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quinta-feira, 26 de julho de 2018

ABIA lança Guia para o Sexo Mais Seguro no século 21 e fortalece resposta ao HIV/AIDS

A Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) lançou nesta quarta-feira (25/07) o “Guia do Sexo Mais Seguro – um guia sobre sexo, prazer e saúde no Século 21”.  Este é o 1º guia brasileiro para o sexo mais seguro a incorporar as novas tecnologias biomédicas de prevenção, como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), entre outras. O lançamento aconteceu durante o“Seminário Ativismo Cultural, HIV e AIDS”, na sede da ABIA, Centro (RJ).

O “Guia do Sexo Mais Seguro – um guia sobre sexo, prazer e saúde no Século 21” está disponível online e é direcionado para pessoas maiores de 18 anos que vivem ou não com HIV/AIDS. Além de informações valiosas sobre como se prevenir do vírus HIV, a publicação oferece informações sobre a prevenção de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a sífilis, herpes genital, gonorreia, clamídia, hepatites virais, entre outras.

O guia tem ainda um glossário com terminologias técnicas e expressões populares sobre práticas sexuais e outras palavras usadas para lidar com sexualidade, prazer e saúde. As informações serão atualizadas de acordo com as inovações tecnológicas e/ou comunitárias.

Há 30 anos, a ABIA faz a intersecção entre o HIV, a AIDS e as questões de sexualidade, gênero e reprodução no contexto dos direitos humanos.

A produção deste guia foi desenvolvida pela equipe do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens que tem atuado com o foco nos jovens, gays, homens que fazem sexo com homens (HSH) e pessoas trans.


Para além da biomedicalização

A proposta da ABIA é disponibilizar uma variedade de informações a partir de uma abordagem aberta sobre a sexualidade. Segundo a instituição, não é possível falar de AIDS sem falar de sexo. Para fazer o enfrentamento da epidemia é necessário dialogar sobre saúde e sexualidade e também valorizar as diversas comunidades, identidades e subjetividades presentes hoje na sociedade.

“As pessoas podem acessar a página da ABIA ou a página do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens e se conectarem a um repositório de informações sobre sexo e prazer com foco na saúde. Queremos que usem estas informações de uma maneira que faça sentido para suas vidas”, adiantou Richard Parker, diretor-presidente da instituição.

Juan Carlos Raxach, médico, coordenador da área de promoção da saúde e prevenção da ABIA e responsável pelo conteúdo técnico do guia, lembra que embora a biomedicalização tenha uma força inegável no tratamento e na prevenção do HIV, é preciso dar às pessoas o direito de escolher sua própria estratégia para se prevenirem.

“As pessoas têm o direito de saber que existem a profilaxia Pós-Exposição (PEP) e o tratamento como prevenção, entre outros métodos que constam no guia, mas também de exercerem o seu direito de escolha. Não é o profissional de saúde quem deve ditar o que o indivíduo deve fazer da sua vida sexual”, atestou Raxach.


Saúde e prazer

A publicação explora também a sensualidade e o erótico de uma forma positiva. Com uma linguagem simples e fotografias reais, o guia oferece diversas modalidades de informações desde científicas até contos eróticos que tratam o sexo mais seguro a partir das fantasias e imagens sensuais.

Feito por várias mãos e mentes, o guia contou com a colaboração de médicos, cientistas sociais, jornalistas, entre outros, além de grupos focais organizados especialmente para contribuir com o conteúdo da publicação.

“Usamos a técnica do teatro expressionista para dialogar com estes públicos e debater sobre as linguagens e práticas sexuais que estão hoje em uso. Todo mundo já fez diversos guias de sexo ao longo destes anos. Mas estamos falando de um guia para o século 21 elaborado para que as pessoas entendam o que está acontecendo no corpo delas”, afirmou Vagner de Almeida, coordenador do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, que liderou o processo.

Vagner de Almeida também é o autor dos contos eróticos que ajudam a fortalecer o uso dos métodos preventivos. “Reunimos um grupo focal para produzir os contos, mas como nem todos dominam a escrita, eu assumi esta responsabilidade. Busquei estimular o leitor a dar continuidade na exploração do guia. É muito mais fácil dar uma explicação técnica sobre PEP se criarmos uma situação erótica sobre o tema”, revelou.


Lições do passado

O novo guia para o sexo mais seguro retoma a iniciativa das comunidades mais afetadas que nos anos 1980 inventaram o sexo seguro para se protegerem do HIV – antes mesmo do vírus ser cientificamente identificado.

“Ninguém sabia ao certo o que estava causando problemas no sistema imunológico, mas as comunidades afetadas entenderam que tinha algo acontecendo e que poderia ser sexualmente transmissível. Surgiram ideias e metodologias para tentar diminuir o risco, como a camisinha, o sexo sem penetração e outras práticas eróticas que diminuíam o risco”, contou Richard Parker.

Para o século 21, além da versão online, a ABIA preparou versões impressas com conteúdos exclusivos populações específicas. O lançamento da primeira versão impressa também aconteceu durante o “Seminário Ativismo Cultural, HIV e AIDS”. 

“Este primeiro material impresso foi dedicado aos jovens gays e HSH. 

Futuramente faremos um material específico para mulheres, mulheres trans e também homens trans”, informou Parker.

O “Guia do Sexo Mais Seguro – um guia sobre sexo, prazer e saúde no Século 21” é uma realização da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS. 

Acesse o  “Guia do Sexo Mais Seguro – um guia sobre sexo, prazer e saúde no Século 21” aqui .


Prevenção e combate às hepatites virais A, B, C e D

O que é, quais são os sintomas e como evitar? O clínico geral Maurício Kurcharsky e a enfermeira Nayara Aguilar explicam como se prevenir e tratar a doença


A Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu 28 de julho como o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, com o intuito de alertar para a importância de ações de prevenção e controle para o combate à doença. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 40.198 casos novos de hepatites virais em 2017. Já o Boletim Epidemiológico 2018 - encurtador.com.br/CEOW5 - mostra que dobraram os casos em homens de 20 a 39 anos. Porém, a maior concentração está na população com mais de 40 anos de idade. Dentre as hepatites virais, a hepatite C continua registrando o maior número: 11,9 casos para cada 100 mil habitantes.

“A hepatite C é uma doença viral que acomete o fígado. O mecanismo de transmissão é, principalmente, pelo sangue contaminado, sendo rara por via sexual. A doença pode ser assintomática ou apresentar sintomas como cansaço excessivo, febre, dor e inchaço abdominal, icterícia e fezes esbranquiçadas”, explica o clínico geral Maurício Kurcharsky, do Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (CEJAM).

“Para o tratamento, são indicadas medicações para combater os sintomas e o monitoramento do paciente, pois a hepatite C é o tipo com a maior chance de se agravar, podendo levar à cirrose e ao câncer hepático”, afirma o clínico do CEJAM.

Já a hepatite A é de transmissão fecal-oral, sendo a principal forma de contaminação o consumo de alimentos e água contaminados com fezes e o vírus. Às vezes, os sintomas são inexpressivos ou leves, como febre, náusea e vômito. “Em casos mais graves, pode apresentar inchaço abdominal, urina escura e fezes esbranquiçadas. Para o tratamento, na maioria das vezes, recomenda-se apenas hidratação e medicamento para febre”, afirma Kurcharsky. Enquanto a prevenção é feita por meio de saneamento básico e higiene pessoal e de alimentos. 


Uso de preservativo

O contato com fluidos corporais, como sangue, esperma e saliva contaminados, é a principal fonte de transmissão da hepatite B, sendo o contato sexual a forma mais comum. A doença também pode ser transmitida pelo parto e compartilhamento de objetos cortantes. “Assim como o tipo A, a hepatite B pode ser assintomática ou apresentar sintomas inexpressivos, como perda de apetite, febre baixa, náusea e icterícia. No entanto, a hepatite B pode evoluir para cirrose e câncer de fígado, levando a danos irreversíveis ao órgão”, ressalta Kurcharsky.

Já a hepatite D acomete apenas pessoas que foram contaminadas pelo vírus do tipo B. As formas de transmissão e sintomas também são os mesmos, porém, são potencializados. Por isso, pode se agravar e resultar em hepatite fulminante, que é a condição de maior gravidade dentre as doenças do fígado e pode levar à morte do paciente. Nestes casos, é importante realizar o diagnóstico e o tratamento rapidamente.


Dicas de prevenção e vacinação

“Manter em dia as vacinas que combatem as hepatites virais, que aliás são fornecidas gratuitamente pelo SUS, é a principal forma de prevenção”, alerta Nayara Aguilar Rezende, enfermeira do CEJAM. Outras dicas são: usar preservativo em todas as relações sexuais e evitar o compartilhamento de objetos de uso pessoal, como lâmina de barbear, escova de dente e material de manicure. “Além de equipamento para uso de drogas, realização de tatuagem ou colocação de piercing”, indica Nayara.

No caso das crianças, a primeira dose da vacina de hepatite B é dada ao nascer, sendo repetida aos 2 e aos 6 meses. Enquanto a do tipo A é aplicada com 1 ano, com um reforço aos 18 meses. Se não vacinados, os adultos podem tomar as três doses de hepatite B e as duas de hepatite A, com intervalo mínimo de 30 dias, inclusive as mulheres durante a gestação. Para a hepatice C ainda não existe vacina.

Como forma de alertar a população, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) gerenciadas pela organização social CEJAM, em São Paulo, realizam este mês palestras de orientação sobre os meios de transmissão e prevenção das hepatites virais, com oferta de teste rápido e exame laboratorial. Para consultar as unidades, basta acessar encurtador.com.br/aqwA4.



Sociedades médicas fazem manifesto em prol da vacinação


União de esforços chama atenção da população para participarem da Campanha contra a pólio e sarampo e evitar a reintrodução dessas doenças no país


As Sociedades Brasileiras de Pediatria (SBP), Imunizações (SBIm), e Infectologia (SBI), em parceria com o Rotary Internacional, fizeram um manifesto chamando atenção da população sobre a importância de manter a vacinação em dia para evitar doenças e suas sequelas, como o sarampo e a poliomielite. O documento alerta a população e profissionais de saúde para a real possibilidade de retorno da pólio e da reemergência do sarampo em território nacional. A divulgação foi feita nesta quinta-feira (26), no Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, durante evento que reuniu profissionais renomados no tema da vacinação. O manifesto também mobiliza a todos a participarem da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo que ocorrerá em todo o país de 6 a 31 de agosto, reforçando que a imunização continua sendo a melhor ferramenta na promoção e manutenção da saúde da população brasileira.

Desde que observou queda nas coberturas vacinais do país, o Ministério da Saúde tem alertado sobre o risco da volta de doenças que já não circulavam no país, como é o caso do sarampo. A vacina é a forma mais eficaz de manter o país livre de doenças já eliminadas e erradicadas. A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues, ressalta que a manutenção da população protegida, através de elevadas coberturas vacinais é fundamental para manter o país livre de doenças imunopreveníveis. “As coberturas vacinais são heterogêneas no Brasil, podendo levar à formação de bolsões de pessoas não vacinadas, possibilitando, assim, a reintrodução do poliovírus e do sarampo. O recente surto no país, em Roraima e Manaus, evidencia nossas inadequadas coberturas vacinais e a urgente necessidade de melhoria dessas taxas”, comentou Carla Domingues.

No início do século XX, as doenças imunopreveníveis como poliomielite e varíola eram endêmicas no Brasil, causando elevado número de casos e mortes em todo o país. As ações de imunização e, especialmente, os 45 anos de existência do Programa Nacional de Imunizações (PNI) foram responsáveis por mudar o perfil epidemiológico das doenças imunopreveníveis no Brasil, sendo uma importante conquista da sociedade brasileira ao demonstrar sua eficiência erradicando a febre amarela urbana, a varíola, bem como a eliminação da poliomielite, da rubéola, da síndrome da rubéola congênita e do sarampo. Além disso, reduziu drasticamente a circulação de agentes patógenos, responsáveis por doenças como a difteria, o tétano e a coqueluche. "Não podemos perder a vigilância sobre a vacinação. É ela que protege nossos filhos de sequelas e até a morte por doenças evitáveis", completou Carla Domingues.

O Ministério da Saúde oferta todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no Calendário Nacional de Vacinação. Atualmente, são disponibilizadas pela rede pública de saúde, de todo o país, cerca de 300 milhões de doses de imunobiológicos ao ano. São 19 vacinas para combater mais de 20 doenças, em diversas faixas etárias.


ESFORÇOS PARA VACINAÇÃO

A cobertura vacinal homogênea da vacinação em todo o país é uma preocupação do Ministério da Saúde. Periodicamente, o PNI emite notas técnicas para estados e municípios sobre o monitoramento e avaliação das coberturas vacinais. A pasta também tem pautado frequentemente o tema em discussões em fóruns, como a Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que reúne representantes de todos os estados e municípios.

Para os estados que estão abaixo da meta de vacinação, o Ministério da Saúde tem orientado os gestores locais que organizem suas redes, inclusive com a possibilidade de readequação de horários mais compatíveis com a rotina da população brasileira. Outra orientação é o reforço das parcerias com as creches e escolas, ambientes que potencializam a mobilização sobre a vacina por envolver também o núcleo familiar. O Ministério da Saúde também alerta estados e municípios sobre a importância de manter os sistemas de informação devidamente atualizados.


SARAMPO

Há registros de casos de sarampo em alguns países da Europa e das Américas, inclusive, na Venezuela que faz fronteira com o Brasil. Em 2017, foram 173.330 casos de sarampo registrados no mundo, a maioria em países da Europa e nos Estados Unidos. Atualmente, o Brasil enfrenta dois surtos de sarampo, em Roraima e Amazonas. No entanto, os surtos estão relacionados à importação. 

Isso ficou comprovado pelo genótipo do vírus (D8) que foi identificado, que é o mesmo que circula na Venezuela. Até o dia 17 de julho, foram confirmados 519 casos de sarampo no Amazonas, 3.725 permanecem em investigação. O estado de Roraima confirmou 272 casos da doença e 106 continuam em investigação.
Além disso, alguns casos isolados e relacionados à importação foram identificados nos estados de São Paulo (1), Rio de Janeiro (14); Rio Grande do Sul (13); Rondônia (1) e Pará (2). O Ministério da Saúde permanece acompanhando a situação e prestando o apoio necessário ao Estado. Cabe esclarecer que as medidas de bloqueio de vacinação, mesmo em casos suspeitos, estão sendo realizadas em todos os estados.

O Brasil recebeu, em 2016, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo, e atualmente empreende esforços para manter o certificado, principalmente por meio do fortalecimento da vigilância epidemiológica, da rede laboratorial e de estratégias de imunização.


POLIOMIELITE

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), três países ainda são considerados endêmicos (Paquistão, Nigéria e Afeganistão). O Brasil está livre da poliomielite desde 1990. Em 1994, o país recebeu, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a Certificação de Área Livre de Circulação do Poliovírus Selvagem.





Amanda Mendes
Agência Saúde


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