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sexta-feira, 19 de maio de 2017

Maio Roxo ressalta a importância da conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais



 Especialista do Hospital São Luiz explica que enfermidades podem ser incapacitantes


 19 de março é a data dedicada mundialmente à conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais, mas a campanha mundial Maio Roxo lembra esta causa durante todo o mês. Dentre as enfermidades que fazem parte deste grupo, as principais são a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. 

 As duas têm muitas semelhanças, mas a principal diferença entre elas é que a Doença de Crohn afeta o intestino como um todo e pode se manifestar em todos os segmentos do sistema digestivo, da boca até o ânus, além de causar lesões mais graves e até deformidades intestinais. Já a Retocolite Ulcerativa atinge a mucosa intestinal, no intestino grosso no reto. 

 “São doenças que ainda hoje têm a causa um pouco controversa. O mais aceito é que sejam autoimunes, uma tendência familiar ou da própria pessoa para que o organismo comece a atacar o intestino”, explica o Dr. Ricardo Minas, médico clínico e cirurgião do aparelho digestivo do Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco.  

 A importância do Maio Roxo se dá principalmente por dois motivos: a incidência das doenças aumentou nos últimos anos e pelas complicações serem muito graves. “Há 10 ou 20 anos eram patologias mais raras e a população pouco sabia que existiam”, esclarece. Além disso, são muito impactantes na vida dos pacientes e, às vezes, até incapacitantes na vida pessoal e profissional. 

 Em especial na Doença de Crohn, as cirurgias não são curativas e servem para tratar as lesões. A longo prazo, podem ser agressivas, pois os pacientes que precisam operar muitas vezes podem ter complicações como diarreia crônica e problema na absorção de nutrientes. O especialista alerta que quanto mais cedo o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento, com sequelas menores. 

 Ainda difíceis de serem diagnosticadas, porque os sinais iniciais podem ser inespecíficos, as doenças inflamatórias intestinais apresentam sintomas como dor abdominal prolongada por mais de um mês, diarreia, sangramento ou catarro pelas fezes e emagrecimento. Nas crianças, o problema é tão grave que prejudicam o ganho de peso e estatura. 

 Não existe uma forma específica de prevenção e, por isso, é importante ficar atento ao que está acontecendo em seu organismo. O especialista também ressalta que os portadores dessas doenças são mais propensos a ter câncer de intestino do que a população em geral. Não se sabe a causa do aumento da incidência, mas, segundo o médico, a teoria mais aceita é a falta de contato com antígenos e substâncias que podem levar nosso organismo a combatê-las. 


 “A evolução da doença é diferente de pessoa para pessoa. Pode ser que o paciente tenha só uma crise ou pode ser de repetição. Por se tratar de uma doença crônica e de evolução incerta, é difícil falar em cura. O objetivo do tratamento, tanto clínico quanto cirúrgico, é manter a enfermidade em remissão, como se estivesse adormecida”, afirma o Dr. Ricardo.  

 





Hepatite C: planos devem garantir drogas e exames modernos



O tratamento para a Hepatite C, doença viral silenciosa que acomete o fígado, tem evoluído a passos largos.
Entre esses avanços, dois se destacam - e já estão disponíveis: o remédio "Sofosbuvir" e o exame "FIBROSCAN".
O problema é que muitos planos de saúde se recusam a oferecer a cobertura tanto do remédio quanto do exame, o que compromete a recuperação dos portadores da doença.
O Sofosbuvir é um remédio novo. Seu índice de cura é alto (chegando a 90% quando combinado com outras drogas) e seus efeitos colaterais são considerados baixos quando comparados com os medicamentos tradicionalmente utilizados no tratamento da doença.
Mesmo diante de tamanhos benefícios, muitos planos de saúde se negam a oferecer cobertura do remédio.
Para a advogada Gabriella Guerra, especialista em Direito do Consumidor na área da Saúde, tal conduta é abusiva.
"Se o plano cobre a doença de hepatite C e o médico que acompanha o paciente entende que o Sofosbuvir é o medicamento mais adequado para o tratamento, este deve ser coberto pelo convênio", afirma a especialista.

Como agir
Ao receber uma negativa do plano de saúde, o usuário deve procurar a Justiça. Principalmente porque, segundo Gabriela Guerra, os tribunais em geral ficam do lado do consumidor.
"Felizmente, os Tribunais de Justiça são conscientes e os pacientes que estão entrando com ação para conseguir o custeio de referida droga estão obtendo sucesso", diz ela.
Um desses exemplos de sucesso ocorreu recentemente quando o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu em favor de uma consumidora, destacando se tratar do único tratamento possível naquele caso e que a negativa poderia significar dano grave ou de difícil reparação à saúde da paciente.
Já o FIBROSCAN mede a fibrose hepática - cujos níveis elevados estão relacionados à hepatite C - trata-se de um exame menos invasivo e que pode substituir a biópsia hepática.
Segundo Gabriela, "as operadoras também costumam negar a cobertura, alegando que o exame não consta no rol da ANS (lista de procedimentos básicos que um plano deve cobrir)".
Gabriella Guerra ressalta que, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, deve-se levar em conta aquilo que é mais benéfico ao consumidor.
"Ao mesmo tempo que o plano dá cobertura para tratamento de hepatite C, insere cláusula de exclusão para medicamentos orais ou exames que não estão no rol da ANS, o que impossibilita a execução do tratamento eficaz", diz a especialista.
"Porém, o Código de Defesa do Consumidor garante, em seu artigo 47, que nestes casos a cláusula que deverá ser utilizada é a mais benéfica para o consumidor".



Gabriela Guerra, Joanna Porto e Danielle Bitetti, advogadas no escritório Porto, Guerra & Bitetti Associados
Porto, Guerra & Bitetti Advogados
Av. Giovanni Gronchi, 1294 - Morumbi
Cep. 05651-001 São Paulo/SP
Tel: (11) 9 55808791 / 2649 5712


Precisamos falar sobre a depressão entre os jovens



O índice de depressão está aumentando gradativamente ao longo dos anos. Segundo dados do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foram encontrados sintomas indicativos de depressão em 21% dos jovens entre 14 e 25 anos. Entre as mulheres o número aumenta para 28%. Ainda se considerarmos dados mundiais, a OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que 350 milhões já sofreram ou sofrem com a doença.

 Com o aumento dos casos, os pais se preocupam e muitas vezes se questionam sobre como identificar, agir, tratar e prevenir a depressão. Como psicóloga, acredito que para achar as repostas, antes de tudo, precisamos aprender a diferença entre tristeza e depressão, tendo consciência que a primeira é um sentimento e a segunda é uma doença.

 A tristeza é algo que pode atingir a todos em qualquer momento da vida. Suas características são: choro; desânimo; angústia, e até mesmo alguns sintomas físicos como aperto no peito e coração acelerado. Na maioria dos casos ela é passageira, principalmente em contato com experiências positivas. Em minhas consultas, sempre alerto os pais de que qualquer tristeza que dure mais de duas semanas precisa de atenção redobrada. 

 Reconhecida e descrita pelo Código Internacional de Doenças (CID- 10), a depressão pode surgir em qualquer idade, sem precisar necessariamente de motivo e causa intenso sofrimento. Ela pode estar relacionada à tristeza. Seus sintomas mais agressivos costumam ser o desânimo, falta de energia e de interesse até mesmo por atividades consideradas prazerosas. A depressão também pode causar rebaixamento da autoestima, humor deprimido, insônia ou perda da qualidade do sono ou apetite, além da diminuição da autoconfiança, entre outros.

 É fundamental que a qualquer sinal da doença ou até mesmo de uma tristeza persistente, os pais busquem auxilio de um especialista, pois a depressão tem sintomas que às vezes são confundidos com comportamento característico de adolescentes, o que dificulta a identificação.  As escolas e os professores também devem estar atentos aos sinais. É comum, em algumas situações, que o adolescente mantenha uma postura superficialmente estável na presença dos familiares e um comportamento mais instável na escola. Caso isso aconteça, a instituição de ensino  deve comunicar os responsáveis, pois essa atitude é fundamental para ajudar o jovem em questão.

 Outro ponto que acho importante esclarecer é que não existem culpados. A depressão é uma doença causada por fatores externos, ou seja, situações e experiências de vida, fatores biológicos, como alterações hormonais, genéticas ou alteração na produção de neurotransmissores, que são responsáveis pela comunicação neural com nosso sistema límbico, responsável por nossa resposta emocional.

 Ou seja: o que para um pode gerar um trauma irreparável, para outro pode ser vivenciado com menos impacto, causando menos danos emocionais. Não existem regras neste sentido.

 Os pais e os demais familiares podem concentrar sua energia no processo de recuperação e não em buscar culpados. Penso que a participação dos pais é fundamental no processo, pois terão que ser pacientes e confiar no trabalho feito. Há casos em que o paciente tenha que tomar alguns medicamentos. Nesta situação a supervisão da família é extremamente necessária no controle do livre acesso do adolescente ao remédio, não apenas para evitar tentativas de suicídio, mas também assegurar que ele tome a dosagem correta.

 Infelizmente temos muitas notícias recentes de suicídio entre os jovens e adolescentes. Geralmente ele está ligado a fortes sentimentos de angústia e grave sofrimento psíquico. Mas se trata de uma decisão individual, tomada por quem o pratica. Portanto, a culpa dessa fatalidade não pode ser terceirizada.

 Às vezes é possível antever que o jovem está pensando em tirar a própria vida, mas os sinais podem ser sutis. Falta de ânimo discrepante ao habitual, distribuição de objetos pessoais e frequência em que falam sobre a morte são algumas das características que podem ser observadas. Ao notar qualquer sinal indicador de depressão, sofrimento, ou até mesmo do próprio suicídio, é de extrema importância que a família evite que o adolescente fique sozinho e busque tratamento psicológico e psiquiátrico.

 Outro agravante que tem despertado preocupação entre os especialistas e gera controvérsias, é que, ao longo dos anos observa-se que, quando o tema suicídio se torna frequente na mídia, os atos e/ou tentativas aumentam de forma considerável. Essa observação é pertinente com a realidade que vivemos, onde a depressão é o mal do século, por meio do mundo virtual, que muitas vezes isola o individuo, além dos mais recentes e mais comentados como o jogo da Baleia Azul, atividade  via redes sociais, que propõe desafios depreciativos aos adolescentes, como bater fotos assistindo a filmes de terror, automutilar-se, ficar doente e, na etapa final, cometer suicídio, e a série 13º Reasons Why, que relata o suicídio de uma adolescente com depressão.  

 Esse conjunto de situações e fatos promove a discussão do tema entre profissionais da área e familiares preocupados. Esse debate  é muito importante para que os responsáveis possam acompanhar os jovens, principalmente no que diz respeito ao conteúdo que eles têm acesso para orientá-los de forma adequada. A privacidade dos jovens é uma via de mão dupla – ela é importante em alguns aspectos, mas perder o controle do que acontece em suas vidas não pode ser justificado com respeito à privacidade. O ‘não’, faz parte de uma educação saudável e evita que o adolescente perca o equilíbrio emocional de forma desastrosa em situações de frustração.

 Por fim, é importante que pais e/ou responsáveis sejam sempre compreensíveis, demonstrem confiança, encorajem a prática de atividades de lazer ou esportivas e a vida social. É importante também evitar cobranças e frases como “é apenas uma fase”, “se esforce e você ficará bem” ou “existem pessoas com problemas maiores que os seus”. Abra espaço para conversas onde ambos possam expressar suas opiniões, isso fortalece o relacionamento, encoraja e mostra ao jovem que ele está amparado e que sua doença tem cura.




Juliana Bento - psicóloga da Clinica Fares




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