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Com o avanço da doença, saúde bucal dos pacientes pode ser afetada Envato |
O Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa
mais comum entre adultos, ficando atrás apenas do Alzheimer. Estima-se que
cerca de 25 milhões de pessoas no mundo apresentarão sinais da doença até 2050,
segundo pesquisadores da Capital Medical University, em Pequim, na China, o que
representa um aumento de 76% em relação a 2021. De acordo com o estudo, o
aumento mais significativo deve acontecer entre pessoas com 80 anos ou mais,
público que pode ter um crescimento dos diagnósticos de 196% até 2050.
Caracterizada pela degeneração das células da
substância negra do cérebro, onde é produzida a dopamina, a condição impacta
diretamente os movimentos, causando tremores, rigidez muscular e dificuldades
motoras progressivas. À medida que a doença avança, surgem novos desafios,
sendo a condição bucal um dos mais relevantes. Tremores nos lábios e na língua,
movimentos mais lentos (bradicinesia), rigidez facial e dificuldades para
engolir comprometem não apenas o conforto do paciente, mas também sua
capacidade de manter uma boa higiene oral. Esses sintomas podem causar danos a
restaurações, fraturas dentárias, traumas em tecidos moles, como língua e
lábios, e dores na articulação da mandíbula (próxima ao ouvido). Além disso, a
dificuldade para escovar os dentes e usar fio dental aumenta significativamente
o risco de cáries e doenças periodontais, que podem agravar o estado geral de
saúde.
A perda dentária, quando decorrente do avanço
dessas doenças, compromete a mastigação, a fala e a autoestima, reduzindo a
qualidade de vida e podendo provocar alterações na dieta, o que resulta em
deficiências nutricionais. Alimentos mal mastigados aumentam também o risco de
engasgos e aspiração, podendo levar à pneumonia – principal causa de morte
entre pacientes com Parkinson em estágio avançado.
Para minimizar esses impactos, o acompanhamento
profissional para prevenção e diagnósticos precoces são fundamentais.
“Consultas regulares ao dentista ajudam a evitar complicações e garantir melhor
saúde geral ao paciente. Nos estágios iniciais da doença, os procedimentos
odontológicos podem ser realizados de forma mais eficaz, prevenindo problemas
futuros e evitando tratamentos complexos em fases mais avançadas, mas em
qualquer estágio da doença o dentista pode contribuir para um cuidado mais
integral”, destaca o dentista especialista em Implantodontia e diretor da
Neodent, Sergio Bernardes.
Quando há perda de dentes, são muitos os casos em
que os implantes oferecem uma reabilitação segura, proporcionando maior
estabilidade do que dentaduras ou pontes móveis, que podem causar desconforto e
instabilidade. “Por se tratar de um procedimento cirúrgico, uma avaliação
multiprofissional minuciosa é fundamental, avaliando o estágio da doença e, por
fim, a viabilidade de realizar o tratamento de forma segura. Mas o fato é que o
acompanhamento de um dentista tem uma contribuição valiosa para a prevenção de
problemas adicionais e a manutenção da qualidade de vida desses pacientes”,
analisa o especialista.
Relação entre saúde bucal e
doenças neurodegenerativas
Além do Parkinson, outras doenças
neurodegenerativas, como o Alzheimer, exigem atenção especial em relação aos
cuidados com a boca. Não apenas pela necessidade de higiene, mas também pelos
sinais que a boca pode apresentar sobre essas condições. Estudos recentes da
Universidade de Exeter, no Reino Unido, sugerem que certas bactérias presentes
na boca podem afetar a função cerebral com o envelhecimento. A pesquisa
analisou 115 voluntários com mais de 50 anos. De acordo com os resultados,
enquanto alguns tipos de bactérias estão associados a uma melhor memória e
atenção, outros podem estar relacionados ao declínio cognitivo e à doença de
Alzheimer.
Além disso, os pesquisadores observaram que, se
determinadas bactérias favorecem a função cerebral enquanto outras contribuem
para o declínio cognitivo, tratamentos capazes de alterar o equilíbrio dessas
bactérias na boca poderiam ser parte da solução para prevenir a demência.
“Assim como outras pesquisas anteriores na área, esse estudo reforça a
importância dos cuidados bucais, que não se limita ao bem-estar oral, mas
estende-se também à saúde geral e, inclusive, à preservação da função
cognitiva”, conclui Bernardes.
Neodent
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