Hoje, de cada
três xícaras de café consumidas no mundo, uma delas é dos cafés produzidos no
Brasil. Esta paixão pela bebida tem estimulado não só bons negócios, como
benefícios para nossa saúde, devido às suas propriedades
nutracêuticas, eficazes para melhorar a atenção, concentração, memória e
aprendizado, além de ser um agregador social nos encontros entre amigos e
familiares.Freepik
Segundo
dados divulgados pela ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café – somos
o segundo maior consumidor de café no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Por aqui, entre novembro de 2022 a outubro de 2023, foram consumidos 6,40
kg/ano de café cru e 5,12 kg/ano de torrado e moído.
O Prof. Dr.
Durval Ribas Filho - Médico Nutrólogo, Fellow da Obesity Society FTOS – USA e
Presidente da ABRAN –
Associação Brasileira de Nutrologia lembra que os cafés não são iguais. A
composição de cada tipo depende da maneira como a planta foi cultivada, as
alterações durante o processo de fabricação e até mesmo o modo que a bebida é
preparada e servida.
“Reconhecida
por contribuir com várias funções do nosso organismo, a cafeína - principal
substância do café não é 100% inofensiva. É um estimulante do sistema nervoso
central, que pode interferir no funcionamento do cérebro e do resto do nosso
corpo, de forma positiva ou negativa, dependendo da dose ingerida. A
substância não está apenas na xícara de café, mas faz parte da composição de
outros alimentos, como refrigerantes tipo cola; bebidas energéticas; chás
verde, mate e preto; chocolate; suplementos alimentares para treinar e até
remédios, além da própria cafeína como um suplemento em pó”, alerta.
Confira
as 10 dicas do especialista para aproveitar todo o prazer de degustar um
cafezinho.
1.Por que o café faz bem para saúde?
Além da cafeína,
é rico em antioxidantes, substâncias químicas que ajudam a proteger nossas
células. São minerais, vitaminas e flavonoides, importantes na circulação
sanguínea. Os ácidos clorogênicos, por exemplo, são responsáveis por parte
da atividade antioxidante da bebida, com potencial ação antibacteriana,
antiviral e anti-hipertensiva.
2.É um aliado do cérebro?
Sim. Auxilia
o cérebro na liberação de estimulantes naturais, como a adrenalina (hormônio
relacionado com a disposição e euforia) e a dopamina, conhecida como o
“hormônio da felicidade”, que está associada com a motivação.
3.Traz energia e menos fadiga?
Das
evidências científicas sobre os efeitos fisiológicos do café, e talvez o mais
conhecido, é o ganho de energia extra, um aumento da disposição que ocorre
graças à cafeína, alcaloide estimulante para o sistema nervoso central e, por
isso, capaz de combater aquela sensação de fadiga, após um dia muito exaustivo
de estudos ou trabalho.
4.Pode se tomar café sem limites?
Apesar dos
benefícios para saúde, o consumo de café deve ser moderado. O excesso de
cafeína pode desencadear irritação, ansiedade, nervosismo, agitação e
arritmias. A qualidade do sono pode ser afetada, com crises de insônia,
prejudiciais à qualidade de vida e regulação do metabolismo. Em casos mais
graves e raros pode se chegar a uma overdose de cafeína com aceleração
cardíaca, tonturas, descontrole muscular e dificuldade para respirar.
5.Qual a dose certa?
A tolerância
à cafeína é variável em cada pessoa, de acordo com a idade, altura, peso e
hábitos de consumo diário da bebida. É importante não contabilizar apenas a
cafeína do café, mas do consumo geral, incluindo as fontes de cafeína de outros
alimentos. Para um adulto saudável, com cerca de 70 kg, de 300 a 400
miligramas, como dose diária de cafeína, segundo a European Food Safe
Authority.
6.Há um horário ideal para o consumo de café?
O ideal é
consumi-lo até o meio da tarde. Por interferir no sono, para algumas pessoas,
pode causar um prejuízo de atenção e concentração no dia seguinte. Mas
dependerá do tipo de café: grãos com maior teor de cafeína ou
menor ou se é expresso ou coado.
A bebida
também possui substâncias que atrapalham a absorção de certos nutrientes. Por
isso, se consumido logo após o almoço, pode dificultar a absorção de ferro
presente nas carnes, vegetais e feijões e a combinação com o leite pode
interferir na quantidade de cálcio absorvida pelo organismo. O recomendado é
tomar café duas horas antes ou após as principais refeições.
7.Quem não pode tomar café?
De forma
geral, a bebida não é a ideal para gestantes, mulheres que estão amamentando,
pessoas com distúrbio de sono, indivíduos que sofrem com crises de ansiedade e
pânico, menores de 12 anos e pessoas com refluxo. Portadores de problemas
cardíacos ou glaucoma devem evitar ou consumir com orientação médica.
8.Há um tipo melhor de café?
O café
expresso tem o triplo de cafeína que o coado. Enquanto apenas 30 ml de
café expresso, tem 60 mg de cafeína, 125 ml (meia xícara) de coado tem 85
mg. A melhor opção é escolher o coado. Já o solúvel e o descafeinado
passam por várias etapas no processo industrial. Pesquisa realizada no Reino
Unido sugeriu que, embora prático, o café instantâneo pode acelerar o
envelhecimento. Quanto ao descafeinado, alguns produtos usados no processo de
descafeinação podem oferecer riscos à saúde, como o cloreto de metileno, que
pode afetar o sistema nervoso central. Porém, nem todas as indústrias
utilizam esta substância.
9.Posso tomar café amanhecido?
O café não
deve ser consumido 30 minutos após o preparo, pois além da alteração no paladar
e aroma, ocorre o início de um processo de oxidação, gerando a degradação das
substâncias da bebida, o que pode gerar efeitos prejudiciais para saúde, como
náuseas e até problemas gastrointestinais.
10.Cafeína é uma droga e vicia?
A cafeína é
um composto que pode ser classificado como droga, se considerarmos seu poder
estimulante do sistema nervoso e, portanto, favorecer um estado de alerta, com
um aumento da concentração, atenção e até euforia, com um consumo em excesso.
Estes efeitos no organismo não são iguais para todas as pessoas. Fatores como
idade, peso e a própria capacidade do fígado de digerir a cafeína interferem na
sua ação.
A
necessidade exagerada de consumo pode sinalizar certo “vício”. Porém, no caso
do café, muitas vezes o que se tem é uma dependência mais psicológica do que
biológica, ao se fazer a associação que a bebida pode proporcionar maior
disposição e energia, em um momento de stress, por exemplo. A rápida absorção
da cafeína traz esta sensação de bem-estar e mais energia. Quando não se
consume, a sensação passa a ser de abstinência.
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