de maneira anormal. Outros sintomas são: problemas oculares, formação de cicatrizes na córnea, problemas com o desenvolvimento de dentes e ossos da face e surdez, que pode ocorrer em qualquer idade.

 

Diagnóstico 

O diagnóstico da sífilis congênita precoce é feito em avaliação clínica. Durante a gestação, o diagnóstico é feito por meio de exames de sangue rotineiros da gestante no início da gravidez, e frequentemente, no terceiro trimestre e no parto. Se o diagnóstico for positivo para a mulher grávida, os médicos fazem um exame físico completo e procuram por feridas ou erupções cutâneas, para terem certeza se o bebê também pode estar infectado. Havendo feridas ou erupções cutâneas, amostras são coletadas e examinadas sob um microscópio à procura das bactérias. A placenta, o cordão umbilical e o sangue do recém-nascido também são testados para sífilis. “Quando falamos de sífilis congênita tardia, são feitos exames físicos e de sangue na mãe e na criança. Os médicos procuram nas crianças os problemas causados pela infecção, como inflamação dos olhos, deformidades dos dentes e surdez”, afirma a especialista.

 

Tratamento 

Todas as pessoas que têm sífilis são tratadas com o antibiótico Penicilina Cristalina ou Procaína. Gestantes infectadas recebem a medicação injetável, na via intramuscular (músculo) ou, raramente, em via intravenosa (veia). O tratamento com penicilina durante a gravidez é eficaz em 99% dos casos, tanto para a mãe, quanto para o bebê. No entanto, se o tratamento for realizado em menos de quatro semanas para o parto, as chances de o feto não ser infectado diminuem.

 

Prevenção 

A prevenção da sífilis congênita é realizada com um pré-natal adequado. É fundamental que mulheres grávidas sejam testadas para a sífilis durante o primeiro e terceiro trimestre de gestação. Porém, precisamos destacar que o melhor a ser feito para evitar a contaminação da mulher é o uso de preservativo durante as relações sexuais.

 

Como a medicina reprodutiva pode auxiliar casal com pessoa trans a realizar o sonho de ter filhos

 

Médico da clínia Origen BH fala da necessidade de decisões antes da transição hormonal e explica como são os procedimentos mais comuns 

 

Os tratamentos de reprodução assistida em casais com pessoa trans vêm crescendo, mas são pouco divulgados, pois ainda há muito preconceito envolvido. Fato é que com maior visibilidade das pessoas trans e acesso aos seus direitos, a tendência é que a informação circule cada vez mais entre a população. Isso ajuda a diminuir os tabus que envolvem o universo trans e permite que todos os seres que sonham em ter filhos possam realizá-lo. 

Na visão do médico ginecologista Marcos Sampaio, da clínica Origen BH, o acolhimento é o passo número um antes de se falar em qualquer tratamento. Segundo ele, é fato que a sociedade vem mudando nos últimos anos e a ideia de formação de família também. “Frente a isso, todos nós, principalmente os que estão na linha de frente e de apoio na medicina, precisam estar abertos às mudanças e também atentos na forma de lidar com a diversidade. Todas as pessoas, independentemente de credo, raça e orientação sexual devem ser respeitadas em seus sonhos e escolhas. Por isso, a escuta e o acolhimento são fundamentais quando um casal com pessoa trans procura a medicina reprodutiva”, diz. 

Segundo o médico, a primeira questão a ser colocada como prioridade de consenso entre o casal com pessoa trans é ter ou não ter filhos. “Esse diálogo é fundamental,  pois os óvulos e o sêmen precisam estar preservados para o tratamento. Não é possível fazê-lo se a pessoa trans iniciou a transição hormonal, pois tanto os ovários quanto os testículos param de funcionar”, explica Sampaio. 

No caso desse casal que quer ter filhos, o ideal, nesse caso, é congelar óvulos e espermatozoides antes da transição hormonal, para que seja viável, no futuro, fazer o tratamento com seu próprio material genético. 

Todo o procedimento é acompanhado pela equipe de psicologia da Origen, fundamental no processo de acolhimento desses pacientes e orientação sobre os melhores procedimentos. 

A medicina reprodutiva auxilia os casais com pessoa trans com duas técnicas: a fertilização in vitro e a inseminação artificial. Para adotar uma delas, a pessoa trans não pode ter feito a cirurgia de redesignação sexual. “No caso de homens trans, eles precisam ter o aparelho reprodutor preservado: útero e ovários; no caso de mulheres trans, o pênis e os testículos”, acrescenta Marcos Sampaio. 

Em ambos os tratamentos, as medidas adotadas são similares às de um casal hetero para a estimulação ovariana e para a produção dos espermatozoides, (que pode ser do companheiro ou de um doador anônimo). “A questão mais delicada nesse procedimento é o fato de o homem trans não desejar ter a gestação, e preferir transferir o embrião para o útero de outra pessoa. Todo esse procedimento é muito conversado com o casal, para que ele se sinta acolhido e seguro em realizar seu sonho da maneira mais orientada por possível”, complementa o ginecologista.

 

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