Especialistas em História, Geopolítica e Climatologia apontam que temas como os 200 anos da Constituição de 1824 e os impactos das mudanças climáticas estarão entre os principais destaques no Enem deste ano
Com a proximidade do Enem 2024, os estudantes intensificam a preparação,
cientes de que o exame exige não apenas o domínio de conteúdos teóricos, mas
também uma leitura crítica dos acontecimentos históricos e dos desafios
contemporâneos. Este ano, diversos marcos importantes, como os 200 anos da
primeira Constituição do Brasil e os 30 anos do fim do Apartheid, são fortes
candidatos a serem explorados na prova.
Especialistas de diferentes áreas confirmam essa tendência. "O Enem
2024 deve abordar a importância da Constituição de 1824 no contexto do Império,
comparando-a com as conquistas democráticas da Constituição de 1988",
indica Matheus Eugênio Lima, professor de História do Colégio Semeador, em Foz
do Iguaçu (PR). Eventos marcantes para a redemocratização, como as Diretas Já,
também podem ter destaque nas provas. "A mobilização popular por eleições
diretas foi um divisor de águas na política brasileira e um tema sempre
relevante para o Enem", ressalta Daniel Medeiros, doutor em Educação
Histórica e professor no Curso Positivo, em Curitiba (PR).
Já o geógrafo Eduardo Berkenbrock Lopes, professor e assessor de
Geografia do Ensino Médio do Colégio Positivo, em Curitiba (PR), acredita que o
exame deve explorar os impactos dos fenômenos climáticos recentes. "Com a
intensificação de eventos como o El Niño e La Niña, o Enem pode trazer questões
que conectem mudanças climáticas a desastres naturais e políticas de
prevenção.”
A seguir, confira 10 temas históricos e atuais que, segundo
especialistas, têm grandes chances de serem cobrados no Enem 2024. Esses temas
trazem à tona a importância de uma abordagem crítica sobre o passado e o
presente, tanto em âmbito global quanto nacional. Como nas versões anteriores,
o Enem 2024 promete exigir uma compreensão aprofundada das dinâmicas históricas
e contemporâneas que moldam o Brasil e o mundo.
1. Bicentenário da Primeira Constituição Brasileira
(1824–2024)
O bicentenário da primeira Constituição brasileira, imposta por D. Pedro
I, deve ser um ponto importante de comparação com a Constituição de 1988,
conhecida como a "Constituição Cidadã". “A Constituição de 1824
centralizava o poder nas mãos do imperador e restringia a participação
política, enquanto a de 1988 ampliou os direitos sociais e a cidadania",
explica o professor Matheus Lima.
2. 40 Anos do Movimento Diretas Já (1984–2024)
O movimento Diretas Já, que exigiu eleições diretas para presidente,
marcou o início da redemocratização do Brasil. “A luta pelas Diretas Já, mesmo
sem obter sucesso imediato, criou o clima necessário para a consolidação da
democracia no Brasil”, comenta Daniel Medeiros. Questões podem explorar a
importância desse movimento na mobilização popular e na retomada dos direitos
democráticos.
3. 70 Anos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948–2018)
A Declaração Universal dos Direitos Humanos influenciou diretamente a
Constituição de 1988 e a formulação de leis como o Estatuto da Criança e do
Adolescente e a Lei Maria da Penha. "Ela estabeleceu princípios que hoje
fazem parte do arcabouço jurídico brasileiro, especialmente na proteção dos
direitos fundamentais", afirma Matheus Lima.
4. 30 Anos do Fim do Apartheid (1994–2024)
O fim do Apartheid na África do Sul, em 1994, sob a liderança de Nelson
Mandela, é um marco mundial na luta contra o racismo. "O Enem pode traçar
paralelos entre o fim do Apartheid e o racismo estrutural no Brasil, onde,
apesar do fim da escravidão, ainda lidamos com desigualdades profundas",
analisa o doutor em Educação Histórica, Daniel Medeiros. Segundo ele, questões
sobre cotas raciais e ações afirmativas também podem surgir.
5. 30 Anos do Dia Internacional dos Povos Indígenas
(1994–2024)
A questão indígena tem sido amplamente debatida no Brasil, especialmente
em relação à demarcação de terras e à preservação cultural. "O Enem pode
abordar os desafios atuais enfrentados pelos povos indígenas, como a pressão
sobre suas terras devido ao agronegócio e à mineração", comenta Matheus
Lima. A proteção ambiental e a defesa dos direitos indígenas são temas de
grande relevância na prova.
6. Expansão do BRICS (2023)
Fundado em 2006, o BRICS (bloco econômico formado inicialmente por
Brasil, Rússia, Índia e China e, em seguida, África do Sul), expandiu-se
recentemente, incluindo Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita,
Etiópia e Irã, o que reflete uma nova dinâmica no cenário global. "O
BRICS+ representa uma força econômica significativa, e o papel do Brasil no
grupo pode ser explorado em questões relacionadas à geopolítica global",
afirma Eduardo Lopes. A ascensão dos países emergentes e o impacto dessa
configuração na governança global são tópicos potenciais.
7. Mudanças Climáticas: El Niño e La Niña
(2023–2024)
O fenômeno El Niño, que provoca alterações climáticas severas, tem
causado tragédias no Brasil e em outras partes do mundo. "O Enem pode
explorar a relação entre fenômenos climáticos e políticas de mitigação de
desastres, conectando o impacto do El Niño com eventos como as chuvas no Rio
Grande do Sul", aponta Lopes.
8. 60 Anos do Golpe Militar no Brasil (1964–2024)
O golpe militar de 1964, que instaurou uma ditadura de 21 anos no
Brasil, continua sendo um tema relevante para o Enem, especialmente em questões
sobre censura, repressão e a luta pela redemocratização. "A ditadura
militar no Brasil foi um período de intensas restrições aos direitos civis, e a
análise de suas consequências ainda é fundamental para entender a nossa
democracia", comenta Medeiros.
9. Governança Global e o G20 no Brasil (2024)
Em 2024, o Brasil sedia a reunião do G20, um evento que deve colocar em
pauta o combate à fome, o desenvolvimento sustentável e a reforma da governança
global. "O papel do Brasil nas discussões internacionais e sua liderança
em temas como o combate à pobreza e às mudanças climáticas serão de grande
relevância no Enem", explica Lopes.
10. Abalos Sísmicos Globais (2023)
Os terremotos que atingiram países como a Turquia e a Síria em 2023
podem ser abordados em questões que relacionem desastres naturais,
infraestrutura e gestão de crises. "Eventos como esses mostram a
importância de uma infraestrutura preparada e de políticas de resposta
eficazes, algo que pode ser tema de atualidades e geopolítica", conclui
Lopes.
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