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segunda-feira, 8 de março de 2021

Cirurgia endoscópica da coluna lombar e prótese discal da cervical passam a ter cobertura obrigatória de planos de saúde

 Foto: André Kaze / Comunicore
Duas novas cirurgias de coluna estarão disponíveis através de planos de saúde. Cirurgião explica os procedimentos e indicação


A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) definiu nesta quinta-feira (25) a atualização do rol de procedimentos obrigatórios dos planos de saúde. Entre os procedimentos cirúrgicos está a endoscopia da coluna vertebral para tratamento da hérnia de disco lombar e a artroplastia discal de coluna cervical. O novo rol entrará em vigor a partir de 1º de abril.

A doença é caracterizada pelo desgaste dos discos intervertebrais, estruturas entre as vértebras que amortecem os impactos da coluna, que extravasam ou rompem e comprimem as terminações nervosas da medula espinhal. A compressão da estrutura neural causa dores, fraquezas e formigamentos nos membros. O desgaste é mais comum na região lombar, mas também pode afetar a cervical e, menos comum, a torácica.

Entenda a hérnia de disco - Segundo o médico ortopedista especialista em cirurgia da coluna, Dr. Antônio Kriger, o desgaste dos discos faz parte do envelhecimento humano, um processo de degeneração natural dos discos, mas também pode afetar pacientes jovens devido sobrecarga realizada nas atividades diárias, má postura no dia a dia e no trabalho, falta de atividade física ou exercícios feitos com sobrecarga e de maneira incorreta.

De acordo com o especialista, o diagnóstico precoce e o tratamento conservador com a administração de remédios, repouso, fisioterapia, acupuntura, prática de atividades físicas e fortalecimento muscular são eficientes para oito em cada dez pacientes.

"Uma cirurgia só será indicada em situações específicas, como a dor intratável, o déficit neurológico e falha no tratamento conservador sem melhora significativa dos sintomas após no mínimo oito semanas", explica Krieger.

Endoscopia da coluna lombar - A cirurgia endoscópica da coluna lombar que foi aprovada pela ANS é também conhecida como cirurgia minimamente invasiva e é indicada quando o tratamento conservador falha. Durante a cirurgia, com o uso do endoscópio associado a uma câmera, o cirurgião acessa e remove a hérnia de disco com dano mínimo às estruturas da coluna e musculatura através de uma incisão de 0,8 a 1 cm, que é fechada com um ponto e que recebe um pequeno curativo.

"A inclusão da cirurgia endoscópica da coluna no rol da ANS é uma vitória para os pacientes que vão ser beneficiados com uma técnica cirúrgica moderna, menos invasiva e que é considerada hoje o padrão ouro do tratamento das hérnias discais lombares. É uma cirurgia com menos tempo de internamento, que pode ser feita até com anestesia local e que normalmente os pacientes podem ir pra casa no mesmo dia sem precisar de internamento. Além disso, ela diminui a lesão na musculatura e o sangramento comparada com a cirurgia aberta", explica o cirurgião.

Artroplastia discal da coluna cervical - A cirurgia tem como critério de indicação a hérnia de disco e a discopatia degenerativa (o desgaste do disco). Como a região exige mobilidade e flexibilidade, o tratamento envolve a substituição do disco por uma prótese modular.

Por meio de uma incisão na parte anterior do pescoço, o cirurgião remove todo o material cartilaginoso do disco degenerado e insere uma prótese de metal e polietileno de alta densidade. Este disco artificial permite que o segmento volte a realizar movimentos dentro dos limites normais.

"Ela irá trazer um grande benefício principalmente para os pacientes jovens, porque até então só havia a liberação dos convênios da cirurgia de artrodese, com placas e parafusos, o que causava rigidez do segmento operado e risco de Síndrome do Nivel Adjacente que é o desgaste precoce do disco superior ao operado com a artrodese. A prótese discal modular permite continuar com mobilidade e diminui o risco dos discos adjacentes", finaliza Krieger.

Casos reais - Segundo o empresário Rodrigo Andruszewicz, a inclusão das cirurgias nos planos de saúde irá colaborar para a qualidade de vida principalmente daqueles que não têm condições de acesso aos procedimentos no particular.

"Eu entrei no centro cirúrgico às 17h e às 23h já estava indo para casa. Cinco dias depois eu estava jogando futebol. Eu acredito que essa seja uma das melhores cirurgias por vídeo. Na época, não existia a cobertura do plano de saúde e eu tive que pagar no particular. Com a inclusão nos planos, isso irá ajudar muitas pessoas que não tem condições de ter acesso a essa cirurgia", conta.


Conheça os seis fatores de risco que podem causar o abortamento espontâneo

Quando falamos em fatores de risco, nos referimos a algumas características na paciente (modificáveis ou não) que aumentam a chance de um abortamento espontâneo.

O abortamento espontâneo é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a interrupção da gravidez no início da gestação, antes da vida do feto ser viável fora do útero, ou seja, quando não há nada a ser feito pela medicina para que o bebê sobreviva.

Acontece antes de 22 semanas completas (154 dias) de gestação, quando o peso ao nascer é normalmente de 500g. Pode ser classificado como precoce, quando ocorre antes de 13 semanas da gravidez, e como tardio, quando acontece entre as 13 e 22 semanas.

Estima-se que duas a cada dez gestantes sofrerão um abortamento espontâneo, sendo que a maioria ocorre até 12 semanas de gestação. E, vale ressaltar: a cada semana que a gravidez avança, menor a chance de um aborto.

Quais os fatores de risco para um abortamento espontâneo?

Quando falamos em fatores de risco, nos referimos a algumas características na paciente que podem ou não serem modificáveis, e que aumentam a chance de abortamento espontâneo. É importante entender, no entanto, que ter algum fator de risco não significa que a mulher necessariamente irá abortar.


Os seis principais fatores de risco:

Vícios: Cigarros, álcool e drogas. Fumar mais de dez cigarros por dia aumenta em cerca de 1,5 a 3 vezes a chance de um abortamento espontâneo. E se apenas o pai fuma, o hábito também constitui fator de risco. Ambos devem ser incentivados a cessar tabagismo.

Idade: quanto maior a idade da mãe, maior o risco de abortamento.

Paridade: o número de partos também influencia. Uma mulher gestante pela primeira vez tem menor risco de abortar do que uma gestante com partos prévios.

Antecedente de aborto espontâneo: ter tido duas ou mais perdas significa risco maior de ter uma terceira perda. Atenção: apenas uma perda não aumenta a chance de ter a segunda!


Casal com alguma doença genética.

Extremos de peso: pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) menor que 18,5 ou maior que 25 têm risco aumentado para abortamento (calcule seu IMC dividindo seu peso pela sua altura ao quadrado). 

O mais importante, sempre, é fazer um bom pré-natal e ter a gestação acompanhada por um obstetra. Se possível, ainda, quando a gravidez é planejada, recomenda-se passar pela chamada consulta pré-concepcional, na qual o médico pedirá exames, dará instruções e recomendará vitaminas que contribuirão para uma gestação mais tranquila. Ainda, é fundamental saber que às vezes o aborto acontece e a mulher não deve se sentir culpada, mas sim buscar averiguar possíveis causas.

 



Dr. Rodrigo Ferrarese - O especialista é formado pela Universidade São Francisco, em Bragança Paulista. Fez residência médica em São Paulo, em ginecologia e obstetrícia no Hospital do Servidor Público Estadual. Atua em cirurgias ginecológicas, cirurgias vaginais, uroginecologia, videocirurgias; (cistos, endometriose), histeroscopias; ( pólipos, miomas), doenças do trato genital inferior (HPV), estética genital (laser, radiofrequência, peeling, ninfoplastia), uroginecologia (bexiga caída, prolapso genital, incontinência urinaria) e hormonal (implantes hormonais, chip de beleza, menstruação, pílulas, Diu...).  Mais informações podem ser obtidas pelo perfil @dr.rodrigoferrarese ou  pelo site https://drrodrigoferrarese.com.br/


Dieta rica em fibras pode ter papel no controle da inflamação associada à COVID-19

Biópsias intestinais infectadas com SARS-CoV-2 e coradas por imunofluorescência para a proteína humana ACE2 (vermelho) e para a proteína viral spike (verde). Os núcleos das células estão marcados em azul (imagem: Instituto de Biologia e Gastrocentro/FCM-Unicamp)

 


 

Estudo conduzido na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) demonstra que compostos produzidos pela microbiota intestinal a partir da quebra de fibras alimentares não interferem na entrada ou replicação do vírus SARS-CoV-2 no intestino. Mas, embora o tratamento de células in vitro com essas moléculas não tenha apresentado relevância para a infecção local do tecido, ele reduziu a expressão de um gene importante para a entrada viral nas células e de um receptor de citocina que favorece a inflamação.

Os dados foram publicados na revista Gut Microbes.

Sintomas gastrointestinais como diarreia, vômito e dor abdominal podem acometer até 50% dos pacientes de COVID-19 e 17,6% dos casos graves. Essas alterações estão em parte associadas à entrada do vírus nas células intestinais e a alterações de suas funções normais. Além disso, estudos recentes indicam que indivíduos acometidos pela doença apresentam modificações importantes da microbiota intestinal, incluindo diminuição de bactérias que produzem ácidos graxos de cadeia curta – moléculas que regulam as células intestinais e de defesa do organismo.

Por conta disso, os pesquisadores testaram se esse tipo de ácido graxo teria efeito direto na infecção de células intestinais pelo SARS-CoV-2. Outros trabalhos já indicavam que a alteração na microbiota intestinal e em seus produtos poderia modificar a resposta imune durante o quadro infeccioso.

“Em trabalhos anteriores, observamos em animais que compostos produzidos pela microbiota intestinal participam da proteção contra infecção respiratória. Naquele caso, usamos como modelo o vírus sincicial respiratório [RSV], causador da bronquiolite e bastante comum em crianças. Resultados semelhantes foram obtidos em estudos conduzidos por outros grupos de pesquisa, com diferentes doenças respiratórias”, explica a bolsista de doutorado Patrícia Brito Rodrigues, que compartilha a primeira autoria do artigo com a pós-doutoranda Livia Bitencourt Pascoal. Rodrigues realizou a pesquisa como parte de seu doutorado no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, com bolsa da FAPESP (leia mais em: agencia.fapesp.br/31539).

No trabalho mais recente, amostras saudáveis de tecido do colón intestinal e de células epiteliais da mesma região foram infectadas com o novo coronavírus em laboratório e analisadas em seguida.

“Não houve diminuição da quantidade de vírus, que foi a mesma tanto nas células e tecidos tratados com os ácidos graxos de cadeia curta quanto nas amostras que não receberam o tratamento. No entanto, as amostras de biópsias intestinais tratadas apresentaram queda significativa na expressão do gene DDX58 [receptor do sistema imune inato que detecta ácidos nucleicos virais e ativa uma cascata de sinalização que resulta na produção de citocinas pró-inflamatórias] e do receptor de interferon-lambda, que medeia a atividade antiviral. Também ficou menos expressa a proteína TMPRSS2, importante para a entrada do vírus nas células”, diz Raquel Franco Leal, professora da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp apoiada pela FAPESP e coordenadora do estudo junto com Marco Aurélio Ramirez Vinolo, professor do IB-Unicamp também apoiado pela Fundação.

Proteção contra inflamação

Os pesquisadores coletaram amostras de tecido do cólon de 11 pacientes sem COVID-19. Os testes foram realizados também em células epiteliais intestinais, que formam a parte mais superficial do intestino e ficam em contato próximo com a microbiota intestinal. Tanto as amostras de tecido quanto as células foram infectadas com o SARS-CoV-2 no Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (Leve), que tem nível 3 de biossegurança (NB3) e é coordenado por José Luiz Proença Módena, professor do IB-Unicamp e coautor do artigo.

Os tecidos e as células foram tratados com uma mistura de acetato, propionato e butirato, compostos obtidos no intestino por meio da metabolização, pela microbiota intestinal, dos ácidos graxos de cadeia curta presentes nas fibras alimentares. O tratamento não alterou a carga viral das biópsias intestinais nem das células. Não houve, tampouco, mudanças na permeabilidade e integridade das paredes celulares.

“Isso não exclui a possibilidade de os ácidos graxos de cadeia curta terem uma ação significativa na infecção pelo SARS-CoV-2. Talvez os efeitos antivirais dependam das interações com outras células do organismo. Vamos continuar investigando, agora em modelos animais, pois é possível que a ação desses compostos na infecção dependa de um sistema mais completo do que aqueles que utilizamos [células e tecidos isolados] in vitro”, afirma Rodrigues.

Outros testes mostraram, nas biópsias infectadas não tratadas, aumento da expressão do gene DDX58, que codifica um importante receptor viral. Além disso, verificou-se também maior expressão de interferon-beta (IFN-beta), molécula pró-inflamatória que participa do fenômeno conhecido como tempestade de citocinas, associado com os casos mais graves de COVID-19.

“As alterações de genes de reconhecimento e resposta a vírus durante a infecção intestinal podem ser relevantes para o início da cadeia inflamatória. Nesse contexto, será importante aprofundar as análises dos efeitos dos ácidos graxos de cadeia curta sob estes parâmetros, pois isso pode ser importante na fase mais grave da doença”, completa Leal.

O artigo Microbiota-derived short-chain fatty acids do not interfere with SARS-CoV-2 infection of human colonic samples pode ser lido em: www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/19490976.2021.1874740.
 



André Julião

Agência FAPESP 

https://agencia.fapesp.br/dieta-rica-em-fibras-pode-ter-papel-no-controle-da-inflamacao-associada-a-covid-19/35327/


Você já ouviu falar da Covaxin? A vacina deve chegar ao Brasil entre este mês e o mês de maio

 

Freepik
O Ministério da Saúde informou na última semana que assinou contrato com a Precisa Medicamentos/Bharat Biotech para a compra de 20 milhões de doses do imunizante

 

Você sabia que há mais uma vacina prestes a chegar ao Brasil? A nova aquisição do Ministério da Saúde é a Covaxin, vacina indiana, que deve chegar ainda este mês. Na última quinta-feira, 25 de fevereiro, a entidade informou que assinou o contrato para a aquisição de 20 milhões de doses do imunizante junto à Precisa Medicamentos/Bharat Biotech. Mas, você sabe o que isso quer dizer, na prática?

Com o contrato assinado, a etapa agora para a utilização da COVAXIN é a autorização de uso definitivo ou emergencial para utilização do imunizante no país. Para isso, ela deve ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. A Precisa Medicamentos, que tem uma parceria com a Bharat Biotech, explica que já entrou com pedido para testar a 3ª fase da vacina no Brasil em um estudo complementar. Enquanto isso a Anvisa está vistoriando a fábrica da Bharat Biotech na India durante essa semana, verificando todas as questões de boas práticas.

O imunizante traz esperança para a população, já que alguns municípios e estados ainda não ampliaram a faixa etária vacinal.



Eficácia


O governo brasileiro deve receber 20 milhões de doses da Covaxin, que, de acordo com os estudos interinos, tem eficácia de 81% e funciona contra a variante do Reino Unido. Conforme o levantamento de fase 3, da Bharat Biotech, a Covaxin é uma vacina estável a 2-8ºc e é enviada pronta para a aplicação. "O BBV152 tem uma política de frasco aberto de 28 dias como uma característica única do produto, reduzindo assim o desperdício de vacina em aproximadamente 10-30 por cento", afirmou a empresa ao Portal Business Today.

O estudo de Fase 3 envolveu 25.800 participantes de 18 a 98 anos de idade, desse total, 2.433 idosos, com mais de 60 anos e 4.500 com alguma comorbidade. "A análise do National Institute of Virology indica que os anticorpos induzidos pela vacina podem neutralizar as cepas variantes do Reino Unido e outras cepas heterólogas, que foi publicado no bioRxiv", acrescentou a Bharat Biotech.


"A Bharat Biotech espera compartilhar mais detalhes dos resultados do ensaio à medida que dados adicionais se tornem disponíveis. Uma análise provisória adicional está planejada para 87 casos, e a análise final está planejada para 130 casos. Todos os dados da segunda análise provisória e final serão compartilhados por meio de servidores de pré-publicação, bem como submetido a um periódico revisado por pares para publicação ", disse a empresa.


Pacientes adultos e pediátricos com linfoma de Hodgkin, ganham nova opção de tratamento com imunoterapia

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) acaba de aprovar a imunoterapia pembrolizumabe (Keytruda®), anti PD-1 da MSD, para o tratamento de pacientes adultos com Linfoma de Hodgkin clássico refratário (quando a doença não responde ao tratamento prévio) ou recidivado (quando a doença volta a aparecer após o término do tratamento prévio) à partir da 2º linha de tratamento. A ANVISA também aprovou pembrolizumabe para o tratamento de pacientes pediátricos, com idade igual ou superior a 3 anos, com Linfoma de Hodgkin clássico refratário, ou que tenham recidivado após 2 ou mais linhas de terapia.

A aprovação para a população adulta é baseada nos resultados do estudo de Fase 3 KEYNOTE-204 que atingiu o objetivo primário com pembrolizumabe, reduzindo significativamente o risco de progressão da doença ou morte em 35% em comparação com o brentuximabe vedotin (BV). Além disso, a mediana de sobrevida livre de progressão foi de 13,2 meses para pacientes tratados com pembrolizumabe e 8,3 meses para pacientes tratados com BV.

O KEYNOTE-204 (1) é um estudo

clínico randomizado, aberto e controlado, que incluiu 304 pacientes com LHc recidivado ou refratário. O estudo envolveu adultos com doença recidivada e ou refratária após pelo menos um regime de tratamento quimioterápico. Os pacientes foram randomizados 1: 1 para receber a cada três semanas por via intravenosa com pembrolizumabe 200 mg ou BV 1,8 mg / kg.

O tratamento foi continuado até toxicidade inaceitável, progressão da doença ou um máximo de 35 ciclos (até aproximadamente dois anos). A avaliação da doença foi realizada a cada 12 semanas. A randomização foi estratificada por transplante autólogo prévio e estado da doença após a terapia de primeira linha. A principal medida de eficácia foi a sobrevida livre de progressão, avaliada por revisão central independente cega.

A aprovação para a população pediátrica, é baseada no estudo KEYNOTE-051, que incluiu 161 pacientes pediátricos (62) pacientes com idade entre 6 meses e menos de 12 anos e 99 pacientes com 12 a 17 anos) que receberam pembrolizumabe 2 mg/kg a cada 3 semanas. A duração média da exposição foi de 2,1 meses (intervalo: 1 dia a 24 meses).

As reações adversas que ocorreram em uma taxa ≥10% em pacientes pediátricos quando comparados aos adultos foram: febre (33%), vômitos (30%), leucopenia (30%), infecção do trato respiratório superior (29%), neutropenia (26%) , dor de cabeça (25%) e anemia de grau 3 (17%).

O tratamento de LHc refratário ou recidivado em crianças e adolescentes segue estratégias baseadas em adultos, com poliquimioterapia seguida de Transplante Autólogo de Células Tronco (2;3). Em pacientes que foram anteriormente refratários ou recidivados à 1ª ou 2ª linha de quimioterapia, especialmente aqueles com doença de alto risco, as opções existentes de tratamento não são satisfatórias, deixando pouca expectativa de benefício e toxicidade adicional.

"A imunoterapia para o tratamento da doença refratária bem como a indicação para pacientes pediátricos era muito esperada no Brasil. "Os pacientes com Linfoma de Hodgkin que não alcançam remissão após o tratamento inicial ou que recaem após o transplante tem um prognóstico ruim, refletindo a necessidade não atendida de terapias melhores no cenário de recidiva / refratário", explica o Onco-hematologista Dr Guilherme Perini, que completa:

"Com esta aprovação, pembrolizumabe tem o potencial de mudar o padrão atual de tratamento e ajudar esses pacientes a obter melhores resultados".


Linfoma de Hodgkin

O linfoma de Hodgkin é um tipo de câncer relativamente raro, que se origina no sistema linfático, conjunto composto por órgãos (linfonodos ou gânglios) e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade.

A doença surge quando um linfócito (célula de defesa do corpo) se transforma em uma célula maligna, capaz de multiplicar-se descontroladamente e disseminar-se. Quando não tratadas, essas células malignas podem atingir outras partes do corpo. A doença origina-se com maior frequência nas regiões do pescoço e tórax, denominada mediastino.


Março Borgonha – Campanha da Abrale promove conscientização sobre o Mieloma Múltiplo


Pacientes com este tipo de câncer, mais comum em pessoas com mais de 60 anos, possuem mais risco de desenvolver complicações pela COVID-19

 

 

O mieloma múltiplo (MM) é um tipo de câncer do sangue que tem início na medula óssea quando, no momento em que os linfócitos B estão se diferenciando, acontece um erro e eles se tornam plasmócitos anormais. Essas células podem se aglomerar e formar tumores tanto dentro do osso (intramedular) quanto fora (extramedular). Quando existem vários grupos de plasmócitos, dá-se o nome de mieloma múltiplo. 

O Instituto Nacional de Câncer não possui estimativas da incidência da doença no Brasil. Segundo dados internacionais, atinge quatro a cada cem mil pessoas, o que representaria cerca de 8 mil casos anuais por aqui. 

“Como na maior parte dos casos de câncer, quanto antes o mieloma múltiplo for diagnosticado, melhor”, destaca a presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia, Merula Steagall. Durante todo o mês, a Abrale divulga a campanha Março Borgonha, para alertar sobre os sinais e tratamento da doença. 

O reconhecimento da doença e o início rápido do tratamento é fundamental para melhores prognósticos, especialmente neste cenário de pandemia. Os pacientes com mieloma múltiplo são considerados de risco para desenvolvimento de complicações para a COVID-19. Também estão na lista dos grupos prioritários no Plano Nacional de Vacinação para receber a imunização. As vacinas aprovadas para uso emergencial no Brasil são feitas com vírus inativado, portanto, seguras aos pacientes com câncer.   

Em 2020, a Abrale foi responsável pela coleta de dados brasileiros para uma pesquisa internacional sobre os obstáculos que pacientes com mieloma múltiplo enfrentaram durante a pandemia. Foram entrevistados cerca de 300 pacientes no Canadá e América Latina para levantar dados da doença e da condição dos pacientes, inclusive, o impacto socioeconômico e o difícil acesso ao tratamento. 

O levantamento demonstrou que a dificuldade para falar com um médico especialista e a distância dos hospitais foram os maiores impasses que os indivíduos encontraram no “novo normal” que vivenciamos. 

Dentre as dificuldades identificadas, 37% dos entrevistados alegaram ter problemas com as instalações de tratamento devido a conflitos relacionados à pandemia, transporte e distância.

 

O que é o mieloma múltiplo

O mieloma múltiplo é um tipo de câncer de sangue mais comum aos idosos, mais pode ocorrer em adultos jovens e até em crianças. Alguns pacientes podem ser assintomáticos, ou seja, não apresentar nenhum tipo de sinal da doença – em especial, se os plasmócitos se infiltram em pouca quantidade na medula óssea e a produção de proteína M (um amontoado de proteínas “bagunçadas”, geradas pelos plasmócitos anormais) é pequena. 

Já nas situações em que há uma maior infiltração e maior produção da proteína M, o paciente poderá apresentar sinais como cansaço extremo, fraqueza, palidez e perda de peso; mau funcionamento dos rins, inchaço nas pernas; sede exagerada, perda de apetite, constipação grave; dores ósseas (especialmente na coluna) e fraturas espontâneas; além de infecções constantes. 

Para os pacientes assintomáticos, muitas vezes o diagnóstico de mieloma múltiplo é realizado através de exames de rotina. O mais usual é o exame de sangue comum, em que é possível ver as alterações das células. 

“Atualmente, para o paciente sintomático, as classes terapêuticas existentes trazem excelentes resultados: quimioterapia, transplante de medula óssea autólogo, imunomoduladores, inibidores de proteassoma e até mesmo a imunoterapia”, afirma o onco-hematologista Breno Gusmão, integrante do Comitê Médico da Abrale. “Temos a expectativa de novidades, como a utilização do CAR T Cell (a partir de células de defesa reprogramadas do próprio paciente), anticorpos biespecíficos e anticorpos conjugados, que se apresentam como uma revolução na ciência”, ressalta.

 

Sobre a ABRALE

A Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) foi fundada por pacientes e familiares em 2002, com a missão de oferecer ajuda e mobilizar parceiros para que todas as pessoas com câncer do sangue no Brasil tenham acesso ao melhor tratamento. A atuação da associação é sustentada por quatro pilares: Apoio ao Paciente, Educação e Informação, Pesquisa e Monitoramento e Políticas Públicas.


Como as mulheres podem cuidar ainda mais da saúde?

Neste Dia Internacional da Mulher, a Careplus, operadora de saúde premium, compartilha infográfico com dicas de como as mulheres podem cuidar ainda mais da saúde, desde a puberdade, passando pela vida adulta e senescência. 

Saiba mais sobre prevenção feminina e os cuidados essenciais na rotina das mulheres.




Como acabar com o mau hálito

5 dicas de como acabar com esse incômodo


Em 2020 foi iniciada a quarentena. Com ela, em decorrência da pandemia do coronavírus, vieram muitos cuidados que precisam ser tomados, como a utilização da máscara. Recebida e utilizada com muitas reclamações, a máscara que evita o contágio do vírus mais famoso no momento, pode, além de suor e falta de ar, evidenciar o mau hálito. Dessa vez não sentindo o de outras pessoas, mas sim o nosso, lidar com o mau hálito é uma tarefa que exige dedicação.

Em períodos em que ficamos grande tempo sem cuidar da saúde bucal, surge o terrível cheiro do mau hálito. Essa condição anormal pode variar a sua origem, de modo que é uma resposta a algo que não está correto na nossa saúde. Mesmo muito incômodo, o mau hálito afeta mais de 50 milhões de brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Halitose (ABHA), o que evidencia a importância do olhar sobre a saúde bucal dos cidadãos do nosso país. 

Ao acordar, principalmente aos que dormem com cônjuges, o mau hálito é o primeiro cheiro que sentimos. Seja da nossa boca, ou da boca do outro, esse odor pode atrapalhar muito a qualidade de vida de uma pessoa. Segundo a Dra. Cláudia Gobor, presidente da Associação Brasileira de Halitose e especialista nesse assunto, “Apesar de ser uma situação recorrente, existem algumas atitudes que podem ser tomadas para evitar o mau hálito”. São elas:

  • Beba bastante água: Beber 2 litros de água por dia é uma questão que a maioria dos médicos e profissionais da saúde abordam. Não à toa, é claro. A água ajuda as glândulas salivares a produzirem a quantidade de saliva adequada para a boca, de modo que ajuda a combater o mau hálito.
  • Consuma frutas e vegetais: Para o corpo como um todo, ingerir alimentos saudáveis ajuda no funcionamento de muitos órgãos vitais. “Na saúde bucal, também é importante comer frutas e vegetais, já que as fibras contidas nesses alimentos são grandes aliadas na hora de acabar com o mau hálito”, explica a especialista.
  • Tenha uma boa higiene bucal: Passar fio dental todos os dias e escovar os dentes após cada refeição é um ato muito importante para a manutenção da normalidade e boa qualidade bucal. Cuidar da saúde da boca e mantê-la sempre limpa é um fator crucial na hora de evitar o mau hálito.
  • Invista em chás: Beber chás como de Boldo, Hortelã ou Gengibre também pode ajudar a combater o mau hálito. Essas bebidas ajudam na digestão e, o hortelã, por exemplo, dá ainda um cheirinho bom à boca.
  • Por último, e não menos importante, a Dra. Cláudia ainda lembra que: “O comparecimento em consultas de rotina em dentistas é essencial para manter um bom hálito. Mas, se tiver alguma dúvida, você pode consultar um dentista capacitado em diagnosticar as alterações de hálito e que tenha também um aparelho para fazer a medição digital no halimeter,  lá, o profissional examinará tudo o que for necessário para saber se a origem desta alteração é mais simples ou algum caso que exige mais atenção”. Ter sempre na agenda algum dia para cuidar da saúde bucal, é essencial para manter um hálito saudável. 



Cláudia Christianne Gobor - Cirurgiã Dentista especialista pelo MEC no tratamento da Halitose. Presidente da Associação Brasileira de Halitose

https://www.bomhalitocuritiba.com.br/

Rua da Paz, n° 195, Sala 102, Mab Centro Médico, Centro/ Alto da XV, Curitiba- PR

Whatsapp: (41) 99977-7087

Instagram: @Claudiacgobor

Facebook: @ClaudiaCGobor

Youtube: Claudia Gobor


Mês de março relembra cuidados e prevenção em relação ao câncer colorretal: tumor é um dos mais comuns no Brasil

Pandemia diminuiu número de exames de diagnóstico no país, essenciais para detecção precoce da doença e redução da mortalidade

 

Em todo o mundo, o câncer colorretal é o terceiro tipo mais comum, sendo responsável por cerca de 10% de todos os diagnósticos de câncer. Esse alerta para a sociedade em geral ganha um reforço neste mês, que marca a campanha Março Azul-marinho, voltada à promoção do cuidado e à prevenção da condição em todo o mundo.

O tumor colorretal se desenvolve no intestino grosso: no cólon ou em sua porção final, o reto. O principal tipo de tumor colorretal é o adenocarcinoma e, em 90% dos casos, o tumor se origina a partir de pólipos na região que, se não identificados e tratados, podem sofrer alterações ao longo dos anos, podendo se tornar cancerígenos. A principal forma de diagnóstico e prevenção é através do exame de colonoscopia, em que um tubinho flexível com uma câmera na ponta é introduzido no intestino e faz imagens que revelam se há presença de possíveis alterações, permitindo, inclusive, remoção de pólipos e biópsias de lesões suspeitas. No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda iniciar o rastreio do câncer de cólon e reto da população adulta de risco habitual na faixa etária de 50 anos - mas muitos países já reduziram para 45 anos de idade.

"Grande parte dos tumores de intestino aparece a partir dos chamados pólipos, que são lesões benignas que crescem na parede interna do órgão, mas que se não identificadas preventivamente podem evoluir e se tornarem malignas com o passar do tempo. Após os 50 anos de idade, a chance de apresentar pólipos aumenta, ficando entre 18% e 36%, o que consequentemente representa um aumento no risco de tumores malignos decorrentes da condição a partir dessa fase da vida e por isso ela foi estabelecida como critério para início do rastreio ativo. Além de detectar esses pólipos, a colonoscopia permite que eles sejam retirados, o que funciona como mais uma forma de prevenir o câncer", explica a oncologista Renata D’Alpino, do Grupo Oncoclínicas.

Ela lembra que pessoas com histórico pessoal de pólipos ou de doença inflamatória intestinal, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn, bem como registros familiares de câncer colorretal em um ou mais parentes de primeiro grau, principalmente se diagnosticado antes de 45 anos, devem ter atenção redobrada e realizar controles periódicos antes da idade base indicada para a população em geral.

Segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), o câncer colorretal é o terceiro mais frequente entre os homens, logo após do câncer de próstata e de pulmão, e o segundo mais incidente nas mulheres, perdendo apenas para o câncer de mama. Estimam-se que neste ano tenhamos 40.990 casos novos de câncer de cólon e reto, afetando em proporção quase igual ambos os gêneros. Já o número de mortes chega a 18.867, sendo 9.207 homens e 9.660 mulheres, de acordo com os dados mais recentes disponíveis.

Ainda assim, a médica afirma que há muitos tabus que cercam o rastreio preventivo do câncer colorretal, o que contribui para a baixa adesão ao controle precoce da doença mesmo entre pessoas que fazem parte do grupo com risco aumentado. "Muitas vezes, o tumor só é descoberto tardiamente, diante de sintomas mais severos, como anemia; constipação ou diarreia sem causas aparentes; fraqueza; gases e cólicas abdominais; e emagrecimento. Apesar do sangue nas fezes ser um indício inicial de que algo não vai bem na saúde, muitas pessoas costumam creditar essa ocorrência a outras causas convencionais, como hemorróidas, e acabam postergando a busca por aconselhamento médico e a realização de exames específicos. Isso faz com que muitas pessoas só descubram o câncer em estágios avançados", diz.

E em tempos de pandemia e com a superlotação dos ambientes hospitalares, houve ainda impactos diretos no volume de realização de colonoscopias no país, o que pode de fato trazer desdobramentos preocupantes na luta contra o câncer.

"Apesar de simples, esse exame requer preparo prévio e por ser considerado invasivo, teria risco de contaminação pelo COVID-19. Por isso, em um primeiro momento, sua realização sofreu os impactos das incertezas trazidas pela pandemia, especialmente nos primeiros meses de 2020, quando muitos centros hospitalares e de medicina diagnóstica precisaram se reorganizar para garantir fluxos seguros para pacientes. Temos relatos de serviços que fecharam completamente durante a primeira onda de contaminações pelo vírus e outros tantos que cancelaram por um período esse tipo de procedimento. Com isso, certamente veremos em breve, como consequência, o crescimento nos casos de tumores descobertos em fase avançada, quando a chance de cura se torna consideravelmente reduzida", frisa Renata.

A percepção apontada pela oncologista é reforçada por dados oficiais: desde o início da pandemia de Covid-19 no País, ao menos 70 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer no Brasil, segundo as Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica (SBP e SBCO). E mesmo com o constante alerta das autoridades de saúde e entidades voltadas à conscientização sobre o diagnóstico precoce como a melhor forma de garantir tratamentos menos intrusivos e mais eficazes para a sobrevida dos pacientes, o agravamento do quadro do câncer é uma preocupação global e exames de rotina não deveriam ser deixados em segundo plano.

Incidência cresce entre jovens adultos

Para Renata, outro ponto de grande relevância no combate ao câncer colorretal é o estabelecimento de uma recomendação mais clara para triagem de casos assintomáticos, quando não há sinais de sintomas clássicos que podem levantar suspeitas - caso de sangramentos corriqueiros visíveis nas fezes - entre a porção da população com menos de 50 anos. Entre as ações possíveis, ela destaca uma iniciativa liderada pela US Preventive Services Task Force que considera que testes menos invasivos poderiam ser iniciados precocemente e repetidos com intervalos menores em comparação à colonoscopia. Além disso, prevê mudar a idade de rastreamento para os 45 anos, devendo ser repetido a cada 5 anos em caso de resultados normais, como já vem sendo sugerido desde 2019 pela American Cancer Society (ACS).

"Nos EUA o debate sobre uma possível mudança de protocolo, passando a adotar a idade de 45 anos como remendada para o início do rastreio periódico, está sendo baseada na avaliação de centenas de levantamentos e ensaios clínicos que levam em conta o perfil de pessoas assintomáticas na faixa etária acima dos 40 anos. Uma forma possível de ampliar as chances de prevenção seria a indicação de pesquisa das fezes, por meio de testes imunoquímicos e testes de sangue oculto fecais em pessoas mais jovens e que não apresentam mudanças de saúde perceptíveis. De acordo com os resultados, havendo achados suspeitos, a colonoscopia seria então realizada", ressalta a especialista da Oncoclínicas.

Um dos estudos científicos que embasam a argumentação foi publicado no Journal of the National Cancer Institute e realizado nos Estados Unidos de 1974 até 2014. A análise mostrou que nas pessoas entre 20 a 39 anos de idade, por exemplo, o número de casos novos de câncer de intestino vem crescendo anualmente, entre 1% e 2,4%, desde a década de 1980. Já os casos de câncer de reto, nas pessoas entre 20 e 29 anos de idade, tiveram um aumento anual médio de aproximadamente 3,2%, desde 1974.

"Em grande parte, esses resultados apontam para uma consequência de hábitos de vida menos saudáveis, com maior taxa de sedentarismo e consumo de alimentos ultraprocessados como refrigerantes, salgadinhos e enlatados. A predisposição genética conta como risco, mas não podemos esquecer que há outros fatores que podem contribuir para o surgimento da doença, tais como obesidade, sedentarismo, dieta rica em carnes vermelhas, tabagismo e alcoolismo. E esses são fatores que fazem parte da ‘vida moderna’ e ajudam a desvendar as razões pelas quais devemos reforçar a conscientização sobre os impactos das nossas decisões pessoais no crescimento de casos de câncer - e não apenas do colorretal", finaliza Renata D’Alpino.

 

A história do Lúpus: uma doença ainda carregada de preconceitos e pouco conhecimento

Uma doença silenciosa, dolorida e que pode causar feridas também na alma do paciente. Afinal, lidar com Lúpus é um conflito interno repleto de desafios, tratamentos e questões emocionais em jogo, pois esta é uma doença auto-imune.


A primeira vista, basta observar aquela pessoa com uma lesão parecendo com asa de borboleta, pois acomete o centro de sua face (nariz e maçãs do rosto). Tal indivíduo, ao externar este sintoma, é mais uma pessoa que sofre com os efeitos do Lúpus.
 

Para quem não sabe, o dermatologista Dr. Rafael Soares conta que o nome da doença foi dado “por causa da semelhança das lesões faciais com cicatrizes de mordidas de lobos em seus próprios rostos (lupus em latim é lobo)”. “As semelhanças com animais não para por aí: a descrição da lesão clássica é ‘em asa de borboleta’, quando ataca, o centro da face da pessoa”, reforça o especialista. 

Mas ainda não se sabe muito sobre esta doença, cujos primeiros relatos datam do século XIX, quando recebeu o nome de Lúpus Eritematoso. Segundo Dr. Rafael, a doença é autoimune e é identificada quando o sistema imunitário do indivíduo ataca tecidos saudáveis em várias partes do corpo. “A intensidade dos sintomas varia de pessoa para pessoa, sendo que em algumas pessoas são ligeiros, enquanto podem ser de grande gravidade para outros”.

E não é pouca gente que possui essa doença. Dr. Rafael Soares lembra os dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia, que mostra que uma a cada 1.700 mulheres no Brasil tem essa doença. “Aliás, ela pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, raça e sexo, porém as mulheres são muito mais acometidas. Ocorre principalmente entre 20 e 45 anos, sendo um pouco mais comum em pessoas mestiças e nos afro-descendentes. As estimativas também indicam que deve haver no Brasil cerca de 65.000 pessoas com lúpus. Logo, para os reumatologistas, essa é uma doença razoavelmente comum no seu dia a dia”. 

O médico explica ainda que os sintomas mais comuns da Lúpus são: “articulações dolorosas e inchadas, febre, dor torácica, perda de cabelo, úlceras na boca, aumento de volume dos gânglios linfáticos, fadiga e uma erupção cutânea vermelha, muito comum no rosto, se assemelhando à uma borboleta”. Sobre a periodicidade dos sintomas, ele lembra que “geralmente alternam-se períodos de exacerbação dos sintomas e períodos de remissão com poucos sintomas”, destaca o dermatologista. Outro grande problema da Lúpús ocorre quando ela ataca, além da pele, as articulações e os rins, “sendo estes os principais órgãos acometidos”, ressalta o dermatologista. 

Nos últimos anos, muitos famosos se assumiram portadores desta doença: a cantora Lady Gaga, a atriz Selena Gomez, a socialite Kim Kardashian, a apresentadora brasileira Astrid Fontenelle, o cantor Seal, e muitos outros. “Considerando os fatos históricos, é muito importante vermos cada vez mais famosos defendendo a conscientização da doença. Apesar de não ser contagiosa, ainda muitas pessoas têm comportamento discriminativo com os portadores de lúpus”, lamenta Dr. Rafael Soares.

Talvez a discriminação tenha algo que a explique, mas que não justifique, salienta o médico, “é o fato de haver uma forma de tuberculose com nome em comum: lúpus vulgar (forma cutânea e pouco contagiosa). Como há um preconceito histórico da tuberculose, talvez esse seja o motivo de muitas pessoas se comportarem de forma tão inadequada”, destaca Dr. Rafael.

Diante de tanto “pré-conceito”, “atualmente, o mais importante de tudo, porém, é que as informações cada vez mais voam livremente e trazer uma história rica como esta pode ajudar a desmistificar e conscientizar mais e mais pessoas”, finaliza Dr. Rafael Soares.

 


Créditos - Foto: Divulgação / MF Press Global


Relatos de insônia aumentaram durante a pandemia em todo o mundo

Falta de concentração e queda na produtividade são algumas das consequências de noites mal dormidas; Psiquiatra explica como a adoção de técnicas comportamentais simples podem contribuir para um sono tranquilo


O aumento na incidência de distúrbios do sono durante a pandemia é fenômeno que já vem sendo relatado globalmente, com estudos apontando que a insônia é a principal reclamação das pessoas. Uma pesquisa da Universidade de Southampton, de agosto de 2020, mostrou que o número de britânicos que relataram recorrência com o problema saltou de 17% para 25%. Na China, as taxas subiram quase 6 pontos percentuais, de 14,6% para 20% e, na Grécia, cerca de 40% das pessoas entrevistadas durante a pandemia relataram ter vivido o problema.

O Brasil não passou ileso, é claro. Por aqui, desde o início da pandemia, em março, a palavra "insônia" foi a mais procurada no Google e, ainda mais chocante, a pesquisa por "remédio para insônia" aumentou 130% nas buscas. Isso em um país onde 40 milhões já relatavam o problema antes da Covid-19, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Especialista no assunto, o psiquiatra Marco Abud afirma que não é muito difícil encontrar as razões para esse crescimento:

"A mudança de rotina causou estresse, essa confusão de espaço pessoal com profissional, aumento nas tarefas domésticas, cuidados com os filhos, o isolamento social, que nos colocou longe de familiares e amigos e, claro, o medo da doença ou de algum familiar contraí-la, e até mesmo as inseguranças com a economia do país. Tudo isso virou um caldeirão de emoções e o sono é um dos que mais sofrem com esses momentos, pois é o período que precisamos relaxar, mas também aquele em que tudo vem à tona: o dia a dia, as angústias, a sensação de que é preciso encontrar soluções imediatas para os problemas da nação a todo custo", explica.

O médico conta que os chamados insones são aqueles que apresentam dificuldades para adormecer ou que não conseguem manter a linearidade de sono. "A insônia pode ser identificada por características como demora para pegar no sono depois de deitado após um período superior a 30 minutos; despertar no meio da noite e não conseguir voltar a dormir; ou ainda passar a acordar muito mais cedo do que o habitual e, mesmo com horas livres para seguir dormindo e ainda sentindo cansaço, não ser capaz de pegar no sono. Boa parte dos brasileiros em algum momento já teve alguma experiência própria ou com alguém próximo que se encaixa em um ou mais desses pontos descritos".

A chave para encontrar uma solução para o incômodo das horas de descanso perdidas está em entender inicialmente as causas do problema. Na maioria dos casos, salvo outras condições médicas que têm os distúrbios do sono como consequência, a insônia pode ser classificada como transitória (aguda) ou crônica. A primeira surge por fatores ligados ao estresse ou abalo diante de uma determinada situação de vida - como o isolamento social e a quebra de rotinas impostos pela pandemia -, e tende a perdurar por um curto período de tempo, suficiente para contornar a questão que gerou o incômodo. Contudo, há situações em que a condição pode avançar para o que é classificado como insônia crônica, um distúrbio persistente que envolve comportamentos e hábitos que seguem sendo acumulados com o passar do tempo, piorando cada vez mais o quadro.

"De forma bem simplificada, isso acontece porque o nosso cérebro ‘aprende’ após um certo período a aceitar esse novo padrão. É o famoso efeito bola de neve: inicialmente acontece algo extraordinário, que parece fugir ao controle e começa a afetar nossa capacidade de relaxar corpo e mente quando é o momento de dormir. Mesmo quando a situação original já não é mais tão latente, a mudança no comportamento do sono segue presente. Aos poucos outros anseios e preocupações começam a ser somados, criando um ‘monstro’ interior que parece destruir a nossa capacidade de dormir bem e acaba por tornar o sono algo que beira o intangível", analisa Abud.



Técnicas para lidar (e amenizar) o problema

Embora não seja possível controlar o mundo, nem a velocidade das vacinas, tampouco quando o coronavírus desaparecerá, é possível realizar algumas técnicas e exercícios para tentar contornar essa dificuldade ou, pelo menos, amenizá-la. Motivado por essa percepção, o psiquiatra, que possui um canal no YouTube chamado Saúde da Mente, atualmente com mais de 1,3 milhão de inscritos - o maior sobre a temática no Brasil -, elaborou uma série de vídeos sob a chancela "Viva livre da insônia" para ajudar na conscientização da população em geral. Ele criou ainda um treinamento digital gratuito, a Maratona do Sono, onde usa técnicas da Terapia cognitivo-comportamental para insônia (TCC-I) para ajudar pessoas do outro lado da tela a adotarem ações de autocuidado a partir do controle de estímulos externos, higiene do sono e relaxamento, entre outros.

"A TCC-I é indicada como primeira alternativa no tratamento da insônia, tendo como principal missão ajudar as pessoas insones a entenderem os gatilhos que comprometem o sono, compreendendo melhor as suas causas primárias e os desdobramentos disso. A terapia dá a essas pessoas os subsídios, com técnicas cognitivas e comportamentais, para a retomada de um sono mais tranquilo", frisa Abud.

Mesmo à distância, os benefícios da adoção dessas técnicas vêm sendo provados. Um estudo da Universidade de Michigan, divulgado no ano passado, destacou que pacientes que buscaram a terapia por meio da telemedicina tiveram respostas tão positivas quanto aqueles que passaram pessoalmente pelo processo. E isso abre frentes que podem possibilitar um acesso mais amplo ao cuidado especializado - especialmente em tempos de quarentena estendida.

Quem já passou e superou o problema sabe bem como é. A mineira Francisca de Oliveira Ferreira Arquete sofreu com a insônia por treze anos, mas viu tudo piorar em meados de 2020, quando a pandemia ainda estava em seus primeiros meses no Brasil. Ela conta que as noites mal dormidas geravam nela a sensação contínua de cansaço, irritabilidade constante e crises de ansiedade. E ainda havia consequências ligadas a sintomas físicos, como dores estomacais:

"Uma das coisas que eu aprendi a partir dessas técnicas para lidar sem uso de medicações com o problema foi sobre a rotina de sono. Como eu não dormia durante a semana, eu achava que devia, por exemplo, passar o domingo inteiro na cama para compensar. Tenho certeza que muita gente se identifica, se cansa durante a semana e usa o fim de semana para amenizar, que é a coisa de você perder o ‘apetite pro sono’. Curar a insônia mudou completamente minha saúde, a qualidade de vida que ganhei é impressionante", comenta ela.

Segundo Abud, o sono é muito importante para o equilíbrio físico e emocional e a falta dele afeta a química do cérebro, levando a problemas em nossos relacionamentos e nossa produtividade também. "Uma noite mal dormida é, provavelmente, a principal responsável pela falta de concentração e atenção que uma pessoa pode ter. Ao longo do tempo, isso vai nos afetando de uma forma que pode levar a doenças como obesidade, diabetes e hipertensão, e comprometer ainda mais nossa saúde mental, levando inclusive à depressão", finaliza.

Para contribuir para noites de sono mais tranquilas, o psiquiatra Marco Abud lista as recomendações básicas para quem estiver passando pelo problema:

1. Evite eletrônicos, como celular e tablets, enquanto estiver na cama e antes de dormir, pois são estimulantes.

2. Deite-se apenas quando estiver com sono.

3. Evite café, chá preto, refrigerantes ou medicamentos que contenham cafeína pelo menos quatro horas antes de se deitar.

4. Não consuma bebidas alcoólicas no mínimo 6 horas antes de dormir.

5. Não faça refeições pesadas antes de dormir, como feijoada ou churrasco.

6. Cuidado com as sonecas durante o dia.

7. Faça exercícios físicos no máximo de 4 a 6 horas antes de dormir e de preferência ao ar livre.

8. Procure expor-se à luz solar todos os dias, pela manhã ou no final da tarde.


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