A transmissão ocorre por fluidos
corporais e, em alguns casos, por via sexual, devido às erupções cutâneas em
órgãos genitais e na boca
A Mpox, uma doença viral aguda causada pelo Orthopoxvirus, está
sob vigilância global desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou
emergência de saúde pública. Ela é transmitida por fluidos corporais, contato
com lesões e, em alguns casos, por via sexual, especialmente devido às erupções
cutâneas que podem aparecer nos órgãos genitais e na boca. Além disso, o
compartilhamento de objetos contaminados, como toalhas e roupas de cama, também
pode disseminar o vírus.
Celso Granato, médico infectologista e patologista clínico da
Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML),
explica que, ao considerar a definição de IST da OMS, a Mpox pode ser vista
como uma infecção que pode ser transmitida durante atividades sexuais ou contato
íntimo. No entanto, ele enfatiza que "a principal forma de contato não é
pela presença do vírus no sêmen, mas sim pelo contato pele a pele direto".
Granato observa que casos de Mpox foram registrados em crianças que não possuem
atividade sexual, evidenciando que o contágio pode ocorrer em situações
cotidianas, como brincadeiras.
De acordo com o especialista da SBPC/ML, é recomendável que as
pessoas mantenham um número reduzido de parceiros sexuais e alertem uns aos
outros sobre lesões cutâneas, pois "quanto mais exposição ao risco e maior
o número de parceiros, pior". Embora o uso do preservativo seja crucial
para a prevenção de outras ISTs como HIV, sífilis e gonorreia, ele ressalta que
"no caso da Mpox, o contato pele a pele é a forma mais importante de
contágio", o que significa que o preservativo, por si só, não garante
proteção contra a infecção. Portanto, a educação e a conscientização sobre a
transmissão da Mpox são fundamentais para mitigar os riscos associados a essa
infecção.
Granato também ressalta a importância fundamental da medicina laboratorial no diagnóstico precoce e na contenção da doença. O período de incubação da Mpox varia de 5 a 21 dias. Os primeiros sintomas incluem febre, dor de cabeça e mal-estar, seguidos por erupções cutâneas, que podem surgir em qualquer parte do corpo, devido ao contato pele a pele com uma pessoa infectada. "Essas lesões são características e aparecem em estágios uniformes, o que as diferencia de outras doenças como a catapora", explicou.
No diagnóstico, Granato enfatiza o uso do PCR em tempo real, uma técnica molecular que detecta o DNA do vírus de forma rápida e precisa. “Esse teste é o mais confiável e seguro, sendo amplamente utilizado em laboratórios de referência como o Instituto Adolfo Lutz, Fiocruz e Evandro Chagas, além de laboratórios privados,” destacou o especialista da SBPC/ML, acrescentando que embora a Mpox tenha uma semelhança clínica com a varíola, doença erradicada nos anos 70, hoje há ferramentas laboratoriais avançadas que permitem diferenciar claramente o vírus da Mpox de outros vírus similares.
No entanto, ressalta Granato, é necessário que haja vigilância constante, principalmente em portos e aeroportos, para identificar e isolar casos suspeitos, minimizando o risco de disseminação global. Ele também menciona que, embora exista uma vacina eficaz contra a Mpox, sua disponibilidade é limitada e, por isso, é priorizada para indivíduos que tiveram contato próximo com casos confirmados.
Além do diagnóstico inicial, a medicina laboratorial é essencial
para monitorar possíveis complicações, como infecções bacterianas secundárias,
e garantir que o tratamento seja adequado e eficaz, contribuindo para uma
recuperação segura dos pacientes. "O alerta da OMS funciona como um
chamado à ação para os profissionais de saúde e para a população em geral,
lembrando que o diagnóstico precoce e a prevenção são as melhores armas contra
a disseminação da Mpox, finalizou.
SBPC/ML - Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial
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