O Acidente
Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como derrame cerebral ou isquemia,
está entre as principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o
mundo. Segundo uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia
Vascular, com base em dados do Portal de Transparência dos Cartórios de
Registro Civil, o número de mortes por AVC superou o de mortes por Infarto
Agudo do Miocárdio (IAM) entre 2019 e junho de 2024. Neste ano, a diferença nos
óbitos entre essas duas doenças chegou a 8,78%, tornando o infarto a menor
causa de morte em comparação com o AVC.
O
neurologista cooperado da Unimed-BH, Paulo Pereira Christo, explica que o AVC
resulta de uma interrupção no fluxo sanguíneo para o cérebro, provocando a
morte de células nervosas na região afetada. Existem dois tipos de AVC: o
isquêmico e o hemorrágico. No tipo isquêmico, o mais comum e responsável por
cerca de 85% dos casos, um vaso sanguíneo sofre obstrução ou redução de fluxo,
o que impede a circulação adequada para uma área específica do cérebro,
causando perda de função e danos permanentes.
No
caso do AVC hemorrágico, ocorre a ruptura de um vaso sanguíneo, resultando em
sangramento no cérebro. Esse tipo representa cerca de 15% de todos os casos de
AVC, mas apresenta um risco maior de morte em comparação ao AVC isquêmico.
“Existe também o chamado Acidente Isquêmico Transitório (AIT), que ocorre
devido a um pequeno coágulo que bloqueia temporariamente uma artéria,
geralmente por menos de uma hora. Esse episódio pode servir como um importante
alerta de que um AVC mais grave pode estar prestes a acontecer”, ressalta.
Sinais e fatores de risco
O
especialista destaca os principais sinais que indicam um possível AVC: fraqueza
ou formigamento na face, no braço ou na perna, geralmente em um lado do corpo;
alterações na fala ou na compreensão; problemas de visão, perda de equilíbrio e
coordenação; além de dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente.
“Geralmente estes sintomas são agudos e súbitos e ocorrem em segundos a
minutos. Outros sinais, como desvio da rima labial (boca torta ao falar) e
confusão mental, também podem ocorrer”, descreve.
Fatores
de risco que podem desencadear o AVC devem ser identificados e tratados de
maneira adequada. Entre eles, destacam-se: hipertensão, diabetes tipo 2,
colesterol alto, obesidade, tabagismo, consumo excessivo de álcool,
sedentarismo, uso de drogas ilícitas, câncer e problemas cardíacos, como
arritmias. “Existem ainda algumas outras condições clínicas que não podem ser
modificadas, como a idade, a raça, a constituição genética e o sexo”,
acrescenta.
Hábitos saudáveis são fundamentais
A
boa notícia é que hábitos saudáveis podem ajudar na prevenção do AVC. Entre as
principais recomendações estão:
- evitar o consumo de tabaco, álcool e drogas ilícitas;
- adotar uma alimentação equilibrada e manter o peso controlado;
- hidratar-se bem;
- praticar atividade física regularmente;
- manter a pressão arterial e a glicemia sob controle e realizar
exames regulares para monitorar colesterol, glicose e a saúde do coração.
Paulo
Pereira orienta que uma alimentação balanceada é outra medida importante na
prevenção. Ele recomenda o aumento do consumo de fibras, vegetais, frutas,
legumes, grãos inteiros, aves e peixes. Além disso, é importante reduzir a
ingestão de carboidratos simples, como açúcares e doces, sal, carne vermelha e
frituras, evitando principalmente alimentos industrializados e processados.
Primeiros socorros e diagnóstico
“Em
caso de suspeita de AVC e, baseado nos sintomas citados anteriormente, o
paciente deve ser levado o mais rápido possível para um hospital”, reforça o
especialista, destacando que se trata de uma emergência médica.
Ele
explica que o diagnóstico é feito por meio de exames de imagem, que identificam
a área afetada do cérebro e o tipo de AVC. A tomografia computadorizada de
crânio é o exame inicial mais utilizado para avaliar o AVC isquêmico agudo,
permitindo a detecção de sinais precoces de isquemia. “Medidas importantes são:
verificar os sinais vitais, como pressão arterial e temperatura; checar a
glicemia; colocar a pessoa deitada, exceto se houver vômitos; administrar
oxigênio, caso seja necessário e é fundamental determinar o horário de início
dos sintomas com o paciente ou acompanhante. Isto define a escolha do melhor
tratamento”, orienta.
De
acordo com Paulo Christo, em ambos os tipos de AVC, cada minuto é valioso, pois
o tempo desempenha um papel crítico na minimização dos danos cerebrais e na
maximização das chances de recuperação. “No caso do AVC isquêmico, por exemplo,
podem ser aplicadas medicações que dissolvem coágulos e entupimentos das
artérias do paciente. Existe a possibilidade de retirada mecânica, por meio de procedimentos
que inserem um cateter no cérebro do paciente e conseguem dissolver o
entupimento no local. Já no AVC hemorrágico, podem ser feitas cirurgias que
removem o sangue que ficou no local e que pode estar causando pressão no
cérebro”, explica.
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