Cenário traz alerta aos bebês prematuros que, com sistema imunológico frágil, precisam ainda mais de proteção; ressalta ONG Prematuridade.com
Em 9 de junho é celebrado o Dia Nacional da
Imunização e, historicamente, o Brasil sempre foi um exemplo global de
vacinação infantil, mantendo, por décadas, as coberturas vacinais acima de 95%.
Porém, desde 2015, os índices de imunização vêm caindo – cenário que se agravou
na pandemia – fazendo com que 1,6 milhão de crianças não tenham tomado a
primeira dose da vacina contra a pólio ou da DTP (que previne contra difteria,
tétano e coqueluche), entre 2019 e 2021, segundo o governo federal.
O relatório “Situação Mundial da
Infância 2023 - Para cada criança, vacinação”, do Fundo das Nações
Unidas para a Infância (UNICEF), revelou que a percepção sobre a importância e
a confiança nas vacinas para crianças diminuiu em 52 dos 55 países pesquisados.
No Brasil, houve uma queda de 10 pontos percentuais - antes da pandemia, 99,1%
dos brasileiros confiavam nas vacinas infantis e, após o surgimento da
emergência relacionada à COVID-19, a taxa caiu para 88,8%.
A situação é ainda mais preocupante no caso
dos bebês prematuros, alerta a fundadora e diretora executiva da ONG Prematuridade.com,
Denise Suguitani. “A vacinação é fundamental para a saúde de todas as crianças,
incluindo aquelas que nascem prematuras e, por isso, são mais suscetíveis
a doenças e infecções. Os bebês prematuros inspiram cuidados especiais,
pois podem apresentar baixa imunidade e sistema respiratório mais frágil",
fala.
A desinformação sobre a segurança das vacinas
é um entrave. "É muito importante que os profissionais de saúde se
atualizem quanto ao tema, para poder orientar corretamente as famílias,
reforçando sempre a necessidade de manter o calendário vacinal do bebê
prematuro em dia, a fim de garantir a eles mais saúde e melhores
prognósticos, bem como a importância da vacinação em dia de todas as pessoas
que convivem com o bebê", ressalta Denise.
A diretora executiva da ONG Prematuridade.com
lembra que, de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde e da
Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) – parceira da ONG -, as vacinas contra
meningite, pneumonia, coqueluche, hepatite B, rotavírus, gripe e as demais
vacinas do primeiro ano de vida devem ser aplicadas de acordo com a idade cronológica da
criança prematura.
Denise explica, ainda, que algumas
imunizações, indicadas e disponíveis para o prematuro, podem ser feitas
com o bebê ainda internado, seja em hospital público ou privado. “Para isso, a
equipe da UTI Neonatal deve entrar em contato com o CRIE (Centro de Referência
para Imunobiológicos Especiais) ou com a Coordenação Municipal de Imunização”,
explica.
O CRIE tem como finalidade facilitar o acesso
de pessoas com necessidades específicas de imunização, como os bebês
prematuros, disponibilizando ampla gama de vacinas, soros e imunoglobulinas,
gratuitamente, e que não são oferecidos nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) ou
o são apenas para faixas etárias restritas. No link https://prematuridade.com/proteger/os-cries, é possível
verificar os endereços dos CRIEs pelo Brasil.
Particularidades
O bebê prematuro receberá as vacinas do
primeiro ano de vida indicadas a todos os bebês, mas com algumas
particularidades. Uma das diferenças em relação aos bebês que nasceram a termo
é a vacina contra hepatite B. Nos prematuros que nascem com menos de 33 semanas
ou com menos de 2kg, essa vacina deve ser aplicada em 4 doses ao invés de 3.
Podem ser dadas ao nascer, aos 2, 4 e 6 meses ou então ao nascer, com 1, 2 e 6
meses.
Já para receber a vacina BCG, que protege
contra a tuberculose, o bebê prematuro precisa estar com, no mínimo, 2kg.
A diretora-executiva da ONG Prematuridade.com
lembra que um diferencial importante na vacinação dos bebês prematuros é a
recomendação do uso de vacinas acelulares, que são desenvolvidas com partículas
e não com células inteiras, fazendo com que as reações à vacina sejam menos
frequentes e bem mais leves. “Vacinas combinadas, que protegem contra
várias doenças ao mesmo tempo, em uma única dose, também são indicadas para os
prematuros. A vacina hexavalente, por exemplo, protege
contra difteria, tétano, coqueluche, meningite, poliomielite e hepatite B,
em uma só aplicação. Prematuros nascidos com menos de 1kg ou abaixo de 31
semanas de gestação têm direito a receber essa vacina, que está disponível nos
CRIEs”, fala.
Denise ressalta que, apesar de não ser uma vacina, o medicamento
imunobiológico “palivizumabe” é de extrema importância para a proteção dos
prematuros contra a infecção pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR). O item é
disponibilizado, de acordo com alguns critérios, pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) desde 2013 e foi incorporado pelo rol da ANS (Agência Nacional de Saúde)
em 2018, ou seja, é coberto pelos convênios. As aplicações do medicamento
ocorrem durante os meses de maior circulação do vírus, que vai depender da
região do país onde o bebê vive. “O VSR é o principal responsável pelas
infecções pulmonares infantis, como a bronquiolite, que pode ser muito grave em
bebês prematuros”, frisa.
De acordo com especialistas, só é necessário adiar a vacinação do bebê prematuro quando ele está em condição extremamente delicada, como, por exemplo, apresentando pressão arterial instável, distúrbio metabólico e quadros infecciosos, como choque séptico em função de infecção hospitalar ou bronquiolite grave. “Mas com o quadro se estabilizando, mesmo que na UTI neonatal, é preciso vacinar. Vacinas salvam vidas”, conclui.
A ONG Prematuridade.com tem em sua página na internet uma seção
dedicada à imunização onde, além de informações e esclarecimentos, as famílias
podem se cadastrar para o recebimento de alertas mensais, por SMS, com
lembretes das vacinas necessárias aos bebês. Acesse em
prematuridade.com/proteger.
Associação Brasileira de Pais, Familiares,
Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – ONG Prematuridade.com
Observatório da Prematuridade
https://prematuridade.com/_files/view.php/download/pasta/1/61f96b65a3779.pdf
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