A conclusão consta de Relatório de
Acompanhamento Fiscal (RAF) da Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão
ligado ao Senado FederalIMAGEM: DC
A desvalorização do câmbio no
Brasil se destaca em relação a outras moedas e, embora a conjuntura
internacional esteja adversa, os riscos domésticos responderam por 90% da
variação cambial no caso do real. As conclusões aparecem em artigo publicado no
Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF), da Instituição Fiscal Independente
(IFI), órgão ligado ao Senado Federal.
O artigo assinado por Rafael
Bacciotti usa um modelo do IBRE/FGV para avaliar os fundamentos do real no
curto prazo, considerando fatores globais (preço das commodities, posição do
dólar ante outras moedas e retorno dos Treasuries), fatores locais ligados ao
prêmio de risco e diferencial de juros entre as economias brasileira e
norte-americana.
"Embora o comportamento do
real geralmente siga os fundamentos globais, no acumulado de 2024 até junho, a
desvalorização foi impulsionada principalmente por fatores locais, equivalentes
a quase 90% da variação cambial", aponta o texto.
Os fatores globais contribuíram
com o equivalente a 20% da variação cambial. Já o diferencial da taxa de juros
atuou na outra direção, fortalecendo o real e equivalendo a quase 10% do
movimento de câmbio.
"Apesar do crescimento da
economia brasileira superar expectativas, a escalada da taxa de câmbio desde
meados de abril parece refletir o aumento do risco fiscal interno associado ao
compromisso do governo com o reequilíbrio da dívida pública como proporção do
PIB", pontua.
Bacciotti destaca que as
projeções de câmbio estão sendo revisadas constantemente pelo mercado, como se
vê no relatório Focus. Ao mesmo tempo, as expectativas para inflação se afastam
da meta de 3%, o que influencia na condução da política monetária, com a
interrupção do ciclo de cortes da Selic. Esse contexto provocou elevação da
curva futura de juros.
"O recente alívio nas
cotações do real, em resposta à sinalização do governo sobre o compromisso com
o arcabouço fiscal, é positivo para mitigar o aumento das expectativas de
inflação. Isso poderia reduzir a necessidade de um aperto monetário mais
agressivo por parte do Banco Central, evitando um cenário de juros ainda mais
restritivo para a atividade econômica. A concretização de um cenário com juros
mais altos amplificaria os desafios atuais para o reequilíbrio da dívida
pública, especialmente em razão da perspectiva de aumento do déficit nominal,
da redução dos investimentos e do crescimento econômico", aponta
Bacciotti.
Desvalorização
acentuada - O documento ainda mostra que
desde o início de 2024, o real apresenta tendência de depreciação ante o dólar.
Em dezembro de 2023, a taxa de câmbio era de R$ 4,84, subindo para R$ 5,56 em
junho, o que representa uma queda de quase 15% e uma reversão aos níveis de
2021, descreve o documento.
O movimento reflete a
conjuntura externa adversa, associada sobretudo às incertezas em relação à
queda dos juros nos Estados Unidos. Isso provocou a desvalorização de várias
moedas, principalmente de Países emergentes.
"No Brasil, a
desvalorização foi particularmente acentuada, com uma queda de 15% no primeiro
semestre, comparado a aproximadamente 3% no Peru, cerca de 7% no Chile,
Colômbia, México, e cerca de 13% na Argentina", explica.
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