Setor passa por
mudanças no modelo de remuneração e nas relações entre investidores e
assessores de investimentos Unsplash
Segundo a Associação Nacional das Corretoras de
Valores (Ancord), o Brasil tem, atualmente, mais de 25 mil assessores de
investimento credenciados. Esse número vem crescendo nos últimos anos e a
profissão, portanto, se popularizando e trazendo tendências que podem mudar
todo o mercado brasileiro de investimentos. Abaixo, separamos para você,
algumas das principais novidades deste setor:
Modelo fiduciário
Fidúcia é uma palavra vinda do latim, que
significa confiança. Assessorias financeiras que trabalham com o modelo
fiduciário no Brasil ainda são uma novidade. Já em países como os Estados
Unidos e o Reino Unido, o atendimento já migrou amplamente para o modelo
fiduciário, no qual o assessor não é remunerado por comissões diferentes para
cada produto em que seu cliente investir, mas sim pelo seu trabalho técnico
desenvolvido, por meio de uma taxa fixa mensal, independentemente do
produto consumido pelo cliente.
Apesar de ainda ser um modelo de remuneração
menos conhecido no Brasil, ao estudar a fundo o mercado financeiro global, é
inegável que o modelo fiduciário é o futuro da assessoria de investimentos no
Brasil. “A única forma de você não consumir um produto financeiro que é bom
apenas para a instituição financeira é o modelo fiduciário. Ao trabalhar com
uma taxa fixa, quando o cliente enriquece, o assessor de investimentos também
passa a ganhar mais, afinal ganha um % sobre seu patrimônio”, explica
Henrique de Barros, planejador financeiro especialista no modelo fiduciário.
Transparência nas relações
A regulamentação da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) passou por alterações significativas, impactando diretamente
a maneira como os assessores de investimento operam no Brasil. As principais
mudanças introduzidas pelas Resoluções CVM 178 e 179 afetam tanto os assessores
quanto os investidores.
A Resolução
CVM 178 define que os
assessores de investimento têm a obrigação de fornecer um termo de ciência ao
cliente, detalhando suas atividades, estrutura remuneratória e potenciais
conflitos de interesse. Já a Resolução
CVM 179 complementa as
mudanças, exigindo que as instituições financeiras disponibilizem em seus sites
informações qualitativas sobre remunerações e eventuais conflitos de
interesses. Isso significa uma maior transparência na relação entre assessores
e investidores que já está em vigor e auxiliando o investidor a ter
conhecimento sobre o destino de seus investimentos.
Clientes bem informados
As Resoluções do CVM, que abrem caminho para o
modelo fiduciário, trazem a transparência necessária para que os clientes se
tornem mais bem informados para suas decisões. O Brasil ainda tem, segundo a
Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais
(Anbima), 25% de sua população
investindo apenas na poupança. Há desconhecimento sobre o setor de investimentos.
“Investir é algo muito contraintuitivo”,
explica Henrique de Barros. “E, por isso, os clientes são muitas vezes
traídos pelos seus vieses. O papel do bom assessor de investimentos é trazer
clareza e racionalidade para esse processo de maneira estruturada por meio de
um bom planejamento financeiro”.
De acordo com o especialista, o Brasil começa a
experimentar um ajuste rumo a democratização do acesso de serviço de qualidade
para investidores e, consequentemente, do conhecimento para os investidores,
que passam a entender e opinar em seus investimentos. “E isso não é
reinventar a roda, é apenas popularizar algo que já é tão comum em países
desenvolvidos e entre os multimilionários brasileiros”, salienta.
Henrique de Barros - Planejador financeiro especialista no modelo fiduciário, certificado com CFP®. É graduado em Engenharia Industrial pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com passagem pela GOS Engenharia, Vangardi, Méliuz, Instituto Henrique$$er e Arpium.
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