A escolha entre produtos importados e nacionais pode ser uma decisão extremamente importante no setor eletroeletrônico. Em geral as empresas analisam os fatores como valor, custo-benefício, prazo de entrega, apoio à economia local e mais recentemente a contribuição à sustentabilidade. Mas a decisão ideal pode envolver a avaliação dos prós e contras em função das prioridades de cada um em determinado segmento de mercado.
No total, hoje em dia, existe sobre a importação
sete tributos. São eles o II (Imposto sobre Importação), naturalmente, além do
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços), PIS (Programa de Integração Social), COFINS
(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), ISS (Imposto Sobre
Serviços) e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Os produtos nacionais não estão sujeitos a taxas de
importação e consequentemente não exigem os complexos trâmites de
internalização, além de, normalmente, apresentarem fretes mais acessíveis.
Mesmo no caso de empresas com mais experiência em artigos importados e até para
o profissional de comércio exterior mais experiente, os tributos e artigos
estrangeiros podem ser complexos e até às vezes confundí-lo com tantos
detalhes.
O imposto com taxação de compras internacionais foi
estabelecido deliberadamente para proteger a indústria de transformação
brasileira. Ao escolher produtos exclusivamente importados em vez dos
nacionais, este tipo de aquisição pode aos poucos enfraquecer a indústria
local, e por consequência reduzir empregos e afetar a economia do país,
privilegiando a geração de empregos em outros países e incentivando sua
economia.
No mundo empresarial, a facilidade de manutenção é
um indicativo muito relevante para entender porque um produto nacional quase
sempre é mais indicado para a maioria das decisões de compras industriais.
Encontrar todas as peças ou componentes de reposição com facilidade e rapidez
no mercado doméstico é mais uma conveniência dos ‘brasileirinhos’, ou seja,
fica mais fácil desta forma a troca de itens, evitando a paralisação do
trabalho e consequentemente as perdas no faturamento por causa da espera.
A certificação de garantia é outro ‘porto seguro’
nas aquisições domésticas. Produtos importados, em caso de defeitos, nem sempre
têm assistência técnica e garantia local, dificultando a reparação ou
substituição. O comprador sabe que pode contar na mercadoria nacional com esses
recursos a qualquer momento, o que lhe dá mais segurança seja em que situação
ele se encontrar.
Por causa da logística internacional e dos trâmites
alfandegários, as importações levam mais tempo para serem entregues. Sem falar
que hoje os conflitos internacionais e dificuldades de navegação em áreas de
guerra como o Canal de Suez também são situações que complicam muito o comércio
internacional.
As durações maiores das viagens internacionais
aumentam os custos das mercadorias, e esses impactam no preço do produto final.
Sem contar que o transporte de mercadorias de outros países mais distantes gera
maior emissão de gases poluentes. De acordo com a Organização Marítima Internacional
(IMO) o transporte marítimo é responsável por cerca de 3% das emissões globais
de CO2.
Segundo especialistas em tranding,
um exemplo de cenário sobre a vantagem de uma empresa escolher a compra de um
produto eletroeletrônico nacional foi o da pandemia de covid-19. Em razão das
limitações mundiais de comércio e da interrupção das cadeias de abastecimento,
um grande número de países sofreu com a falta de componentes eletrônicos e
atrasos na produção.
O Brasil, no entanto, comprovou naquele período sua
eficiência, porque inúmeras de suas empresas eletroeletrônicas conseguiram
sustentar as operações e atender a demanda interna por aparelhos eletrônicos,
entre os quais, equipamentos médicos como respiradores, monitores e outros
dispositivos importantes para enfrentar a pandemia e garantir o fornecimento
aos hospitais.
E a partir do crescimento do trabalho à distância,
a procura por computadores, notebooks e outros eletrônicos aumentou bastante.
Por seu lado, a indústria nacional conseguiu atender a demanda, sem a
necessidade de grandes importações de emergência.
Afora isso, a menor dependência a importações
garantiu um fornecimento mais constante, mesmo diante de uma crise mundial. A
eficiência da produção local também permitiu uma resposta mais rápida às necessidades
do mercado interno, que não podia esperar muito tempo pelo fornecimento do
exterior, dada a situação crítica.
A pandemia demostrou o valor de uma indústria
nacional forte e diversificada, capaz de atender às necessidades em períodos de
crise. Não temos atualmente problemas críticos de fenômenos atmosféricos, mas
como seria se sofrêssemos um evento climático de grandes proporções e no
período de reconstrução ainda tivéssemos, que esperar um longo prazo pela vinda
do exterior de postes, cabos, braços cruzados, isoladores, luminárias,
condutores, transformadores ou conectores? Os produtos nacionais garantem
sempre maior segurança e autonomia.
Marcelo Mendes - gerente geral da KRJ Conexões ( https://krj.com.br/ ). É economista e executivo de marketing e vendas do setor eletroeletrônico há mais de 15 anos, com atuação inclusive em vários mercados internacionais.
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