Estudo
produzido pela FecomercioSP mostra impacto da digitalização da economia sobre o
emprego
O mercado de trabalho de profissões ligadas à área de Tecnologia
registrou crescimento de até 740%, no Brasil, entre 2012 e 2022. Na
contramão, outras ocupações — algumas vinculadas às atividades
administrativas, financeiras e de atendimento ao público, por exemplo —
apontaram retração de mais de 80% no número de postos de trabalho, no
mesmo período. Os dados fazem parte de um estudo inédito produzido pela Federação
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP)
para avaliar a trajetória do emprego formal e o impacto das transformações
socioeconômicas e tecnológicas nesse período.
Com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do
Ministério do Trabalho, o estudo da Entidade auferiu 30 ocupações que avançaram
no mercado laboral. As profissões, ligadas a computação, Tecnologia da
Informação (TI) e informática registraram as maiores variações, com destaque
para engenheiro de sistemas operacionais em computação, que apresentou aumento
de 741,2% na quantidade de vínculos de emprego. Também obtiveram
crescimento expressivo as ocupações de tecnólogo em gestão de TI (450,7%) e
pesquisador em ciências da computação e informática (579,3%) [tabela 1].
Em 2012, o conjunto dessas 30 profissões tinham cerca de 445 mil vínculos. Já,
em 2022, os empregos atingiram em torno de 868,1 mil, representando uma alta
de 95% nos postos de trabalho ativos.
[TABELA 1]
Estoque e variações do número de vínculos empregatícios por ocupação
Brasil — 2012 × 2022
Considerando as oscilações em números absolutos, as funções ligadas à tecnologia que tiveram maior crescimento na quantidade de empregos foram: analista de desenvolvimento de sistemas (117.046); programador de sistemas de informação (72.332); técnico de apoio ao usuário de internet (36.372); analista de suporte computacional (32.536); e instalador-reparador de redes telefônicas e de comunicação de dados (24.838).
IMPACTOS NEGATIVOS
Por outro lado, o estudo da FecomercioSP também destaca que a digitalização da
economia, ainda que não seja o fator único, trouxe impactos negativos para
algumas profissões. Ao observar outras 30 ocupações, agora ligadas às
atividades administrativas, de vendas, de cobrança, de serviços financeiros e
de atendimento ao público e vigilância, constatou-se uma queda total de
cerca de 1,3 milhão de postos em uma década.
Em números absolutos, as ocupações que sofreram as maiores perdas de vagas
foram: auxiliar de escritório (-390.100); vendedor do comércio varejista
(-278.117); e cobrador de transportes coletivos — exceto trem (-99.814). Já em
termos relativos, as maiores variações negativas foram observadas nos cargos de
monitor de teleatendimento (-88,4%); teleoperador (-86,4%); operador de
cobrança bancária (-83,1%); conferente de serviços bancários (-76,1%);
recepcionista de banco (-64,4%); e cobrador de transporte coletivo — exceto
trem (61,9%) [tabela 2].
[TABELA 2]
Estoque e variações do número de vínculos empregatícios por ocupação
Brasil — 2012 × 2022
TENDÊNCIA CONFIRMADA
Além dos dados da Rais, o levantamento teve como base os principais estudos internacionais que analisam e projetam o reflexo da inovação tecnológica no futuro do trabalho, como as pesquisas desenvolvidas pelo Fórum Econômico Mundial (FEM), em 2023; pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2019; e pelo Instituto Global Mckinsey, em 2017.
A FecomercioSP observa que, apesar de ser preciso aprofundar as análises para
entender as especificidades de cada ocupação, a tendência dos efeitos das
transformações tecnológicas e de mercado, apontada por esses estudos
internacionais, se confirma no Brasil. Segundo a Entidade, é evidente que
os empregos em tecnologia crescem mais rápido do que os das funções
tradicionais.
“A tecnologia pode (e vai) gerar muito mais transformações econômicas e
sociais, bem como no mercado laboral. Mas isso vai depender também dos níveis
de digitalização do mercado consumidor, do rol empresarial e da força de
trabalho. Isso passa pela sustentabilidade financeira de cada um desses
agentes, mas também de ambientes econômico, trabalhista, tributário, social e
de regulação mais favoráveis à absorção da própria inovação”, afirma Jaime
Vasconcellos, assessor da FecomercioSP.
FecomercioSP
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