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Muito provavelmente você
tem ou conhece alguém com miopia. Nos últimos anos, o número de pessoas com o
problema de visão cresceu consideravelmente e a previsão da Organização Mundial
da Saúde (OMS) é que até 2050, metade da população do planeta seja míope. A
miopia costuma se manifestar na infância ou adolescência e, embora a
hereditariedade seja um componente importante, o uso frequente de telas é
apontado como um dos motivos para o avanço dos casos.
A Dra. Michelle Farah, oftalmologista do H.Olhos,
Hospital de Olhos da rede Vision One, explica que “a miopia acontece quando o
olho é um pouco mais alongado que o normal ou quando a curvatura da córnea é
mais acentuada. Isso faz com que a imagem se forme antes da retina, resultando
em dificuldade para enxergar de longe. A visão de quem tem miopia é nítida para
perto, mas os objetos distantes ficam borrados”.
A correção da visão pode ser feita com o uso de
óculos ou de lentes de contato, sendo que a cirurgia refrativa é indicada para
pacientes adultos que apresentam grau estável há no mínimo um ano. “No caso das
crianças e adolescentes, o tratamento não visa apenas melhorar a visão, mas
também frear a progressão da miopia e hoje isso pode ser feito com lentes de
contato especiais, como as de ortoceratologia ou lentes de duplo foco”,
complementa a médica.
A oftalmologista esclarece de que forma
cada uma destas lentes atua na estabilização da miopia:
- Ortoceratologia: de uso noturno, esta lente rígida é
projetada para remodelar a córnea durante o sono. Ao acordar e remover a
lente, o paciente tem visão clara durante o dia, sem necessidade de óculos
ou lentes de contato. O método exige adaptação personalizada e acompanhamento
individualizado para garantir segurança e eficácia.
- Duplo foco: desenvolvidas especificamente para o
controle da miopia em crianças, essas lentes apresentam uma zona central
que corrige o erro refrativo para longe e anéis concêntricos que criam
desfocagem periférica miópica, mecanismo que reduz o crescimento excessivo
do olho e o aumento da miopia. Seu design foi inspirado nas lentes
multifocais, tradicionalmente usadas em adultos para presbiopia, mas
adaptado para atender às necessidades do público pediátrico.
De acordo com a Dra. Michelle Farah, “não existe
uma idade mínima fixa para utilizar as lentes de contato que evitam a
progressão da miopia. O mais importante é avaliar a maturidade e
responsabilidade da criança, bem como o apoio da família para seguir os
cuidados necessários. Em geral, crianças a partir dos sete ou oito anos já
podem usar, desde que haja acompanhamento próximo”.
Os cuidados com a higienização das lentes devem
ser sempre adotados, reforça a oftalmologista, que dá seis recomendações
importantes:
- lavar bem as mãos antes de manipular as lentes;
- seguir rigorosamente o esquema de limpeza e
desinfecção indicado pelo oftalmologista, além de usar apenas produtos
específicos recomendados por ele para higienizar e armazenar as lentes;
- higienizar o estojo diariamente com a mesma
solução de limpeza das lentes, deixar secar ao ar e substituir a cada três
meses;
- nunca deixar que as lentes e o estojo entrem em
contato com a água, pois isso aumenta o risco de infecções graves;
- retirar as lentes de contato ao tomar banho,
entrar na piscina ou no mar;
- dormir somente com lentes que tenham esta indicação.
“A escolha entre utilizar óculos ou lentes de contato depende de fatores como idade, grau de miopia, estilo de vida, facilidade de adaptação e capacidade de cuidar das lentes de forma adequada”, complementa a médica. O ideal é que a decisão seja tomada em conjunto com o oftalmologista, considerando o perfil da criança, o apoio dos pais e as características do tratamento indicado.

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