Médicos aguardam o Ministério da Saúde para restabelecer fornecimento
“Estamos
extremamente preocupados com a falta do único medicamento para tratar o câncer
adrenocortical e, principalmente, com a falta de resposta do
Ministério da Saúde, que foi acionado por nós em 02 de março deste ano, e até,
agora, estamos sem resposta” alerta a Dra. Maria Candida Barisson Villares
Fragoso, endocrinologista da Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo – SBEM-SP.
A empresa
cadastrada na ANVISA para importação do mitotano informou em ofício à
agência sanitária, em 25 de março de 2022, a suspensão e a comercialização
do quimioterápico no Brasil, deixando centenas de pacientes adultos e
pediátricos com risco de morte. Com isso, o Ministério da Saúde ficaria
obrigado a importar diretamente o medicamento da indústria, o que demanda
programação para que os pacientes não tenham o seu tratamento interrompido. Mas até
agora nada foi feito.
O carcinoma
adrenocortical é um câncer raro, considerado um dos
cânceres sólidos mais agressivos apresentando baixa
sobrevida, sendo mais frequentemente detectado em mulheres a partir da segunda
década, atingindo um pico entre a quarta e quintas décadas de vida.
De acordo com os
especialistas, o carcinoma adrenocortical pode ocorrer em qualquer idade. Em
adultos, a doença atinge cerca de 1 a 2 pessoas a cada 1 milhão, por ano. Na
faixa etária pediátrica, há uma incidência global que corresponde a 1 décimo da
incidência dos adultos. Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, essa incidência é
cerca de 15 a 18 vezes maior, devido peculiaridades genéticas.
“O mitotano é o pilar do tratamento clínico do carcinoma adrenocortical em contexto neoadjuvante, adjuvante ou paliativo. Não temos outra droga com o mesmo efeito adrenolítico e inibidor da síntese hormonal para substituí-lo. Sem esse medicamento, estamos condenando a sobrevida dos pacientes”, reforça a médica endocrinologista, que assina a carta enviada ao Ministério da Saúde em 02 de março de 2023 ao lado de colegas que representam o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), o Hospital das Clínicas da FMUSP, o Hospital das Clínicas da UFBA, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e a Associação Brasileira Addisoniana (ABA).
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