Especialista
explica como sobrepeso afeta qualidade do sono e dá dicas para dormir melhor
Em outubro, mês marcado pelo Dia Nacional de
Prevenção da Obesidade (11/10), vale alertar sobre os hábitos de vida e suas
consequências para a saúde. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (2020),
aproximadamente 60% dos brasileiros já têm excesso de peso, e um em cada quatro
tem obesidade. Em 2030, estima-se que 33,2% das mulheres e 25,8% dos homens
viverão com obesidade. Entre as complicações associadas ao sobrepeso, está a
apneia do sono (AOS).
A condição é caracterizada por interrupções na
respiração durante o sono. Os episódios são frequentemente associados a roncos
e podem resultar em problemas cardiovasculares, em casos mais graves. Estima-se
que quase um bilhão de pessoas no mundo tenham AOS, e o Brasil está entre os
dez países com maior número de indivíduos com o distúrbio, conforme artigo
publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia (vol. 48, 2022). A obesidade é um
dos principais fatores de risco.
Pesquisas têm demonstrado uma forte correlação
entre o excesso de peso e o aumento da prevalência da apneia do sono. Um estudo
da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicado em 2018 na Revista
Menopause, mostrou que o sobrepeso e a obesidade abdominal, especialmente em
mulheres, aumentam significativamente o risco de desenvolver AOS, em até
60%.
"A apneia do sono acontece quando a faringe,
que fica atrás da língua, se estreita. O principal fator de risco para essa
condição é a obesidade, pois o acúmulo de gordura nessa área pode obstruir as
vias respiratórias durante o sono. Quando dormimos, os músculos relaxam,
diminuindo a firmeza dos músculos que mantêm a faringe aberta. Isso pode levar
à apneia", explica Geraldo Lorenzi, Diretor Médico da Biologix, healthtech especializada em medicina do sono.
Outros estudos sugerem que a perda de peso pode
reduzir significativamente os episódios de apneia, melhorando a qualidade do
sono. "Estima-se que, ao perder 10% do peso, a apneia pode melhorar em
cerca de 30%. No entanto, pessoas magras também podem ter apneia devido a
características do rosto ou fraqueza muscular na garganta", acrescenta
Lorenzi.
Para aqueles que roncam, o especialista indica
dormir de lado e garantir que o nariz esteja desobstruído. A prática de
atividades físicas também é recomendada, pois ajuda a substituir gordura por
músculos. Exercícios para a musculatura da garganta, feitos com a orientação de
um fonoaudiólogo, também podem ajudar.
"É vital buscar orientação médica e, se
necessário, realizar um estudo conhecido como polissonografia, para confirmar a
presença da apneia e auxiliar no tratamento adequado. Em casos mais graves,
tratamentos como o uso de CPAP (ventilação por pressão positiva contínua) podem
ser necessários", reforça Lorenzi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário