Micro agulhamento, entre outros tratamentos oferecidos por não médicos para tratar manchas e pintas podem acelerar o melanoma, um dos cânceres mais invasivos e silenciosos.
É unanime, quando se trata de problemas de pele,
principalmente no rosto, não há quem não se incomode e busque por soluções
estéticas para tratar. Hoje o mercado oferece uma infinidade de métodos que
prometem acabar de vez com manchas indesejadas, e muitas vezes esses
procedimentos são executados por não médicos, ou seja, profissionais incapazes
de avaliar condições sérias de saúde.
Há diversas profissões habilitadas para oferecer
esses tratamentos, e isso é ótimo, pois dá ao cliente a oportunidade de optar
por métodos mais acessíveis, mas, nem sempre essa é a melhor opção,
principalmente por não saber identificar o que é um problema estético e o que é
uma doença.
A médica dermatologista Paula Sian, conta que
recentemente um paciente chegou ao consultório, após iniciar um tratamento para
retirada de uma pinta, com um resultado inverso, ao invés de sumir a mancha
aumentou de tamanho. “Assim que o paciente entrou já reconheci os sinais de um
possível melanoma, e após a avaliação e exames, constatamos que tratava-se de
um câncer de pele, que infelizmente foi acelerado por conta do
procedimento”.
De acordo com Paula, não há problema em optar por
esses atendimentos, desde que, antes certifique-se com um médico que não há
sinais de alguma patologia. “Existem tratamento altamente qualificados para
cuidados superficiais, inclusive, já fiz uso de muitos, mas tem muita gente
despreparada para atuar no mercado, colocando vidas em risco” – explica a
médica.
Dados do Ministério da Saúde, colhidos em 2019,
apontaram 1.978 mortes por cancro da pele no país, sendo 1.159 homens e 819
mulheres. Só em 2022, o Instituto Nacional de Cancro (INCA), contabilizou
185.600 novos casos de cancro da pele, sendo 177.000 casos de cancro não
melanoma, o mais comum e menos agressivo.
“O melanoma é um câncer silencioso e muito
invasivo, que na maioria dos casos é ignorado pelo paciente, por confundir com
uma pinta comum. Quando é reconhecido, muitas vezes, já está em um estado
avançado, comprometendo a vida do paciente” – alerta Paula.
Mas afinal, o que é o melanoma
e como reconhecer?
O melanoma é um tipo de cancro da pele que surge
nos melanócitos, as células responsáveis por produzir a melanina, o pigmento
que dá cor à pele e pode aparecer em qualquer parte do corpo (pele, mucosas, na
forma de manchas, pintas ou sinais). O melanoma é considerado um cancro
mais agressivo pois possui mais chances de se espalhar e formar metástases.
Os sinais mais suspeitos são:
- Pintas
que mudam de cor, tamanho ou formato;
- Pintas
que coçam ou sangram;
- Pintas que apresentam qualquer tipo de alteração ao longo do tempo;
É importante ressaltar que, embora o melanoma seja o cancro de pele menos frequente, tem o pior prognóstico e o maior índice de mortalidade. Se detectado precocemente, tem altos índices de cura, superiores a 90%. Porém, se for diagnosticado em estágio avançado, tem a probalidade de se espalhar para outras áreas do corpo e causar metástase, que é quando o câncer atinge outros órgãos.
Os tratamentos disponíveis são: Cirurgia em casos iniciais e quimioterapia e imunopterapia nos estágios mais avançados.
Por fim, a dermatologista sugere que antes de iniciar tratamentos estéticos oferecidos por não médicos, passe em consulta e descarte a possibilidade de ser algo que necessite de intervenção médica. Paula também alerta para ter recomendações do profissional. “Quase todos os dias nos deparamos com notícias sobre clinicas e profissionais que cometeram erros graves em pacientes/clientes, comprometendo sua aparência para sempre ou até mesmo, sua vida. Por isso, conheça profundamente o profissional” – finaliza.
Dra. Paula Sian (Dermatologista) - Dermatologista desde 2007, Paula Sian Lopes é formada pela Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP), onde também fez residência em Clínica Médica e Dermatologia. Especializou-se em Farmacodermia e Dermatoses Imunoambientais na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e em Medicina Chinesa e Acupuntura na Associação Médica Brasileira de Acupuntura (AMBA). Desde 2011, Paula atende em seu consultório próprio com o viés em Dermatologia clínica, estética e cirúrgica, tanto para adultos como crianças. Além disso, a especialista realizou serviços voluntários no ambulatório de alergias da UNIFESP, de 2013 a 2017. A médica também é escritora e acaba de lançar o “Um burnout para chamar de seu”, um livro que relata, pelo ponto de vista do paciente como é conviver com o burnout.CRM: 111963-SP RQE Nº: 38348
https://www.instagram.com/pelecomalma/
Nenhum comentário:
Postar um comentário