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quinta-feira, 10 de abril de 2025

Educação financeira: a chave para a autonomia e bem-estar da mulher

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Apesar de 80% das mulheres brasileiras administrarem o orçamento doméstico, poucas se sentem seguras para tomar decisões financeiras de longo prazo


Um dos fatores essenciais e determinante para a igualdade de gênero é a educação financeira. Quando uma mulher tem controle sobre as próprias finanças, ela amplia oportunidades, fortalece a autonomia e impacta diretamente sua saúde mental e a qualidade de vida. 

O estudo “O Impacto das Finanças na Saúde Mental do Brasileiro”, realizado pelo Serasa, revela que 86% dos entrevistados acreditam que os cuidados com a saúde mental afetam positivamente a saúde financeira. Além disso, 55% já enfrentaram problemas financeiros que impactaram seu bem-estar psicológico. 

Para as mulheres, essa conexão é ainda mais significativa, uma vez que desafios estruturais, como desigualdade salarial e sobrecarga de responsabilidades dificultam o acesso a informações sobre investimentos e planejamento financeiro.

Apesar de 80% das mulheres brasileiras afirmarem ser responsáveis pela administração do orçamento doméstico, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, poucas se sentem seguras para tomar decisões financeiras de longo prazo. 

“Isso acontece porque, historicamente, as mulheres foram desencorajadas a lidar com temas financeiros de maneira estratégica, sendo associadas apenas à gestão do dia a dia da casa. Muitas cresceram sem acesso a uma educação financeira voltada para investimentos e construção de patrimônio, o que gera insegurança e medo de assumir riscos”, explica a psicanalista e planejadora financeira especialista em gestão financeira familiar, Adriana de Arruda.


Autonomia econômica e impacto social

A disparidade salarial entre homens e mulheres – que, segundo o IBGE, ainda chega a cerca de 20% – e a baixa representatividade feminina no mercado financeiro são obstáculos reais para a independência econômica das mulheres. Além disso, a falta de referências femininas na área de investimentos perpetua a crença de que esse universo não é para elas, gerando insegurança e exclusão financeira.

No entanto, esse cenário vem mudando. Com o avanço da digitalização, o acesso a conteúdos educativos e o fortalecimento de redes de apoio, mais mulheres estão buscando conhecimento e conquistando espaço no mercado financeiro. 

“Hoje, está mais do que comprovado que, quando uma mulher conquista maior autonomia financeira, os efeitos positivos se estendem muito além do indivíduo. Famílias mais estruturadas, investimentos mais conscientes e até mesmo o desenvolvimento econômico da sociedade são reflexos diretos dessa mudança”, afirma Adriana.

A equidade financeira não é apenas uma questão de justiça social, mas um impulsionador do crescimento econômico global. De acordo com um relatório do McKinsey Global Institute, reduzir a disparidade de gênero no mercado de trabalho poderia adicionar até US$12 trilhões à economia global até 2025. Além disso, pesquisas indicam que mulheres tendem a reinvestir até 90% de sua renda em suas famílias e comunidades, ampliando o impacto social dessa transformação.


Finanças e saúde mental: um elo crucial

O estresse financeiro é um dos principais fatores que afetam a saúde mental das mulheres. Dívidas, insegurança sobre o futuro e falta de conhecimento sobre gestão financeira podem levar a quadros de ansiedade e esgotamento emocional. Um estudo da Anbima em parceria com o Datafolha aponta que 57% da população sente altos níveis de estresse devido a preocupações financeiras. Esse número sobe para 66% entre as mulheres, enquanto entre os homens fica em 47%.

Para Adriana, garantir que as mulheres tenham acesso a informações e ferramentas estratégicas de planejamento financeiro é essencial para reduzir a ansiedade e possibilitar um futuro mais seguro. “Programas de educação financeira, suporte psicológico e produtos financeiros inclusivos são caminhos que podem transformar essa realidade”, orienta.


Empoderamento através do conhecimento

A boa notícia é que iniciativas voltadas para a capacitação financeira feminina estão crescendo. Plataformas como a Elas Que Lucrem, cursos gratuitos do Serasa e programas de mentoria financeira para mulheres ajudam a quebrar tabus e fortalecer a relação feminina com o dinheiro. 

Construir um futuro financeiramente saudável é um passo decisivo para garantir não apenas segurança individual, mas também para fortalecer a posição da mulher na sociedade.

“Neste Dia Internacional da Mulher, a reflexão vai além da celebração: é um convite à ação. Buscar conhecimento, conversar sobre dinheiro sem medo e apoiar iniciativas que promovam a educação financeira são formas de contribuir para um futuro onde todas as mulheres possam viver com mais liberdade, dignidade e bem-estar”, finaliza Adriana. 


Adriana de Arruda - Planejadora Financeira Pessoal, psicanalista e especialista no atendimento a famílias e suas questões com o dinheiro. Escritora, produtora de conteúdo, podcaster e palestrante, há mais de 10 anos promove a educação financeira com uma abordagem realista e humanizada, incentivando o uso consciente do dinheiro, o diálogo familiar sobre finanças e a preparação para a longevidade. Autora do livro "Longevidade é hoje!", Adriana orienta homens e mulheres na construção de uma vida financeira equilibrada e sustentável, considerando não apenas o futuro, mas a finitude da vida. Saiba mais: Site / Linkedin / Instagram


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