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quarta-feira, 18 de março de 2015

SOS Mata Atlântica divulga dados sobre a situação da qualidade da água de 111 rios do país




Análise em 301 pontos de coleta em 6 estados, com ênfase em São Paulo e Rio de Janeiro, aponta 23,3% com água de qualidade ruim ou péssima. Poluição diminui ainda mais a oferta de água para consumo da população.

Um levantamento com a medição da qualidade da água em 111 rios, córregos e lagos de 5 estados brasileiros e o Distrito Federal - o mais amplo até hoje coordenado pela Fundação SOS Mata Atlântica - revela que 23,3% apresentam qualidade ruim ou péssima. Os dados, divulgados na semana em que se celebra o Dia da Água (22 de março), foram coletados entre março de 2014 e fevereiro de 2015, em 301 pontos de coleta distribuídos em 45 municípios.  A análise inclui o monitoramento realizado em 25 rios da cidade de São Paulo e 12 da cidade do Rio de Janeiro. A lista completa de rios e pontos avaliados está disponível no link http://bit.ly/Agua2015
Dos resultados medidos, 186 pontos (61,8%) apresentaram qualidade da água considerada regular, 65 (21,6%) foram classificados como ruins e 5 (1,7%) apresentaram situação péssima. Apenas 45 (15%) dos rios e mananciais mostraram boa qualidade - aqueles localizados em áreas protegidas e que contam com matas ciliares preservadas. Nenhum dos pontos analisados foi avaliado como ótimo.
No Estado de São Paulo, dos 117 pontos monitorados, 5 (4,3%) registraram qualidade de água boa; 61 (52,1%) foram avaliados com qualidade regular, enquanto que 46 (39,3%) estão em situação ruim e 5 (4,3%) péssima. Já entre os 175 pontos analisados nos municípios do Rio de Janeiro, 39 apresentaram água boa (22,3%), a maioria (120 pontos) está em situação regular (68,6%), e 16 tiveram índice ruim (9,1%). 
Na cidade do Rio de Janeiro, os indicadores aferidos revelam uma piora na qualidade da água. Dos 15 pontos em que a coleta foi realizada na área urbana, somente 5 (33,3%) apresentaram qualidade regular e os outros 10 pontos (66,7%) registraram qualidade ruim. Em 2014, 9 pontos tinham qualidade regular (60%) e 6 ruim (40%). Nenhum dos pontos analisados apresentou qualidade boa ou ótima.
 “Esses indicadores revelam a precária condição ambiental dos rios urbanos monitorados e, somados aos impactos da seca, reforçam a necessidade urgente de investimentos em saneamento básico. A falta da água na região sudeste é agravada pela indisponibilidade decorrente da poluição e não apenas da falta de chuvas. Rios enquadrados nos índices ruim e péssimo não podem ser utilizados para abastecimento humano e produção de alimentos, diminuindo bastante a oferta de água”, alerta Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica.
Outros quatros estados tiveram rios e córregos analisados neste levantamento. Em Minas Gerais, o rio Jequitinhonha, na altura do município de Almenara, apresentou situação regular. Já o rio Mutum, na cidade de Mutum, e o córrego São José, em Bicas, estão em situação ruim. No Rio Grande do Sul, foram analisados a Lagoa do Peixe (qualidade boa), Rio Tramandaí (regular) e Lago Guaíba, na altura da Barra do Ribeiro (ruim). Em Brasília, a análise de dois pontos do Córrego do Urubu apresentou qualidade regular. Já em Santa Catarina, o Rio Mãe Luiza, na cidade de Forquilhinha, está em situação regular.

Comparativo 2014-2015
Na comparação com os pontos coletados no levantamento anterior, realizado pela SOS Mata Atlântica no período de março de 2013 a fevereiro de 2014, a cidade do Rio de Janeiro (veja abaixo), que teve 15 pontos analisados no último levantamento, apresentou aumento de amostras com qualidade ruim, de 40% para 66,7%. São Paulo, por outro lado, reduziu de 74,9% para 44,3% o número de pontos de coleta com qualidade ruim ou péssima, apresentando alta de 25% para 55,4% as amostras com qualidade regular ou boa. 

Resultados – Cidade do RJ
IQA 2014
IQA 2015
ÓTIMA
0
0,0%
0
0,0%
BOA
0
0,0%
0
0,0%
REGULAR
9
60,0%
5
33,3%
RUIM
6
40,0%
10
66,7%
PÉSSIMA
0
0,0%
0
0,0%
TOTAL
15
100%
15
100%

Resultados – Cidade de SP
IQA 2014
IQA 2015
ÓTIMA
0
0,0%
0
0,0%
BOA
0
0,0%
1
2,7%
REGULAR
9
25,0%
19
52,7%
RUIM
23
63,8%
15
41,6%
PÉSSIMA
4
11,1%
1
2,7%
TOTAL
36
100%
36
100%

Segundo Malu Ribeiro, a seca em São Paulo diminui o escoamento de poluentes para os rios, refletindo na redução de pontos de coleta com qualidade ruim ou péssima: “A falta de chuvas na capital paulista teve um impacto positivo na qualidade da água dos córregos e rios urbanos que não receberam a chamada poluição difusa, responsável por cerca de 40% dos poluentes que contaminam os corpos hídricos após as chuvas que lavam as cidades. Com a seca, os pontos monitorados deixaram de receber resíduos sólidos ou lixo, sedimentos com solos contaminados, foligem de veículos e materiais particulados. Embora o volume de água tenha diminuído nesses rios durante os meses prolongados de seca, a coleta e o tratamento de esgotos nessas microbacias de São Paulo contribuíram para que a condição de qualidade da água passasse a ser melhor”.
Nos rios da capital carioca ocorreu o processo inverso, “devido à falta de investimentos em saneamento básico e ao aumento de resíduos sólidos descartados nas margens de rios e de esgotos, que se concentraram nos pontos de coleta dos rios com baixa vazão”, explicou Malu. Segundo a coordenadora, as altas temperaturas na região também favoreceram a formação de algas que consomem o oxigênio da água, provocando aumento no odor e a rápida perda da qualidade, com agravamento da poluição.
Os municípios do Estado de São Paulo também tiveram melhora na qualidade dos rios analisados. Entre os 53 pontos de coleta em rios paulistas que foram analisados nos dois estudos, o percentual de amostras com qualidade regular subiu de 30,2% para 50,9% (veja abaixo).
Resultados – Estado de SP
2014
2015
QUALIDADE
PONTOS
PORCENTAGEM
PONTOS
PORCENTAGEM
ÓTIMA
0
0,0%
0
0,0%
BOA
2
3,8%
5
4,3%
REGULAR
16
30,2%
61
52,1%
RUIM
31
58,5%
46
39,3%
PÉSSIMA
4
7,5%
5
4,3%
TOTAL
53
100%
53
100%

Malu Ribeiro esclarece que, dependendo da qualidade da água, os rios podem ser melhor aproveitados pela população: “os rios em São Paulo que registraram indicadores na faixa regular poderão ter o seu enquadramento, com base na legislação que trata da qualidade da água, fixado em rios de classe 3 e 2, cujas águas podem ser utilizadas para usos múltiplos. É isso que a sociedade espera conseguir conquistar para os rios urbanos: águas saudáveis. Isso ocorreu onde as populações se engajaram na conservação de pequenas faixas ciliares ou áreas verdes, no cuidado com a destinação correta de resíduos sólidos e na cobrança sistemática da coleta e tratamento de esgotos.”
Para a Fundação SOS Mata Atlântica, para enfrentar a crise da água e melhorar a qualidade de vida nas cidades é essencial recuperar os rios urbanos com investimentos e avanços nos índices de tratamento de esgoto, gestão dos resíduos sólidos e recuperação das áreas de preservação permanente. Um exemplo foi encontrado no monitoramento realizado: “o indicador mais surpreendente foi registrado junto a uma nascente no bairro da Pompéia, em São Paulo, que melhorou a qualidade da água para boa após a comunidade ter promovido a recuperação do seu entorno” finaliza Malu.

Metodologia
A coleta para o levantamento, que têm como base a legislação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), é realizada por meio de um kit desenvolvido pelo programa Rede das Águas, da SOS Mata Atlântica, que possibilita uma metodologia para avaliação dos rios a partir de um total de 16 parâmetros, que incluem níveis de oxigênio, fósforo, o PH e aspecto visual. O kit classifica a qualidade das águas em cinco níveis de pontuação: péssimo (de 14 a 20 pontos), ruim (de 21 a 26 pontos), regular (de 27 a 35 pontos), bom (de 36 a 40 pontos) e ótimo (acima de 40 pontos).
A coleta em rios, córregos e lagos dos estados com Mata Atlântica é feita por grupos de monitoramento que recebem capacitação e material da Fundação SOS Mata Atlântica, realizam a análise e devolvem os dados para a Fundação.  A iniciativa é aberta à população em geral, que pode participar dos grupos de monitoramento já existentes ou ajudar a criar novos grupos para monitorar rios próximos a escolas, igrejas e outros centros comunitários. Os grupos fazem a medição uma vez por mês e enviam os resultados pela internet. Interessados em participar devem escrever para info@sosma.org.br.

Fundação SOS Mata Atlântica - www.sosma.org.br.

AMAMENTAÇÃO




Pesquisa inédita revela que amamentação pode aumentar inteligência
Estudo realizado durante três décadas comprova impacto positivo da amamentação. Ações do Ministério da Saúde, como a Campanha Nacional de Amamentação, incentiva o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida do bebê

Se os efeitos imediatos da amamentação sobre a saúde e o desenvolvimento dos bebês já é reconhecido – oferecendo proteção a doenças como diarreia, infecções respiratórias e alergias, além de reduzir o risco de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade –, os impactos em longo prazo acabam de ser revelados por uma pesquisa inédita, realizada por pesquisadores da Universidade de Pelotas, que acompanhou 3,5 mil recém-nascidos durante mais de três décadas. Segundo a publicação, uma criança amamentada por pelo menos um ano obteve, aos trinta anos, quatro pontos a mais de QI e acréscimo de R$ 349 na renda média.

O estudo, realizado desde 1982, comprova que, quanto mais duradouro o período de amamentação na infância, maiores os níveis de inteligência e renda média na vida adulta até os 30 anos. É o primeiro estudo no Brasil a mostrar o impacto no QI e o primeiro internacionalmente a verificar a influência na renda. O estudo foi publicado nesta quarta-feira (18) pela The Lancet, uma das publicações científicas mais importantes do mundo.
Outra questão inédita do estudo é mostrar que, no Brasil, os níveis de amamentação estão distribuídos de forma homogênea entre diferentes classes sociais, não sendo mais frequente entre mulheres com maior renda e escolaridade. Para a realização da pesquisa, os responsáveis pelo estudo, Cesar Victora e Bernardo Horta, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), contaram com financiamento do Ministério da Saúde e de entidades como o CNPQ, a FAPERGS, a Wellcome Trust e o International Development Research Center, do Canadá. 
“O papel do Ministério da Saúde com a promoção de campanhas educativas e outras ações desenvolvidas a nível nacional, inclusive com o estímulo a adoção da iniciativa Hospital Amigo da Criança e da criação dos bancos de leite, é fundamental nesse processo. Isso se transforma em algo concreto que é o aumento da prevalência de amamentação no Brasil, reconhecido, inclusive, fora do país”, comenta o pesquisador Bernardo Horta.
Os efeitos benéficos da amamentação, como o impacto direto na inteligência, são explicados pela presença de ácidos-graxos saturados de cadeia longa no leite materno, essenciais para o desenvolvimento do cérebro.
METODOLOGIA – As informações sobre o desempenho nos testes de QI e o tempo de amamentação foram obtidas entre 3.493 participantes da amostra inicial de nascidos em Pelotas em 1982. Nos primeiros anos de vida das crianças os pesquisadores coletaram dados sobre o tempo de amamentação de cada criança. Quando estavam com 30 anos, em média, os participantes realizaram testes de QI (Escala de Inteligência Wechsler para Adultos, terceira versão), e as informações sobre grau de escolaridade e nível de renda também foram coletadas.
Os pesquisadores dividiram esse universo de mais de 3,4 mil pessoas em cinco grupos com base na duração do aleitamento quando bebês, fazendo o controle para dez variáveis sociais e biológicas que podem contribuir para o aumento de QI, entre elas, renda familiar ao nascimento, grau de escolaridade dos pais, ancestralidade genômica, tabagismo materno durante a gravidez, idade materna, peso ao nascer e tipo de parto.
PREVALÊNCIA DE AMAMENTAÇÃO – Levantamento do Ministério da Saúde realizado em todas as capitais e Distrito Federal, além de outros 239 municípios e que somou informações de aproximadamente 118 mil crianças – mostra que o tempo médio do período de Aleitamento Materno no país cresceu um mês e meio: passou de 296 dias, em 1999, para 342 dias, em 2008. O estudo também revelou um aumento do percentual de mulheres que realizam o Aleitamento Materno Exclusivo em crianças menores de quatro meses. Em 1999, era de 35%, passando para 51% em 2008. Outro resultado importante está relacionado com o aumento, em média, de um mês na duração do Aleitamento Materno Exclusivo (AME) nas capitais e Distrito Federal. Em 1999, a duração do AME era de 24 dias e, em 2008, passou a ser de 54 dias – ou seja, mais que dobrou.
Em 2008, 41% das mães brasileiras amamentavam exclusivamente nos primeiros seis meses de vida do bebê. Atualmente, o Ministério da Saúde trabalha na elaboração de novo estudo e, observando a tendência de crescimento, estima um aumento, nos últimos sete anos, de 10,2% no número de crianças sendo amamentadas exclusivamente até seis meses. Estudos mostram que o leite materno é capaz de reduzir em 13% as mortes por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos. Mais do que é evitado pela vacinação ou pelo saneamento básico, segundo a OMS.
“Os programas que temos desenvolvido ao longo desses anos tem feito a diferença em relação ao aumento da prevalência de aleitamento materno. Os impactos positivos mostrados pela pesquisa da Universidade de Pelotas são mais um motivo para o investimento contínuo do Ministério da Saúde, pensando no desenvolvimento pleno das crianças durante a vida.”, afirma o coordenador de saúde da criança e aleitamento materno do Ministério da Saúde, Paulo Bonilha.
AÇÕES – O Ministério da Saúde realiza diversas ações relacionadas à amamentação. Entre elas, estão a Campanha Nacional de Amamentação, a Campanha Nacional de Doação de Leite, vinculada aos Bancos de Leite Humano, que terá sua edição 2015 lançada em 19 de maio, o incentivo ao Método Canguru, a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, voltado para a atenção básica, o Apoio à Mulher Trabalhadora que Amamenta, além de estratégias como a Rede Cegonha (presente em mais de 5 mil municípios) e a iniciativa Hospital Amigo da Criança, com 323 unidades em todo o país.
Cada litro de leite doado nos Bancos de Leite Humano pode atender até 10 recém-nascidos, dependendo da necessidade. O Brasil conta com 215 Bancos de Leite e 145 Postos de Coleta, representando a maior Rede de Bancos de Leite do mundo.
Em 2012, o Brasil alcançou a meta 4 do Objetivos do Milênio, de redução da mortalidade na infância - menores que 5 anos -, três anos antes do prazo estabelecido pela ONU e com um dos melhores resultados do mundo, diminuição de 77%.

 

Maurício Angelo

Agência Saúde

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