De acordo com especialista, esse aumento significativo está diretamente relacionado às alterações fisiológicas do organismo no período gestacional
Apesar do
Infarto Agudo do Miocárdio ser a maior causa de mortes no país, trata-se de um
evento raro durante a gravidez, com incidência estimada de três casos a cada
100 mil partos.
Traduzindo para
o cenário brasileiro, seria como se 20 gestantes por ano apresentassem a
doença. Se por um lado, aparentemente são poucos casos, por outro, temos
uma maior letalidade, que pode chegar a até 20%.
“O risco de
infarto em uma mulher durante o período gestacional é até quatro vezes maior do
que quando ela não está grávida. Isso ocorre por causa das alterações fisiológicas
do organismo, como aumento da frequência cardíaca, elevação hormonal e nos
níveis de colesterol, coagulação, entre outras”, alerta Rafael Domiciano,
médico e coordenador de Cardiologia do Hospital e Maternidade São Luiz Anália
Franco
Além de Maternidade
completa, com pronto socorro obstétrico 24h e retaguarda de leitos de Unidade
de Terapia Intensiva para gestantes, a unidade, localizada na zona Leste da
capital paulista, também possui um pronto-atendimento cardiológico, com
estrutura e profissionais qualificados para identificar e tratar casos de
infarto com rapidez.
Justamente por
ser algo pouco comum, e muito grave, a informação e a conscientização são
essenciais para saber identificar os sintomas e buscar atendimento médico a
tempo.
O sintoma mais
clássico da doença é a dor torácica. “Outras condições comuns durante o período
gestacional, como refluxo, ansiedade e dores osteomusculares, também podem
ocasionar esse sintoma, confundindo a gestante. Por isso, é tão importante
buscar avaliação médica”, enfatiza o cardiologista.
No São Luiz
Anália Franco, por exemplo, há um protocolo específico, já na entrada do
pronto-socorro, para atendimento de casos de dor torácica. “Em casos de infarto
o tempo para início das intervenções é decisivo. Nos quadros mais graves, temos
no máximo 90 minutos para desobstruir uma artéria e reestabelecer o fluxo
sanguíneo, então ter um serviço que une maternidade e cardiologia é um diferencial”,
explica Daniel Del Negro, diretor geral do Hospital.
Causas
e prevenção
As causas de
infarto em gestantes são amplas e variadas, sendo a principal a dissecção da
artéria coronária, que ocorre devido à separação da parede da artéria e
corresponde a acerca de 45% dos casos, seguida por trombose (formação de
coágulos sanguíneos), vasoespasmo (estreitamento das artérias) e doença
aterosclerótica (acúmulo de placas de colesterol nas paredes das artérias).
Os fatores de
risco do infarto na gravidez são diferentes, sendo os mais frequentes o
tabagismo (23%), histórico familiar (16%), hipertensão (9%) e distúrbio
lipídico (7%).
“No entanto,
estudos observacionais apontam que apenas 9% das gestantes com infarto tinham
mais de um fator de risco, enquanto 61% não relataram nenhum. Ou seja, isso não
é determinante e é preciso ficar atenta a qualquer alteração”, observa Rafael
Domiciano.
De acordo com o
especialista, a única forma efetiva para se evitar um infarto na gravidez é a
prevenção, por meio de avaliações periódicas durante o pré-natal, que permite o
diagnóstico precoce e a adoção de medidas de controle para uma gestação
saudável.
“A avaliação
cardiológica é um ponto de atenção durante o pré-natal. A principal causa de
morte materna no mundo é a pré-eclâmpsia, doença caracterizada pela elevação da
pressão arterial. Por isso, realizar o acompanhamento correto e buscar serviços
de saúde com estrutura e profissionais qualificados, é primordial”, avalia
Fabiana Ruas, obstetra e Coordenadora da Maternidade do Hospital São Luiz
Anália Franco.
O tratamento do infarto na gestação é extremamente complexo, considerando a escassez de dados clínicos, dificuldade no manejo medicamentoso e as alterações fisiológicas da gravidez.
“Há ainda o momento do parto, que naturalmente exige um aumento
do esforço cardíaco da mãe. Com certeza é um evento que merece muita atenção e
estrutura adequada para atendimento em caso de intercorrências”, complementa
Dra. Fabiana.
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