De olho no crescimento
do turismo na região, empreendedoras buscam capacitação para fortalecer
negócios que vendem a comida de rua mais famosa do ParáFoto: Ivonete Costa Pantoja
arquivo pessoal
Tucupi, goma de mandioca, jambu e camarão seco. Cada receita com o seu toque, esses ingredientes regionais são a base de uma das comidas de rua mais icônicas do Pará: o tacacá. Em Belém, 13 de setembro é o Dia da Tacacazeira, data instituída pela Lei Municipal nº 8.846/2011 para homenagear as mulheres que, há gerações, preparam o caldo, que ganhou fama nacional com a música da Joelma, e que cada vez mais turistas querem provar. Desde o anúncio da sede da COP 30, o Pará se prepara para apresentar o tacacá também aos visitantes estrangeiros e a profissionalização desta atividade ancestral é uma das estratégias apoiadas pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Pará (Sebrae/PA).
Mais que uma iguaria gastronômica, o tacacá é fonte de renda para famílias inteiras, sob liderança de mulheres que passam suas receitas para suas filhas e netas. É o caso de Neide Juliana Freitas, 40, cujo negócio tem mais idade que ela. “Nossa venda, na avenida Nazaré, foi fundada pela matriarca, minha avó Leonice. Comecei a ajudá-la aos 12 anos e agora administro o Tacacá Paraense, que tem 60 anos de tradição. Levo esse legado com muito orgulho porque o tacacá pra mim é mais que um prato, é nossa raiz”, conta a empreendedora, que tem buscado conhecimento para fortalecer o negócio. “Essa é uma forma de olhar profundamente para esse ofício que vem de berço, o que tem sido transformador”, comenta.
Outra tacacazeira, Ivanete Costa Pantoja, concilia a administração do Tacacá Raízes da Mandioca, fundado há 62 anos pelos seus pais, com a presidência da Associação das Tacacazeiras e Comidas Típicas de Belém (Astacom). Com 33 tacacazeiras registradas, a associação foi criada para fortalecer a categoria e realiza, anualmente, o tradicional Festival das Tacacazeiras — em sua quinta edição, a festa acontece entre 13 e 15 de setembro, no Boulevard da Gastronomia, em Belém. “As capacitações estão nos ajudando a valorizar esse nosso patrimônio”, afirma Ivanete, que acredita que as formações proporcionarão aos visitantes que virão para a COP 30 a melhor experiência possível. “A expectativa é grande sabendo que podemos ter mais renda e, ao mesmo tempo, contar um pouco da nossa história nas calçadas de Belém”, comenta.
O trabalho com as tacacazeiras está dentro do eixo de alimentos e bebidas, um dos focos de trabalho do Sebrae/PA na preparação para a COP 30. “Quem vier a Belém vai querer provar este e outros pratos representativos da nossa região”, explica o diretor-superintendente do Sebrae/PA, Rubens Magno. “A capacitação é um legado que fica para esses negócios, que, desde já, estão se tornando mais fortes e competitivos. Agora, em outubro, durante o Círio de Nazaré, as tacacazeiras poderão colocar vários desses conhecimentos em prática, aproveitando o fluxo de turistas do evento para potencializar suas vendas”, completa.
As oficinas sobre gestão financeira, precificação e atendimento, entre outros temas, são pensadas de acordo com as necessidades relatadas pelas próprias empreendedoras e já estão ajudando as tacacazeiras, que viram o movimento aumentar desde o anúncio da conferência. Só no primeiro semestre de 2024, o Pará recebeu mais de 12 mil turistas internacionais, segundo o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), mais que o dobro registrado no mesmo período de 2023.
A importância cultural das tacacazeiras já é
reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial
em Belém e pode virar também Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que realiza, desde o início
do ano, uma pesquisa para oficializar o registro do ofício.
Sobre a COP 30 - Promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), a
Conferência das Partes (COP) é o maior e mais importante evento sobre clima e
meio ambiente do mundo. A expectativa do Sebrae/PA é que toda a mobilização
gerada para a COP 30, em Belém, deixe um legado importante para a capital
paraense, consolidando-a como um novo polo turístico receptivo no Brasil.
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