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sexta-feira, 11 de abril de 2025

Fila de transplante de córnea cresce no Brasil, diz relatório

Levantamento mostra que este aumento é causado pelo diagnóstico tardio do ceratocone. Cirurgia pode restaurar a visão. Entenda 

 


Maior causa de transplante de córnea no Brasil, o ceratocone, condição que afina a porção central da córnea, lente externa e transparente do olho, não para de crescer no Brasil. Uma evidência disso é o número de inscritos na fila da cirurgia. Relatório de SNT (Sistema Nacional de Transplante) indica que 2024 fechou com 17.106 transplantes de córnea realizados e uma fila de 28.987 inscritos. Até final de março do ano, a fila já saltou para 31.813 inscritos, um acréscimo de 10%.                                                                                                                                                                     

                                     

Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier de Campinas, o relatório do SNT confirma um levantamento feito nos prontuários do hospital de 319 pacientes com ceratocone. O levantamento mostra que o diagnóstico é tardio para metade dos que têm a condição. O oftalmologista ressalta que isso acontece porque geralmente o ceratone surge simultaneamente com a miopia. "Se não for realizada a tomografia da córnea logo no início da doença a chance de ir para transplante é grande. O exame avalia a espessura, curvatura anterior e posterior da córnea, espessura e irregularidades ou aberrações que caracterizam a doença", salienta. " A falta de diagnóstico preciso somada à rápida progressão da doença, especialmente entre alérgicos e portadores de síndrome de dowm que têm hábito decoçar os olhos estão por tras dos 4.048 transplantes entre janeiro e março do ano.

O problema é que ao ceratocone é insidioso.  Atinge 200 mil brasileiros, geralmente vem acompanhado de miopia e por isso muitos assiciam a visão fora de foco à miopia.  Este foi o caso de Juliana Alvez (47) que há dois meses implantou uma microlente entre a íris e o cristalino para corrigir 7 graus de miopia associada ao ceratocone brando. “Só descobri o ceratocone aos 21 anos", conta. Queiroz Neto diz que que quando o ceratocone aparece nesta idade a progressão é mais lenta e pode estabilizar com maior facilidade. Juliana afirma que tem intolerância ao uso de lente de contato que é o mais indicado para corrigir ceratone. Isso porque conforme a doença progride os óculos não oferecem boa correção à visão.  "Pensei até que não poderia operar quando recebi o diagnóstico.  Mas fui aprovada depois dos exames e fiquei com minha visão perfeita. Não posso nem acreditar que acordo enxergando tudo sem óculos, nem lente de contato que eu sempre tive diculdade de usar”, comenta. Juliana não está sozinha no desconforto com lente de contato. Dos 319 pacientes qjue participaram do levantamento no hospital, 41% afirmaram ter intolerância à lente de contato. Queiroz Neto afirma que para quem o implante de ICL é contraindicado a alternativa mais confortável é a lente de contato escleral. Isso porque, fica apoiada na esclera, parte branca do olho, invés de ficar apoiada borda da córnea.

 

Indicações da cirurgia

Nem todos têm a mesma sorte de Juliana.  O oftalmologista afirma que ó ceratocone geralmente surge na puberdade e muitos já chegam à primeira consulta com a córnea bastante frágil. “Isso porque a condição afina progressivamente a parte central da córnea que toma o formato de um cone.  Quando o diagnóstico é tardio pode inviabilizar, inclusive, o crosslink, único procedimento que interrompe em 80% dos casos a progressão  da doença.

O oftalmologista afirma que o implante de ICL só é indicado após completo exame oftalmológico que inclui: paquimetria da córnea., tomografia, biometria, microscopia especular, gonioscopia e teste de visão potencial para prever resultados.

A cirurgia é indicada para:

·        Pacientes com intolerância à lente de contato;

·        Miopia de 6 a 18 graus e astigmatismo estabilizado de até 4  ;

·        Idade entre 21 e 45 anos;

·        Estabilidade de grau há pelo menos um ano para altos míopes e de 1 a 2 anos para quem tem ceratocone;

·        Pacientes sem olho seco;

·        Diâmetro da pupila até 7 mm;

·        Não ter passado por refrativa a laser ou outro procedimento no segmento anterior dos olhos.

 

Contraindicações

As principais contraindicações da ICL apontadas por Queiroz Neto são:

·        Ceratocone progressivo (necessita primeiro de crosslinking para estabilizar a doença);

·        Córnea extremamente fina (risco de perfuração ou ectasia pós-cirúrgica);

·        Opacidade central na córnea que prejudique a visão mesmo após correção refrativa;

·        Endotélio, camada interna da córnea, com menos de 2.000 células/mm;

·        Histórico de glaucoma de ângulo aberto ou fechado;

·        Mulheres grávidas ou em período de amamentação devido a oscilação da refração e possível piora do ceratocone relacionada às alterações hormonais.

·        Catarata significativa.

 

Prevenção:

O oftalmologista afirma que as principais recomendações para evitar a progressão do ceratocone são:

·        Evite esfregar ou coçar os olhos;

·        Mantenha as consultas oftalmológicas regularmente;

·        Mantenha os olhos hidratados

·        Use soluções higienizadoras de lente sem conservantes;

·        Use colírios sob prescrição médica;

·        Aplique compressas frias como alternativa para diminuir a coceira nos olhos.


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