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segunda-feira, 9 de abril de 2018

Redução do número de leitos hospitalares faz aumentar espera por cirurgias pediátricas


Mutirões não resolvem o problema da saúde pública brasileira, mas, ao menos, restabelecem, em menor tempo, a qualidade de vida dos pacientes operados e reduzem, ainda que momentaneamente, as filas de espera do SUS.


No dia 5 de maio, com o intuito de reduzir as filas de espera por cirurgias pediátricas na rede pública de Saúde do país, a Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica (CIPE) irá realizar o XII Mutirão Nacional de Cirurgia da Criança. Até o momento, a iniciativa – que se repete anualmente desde 2006, beneficiando milhares de crianças e adolescentes – conta com a adesão de 16 serviços, de oito estados e do Distrito Federal.
O mutirão se concentra na realização de cirurgias ambulatoriais, eletivas, que, na maior parte das vezes, não necessitam que o paciente seja internado; após ser operado, ele permanece no hospital por poucas horas, em recuperação e observação, podendo retornar a sua casa no mesmo dia. Tratam-se de cirurgias mais simples, de baixa complexidade. Na ocasião, a maior parte dos procedimentos consiste em operações de fimose (também chamada de postectomia ou circuncisão), orquidopexia (para fazer descer o testículo, retido na região inguinal, para que possa se desenvolver naturalmente) e hipospadia (que corrige a posição anormal da abertura uretral masculina) e para a eliminação de cistos e h&am p;am p;am p;am p;ea cute;rnias (umbilicais e inguinais).
O presidente da CIPE, Dr. João Vicente Bassols, ressalta que “além de beneficiar diretamente esse grupo de pacientes, ao reduzir as filas de espera nos hospitais do país, especialmente os públicos, os mutirões também favorecem crianças e adolescentes que aguardam pela realização de cirurgias mais complexas, que exigem internação”.
E hoje, talvez mais do que em passado recente, os mutirões voluntários passam a ter um papel de grande importância para o paciente cirúrgico pediátrico. Com as restrições orçamentárias a que também a saúde pública do país vem sendo submetida nos últimos anos, a situação que estava longe de ser a ideal, piorou muito. “No campo pediátrico, o descaso do poder público é grande. Houve o fechamento de diversos hospitais pediátricos públicos, acentuada redução no número de leitos hospitalares e em UTIs, substituição de plantões presenciais por plantões à distância e restrições para a realizaç& ; ; ; ;ati lde;o de cirurgias eletivas”, comenta o Dr. Bassols.
Ele ainda lembra que a gravidez precoce e tardia e o uso de drogas levaram ao aumento do número e da gravidade das malformações congênitas, que demandam correções cirúrgicas.


Os números do descaso

Levantamentos realizados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostram que a Cirurgia Pediátrica foi uma das especialidades mais prejudicadas pelos cortes orçamentários dentro do SUS.
Estudo realizado pelo CFM junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde, apontava que entre dezembro de 2010 e dezembro de 2015 ocorreu acentuada queda no número de leitos do SUS em 19 estados. Cirurgia Pediátrica, Psiquiatria, Cirurgia Geral e Obstetrícia foram as áreas mais afetadas.
Naquele período, na rede pública de saúde, foram extintos quase 24 mil leitos destinados a internação por período superior a 24 horas, grande parte destes destinada a pacientes cirúrgicos pediátricos. Nesse período, o número de vagas hospitalares caiu de 335,5 mil para 312 mil, o que equivale à desativação de 13 leitos por dia, mesmo diante do crescimento populacional do Brasil. Entre 2010 e 2016, a população passou de 196,8 milhões de habitantes para 207,7 milhões, de acordo com dados divulgados pelo IBGE. Em março de 2018, o número de habitantes do país já era de 208,7 milhões. Esse crescimento se deve ao aumento da longevidade da população e também aos nascimentos e à queda da mortalidade infantil.
Voltando ao estudo do CRM, observa-se que a Cirurgia Pediátrica perdeu no período nada menos que quase 9 mil leitos do SUS (exatamente 8.913 leitos), e mais 1.199 de leitos não SUS, e que essa tendência não se reverteu a partir de 2016. Muito pelo contrário.
Em dezembro de 2017, a SBP denunciava que pelo menos 68 mil crianças e adolescentes (de zero a 19 anos) encontravam-se em filas de espera por cirurgias pediátricas eletivas no país (solicitadas até junho daquele ano). A denúncia se baseava nas informações oficiais obtidas junto às secretarias de Saúde de cinco estados (Ceará, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rondônia e Tocantins) e de quatro capitais (Aracajú, Fortaleza, Porto Alegre e São Paulo). Apesar de consultadas, a maioria das instituições não respondeu à pesquisa ou forneceu dados incompletos, o que indica que, muito provavelmente, o número é bem maior.
Em nova denúncia, divulgada recentemente, a entidade relata que faltam de mais de 3 mil leitos em UTIs neonatais no país e que cerca de 60% dos existentes concentram-se no Sudeste.


Apelo nacional

“Sabemos que os mutirões da CIPE, por maiores que sejam, não resolvem o problema da saúde pública brasileira, mas, ao menos, restabelecem, em menor tempo, a qualidade de vida dos pacientes infanto-juvenis operados e reduzem, ainda que momentaneamente, a espera por cirurgias pediátricas no SUS”, constata o presidente da associação.
Além de conclamar os hospitais, especialmente os públicos e filantrópicos, como Santas Casas de Misericórdia, a se integrarem a este XII Mutirão Nacional de Cirurgia da Criança, o presidente da CIPE pede “especial atenção dos responsáveis pelos órgãos de saúde da administração pública com a saúde de crianças e adolescentes, ampliando o número das equipes cirúrgicas e garantindo-lhes condições de trabalho adequadas e leitos e instalações apropriadas a esses pacientes, de forma a reduzir drasticamente o tempo de espera para a solução de seus problemas de saúde”.

Serviços com participação já confirmada

Estado/Distrito Federal
Serviço/Cidade
Distrito Federal
H. Universitário (HUB) – Brasília
Minas Gerais
Santa Casa de Misericórdia – Belo Horizonte
H. de Clínicas da UFTM – Uberaba
Pará
Santa Casa de Misericórdia – Belém
H. Regional Público do Araguaia – Redenção – Pará
Paraná
H. Universitário Regional dos Campos Gerais – Ponta Grossa
Rio de Janeiro
H. Alcides Carneiro – Petrópolis
H. Municipal da Mulher – Cabo Frio
Rio Grande do Sul
H. da Criança – Santa Casa de Misericórdia – Porto Alegre
H. da Criança Conceição – Porto Alegre
Santa Catarina
H. Infantil ‘Joana de Gusmão’ – Florianópolis
H. São José – Criciúma
São Paulo
H. São Camilo – Santa Casa de Misericórdia – Itú
Santa Casa de Misericórdia – Araçatuba
Instituto da Criança – H. das Clínicas (FMUSP) – São Paulo
Tocantins
Hospital Infantil Público – Palmas


Acompanhe a evolução das adesões pelo site e pela página da CIPE no Facebook.

´ Cinco dicas para quem precisa se reinventar profissionalmente depois da maternidade


A maternidade não é tarefa fácil. De repente, aquela mulher que se achava poderosa, profissional exemplar, responsável por decisões importantíssimas se sente insegura para decidir se medica ou não uma febre, se leva no pediatra homeopata ou no alopata quando está doente, se dá uma bronca ou um abraço quando a criança desobedece e cai do banquinho que não deveria ter subido. Em momentos assim, nos sentimos sozinhas e, muitas vezes, impotentes.

E, como se isso não bastasse, experimentamos, ao mesmo tempo, outros sentimentos completamente opostos. Nos sentimos fortes como leoas defendendo nossa cria, sobrevivemos bravamente a centenas de noites sem dormir, experimentamos uma felicidade inexplicável ao presenciar um simples sorriso.

Vivemos essa polaridade de sentimentos e sensações. E é com esse vulcão interno que muitas de nós tenta voltar a investir no papel profissional como se nada de diferente estivesse acontecendo. Na minha opinião, é aí que está o erro.

A sociedade tenta nos fazer acreditar que dá para separar a mulher profissional desta nova mulher, agora mãe. E não dá. Nosso corpo, nossa mente, nossas emoções, nossa alma, tudo está integrado. E precisamos nos reinventar profissionalmente após a maternidade, ou após qualquer outra experiência transformadora que vivemos.

Mas ainda se fala muito pouco sobre isso. Encontramos dicas sobre enxoval, amamentação e introdução alimentar. Sobre como brincar e o que fazer quando a criança faz birra. Sobre adaptação escolar e como voltar à forma depois da maternidade. Mas quase nada sobre os desafios de conciliar, de fato, maternidade e carreira.

Por isso, quando eu voltei da minha licença maternidade, procurei ouvir outras experiências, saber como diferentes mulheres lidam com essas questões, como se reinventaram nesta nova fase. 

Assim eu me reinventei também. Não chutei o balde, não abri mão dos meus sonhos, mas também não fiquei achando que tudo ia seguir do ponto em que tinha parado. Tive que fazer escolhas e assumir riscos. No começo foi muito difícil escrever o meu caminho, mas hoje olho satisfeita com as escolhas que fiz e com o que consegui. Então, fico à vontade para compartilhar algumas dicas que serviram para mim. Quem sabe elas ajudem você que está passando por esta fase também:

  1. Não fique sozinha, remoendo suas dúvidas e sentimentos. Procure informação, conheça diferentes experiências e compartilhe as suas experiências com outras mulheres que estão passando por esta mesma situação. 
  2. Forme uma rede de apoio no local de trabalho. Não espere compreensão de todos os que trabalham com você. Reconheça quem está mais próximo de entender e ajudar você e se aproxime, pedindo um colo, quando precisar. Geralmente outras mães com filhos de idades próximas passam por situações semelhantes e são as melhores companhias nessas horas.
  3. Reconheça que agora você é uma pessoa diferente, dê valor ao que melhorou e não dê tanta ênfase para o que piorou. A memória foi embora? Tudo bem, isso acontece mesmo, mas será que você não ficou mais focada e produtiva em seu horário de trabalho? Talvez mais empática com os outros ou, quem sabe, mais intuitiva para algumas decisões?
  4. Não escolha “família” ou “carreira”. Se os dois forem importantes para você, fique com os dois. Conheça os seus direitos para poder reivindicá-los se necessário e busque soluções criativas para driblar os desafios que você, assim como eu, vai encontrar.
  5. Acredite que é possível encontrar novos caminhos se você se fortalecer, investir em você, em seu desenvolvimento integrado, isto é, considerando a conexão entre seu corpo, sua mente, suas emoções, suas relações e um novo propósito para a sua vida. Isso vai te fortalecer para superar seus desafios!
            Assim como todas as mudanças importantes na vida, a maternidade nos modifica por inteiro, em todos os nossos papéis. Permita-se identificar a nova mulher que nasce junto com a mãe e, com isso, a nova profissional também. 

            E você, que desafios está vivendo em seu papel profissional depois de se tornar mãe? Tem dicas para compartilhar?





Magele Valdo - Gerente do X.five, formada em Psicologia e pós-graduada em Psicologia do Desenvolvimento e em Psicodrama com especialização em Sócio Psicodrama e Ciências Comportamentais. Possui experiência de 12 anos em orientação de carreira e psicologia organizacional. No Grupo Bridge, ela é gestora do X.five (frente voltada ao desenvolvimento individual), especialista em inovação e líder da Incubadora. Responsável pelo desenvolvimento de novos negócios inovadores e escalonáveis. É reconhecida pelos colegas por seu perfil iconoclasta, aquela com habilidade de romper paradigmas, criar e fazer diferente sempre, e por sua capacidade de aprofundar e dar consistência conceitual às ciências do desenvolvimento humano.


Transplante de órgãos ameaçado pela indústria do favorecimento ilícito


No aclamado seriado House of Cards, o personagem de Kevin Spacey é o presidente dos EUA. Ele é baleado no fígado e necessita de um transplante, mas lá (assim como aqui) não se poderia passar o presidente à frente dos outros, pois o valor da vida de qualquer pessoa deve ser o mesmo, não importando sua classe social, econômica e cultura. A resposta do médico na série é a de que essa é a lei e ponto. É fato que, por uma manobra ilícita, um assessor do governo acaba por conseguir o próximo órgão que seria doado no país. E o presidente recebe o fígado em lugar de um pai de família, que morre.

O transplante de órgãos é um dos grandes problemas e gargalos sanitários do Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o país registrou 33 mil adultos e crianças na fila de espera por um transplante de coração, rins, pulmão e fígado no ano passado. Trata-se de uma fila única, nacional e que possui critérios rígidos de inclusão, de acordo com a gravidade dos pacientes. Entretanto, apesar de estarmos evoluindo na cultura de doação de órgãos para salvar vidas, há organizações criminosas que furam essa fila para ganhar dinheiro de forma ilegal e ilícita.

Exemplo foi a recente operação da Polícia Federal que prendeu o ex-coordenador do programa de transplante do Rio de Janeiro, Joaquim Ribeiro
Filho, resultado de uma denúncia do Ministério Público Federal feita à Justiça contra cinco médicos do Hospital Universitário Clementino Fraga
Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O grupo é acusado de desvio de órgãos entre 2003 e 2007, utilizados para furar a fila e a
ordem da lista nacional de transplantes de fígado.

Importante ressaltar que esse tipo de ação criminosa é um verdadeiro atentado contra a vida. Centenas de pessoas morrem na fila aguardando um
órgão mesmo dentro dos critérios normais. E essa estatística se agrava com esse tipo de atitude ilícita e antiética de profissionais da saúde, em
especial, médicos. Um órgão não pode ser comercializado no Brasil, é ilícita a compra de um órgão. Desta forma, o favorecimento financeiro para que alguém seja passado à frente, também é ilícito, imoral e antiético.

Vale ressaltar também que esses médicos fazem parte de um sistema, um mecanismo social que querer tirar vantagem com métodos fora da lei. A fila é única, tanto faz se as pessoas pertencem ao sistema público (SUS) ou ao sistema privado de saúde. Inclusive, o SUS oferece assistência integral para esses pacientes, como exames preparatórios, procedimento cirúrgico, recuperação e medicamentos necessários no pós-cirúrgico.

Trata-se de um atendimento com alto custo. Ou seja, toda vez que este sistema é fraudado significa que se deu um golpe de alto valor para a saúde
brasileira. E, além de questão financeira, também pode significar que uma ou mais pessoas morreram na fila de espera em detrimento daquele favorecido.

Infelizmente, o alto número de pessoas que esperam na fila é o que alimenta essas quadrilhas. Isso porque só existem criminosos que atuam no esquema para  furar a fila do transplante porque existem pessoas que se dispõem a pagar altos valores para passar na frente de outros pacientes. Ou seja, retroalimentam esse mecanismo de fraude.





Sandra Franco - consultora jurídica especializada em direito médico e da saúde, doutoranda em Saúde Pública, presidente da Comissão de Direito Médico e da Saúde da OAB de São José dos Campos (SP) e membro do Comitê de Ética para pesquisa em seres humanos da UNESP (SJC) e presidente da Academia Brasileira de Direito Médico e da Saúde - drasandra@sfranconsultoria.com.br


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