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sexta-feira, 11 de abril de 2025

Desafios e vantagens da liderança feminina na área de finanças

O setor financeiro apresenta complexidades profundas e, assim como muitos outros segmentos de mercado, impõe inúmeros desafios para as mulheres que buscam assumir posições de liderança - desafios estes que na maioria das vezes não existem para os homens. Em um universo majoritariamente masculino como o das finanças, estas dificuldades são acentuadas por barreiras culturais e estruturais que persistem, mas que podem e devem ser enfrentadas com estratégia e determinação.

Apesar da conquista de avanços significativos em termos de igualdade de gênero, a presença feminina em altos cargos financeiros ainda é desproporcional. Segundo um estudo recente da FESA Group, as executivas representam 33,86% dos cargos de liderança nas companhias de finanças. Este déficit decorre, em parte, de preconceitos implícitos que ainda questionam a competência feminina em liderar, especialmente em indústrias tradicionalmente masculinas.

No Brasil, o panorama não é diferente. De acordo com dados da pesquisa "Women in the Boardroom 2024", realizada pela consultoria Deloitte e publicada com dados referentes a 2023, 9,5% dos executivos financeiros (CFOs) no Brasil são mulheres, ante 7,3% da edição anterior do estudo. Este percentual ínfimo reflete uma realidade em que, embora haja progresso, as mulheres ainda enfrentam barreiras significativas para alcançar os níveis mais altos de liderança nas áreas financeiras.

Contudo, a vantagem competitiva das mulheres no mercado financeiro que muitos ignoram está estreitamente ligada à educação contínua e ao desenvolvimento de competências, como comunicação assertiva, gestão da emoção, liderança, autoconhecimento e conhecimento técnico, habilidades estas que são indispensáveis para quem quer assumir grandes desafios no mundo corporativo. A avidez com que perseguimos conhecimento e adaptamos nossas habilidades é notável. Não é apenas sobre dominar números; trata-se de construir uma visão que incorpora diversidade e sustenta inovação.

A trajetória rumo a um ambiente de trabalho mais equilibrado também destaca a importância das redes de apoio e mentoria. Mulheres em finanças devem buscar e promover uma cultura de colaboração para que possam trocar experiências, estratégias e apoio emocional. Minha própria jornada é um testemunho da eficácia de tais redes em impulsionar carreiras e desafiar o status quo estabelecido; atualmente participo de grupos como o W-CFO e comunidades como a SheMakes, ambas fundamentais para meu fortalecimento profissional e para a construção de conexões valiosas entre mulheres inspiradoras. 

Ademais, subestimar o impacto de políticas inclusivas dentro das organizações é um erro grave. São as mulheres nos cargos de liderança que frequentemente agem como catalisadoras, promovendo uma cultura inclusiva que valoriza a diversidade e a equidade de gênero. Neste contexto, o desenvolvimento de políticas organizacionais de igualdade não apenas favorece o ambiente interno, mas também melhora a percepção pública e a confiança dos investidores e parceiros de negócios.  

Para finalizar, é essencial reforçar que as mulheres na liderança devem ser assertivas na busca por visibilidade. Projetos estratégicos, participação ativa em discussões executivas e comunicação assertiva são ingredientes fundamentais para quebrar o teto de vidro que ainda limita tantas profissionais fantásticas no setor financeiro e em inúmeros outros.

Olhando para o futuro, o desafio está em continuar pavimentando este caminho. É preciso não apenas coragem para desafiar normas obsoletas, mas resiliência para transformar as ações e conquistas das mulheres em marcos de progresso. No mundo financeiro, a liderança feminina não é apenas uma questão de equidade; é uma necessidade estratégica para um futuro mais inovador e justo.

 


Natalia Baranov - consultora de controladoria, finanças e gestão estratégica para startups e grandes empresas, especializada em Controladoria e Gestão Tributária, FP&A (do inglês, Planejamento e Análise Financeira) e M&A (do inglês, Fusões e Aquisições). Com mais de 20 anos de experiência no mercado e MBA em Gestão Estratégica de Negócios, Natalia já atuou na função de controller, head de finanças, gerente financeira e especialista em reestruturação de novas áreas e startups. Atualmente, é Diretora Executiva de Finanças da startup Unlog, membra do W-CFO Brazil e presidente do grupo de empreendedoras SheMakes.

 

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