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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Além do câncer de próstata: comportamentos de risco favorecem o surgimento de outros tumores nos homens

O tabagismo e o consumo excessivo de álcool estão entre as práticas que podem levar ao desenvolvimento de várias neoplasias, afirma a médica Rafaela Pozzobon, da Oncologia D’Or.
 

Embora seja o tumor mais comum na população masculina, o câncer de próstata não é a única neoplasia a ameaçar a saúde dos homens. Jovens e adultos adotam comportamentos que favorecem o desenvolvimento de alguns tipos de câncer. 

É o caso do tabagismo, um grande fator de risco para os cânceres de pulmão e bexiga, que são mais prevalentes na população masculina. De acordo com a pesquisa Vigitel Brasil 2023¹, do Ministério da Saúde, os fumantes representam 9,3% da população, sendo a maioria homens. 

Outra prática também associada a esse modelo comportamental é o consumo excessivo de bebida alcoólica. Junto com o tabagismo, esse hábito aumenta em até 20 vezes o risco do surgimento do câncer de cabeça e pescoço² – termo genérico para designar tumores na boca, nas regiões da orofaringe e nasofaringe, na laringe e nos seios nasais. 

Por isso, a campanha Novembro Azul é um momento importante para a disseminação de informações não só sobre o câncer de próstata, mas também sobre outros tumores comuns nos homens, que podem ser prevenidos com mudanças no estilo de vida.

O tabagismo aumenta o risco do desenvolvimento
 dos cânceres de pulmão, cabeça e pescoço e de bexiga.

Cabeça e pescoço

É o quinto tipo de tumor mais comum no Brasil, sem considerar o câncer de pele não melanoma³. Nos homens, 4,6% dos casos totais de câncer atingem a cavidade oral e 2,7% a laringe. Nas mulheres, 5,8% afetam a glândula tireoide³. 

O tabagismo e o consumo de álcool em grande quantidade ampliam a propensão à doença. Como o número de fumantes tem caído no Brasil, os especialistas atribuem o crescimento da enfermidade às infecções por HPV, um vírus sexualmente transmissível que responde por 50% a 80% dos casos de câncer de orofaringe.

“A falta de informação leva parte da população, sejam homens ou mulheres, a não fazer sexo seguro, o que propicia as infecções pelo Papilomavírus Humano, o HPV, em pessoas não vacinadas”, explica a médica oncologista Rafaela Pozzobon, da Oncologia D’Or. 

A descoberta do câncer em fase inicial pode levar à cura. O tratamento consiste basicamente em cirurgia, seguido, em alguns casos, de quimioterapia e radioterapia. Por falta de informação sobre a doença, 76% dos casos são descobertos em estágio avançado, o que dificulta o tratamento e eleva a mortalidade. 

A maneira mais eficaz de prevenir esse tipo de câncer é não fumar, evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, praticar sexo seguro e se vacinar contra o HPV. A vacina é oferecida na rede pública para meninos e meninas entre 9 e 14 anos, além de homens e mulheres até 46 anos que convivem com o HIV, realizaram transplantes ou estão em tratamento contra o câncer. Na rede privada, a imunização pode ser feita em pessoas entre 9 e 59 anos, a critério médico.
 

Câncer de pulmão

O tabagismo é responsável por cerca de 80% dos casos de câncer de pulmão – o quarto tipo de tumor mais recorrente no Brasil, sem considerar o tumor de pele não melanoma. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca)², 32.560 casos deverão ser diagnosticados este ano – mais de 55% em homens. 

Como não apresenta sintomas nas fases iniciais, 70% dos casos só são identificados em estágios avançados. Para reverter esse quadro, o 1º Consenso Brasileiro para Rastreamento de Câncer de Pulmão recomenda a realização anual de tomografia do tórax de baixa radiação para grupos de alto risco para a doença. 

Grandes ensaios clínicos nos Estados Unidos e na Europa⁴,⁵ demonstram que o rastreio, seguido de uma abordagem diagnóstica e terapêutica apropriada, reduz em 20% ou mais a mortalidade pela doença. 

Compõem os grupos de alto risco as pessoas com mais de 50 anos, fumantes ou ex-fumantes há menos de 15 anos e com carga tabágica igual ou superior a 20 anos-maço. O cálculo da carga equivale à multiplicação do número de maços fumados por dia pelo número de anos de tabagismo. Por exemplo, se uma pessoa fumou 40 cigarros por dia (dois maços) durante 20 anos, a carga tabágica é de 40 anos-maço (2 x 20).
 

Câncer de bexiga

Perto de 70% dos 11.370 casos de câncer de bexiga diagnosticados em 2024 serão em homens. A doença ocupa a 12ª posição entre os tumores mais frequentes no país², tendo na Região Sudeste as maiores taxas de incidência. 

O principal fator de risco é o tabagismo, seguido da exposição ocupacional a certas substâncias cancerígenas utilizadas nas indústrias de tecidos, pintura, corantes, borracha e alumínio, além da exposição à radiação e ao arsênico. 

Os sintomas mais comuns da enfermidade são a presença de sangue na urina, dor forte ao urinar, sentir vontade e não conseguir urinar, incontinência urinária, sensação de dor ou ardência ao urinar e mudanças no fluxo de urina. 

A doença é diagnosticada pela cistoscopia, um procedimento semelhante à endoscopia, que permite a visualização da bexiga e da uretra e a busca por lesões suspeitas. De modo geral, o tratamento consiste em cirurgia, às vezes combinada com a radioterapia e a quimioterapia. Os casos mais graves podem exigir a remoção da bexiga, que é substituída por um novo órgão (neobexiga), criado a partir de pedaços do intestino.
 

Oncologia D'Or

 

Referências

  1. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis .Vigitel Brasil 2006-2023
  2. Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço. Disponível em Link
  3. Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Estimativa 2023: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2022.
  4. National Lung Screening Trial Research Team, Aberle DR, Adams AM, Berg CD, Black WC, Clapp JD, et al. Reduced lung-cancer mortality with low-dose computed tomographic screening. N Engl J Med. 2011;365(5):395-409.
  5. de Koning HJ, van der Aalst CM, de Jong PA, Scholten ET, Nackaerts K, Heuvelmans MA, et al. Reduced Lung-Cancer Mortality with Volume CT Screening in a Randomized Trial. N Engl J Med. 2020;382(6):503-513.

 

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