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quinta-feira, 13 de julho de 2023

Como trabalhar o tempo e o fluxo de tempo para alcançar nossos objetivos

Outro dia, lendo o jornal, vi uma matéria que falava como os cientistas descobriram como a percepção do fluxo de tempo é formada. Trazia uma pesquisa feita com um tipo de anfíbio, onde foi possível desconstruir a construção do tempo e passaram a observar o que acontecia com esses seres microscópicos.

 

Isso me fez relembrar sobre o que escrevi sobre fluxo, tempo e o fluxo de tempo para o meu segundo livro, Pensando Claramente – Uma visão da bondade, e como Heráclito de Éfeso (filósofo pré-socrático que viveu aproximadamente entre 500 a.C. e 450 a.C.) percebia esse curso, ou seja, como o mundo e a natureza estão em constante movimento. Uma de suas declarações é de que ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente não se encontram as mesmas águas, e o próprio ser também já se modificou. 

 

Outro filósofo, contemporâneo de Heráclito, Protágoras, aponta que o mundo em que vivemos é levado pelo movimento e pela impermanência. Ainda aproveitando a arena dos pensamentos filosóficos dos gregos, por outro lado, para o filósofo Parmênides, contemporâneo dos anteriores, “o que é essencial não muda”. Essas visões corroboram a dinâmica atual do nosso mundo, em que fatos, acontecimentos, metodologias e tecnologias estão num ritmo frenético de mudanças, muitas delas vindo de dentro de nossas organizações. Entretanto, quanto mais rápidas essas mudanças, mais o essencial se torna importante. O essencial refere-se à construção de uma cultura de motivação, de engajamento, de organização, de planejamento, de insights dignos de gerar a inovação ou a mudança necessária para nos manter relevantes na carreira e conservar a relevância de nossas empresas no mercado. 

 

O rio muda a cada segundo e as pessoas também. Assim, a grande questão acaba sendo: como nos manter relevantes e não permitir que nossas expertises e diferenciais competitivos deixem de ser atraentes para a lógica de mercado. Como responsáveis pelas organizações ou pelas nossas carreiras dentro delas, precisamos nos manter em sintonia e, se possível, antecipar-nos a essas transformações, com agilidade e competência, para nos inserirmos na nova lógica e nas ferramentas que essa nova lógica nos traz, ou mesmo criarmos novos paradigmas. De todas as variáveis que impactam as regras e o jogo organizacional, a variável mais importante a ser gerenciada é o tempo. 

 

Como trago neste segundo livro, o tempo é a única realidade verdadeiramente rara, ninguém pode produzi-lo, vendê-lo ou estocá-lo. A Teoria das Restrições, do Dr. Goldratt, deposita a máxima importância na administração da variável tempo. Segundo ela, por exemplo, quando um equipamento considerado gargalo em uma linha de produção está parado, está consumindo tempo de produção, pois é esse equipamento que rege a capacidade e o fluxo da linha de produção. Para a Teoria das Restrições, um minuto ganho num gargalo é um minuto ganho no processo como um todo. Quando um equipamento gargalo quebra, o que se perde é tempo. Quando Goldratt fala em proteger a restrição, ele fala em um pulmão de tempo para essa proteção. 

 

Ou seja, um equipamento gargalo, por exemplo, deve ter um pulmão de materiais medido em tempo, para que não falte ou coloque em risco a continuidade do processamento desse equipamento. Com essa prática, a Teoria das Restrições propõe um formato de gestão para se administrar a variabilidade do tempo. A vazão de um rio é medida por m3 /s. Nossa velocidade nas estradas é medida em km/hora. Um corredor olímpico corre 100 metros em determinados segundos. O conceito por trás é que o tempo desperdiçado não pode ser recuperado. O tempo é uma variável irrecuperável e sua administração é importante para que o fluxo e o movimento que permeiam as atividades humanas transcorram adequadamente, sem acúmulos ou obstruções.

 

Santo Agostinho diz que tudo o que se move deseja alcançar um objetivo. Para que isso aconteça é necessário ter técnicas de gestão de tempo e saber priorizar tarefas para ser mais produtivo e eficiente na condução dos projetos. Assim, elimina-se também desperdícios, indo de encontro ao que Victor Hugo dizia “a vida já é curta e nós a encurtamos ainda mais, desperdiçando tempo”. Isso tudo ajuda na conquista de nossos objetivos. 

 

Devemos permitir que as coisas fluam, pois tudo se move em direção a um objetivo. Por exemplo, se sou responsável por processar uma determinada quantidade de informações, revisá-las, transformá-las e entregá-las para que sejam utilizadas em suas finalidades, tenho de estabelecer um ritmo e uma cadência em que a quantidade necessária de informações seja processada adequadamente num determinado período de tempo. O ritmo estabelecido no tempo deve permitir o fluxo de entrada, processamento e saída. Tudo isso para manter o fluxo adequado, pois tudo está em movimento. Quanto maior o fluxo, maiores a eficiência, a eficácia e a harmonia em nossos processos e em nossas empresas. Devemos permitir que nossos atos e movimentos fluam para que os objetivos se realizem, um atrás do outro. E o fluxo é medido pela variável tempo. 

 

 

João Luiz Simões Neves - economista formado pela Unicamp, com MBA pela Business School São Paulo e Programa Executivo pela Universidade de Toronto, possui especializações em análise de sistema e marketing. Atualmente, é diretor da Global Results, consultoria especializada em gestão e liderança (www.globalresults.com.br), além de palestrante e escritor da área de gestão e liderança, com artigo internacional publicado na revista Apics – EUA.


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