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quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Mpox pode ser transmitida sexualmente mas não é exclusivamente uma IST

A transmissão ocorre por fluidos corporais e, em alguns casos, por via sexual, devido às erupções cutâneas em órgãos genitais e na boca

 

A Mpox, uma doença viral aguda causada pelo Orthopoxvirus, está sob vigilância global desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência de saúde pública. Ela é transmitida por fluidos corporais, contato com lesões e, em alguns casos, por via sexual, especialmente devido às erupções cutâneas que podem aparecer nos órgãos genitais e na boca. Além disso, o compartilhamento de objetos contaminados, como toalhas e roupas de cama, também pode disseminar o vírus. 

Celso Granato, médico infectologista e patologista clínico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), explica que, ao considerar a definição de IST da OMS, a Mpox pode ser vista como uma infecção que pode ser transmitida durante atividades sexuais ou contato íntimo. No entanto, ele enfatiza que "a principal forma de contato não é pela presença do vírus no sêmen, mas sim pelo contato pele a pele direto". Granato observa que casos de Mpox foram registrados em crianças que não possuem atividade sexual, evidenciando que o contágio pode ocorrer em situações cotidianas, como brincadeiras. 

De acordo com o especialista da SBPC/ML, é recomendável que as pessoas mantenham um número reduzido de parceiros sexuais e alertem uns aos outros sobre lesões cutâneas, pois "quanto mais exposição ao risco e maior o número de parceiros, pior". Embora o uso do preservativo seja crucial para a prevenção de outras ISTs como HIV, sífilis e gonorreia, ele ressalta que "no caso da Mpox, o contato pele a pele é a forma mais importante de contágio", o que significa que o preservativo, por si só, não garante proteção contra a infecção. Portanto, a educação e a conscientização sobre a transmissão da Mpox são fundamentais para mitigar os riscos associados a essa infecção. 

Granato também ressalta a importância fundamental da medicina laboratorial no diagnóstico precoce e na contenção da doença. O período de incubação da Mpox varia de 5 a 21 dias. Os primeiros sintomas incluem febre, dor de cabeça e mal-estar, seguidos por erupções cutâneas, que podem surgir em qualquer parte do corpo, devido ao contato pele a pele com uma pessoa infectada. "Essas lesões são características e aparecem em estágios uniformes, o que as diferencia de outras doenças como a catapora", explicou.

No diagnóstico, Granato enfatiza o uso do PCR em tempo real, uma técnica molecular que detecta o DNA do vírus de forma rápida e precisa. “Esse teste é o mais confiável e seguro, sendo amplamente utilizado em laboratórios de referência como o Instituto Adolfo Lutz, Fiocruz e Evandro Chagas, além de laboratórios privados,” destacou o especialista da SBPC/ML, acrescentando que embora a Mpox tenha uma semelhança clínica com a varíola, doença erradicada nos anos 70, hoje há ferramentas laboratoriais avançadas que permitem diferenciar claramente o vírus da Mpox de outros vírus similares.

No entanto, ressalta Granato, é necessário que haja vigilância constante, principalmente em portos e aeroportos, para identificar e isolar casos suspeitos, minimizando o risco de disseminação global. Ele também menciona que, embora exista uma vacina eficaz contra a Mpox, sua disponibilidade é limitada e, por isso, é priorizada para indivíduos que tiveram contato próximo com casos confirmados. 

Além do diagnóstico inicial, a medicina laboratorial é essencial para monitorar possíveis complicações, como infecções bacterianas secundárias, e garantir que o tratamento seja adequado e eficaz, contribuindo para uma recuperação segura dos pacientes. "O alerta da OMS funciona como um chamado à ação para os profissionais de saúde e para a população em geral, lembrando que o diagnóstico precoce e a prevenção são as melhores armas contra a disseminação da Mpox, finalizou.

 


SBPC/ML - Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial



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