Médica destaca que a anemia em gestantes provoca complicações tanto para a mãe quanto para o bebê
A anemia ainda é considerada um problema de saúde pública no Brasil por conta de sua alta prevalência.
Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou os resultados de dados coletados em 2011 que apontavam a prevalência de anemia em 32% das grávidas brasileiras. A taxa se enquadra na segunda classificação mais alta do órgão – que passa de “moderada” para “severa” quando a prevalência de anemia é de 40% ou superior.
Recentemente, um estudo do Programa de Pós-Graduação em Nutrição
Humana da Universidade de Brasília analisou trabalhos publicados entre 1974 e
2021, e contemplou todas as regiões do país. A partir dos dados, a pesquisadora
concluiu que a prevalência de anemia entre gestantes brasileiras é de 23% -
número considerado muito alto.
“Quando grávidas, as mulheres apresentam aumento de líquido circulando no organismo maior que o aumento das células sanguíneas. Desta forma, elas apresentam a hemodiluição, que tecnicamente é o desequilíbrio entre o volume de plasma e o volume dаѕ hemácias”, explica a Dra Aline Cervi, ginecologista e membro da AMCR (Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil).
A médica destaca que a anemia em gestantes provoca complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. Entre elas, o aumento da possibilidade de infecções durante a gestação e no pós-parto, risco de aborto e baixo peso dos bebes ao nascerem, maior chance de nascimento prematuro bem como restrição do crescimento do bebe intraútero.
“É fundamental que a futura mamãe realize o pré-natal e receba o acompanhamento de especialistas, mas infelizmente isso não acontece sempre. Muitas delas não realizam o acompanhamento necessário, seja por dificuldades de acesso ou por opção da paciente”, afirma a especialista.
Segundo Dra. Aline, as anemias são divididas em grupos. A mais
comum é a fisiológica, que pode acontecer numa grande parte das gestantes, e se
deve ao aumento do plasma maior que o das células sanguíneas. As anemias por
deficiência de nutrientes, como ferro, vitamina B12 e ácido fólico. A anemia
causada por deficiência de ferro, denominada anemia ferropriva, é muito mais
comum que as demais: estima-se que 90% das anemias sejam causadas por carência
deste nutriente. A seguir temos a anemia megaloblástica que se dá pela
deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico.
A médica menciona também as anemias hemolíticas, nas quais as hemácias morrem ou são destruídas antes do seu ciclo normal de vida, que é de 120 dias. “Desta forma a medula óssea não consegue repor todas as hemácias destruídas, causando a redução da presença destas células no sangue”. Dra. Aline afirma que este tipo de anemia se divide em dois grupos: hereditárias: é o caso da anemia falciforme, e da talassemia, além de outros subtipos específicos menos comuns, e adquiridas, causadas por distúrbios autoimunes, reações de transfusões de sangue, incompatibilidade materno fetal, medicamentos, destruição física das hemácias.
Já a anemia aplástica ocorre quando há diminuição de todos os tipos de células do sangue produzidas na medula óssea. Isso pode ser causados por exposição a substâncias tóxicas (arsênico, benzeno e pesticidas), radioterapia, quimioterapia, distúrbios autoimunes (como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatóide), infecções virais como hepatites, vírus de Epstein-Barr, HIV, citomegalovírus ou parvovírus B19 e casos em que não identificamos a causa.
O tratamento varia conforme a causa da anemia e
pode envolver desde o aumento da ingestão de ferro, vitamina B 12 e ácido
fólico através de fontes dietéticas como carnes, vegetais de folhas verdes e a
ingestão de suplementos vitamínicos específicos, se recomendado por um médico,
até tratamentos mais específicos.
“Por isso, saliento a importância de realizar acompanhamento pré-natal e ir a todas as consultas, realizar os exames específicos de pré natal, passando pelo acompanhamento de médico especialista para que o risco da anemia diminua e assim diminuindo as complicações que podem aparecer e permanecer sob controle", finaliza a médica.
AMCR – Associação Mulher Ciência e Reprodução Humana do Brasil
Para saber mais informações, acesse o site.
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