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Conhecido
também por sintomas inespecíficos e que podem ser confundidos com outras
condições gastrointestinais, os sinais do câncer de esôfago geralmente são
percebidos apenas em estágios avançados da doença. “Devido à progressão
silenciosa da doença, é fundamental estar atento a esses sinais e procurar
avaliação médica ao menor indício de sintomas persistentes”, é o que o diz o
cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e diretor do Hospital de Base, de
Brasília.
Nos
Estados Unidos, apenas 18% dos casos são diagnosticados no estágio inicial,
quando a doença está localizada (restrita ao esôfago). Nestes casos, em que há
diagnóstico precoce de câncer de esôfago, a sobrevida em cinco anos é de 48,1%,
mais do que o dobro de chances de sucesso no tratamento quando comparado com a
população em geral com diagnóstico desta doença. “Aumentar as taxas de
diagnóstico precoce é a principal medida para redução da mortalidade por câncer
de esôfago”, afirma o presidente da SBCO. Um alerta importante é que, ainda
segundo o NCI, quatro entre dez casos de câncer de esôfago são diagnosticados
já com a ocorrência de metástase. Para antecipar o diagnóstico é
importante estar atento aos sinais de alerta. Confira 5 sinais do tumor que, se
estiverem presentes, não devem ser ignorados:
- Dificuldade
para engolir (disfagia)
– Os alimentos sólidos são os primeiros a se tornarem difíceis de engolir
e, com o tempo, até líquidos podem se tornar um desafio.
- Perda
de peso inexplicável
– Quando a perda de peso não tem uma causa aparente é importante
investigar. A causa pode ser a dificuldade de se alimentar devido ao impacto
da doença no metabolismo.
- Dor,
pressão ou queimação no peito
– Os pacientes podem apresentar sensação de dor no tórax, semelhante à
azia ou desconforto ao engolir.
- Rouquidão
ou tosse persistente
– As alterações na voz ou tosse que não melhora, podem ser sinais
relacionados ao tumor.
- Indigestão
ou azia frequente – Sintomas
parecidos com refluxo e gastrite podem ser sinais de alerta,
principalmente em pessoas com fatores de risco.
O
diagnóstico do câncer de esôfago pode ser feito por meio de uma biópsia,
geralmente durante um exame de endoscopia digestiva alta. Outros exames de
imagem como tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) podem
ser solicitados para avaliar a extensão do tumor.
OS FATORES DE RISCO - Assim como outros tipos
de câncer, o câncer de esôfago ocorre quando as células sofrem alterações no
DNA, levando à multiplicação descontrolada de células malignas. No caso
específico do câncer de esôfago, as evidências associam o surgimento da doença
à irritação crônica deste órgão, a partir de causas como tabagismo, obesidade,
etilismo, hábito de consumir bebidas líquidas em altas temperaturas, alto
consumo de ultraprocessados e baixo consumo de frutas e vegetais. Outros
fatores de risco são a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e histórico de
alterações pré-cancerosas nas células do esôfago (esôfago de Barrett). Deve
haver atenção especial também por parte das pessoas submetidas a tratamento de
radiação no tórax ou na parte superior do abdômen.
Segundo
projeção do IARC/OMS para o ano de 2050 o número de casos anuais de câncer de
esôfago pode saltar dos atuais 511 mil para 922 mil em 2050, um aumento de 80%.
De acordo com Rodrigo Nascimento Pinheiro, o tumores no esôfago poderiam ser
evitados. “O câncer é uma doença multifatorial, ou seja, diversos elementos
contribuem para seu surgimento, como fatores genéticos hereditários, hábitos de
vida e condições clínicas pré-existentes. Por isso, a prevenção pode ser um
caminho importante para reduzirmos esses números”. Alerta o especialista, que
ainda ressalta um alerta sobre os males do tabagismo. “A indústria do tabaco
busca constantemente atingir a população mais jovem. Primeiro vieram os
cigarros saborizados e mentolados, e depois os dispositivos eletrônicos, como o
vape, que podem ser ainda mais prejudiciais do que o próprio cigarro
tradicional”, alerta o especialista.
Tratamento e cirurgia - Este tumor apresenta
dois subtipos mais comuns: o carcinoma escamocelular, também conhecido como
carcinoma de células escamosas e o adenocarcinoma.. Juntos, eles representam
mais de 90% dos casos. O tratamento cirúrgico para pacientes com
câncer de esôfago consiste na realização de esofagectomia, que é
a remoção total ou parcial do tumor, com margem de segurança (área
adjacente com tecido normal). Em alguns casos, pode haver a indicação de
sessões de radioterapia ou quimioterapia (terapias neoadjuvantes, ou seja,
antes da cirurgia).
“As
diferentes formas de cirurgia podem ser realizadas tanto por via
aberta/convencional ou de maneira minimamente invasiva. Porém, quando se
emprega a minimamente invasiva – por endoscopia ou laparoscopia, as incisões
são bem menores, resultando em menor risco de sangramento, menos dor e mais
rápida recuperação”, destaca Pinheiro.
Cirurgia, fase de diagnóstico e sobrevida em cinco
anos -
A escolha da terapêutica mais adequada para tratar o câncer de
esôfago se baseia no estadiamento (fase em que a doença é diagnosticada, que
vai de 0 a IV) e nas condições de saúde geral do paciente.
A cirurgia costuma ser indicada para portadores de tumores em
estágios iniciais e tem objetivo curativo. Para tumores em estágio 0 ou I
(iniciais) pode-se recomendar a remoção do tumor por esofagectomia ou via
ressecção (retirada) endoscópica da mucosa.
Dependendo
das características, pode-se indicar, ainda, quimioterapia e radioterapia
(prévias ou posteriores ao procedimento). Para tumores em estágios II e III,
quando houve disseminação para linfonodos e para órgãos próximos, geralmente,
indica-se a quimioterapia associada com radioterapia, seguida de cirurgia. Mas,
em caso de tumores pequenos, pode-se realizar o tratamento cirúrgico isolado.
Já
para tumores em estágio IV, com metástases à distância, busca-se aliviar os
sintomas e retardar a progressão da doença com tratamentos não cirúrgicos. Em
estágios muito avançados é possível indicar um procedimento cirúrgico com
intuito paliativo, visando melhorar a qualidade de vida do paciente. É o caso,
por exemplo, da cirurgia para colocação de sonda de alimentação.
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