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quarta-feira, 26 de março de 2025

Bioimpedância: 80,4% dos brasileiros têm gordura visceral acima do normal, mostra levantamento inédito. E mais:49% estão acima do peso e 26% hipertensos

Um levantamento inédito realizado pela Omron Healthcare, multinacional japonesa líder mundial em dispositivos de saúde, constatou que 80,4% das pessoas em uma amostra com 767 indivíduos apresentaram um percentual de gordura visceral acima dos 10% da gordura total do corpo. O valor está acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. 

O resultado foi extraído de uma ação realizada pela companhia em farmácias por todo o país, na qual também foram avaliados a pressão arterial, percentual de massa magra e eletrocardiograma de uma derivação, com algoritmo capaz de identificar uma arritmia chamada Fibrilação Atrial. 

A gordura visceral é um tipo de gordura que se acumula dentro da cavidade abdominal, e é fator de risco para doenças cardiovasculares, em especial infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença aterosclerótica. O levantamento utilizou Balança Digital Bioimpedância com Bluetooth HBF-222T da OMRON. 

Audes Magalhães Feitosa, médico cardiologista e autor da última diretriz brasileira de medida da pressão arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia afirma que a gordura visceral é mais do que um simples depósito energético.“Ela é um órgão metabolicamente ativo que libera substâncias inflamatórias e interfere diretamente no funcionamento do organismo. Quando seu volume ultrapassa 10%, os riscos cardiovasculares aumentam significativamente. Esse excesso de gordura no abdome está fortemente associado à resistência à insulina, hipertensão arterial, dislipidemia e inflamação crônica, fatores que elevam a probabilidade de infarto e AVC”, ressalta. 

Além disso, segundo o médico, a gordura visceral favorece o acúmulo de placas de gordura nas artérias (aterosclerose). “Ela prejudica a função endotelial, dificultando a regulação da pressão arterial e aumentando o risco de eventos cardiovasculares graves”.
 

Fenômeno TOFI (Thin Outside, Fat Inside) 

Além disso, a amostra constatou que 49% das pessoas estavam acima do peso; destas, metade nas faixas de obesidade, quando o IMC (Índice de Massa Corporal) estava acima de 29.9.

“Há indivíduos que possuem um IMC dentro da faixa considerada normal, mas apresentam acúmulo excessivo de gordura visceral. Esse fenômeno é conhecido como "TOFI" (Thin Outside, Fat Inside – Magro por fora, gordo por dentro).

Essas pessoas podem não parecer acima do peso ao olhar no espelho, mas metabolicamente apresentam riscos semelhantes aos de indivíduos obesos. O excesso de gordura visceral pode desencadear um estado inflamatório crônico e resistência à insulina, aumentando as chances de desenvolver doenças como diabetes tipo 2, hipertensão e aterosclerose. Isso mostra que o IMC, por si só, não é suficiente para avaliar o risco metabólico e que a análise da composição corporal deve ser levada em consideração”, complementa Feitosa.
 

Monitoramento da Pressão Arterial 

Nesta ação, ao todo também foram coletados dados de medida da pressão de 2399 pessoas. 25,3% estavam em um estágio de pré-hipertensão, enquanto 26% estavam hipertensos, sendo que um 1/3 dessas pessoas estavam nos estágios mais avançados da doença, com indicadores da hipertensão estágio 2 e 3. 

“A relação entre obesidade e hipertensão arterial sistêmica fica clara nesse levantamento feito pela OMRON. Quase metade dos participantes estavam acima do peso, e a pressão arterial elevada foi encontrada em números semelhantes aos dados nacionais sobre hipertensão arterial. Esse cenário exige uma abordagem nutricional, pois a redução do peso corporal contribuiria para uma diminuição significativa da gordura visceral, reduzindo também a resistência à insulina e riscos de doenças cardiovasculares”, explica Thais Galhardo, nutricionista clínica. 

O número assemelha-se ao das estatísticas cardiovasculares do Brasil, publicado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. No documento da SBC, a taxa de hipertensão entre os brasileiros é de 26,3%. 

No recorte que avaliou o ECG, foram identificados 50 casos de Fibrilação Atrial, 6,5%. O número é o dobro da taxa que normalmente é registrada, que costuma ser de 3% na população adulta. Dos casos de Fibrilação Atrial, 25% estavam associados à hipertensão arterial. 

“A mudança do estilo de vida, priorizando uma alimentação baseada em alimentos naturais, reduzindo o consumo de alimentos ultraprocessados e o aumento da prática regular de exercício físico, pode diminuir significativamente o risco de complicações futuras decorrentes da obesidade e da hipertensão arterial”, completa a Thaís.


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