Série especial traz imagens garimpadas no Instituto Ziraldo
e será lançada no dia 24 de outubro, data de aniversário do multiartista
No próximo dia 24, quando Ziraldo completaria 92 anos, os Correios
lançarão uma série de quatro selos natalinos em sua homenagem, destacando o seu
legado como artista gráfico, humorista, escritor, ilustrador, cartunista,
caricaturista, dramaturgo e jornalista. A coleção será lançada em cerimônia no
Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro, a partir das 19h.
O produtor Tarcisio Vidigal, da Filmes de Minas, e a equipe do
Instituto Ziraldo selecionaram no acervo da instituição quatro desenhos de
diversas épocas para ilustrar a nova série. O primeiro selo traz um Papai Noel
desenhado na década de 1970 que, segundo o relato do próprio Ziraldo no livro
“40-55, Itinerário de um artista gráfico”, é o desenho “mais solto e bem
resolvido” que ele já fez do Bom Velhinho. Outro selo reproduz a capa da
revista “A Turma do Pererê” de 1975, adaptada para o Natal de 2024. O terceiro
selo apresenta a ideia, feita a lápis de cor, do Menino Maluquinho para um
Natal do fim dos anos 1990. O quarto selo exibe um desenho original criado para
o cartaz da 41ª Feira da Providência, de 2001.
A tiragem total será de 160 mil exemplares (40 mil para cada
selo), com valor facial de R$ 2,55. Os selos medem 30 x 40mm, com impressão em
papel cuchê gomado, a cargo da Casa da Moeda do Brasil. As técnicas usadas nas
ilustrações são nanquim, aquarela líquida, lápis de cor e pintura digital.
Para o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, é uma
honra para a empresa ter os traços geniais e inconfundíveis de Ziraldo
registrados nos selos postais. "Com seu talento único, Ziraldo marcou
gerações como escritor, ilustrador e cartunista. Criador de obras emblemáticas,
ele trouxe à literatura infantil brasileira uma nova forma de contar histórias,
repleta de humor, sensibilidade e identificação com o cotidiano das crianças.
Seu trabalho também transcendeu o público infantil. Com suas tirinhas, cartuns
e charges, Ziraldo abordou temas sociais e políticos de maneira crítica e
criativa, dialogando com diferentes camadas da sociedade. Seu legado
permanecerá vivo, inspirando novas gerações de leitores, artistas e pensadores.
Por isso, devemos celebrar e reconhecer sua contribuição inestimável à cultura
nacional", afirma o executivo.
“Mesmo numa era de comunicação veloz e digital, trazemos o acervo
do Ziraldo nas mensagens afetuosas de fim de ano com os Selos de Natal 2024.
Ziraldo para todas as idades, em todos os tempos! Essa homenagem dos Correios é
motivo de grande alegria para nós”, afirma Adriana Lins, diretora artística do
Instituto Ziraldo.
Ao longo de sua trajetória, o multiartista teve uma parceria
marcante com a estatal, que simbolizou a valorização da arte e da cultura
brasileira. Ziraldo contribuiu com ilustrações de seus personagens para
campanhas comemorativas e edições especiais de selos, ajudando a aproximar a
arte gráfica da comunicação postal no Brasil.
Em 1994, foi convidado para ilustrar os tradicionais selos de
Natal e selecionou alguns de seus personagens icônicos. O Menino Maluquinho de
braços abertos vestindo um casaco de Papai Noel bem maior que o seu tamanho, o
Bichinho da Maçã com o gorro natalino, Pererê colocando uma cartinha em seu
único pé de sapato e a sua Turma em um coro uníssono inspiraram o artista a
retratar situações típicas da data. O próprio artista descreveu assim essa
parceria com os Correios:
“Eu acho que todo artista gráfico não pode passar pela vida sem
fazer um selo. E eu fiquei muito feliz porque esses selos de Natal vão
perpetuar os meus personagens, dando-lhes importância nacional”, disse Ziraldo
na época à Revista dos Correios, que já havia utilizado um de seus desenhos – o
Galo, símbolo do Festival Internacional da Canção Popular – em um selo
comemorativo de 1967.
À época, Ziraldo destacou que sua maior preocupação ao criar a
série era realizar um trabalho caprichado. “Por ser muito pequeno, o selo tem
elementos baseados em detalhes. Eu quis fazer um que as pessoas olhassem e
dissessem ‘Que maravilha!’, que quisessem guardá-lo”, esclareceu o artista,
que, assim como outros tantos meninos, manteve na juventude uma coleção de
selos. A sua abrangia 74 países. Agora, 30 anos depois, os personagens de
Ziraldo ilustram uma nova série de selos natalinos, que também serão objeto de
colecionadores.
SOBRE ZIRALDO
Ziraldo Alves Pinto dedicou-se por sete décadas à literatura e à
ilustração. Foi artista gráfico, humorista, escritor, ilustrador, cartunista,
caricaturista, dramaturgo, jornalista... um verdadeiro multiartista que marcou
a cultura brasileira. Nasceu em 24 de outubro de 1932, em Caratinga (MG).
Publicou seu primeiro desenho aos 6 anos, no jornal “A Folha de Minas”.
Apaixonado por gibis, aos 12 anos começou a desenhar suas próprias
histórias em quadrinhos. Em 1946, descobriu o traço caricatural quando viu um
desenho retratando o presidente Gaspar Dutra. Ziraldo ficou intrigado e
fascinado. Seu pai prontamente explicou: “Isso é caricatura, Ziraldo!” Naquele
momento, aos 14 anos, ele encontrou todas as respostas para sua arte. Em 1948,
mudou-se para o Rio de Janeiro levando seu caderno de desenho, cheio de
caricaturas e ilustrações, e, depois de muita persistência, conseguiu emprego
como estagiário publicitário.
A paixão por gibis o levou a lançar, em 1960, a pioneira revista
em quadrinhos Pererê, com temáticas socioambientais até hoje atuais e
relevantes, que circulou nas mãos de crianças e jovens de todo o Brasil. Em
1967, criou Os Zeróis, caricaturas irreverentes de personagens como Mulher
Maravilha, Super Homem, Tarzan, Batman, Robin, Tocha Humana, etc. que viraram
tiras de humor e foram publicadas em diversos jornais nacionais e
internacionais. Em 1969, recebeu o Nobel Internacional de Humor, no 32º Salão
Internacional de Caricaturas, em Bruxelas.
Durante a ditadura militar do Brasil, suas caricaturas tiveram
grande destaque político. No mesmo ano do Nobel de Humor, lançou seu primeiro
livro, Flicts, um divisor de águas na literatura infantojuvenil e confessou,
publicamente, ter encontrado ali sua vocação. Em 1980, com o sucesso estrondoso
de O Menino Maluquinho, Ziraldo mergulhou profundamente na literatura para
crianças e jovens, tendo editado ao longo de sua carreira quase 200 títulos.
Em 70 anos de trabalho, sua produção atingiu uma relevância
incomparável que pode ser vista em catálogos, coletâneas, antologias e
depoimentos de fãs de todas as idades. Participou de inúmeros salões de humor,
diversas exposições de arte a partir de suas criações e recebeu incontáveis
homenagens e prêmios, com destaque para o Prêmio Iberoamericano de Humor
Gráfico Quevedos, em 2008, pela qualidade e importância de sua obra, seu
compromisso social, sua difusão e grande repercussão internacional.
Ziraldo faleceu no Rio de Janeiro aos 91 anos, em 6 de abril deste
ano, deixando um acervo relevante para a memória cultural do Brasil. Este
acervo vem sendo digitalizado, catalogado e difundido pelo Instituto Ziraldo.
Sua conservação, desde 2024, conta com o patrocínio da PRIO, viabilizado pela
Lei Federal de Incentivo à Cultural.
SOBRE O INSTITUTO ZIRALDO
Instituição cultural que preserva e difunde o acervo visual e
intelectual do multiartista Ziraldo, o IZ é responsável pelo desenvolvimento de
projetos a partir deste acervo relevante e representativo de sete décadas de
nossa recente história. A instituição já digitalizou e inventariou, até o
momento, cerca de 18 mil itens que incluem ilustrações, esboços e ideias. É a
guardiã de objetos e materiais de trabalho do artista, além da vasta coleção de
coletes, uma das marcas registradas de Ziraldo.
O acervo inclui inúmeros troféus, encadernações das publicações da
Revista Pererê, do periódico O Pasquim, miniaturas dos personagens de Ziraldo,
edições do livro “O Menino Maluquinho” em todos os idiomas publicados, a
biblioteca de consulta do artista, a biblioteca de suas obras, sendo ainda o
organizador de um imenso material biográfico com fatos e curiosidades sobre o
artista e sobre os contextos social e político das suas obras.
Dentro da política de difusão do Instituto Ziraldo, além das
recentes realizações com exposições, projetos editoriais, audiovisuais, ações
educativas e sociais de incentivo à leitura, consta o intercâmbio cultural e
artístico entre instituições, escolas e pesquisadores em âmbito nacional e
internacional. Ler para ir além da leitura é a missão do Instituto Ziraldo.
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