Pacientes com este tipo de câncer, mais comum em pessoas com mais de 60 anos, possuem mais risco de desenvolver complicações pela COVID-19
O mieloma múltiplo (MM) é um tipo de câncer do sangue que tem início na medula óssea quando, no momento em que os linfócitos B estão se diferenciando, acontece um erro e eles se tornam plasmócitos anormais. Essas células podem se aglomerar e formar tumores tanto dentro do osso (intramedular) quanto fora (extramedular). Quando existem vários grupos de plasmócitos, dá-se o nome de mieloma múltiplo.
O Instituto Nacional de Câncer não possui estimativas da incidência da doença no Brasil. Segundo dados internacionais, atinge quatro a cada cem mil pessoas, o que representaria cerca de 8 mil casos anuais por aqui.
“Como na maior parte dos casos de câncer, quanto antes o mieloma múltiplo for diagnosticado, melhor”, destaca a presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia, Merula Steagall. Durante todo o mês, a Abrale divulga a campanha Março Borgonha, para alertar sobre os sinais e tratamento da doença.
O reconhecimento da doença e o início
rápido do tratamento é fundamental para melhores prognósticos, especialmente
neste cenário de pandemia. Os pacientes com mieloma múltiplo são considerados
de risco para desenvolvimento de complicações para a COVID-19. Também estão na
lista dos grupos prioritários no Plano Nacional de Vacinação para receber a
imunização. As vacinas aprovadas para uso
emergencial no Brasil são feitas com vírus inativado, portanto, seguras aos
pacientes com câncer.
Em 2020, a Abrale foi
responsável pela coleta de dados brasileiros para uma pesquisa internacional
sobre os obstáculos que pacientes com mieloma múltiplo enfrentaram durante a
pandemia. Foram entrevistados cerca de 300 pacientes no Canadá e América Latina
para levantar dados da doença e da condição dos pacientes, inclusive, o impacto
socioeconômico e o difícil acesso ao tratamento.
O levantamento demonstrou que
a dificuldade para falar com um médico especialista e a distância dos hospitais
foram os maiores impasses que os indivíduos encontraram no “novo normal” que
vivenciamos.
Dentre as dificuldades
identificadas, 37% dos entrevistados alegaram ter problemas com as instalações
de tratamento devido a conflitos relacionados à pandemia, transporte e
distância.
O que é o mieloma múltiplo
O mieloma múltiplo é um tipo de câncer de sangue mais comum aos idosos, mais pode ocorrer em adultos jovens e até em crianças. Alguns pacientes podem ser assintomáticos, ou seja, não apresentar nenhum tipo de sinal da doença – em especial, se os plasmócitos se infiltram em pouca quantidade na medula óssea e a produção de proteína M (um amontoado de proteínas “bagunçadas”, geradas pelos plasmócitos anormais) é pequena.
Já nas situações em que há uma maior infiltração e maior produção da proteína M, o paciente poderá apresentar sinais como cansaço extremo, fraqueza, palidez e perda de peso; mau funcionamento dos rins, inchaço nas pernas; sede exagerada, perda de apetite, constipação grave; dores ósseas (especialmente na coluna) e fraturas espontâneas; além de infecções constantes.
Para os pacientes assintomáticos, muitas vezes o diagnóstico de mieloma múltiplo é realizado através de exames de rotina. O mais usual é o exame de sangue comum, em que é possível ver as alterações das células.
“Atualmente, para o paciente sintomático,
as classes terapêuticas existentes trazem excelentes resultados: quimioterapia,
transplante de medula óssea autólogo, imunomoduladores, inibidores de
proteassoma e até mesmo a imunoterapia”, afirma o onco-hematologista Breno
Gusmão, integrante do Comitê Médico da Abrale. “Temos a expectativa de
novidades, como a utilização do CAR T Cell (a partir de células de defesa
reprogramadas do próprio paciente), anticorpos biespecíficos e anticorpos
conjugados, que se apresentam como uma revolução na ciência”, ressalta.
Sobre a ABRALE
A Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale)
foi fundada por pacientes e familiares em 2002, com a missão de oferecer ajuda
e mobilizar parceiros para que todas as pessoas com câncer do sangue no Brasil
tenham acesso ao melhor tratamento. A atuação da associação é sustentada por
quatro pilares: Apoio ao Paciente, Educação e Informação, Pesquisa e
Monitoramento e Políticas Públicas.
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