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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Tratamentos que utilizam sangue do próprio paciente são destaque de Congresso Mundial de Dermatologia


Uso do PRP - Plasma Rico em Plaquetas - é indicado para queda de cabelos, calvície, estrias e cicatrizes  


Uso do PRP - Plasma Rico em Plaquetas - é indicado para queda de cabelos, calvície, estrias e cicatrizes  
  
O AnnualInternational Master CourseonAging Science (IMCAS) World Congress 2019, um dos maiores encontros da dermatologia mundial foi realizado em Paris, entre os dias 31 de janeiro e 2 de fevereiro. O evento, conhecido por apresentar as novidades em procedimentos e medicamentos, teve entre os principais destaques o uso do PRP. 8 mil especialistas participaram ainda de discussões sobre avanços  nos  tratamentos de doenças e rejuvenescimento em diferentes áreas do corpo. 


Os avanços no uso do PRP   

Segundo a médica brasileira Denise Steiner, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, que participou do encontro, o uso do PRP  na medicina é inovador e permite diferentes formas de utilização. A técnica consiste na utilização do sangue coletado do próprio paciente, que deve ser saudável e não estar fazendo uso de medicamentos. Num ambiente protegido, o sangue coletado passa por uma centrífuga e a parte vermelha é separada da parte amarelada, a parte onde se encontram as plaquetas - estruturas que liberam fatores naturais de crescimento. Elas também chamadas de "citoquinas" - que agem em receptores no organismo. "O PRP faz parte da chamada medicina regenerativa que utiliza recursos do próprio organismo nos tratamentos e vem conquistando cada vez mais espaço em diferentes áreas da medicina", destaca a Dra. Denise. 

Os tratamentos dermatológicos com uso do PRP funcionam da seguinte maneira: o líquido das plaquetas é injetado, por meio de seringas, diretamente na pele, seja através de técnicas de micro-agulhamento, seja por micro-infusão de medicamentos. O procedimento é indicado para os tratamentos capilares, como queda e envelhecimento do cabelo e calvície. "O uso do PRP melhora a qualidade de espessura dos fios. Pode ser associado a outros tratamentos por via oral e até como substituto da Finasterida, para as pessoas que apresentam problemas com essa substância. O PRP é indicado também para tratar estrias, cicatrizes e o envelhecimento cutâneo, nesse caso é usado junto com a radiofrequência e diversos tipos de laser, por exemplo em regiões específicas do pescoço, nesse caso com a técnica de micro-agulhamento", acrescenta a médica.  

A Dra. Denise Steiner é uma das maiores especialistas no uso do PRP na dermatologia. Ela coordenou um grupo de trabalho do Departamento de Dermatologia da Universidade de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, sobre o uso do Plasma Rico em Plaquetas. No estudo, 20 pacientes foram submetidos a 3 aplicações de PRP num intervalo de um mês. "O estudo, inédito no Brasil, contou ainda com a parceira de pesquisadores da Universidade de Maringá e os resultados foram bem satisfatórios e com pouquíssimos efeitos colaterais", conclui a dermatologista. 


Tratamentos com células-tronco da gordura  

Um outro tema importante abordado no IMCAS foi a questão da fração mesenquimal da gordura. Nessa técnica, a gordura que é retirada do paciente por lipoaspiração apresenta frações de células tronco - que são as células que dão origem a todos os tecidos e órgãos do corpo e possuem a capacidade única de se renovar. As células-tronco já são usadas para reparar tecidos que foram danificados por doenças, por acidentes ou pelo envelhecimento natural. Na dermatologia, esse tipo de célula vem sendo usado para tratar a flacidez, calvície e promover o rejuvenescimento do rosto.  "Quando essas células-tronco mesenquimais são estimuladas, elas podem produzir colágeno e tem uma função altamente regenerativa que auxiliam muito nos resultados finais. Então, quando se faz um preenchimento com a própria célula gordurosa você não está fazendo só com o tecido gorduroso. Mas também com a fração mesenquimal de células-tronco", explica.  


Tratamento das mãos 

É sempre bom lembrar que as mãos podem revelar a idade da pessoa e hoje se fala muito no uso de recursos combinados para buscar o rejuvenescimento dessa parte do corpo. Por exemplo, usar laser para manchas e laser para peeling junto com preenchimento. Para as mãos, o melhor preenchimento que está sendo considerado pelos especialistas é a Hidroxiapatita de cálcio. "quando essa substância não está diluída, ela promove um preenchimento bem adequado e quando ela está diluída pode gerar uma bioestimulação. A novidade é que você associa um mesmo tratamento num mesmo local", acrescenta a médica. 


Drug delivery 

Alguns médicos estrangeiros falaram da micro-infusão de medicamentos feita por uma máquina com motor, do mesmo tipo usado em tatuagens. A máquina faz  a aspiração e provoca uma difusão do medicamento na pele, o que estimula a vascularização por causa da picada e dos fatores de crescimento gerados com o pequeno sangramento que ocorre. A técnica é indicada para alopécia não genética, melasma e fotoenvelhecimento. 


Melasma 

O uso do ácido tranexâmico via oral está mundialmente consagrado para o tratamento do melasma, como foi observado pela Dra. Denise durante o Congresso. E nesse aspecto o Departamento de Dermatologia da Universidade de Mogi das Cruzes, também é pioneiro, uma vez que foi o primeiro a realizar um protocolo que comparou o uso do ácido tranexâmico com placebo.  
Também para o tratamento do Melasma uma outra novidade é o uso da Cisteamina, uma substância tópica para tratar o melasma. É um clareador com potencial maior que a hidroquinona, que apresenta um cheiro forte e uma dificuldade maior de estabilização. A nova substância beneficia, principalmente, os pacientes que apresentavam resistência a fórmula clássica de tratar a doença, uma combinação de hidroquinona, ácido retinoico e corticoide.  
  

Rosácea 

Principal abordagem apresentada no evento: uso da Toxina botulínica diluída e injetável para diminuir o avermelhamento e fechar os poros.  O tratamento pode ser feito com injeção ou infusão de medicamentos com micro-agulhamento. 


Rejuvenescimento do pescoço 

Combinação de técnicas de radiofrequência e ultrassom. E também de bioestimulação, feita com hidroxiapatita ou com ácido poliláctico e tratamento específico das linhas horizontais do pescoço com preenchedores especiais. Um ácido hialurônico com pouca concentração usado linha a linha.  


Uso de Bioestimuladores  

bioestimulação consiste no uso de substâncias, aprovadas, compatíveis com  a pele e com capacidade de quando diluídas e espalhadas sobre a superfície do corpo estimular o colágeno. Essa estimulação do colágeno está relacionada a vários fatores, como o plano de aplicação, a capacidade da substância e a resposta da própria pessoa. É um recurso que tem sido associado aos preenchedores não só no rosto mas também em outras partes do corpo. 

Bioestimulação é uma tendência para se tratar pescoço flácido, braços, abdômen, umbigo triste e o bumbum. No tratamento, são usadas diferentes substâncias em quantidades adequadas para o objetivo proposto. "Entre essas substâncias temos o ácido poliláctico e a hidroxiapatita de cálcio com diluição específica e técnicas de aplicação para levantar o bumbum e vetores para que se possa fazer uma reestruturação dessas regiões", conclui a Dra. Denise Steiner.  






Dra. Denise Steiner - Dra. Denise Steiner é médica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da qual foi presidente entre os anos de 2013 e 2014. Dra. Denise Steiner também é especialista em Hansenologia, em Saúde Pública e em Medicina do Trabalho, além de ser Doutora em Dermatologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Também é autora de várias publicações de reconhecimento nacional e internacional, entre elas: “Calvície – Um assunto que não sai da cabeça”, “Beleza sem Mistério” e “Envelhecimento Cutâneo”.   


Cuidados odontológicos podem amenizar incômodos causados pelo tratamento do câncer


O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) aponta que o cirurgião-dentista pode amenizar os efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia colaborando para o bem-estar físico e emocional do paciente


O bem-estar físico e emocional pode elevar a autoestima. Por isso, uma pessoa em tratamento de câncer precisa de amplo amparo da família, amigos e profissionais da saúde. São vários desafios enfrentados nessa fase, uma vez que a indicação da quimioterapia e radioterapia resulta em efeitos colaterais bastante incômodos e até mesmo dolorosos.

Alguns deles afetam diretamente a boca e por isso o acompanhamento com o profissional da saúde bucal é fundamental. “O tratamento com quimioterápicos e radioterápicos acaba desestruturando algumas células da mucosa bucal, provocando lesões, resultantes dos severos efeitos colaterais. Entre elas a mais comum é a mucosite”, aponta a cirurgiã-dentista e membro da Câmara Técnica de Estomatologia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Fabiana Quaglio.

Ela explica que é importante que essas lesões bucais sejam prevenidas, tratadas e diagnosticadas pelo cirurgião-dentista em parceria com a equipe de oncologia, pois causam diversos incômodos como transtornos na alimentação, na fala e consequentemente na recuperação geral do paciente.

“Ao iniciar a quimioterapia, a recomendação é também começar o acompanhamento com o cirurgião-dentista que utilizará tratamentos e manobras preventivas ao aparecimento das lesões, amenizando o desgaste e sofrimento causados pela mucosite”, aponta a cirurgiã-dentista.

O tratamento com laser de baixa potência (red/infrared) é comumente utilizado para o preventivo/curativo dessas lesões, diminuindo o aparecimento das feridas, acelerando o processo de cicatrização e reduzindo a sensação dolorosa dessas úlceras que acometem a cavidade bucal e todo o trato gastrointestinal. 

“Amenizando a sintomatologia dolorosa, o paciente volta a se alimentar melhor e tudo aos poucos vai se recuperando. A saúde geral é prontamente reestabelecida já que a imunidade do paciente também se reestabelece com o passar dos dias após os ciclos de quimioterápicos.”, diz Fabiana.

Ela acrescenta que o laser pode ser usado após o surgimento das lesões, bem como outros produtos como o óleo de vitamina E que auxilia na lubrificação dos tecidos orais diminuindo o atrito existente no ato de falar ou mastigar. Assim, o paciente obtém maior conforto no dia a dia em lidar com as feridas na boca.

“O chá de camomila tem ação anti-inflamatória comprovada e também pode ser um poderoso auxílio da sintomatologia dolorosa quando bochechado preferencialmente gelado, proporcionando uma sensação refrescante e ao mesmo tempo de alívio na ardência e queimação ocasionadas pela mucosite”, esclarece Fabiana.

Outro produto recomendado é o soro fisiológico que pode ser utilizado como veículo na higienização da cavidade oral fragilizada pelos efeitos colaterais da quimioterapia. “A higienização mecânica (escovação) é fundamental no controle da flora bacteriana presente na boca e não pode ser dispensada ou descuidada. Então lançamos mão de produtos que possam aliviar, uma vez que o simples ato de escovar os dentes se torna uma batalha árdua para o paciente em quimioterapia. Existem diversos recursos e protocolos a seguir que nos dão a oportunidade de amenizar o sofrimento e curar lesões”.

Entre os produtos recomendados há cremes dentais sem o lauril sulfato de sódio, responsável por criar a espuma, mas que também provoca certo ardor e enxaguantes bucais sem álcool.


O contato com o cirurgião-dentista

As consultas regulares ao profissional também contribuirão para o controle de outros problemas em decorrência do tratamento de câncer, como a colonização da mucosa por fungos (candidiase), inflamação na gengiva e sangramentos.

“É importante que o paciente faça o controle da saúde bucal no consultório. Isso evita problemas como gengivite que pode evoluir para uma periodontite e até mesmo causar a perda de elementos dentais em casos mais extremos. Assim também temos mais condição de zelar pelos cuidados e manutenção do estado geral de saúde do paciente dificultando o aparecimento de infecções oportunistas já que a imunidade dessa pessoa está muito baixa e as defesas do organismo debilitadas”.

Nesses encontros com o cirurgião-dentista o paciente também recebe um remédio bastante eficaz para o tratamento do câncer: a compreensão. Nesse processo, o profissional também deve estar atento para ouvir, apoiar, transmitir firmeza e segurança de que o tratamento vai ser eficaz e de que aquela fase vai passar.

“Somos um ombro, um consolo, não podemos nunca nos esquecer de que somos todos humanos temos dor, medo, tristezas e de que uma única palavra pode fazer toda a diferença na vida do paciente, seja a doença que for”, alerta Fabiana.

“É nossa missão e responsabilidade enquanto profissionais de saúde levar apoio, tratamento, cura e amor a quem precisar. Vai além de devolver um sorriso bonito e sim ajudar a eliminar as dores, passar segurança, contribuindo para a autoestima e o bem-estar, pois estamos todos no mesmo barco, na mesma jornada”, acrescenta.


Prevenir é sempre a melhor medida

Algumas práticas podem ser importantes na prevenção do câncer como adotar hábitos alimentares saudáveis e praticar exercício físico. Evitar o consumo excessivo de álcool e não fazer o uso do cigarro e/ou narguile também farão a diferença. Outro ponto importante é tomar as devidas precauções para evitar a contaminação oral pelo HPV, lesão cancerizavel. 

"Consulte o seu cirurgião-dentista regularmente, questione sobre o uso correto do fio dental, sobre a escovação e utilização de enxaguatórios bucais. É importante fazer também um check-up a cada 4 ou 5 meses”, destaca a cirurgiã-dentista.

“Se informar para poder prevenir. Essa é a receita para manter sua saúde bucal em dia e o seu ou sua cirurgião-dentista é o profissional certo pra isso", resume Fabiana.





Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)


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