A pré-eclâmpsia (PE) é responsável pela maioria das mortes maternas em nosso país, além de um número incontável de pacientes que apresentarão sequelas permanentes causadas pela PE ao longo de suas vidas, incluindo sérios problemas renais e cardiovasculares. Estima-se que, no Brasil, a incidência de PE esteja ao redor de 5% a 8% de todas as gestantes. Quatro grandes ações podem reduzir a mortalidade por PE, conhecidas como a “Regra dos 4 P”: Prevenção Adequada, Pré-Natal Atento, Parto Oportuno e Puerpério Seguro.
Prevenção Adequada – São
conhecidas algumas estratégias nesse sentido: o uso do ácido acetilsalicílico
(AAS) em baixas doses (100 mg), a utilização de cálcio para gestantes de baixa
ingesta (1 g ao dia), bem como a prática de atividades físicas regulares. A
prescrição de AAS e cálcio deve ser realizada para pacientes que possuem
fatores de risco, como pré-eclâmpsia em outra gestação, gestação gemelar,
hipertensão crônica, doenças renais, primeira gravidez, idade materna acima de
40 anos, obesidade, entre outros.
Pré-Natal Atento – A
assistência pré-natal realizada de forma atenta e com intervenções oportunas,
baseadas nas melhores evidências, proporcionará à gestante a oportunidade de
prevenir diversas patologias, seja por meio de medicações ou mesmo por
orientações educativas. Um seguimento atento será responsável pela suspeita
clínica de pré-eclâmpsia e dará oportunidade para um diagnóstico precoce e
encaminhamento rápido. Uma vez realizado o diagnóstico, recomenda-se que a
gestante seja internada para possibilitar o seguimento adequado do binômio
mãe-feto.
Parto Oportuno –
Sabidamente, o início do tratamento desta situação ameaçadora à vida é a
resolução da gestação. No entanto, quando a pré-eclâmpsia aparece em idades
gestacionais precoces, e diante da estabilidade do quadro clínico materno,
permite-se acompanhar a gestante com o máximo de cuidado e levar a gestação até
no máximo 37 semanas. Nesse período, deve-se acompanhar a gestante controlando
sua pressão arterial, realizar exames periódicos para avaliar se a doença não está
progredindo e monitorar o feto com exames de ultrassonografia e
cardiotocografia. Em relação à via de parto, sabe-se que, exceto em casos de
evidente necessidade de nascimento acelerado, a paciente se beneficiará do
parto vaginal.
Puerpério Seguro – Recomenda-se
que a paciente permaneça monitorada no ambiente hospitalar por pelo menos 72
horas. Outro aspecto relevante deste período é a promoção do planejamento
familiar, orientando as pacientes sobre os diversos métodos contraceptivos
seguros. Ademais, este é um momento para orientar a paciente quanto às suas
repercussões futuras. Devemos sempre ter em mente “uma vez pré-eclâmpsia,
sempre pré-eclâmpsia”, para lembrarmos dos efeitos desta doença a longo prazo
na vida dessas mulheres e para orientarmos nossas pacientes sobre possíveis
riscos futuros, principalmente no que diz respeito às doenças cardiovasculares.
Somente por meio de uma abordagem abrangente, baseada em evidências científicas, que promova a educação, o acesso a cuidados de qualidade e o monitoramento contínuo, poderemos reduzir efetivamente a mortalidade materna e as sequelas relacionadas à pré-eclâmpsia. Cabe a todos nós assumir a responsabilidade de proteger a saúde e o bem-estar das mães e de seus bebês, garantindo que nenhuma vida seja perdida em virtude dessa condição evitável.
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