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Um dos fatores essenciais e determinante para a
igualdade de gênero é a educação financeira. Quando uma mulher
tem controle sobre as próprias finanças, ela amplia oportunidades,
fortalece a autonomia e impacta diretamente sua saúde mental e a qualidade de
vida.
O estudo
“O Impacto das Finanças na Saúde Mental do Brasileiro”, realizado pelo Serasa,
revela que 86% dos entrevistados acreditam que os cuidados com a saúde mental
afetam positivamente a saúde financeira. Além disso, 55% já enfrentaram
problemas financeiros que impactaram seu bem-estar psicológico.
Para as mulheres, essa conexão é ainda mais
significativa, uma vez que desafios estruturais, como desigualdade salarial e
sobrecarga de responsabilidades dificultam o acesso a informações sobre
investimentos e planejamento financeiro.
Apesar de 80% das mulheres brasileiras afirmarem
ser responsáveis pela administração do orçamento doméstico, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva,
poucas se sentem seguras para tomar decisões financeiras de longo prazo.
“Isso acontece porque, historicamente, as mulheres
foram desencorajadas a lidar com temas financeiros de maneira estratégica,
sendo associadas apenas à gestão do dia a dia da casa. Muitas cresceram sem
acesso a uma educação financeira voltada para investimentos e construção de
patrimônio, o que gera insegurança e medo de assumir riscos”, explica a
psicanalista e planejadora financeira especialista em gestão financeira
familiar, Adriana de Arruda.
Autonomia econômica e impacto
social
A disparidade salarial entre homens e mulheres –
que, segundo o IBGE,
ainda chega a cerca de 20% – e a baixa representatividade feminina no mercado
financeiro são obstáculos reais para a independência econômica das mulheres.
Além disso, a falta de referências femininas na área de investimentos perpetua
a crença de que esse universo não é para elas, gerando insegurança e exclusão
financeira.
No entanto, esse cenário vem mudando. Com o avanço
da digitalização, o acesso a conteúdos educativos e o fortalecimento de redes
de apoio, mais mulheres estão buscando conhecimento e conquistando espaço no
mercado financeiro.
“Hoje, está mais do que comprovado que, quando uma
mulher conquista maior autonomia financeira, os efeitos positivos se estendem
muito além do indivíduo. Famílias mais estruturadas, investimentos mais
conscientes e até mesmo o desenvolvimento econômico da sociedade são reflexos
diretos dessa mudança”, afirma Adriana.
A equidade financeira não é apenas uma questão de
justiça social, mas um impulsionador do crescimento econômico global. De acordo
com um relatório
do McKinsey Global Institute, reduzir a disparidade de gênero no mercado de
trabalho poderia adicionar até US$12 trilhões à economia global até 2025. Além
disso, pesquisas indicam que mulheres tendem a reinvestir até 90% de sua renda
em suas famílias e comunidades, ampliando o impacto social dessa transformação.
Finanças e saúde mental: um
elo crucial
O estresse financeiro é um dos principais fatores
que afetam a saúde mental das mulheres. Dívidas, insegurança sobre o futuro e
falta de conhecimento sobre gestão financeira podem levar a quadros de
ansiedade e esgotamento emocional. Um estudo
da Anbima em parceria com o Datafolha aponta que 57% da população sente altos
níveis de estresse devido a preocupações financeiras. Esse número sobe para 66%
entre as mulheres, enquanto entre os homens fica em 47%.
Para Adriana, garantir que as mulheres tenham
acesso a informações e ferramentas estratégicas de planejamento financeiro é
essencial para reduzir a ansiedade e possibilitar um futuro mais seguro.
“Programas de educação financeira, suporte psicológico e produtos financeiros
inclusivos são caminhos que podem transformar essa realidade”, orienta.
Empoderamento através do
conhecimento
A boa notícia é que iniciativas voltadas para a
capacitação financeira feminina estão crescendo. Plataformas como a Elas Que
Lucrem, cursos gratuitos do Serasa e programas de mentoria financeira para
mulheres ajudam a quebrar tabus e fortalecer a relação feminina com o
dinheiro.
Construir um futuro financeiramente saudável é um
passo decisivo para garantir não apenas segurança individual, mas também para
fortalecer a posição da mulher na sociedade.
“Neste Dia Internacional da Mulher, a reflexão vai
além da celebração: é um convite à ação. Buscar conhecimento, conversar sobre
dinheiro sem medo e apoiar iniciativas que promovam a educação financeira são
formas de contribuir para um futuro onde todas as mulheres possam viver com
mais liberdade, dignidade e bem-estar”, finaliza Adriana.

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