Levantamento com 28 mil crianças e jovens mostram ambição por questões como qualidade de vida, bem-estar físico e mental; cuidado com os outros e a contribuição para a construção de um país e de um mundo melhor estão entre as últimas prioridades
Uma pesquisa que acaba de ser divulgada em parceria pelo Grupo Rabbit, maior consultoria
em gestão escolar da América Latina, juntamente com a Explora Pesquisas
Educacionais, traz dados reveladores do momento atual de crianças e jovens
brasileiros. Com mais de 28 mil questionários preenchidos por alunos de escolas
particulares do país e por seus responsáveis, o estudo identificou as
expectativas, o propósito e a qualidade de vida de crianças e de adolescentes
em idade escolar para conhecer melhor os alunos da Educação Infantil ao Ensino
Médio a fim de que as famílias e os educadores possam auxiliá-los na busca de uma vida promissora e feliz.
A amostragem considerou o Berçário e Educação
Infantil (19% dos consultados), Ensinos Fundamental I e II (com 30% e 38% dos
entrevistados, respectivamente) e Ensino Médio (13%), sendo 51,4% das pessoas
do sexo feminino e 47,8% do sexo masculino. Ao longo do questionário, tanto os
pais quanto as crianças e os adolescentes foram submetidos a perguntas
relacionadas a todo o âmbito escolar, passando por assuntos relacionados à
alimentação, ao sono, à exposição de telas, baixa interação social, entre
outros.
Baixa
interação social na escola
Uma grande parcela da interação social dos
jovens está relacionada aos colegas de escola. A pesquisa retrata que metade
deles acham que interagem pouco. “Este dado é de grande relevância, pois a
baixa interação social pode ter um impacto significativo na saúde mental dos
adolescentes. Estudos mostram que aqueles que têm mais dificuldade em se
relacionar tendem a apresentar maiores níveis de estresse, ansiedade, depressão
e agressividade”, alerta o CEO do grupo Rabbit.
A interação social, principalmente a
presencial, é importante para o desenvolvimento da inteligência emocional dos
alunos. Durante essas fases da vida, as relações ajudam a moldar a
personalidade, a desenvolver habilidades sociais e emocionais, e a construir
uma rede de apoio.
Mapeamento das áreas de interesse
Questionados sobre as áreas de interesse para futuros empregos, é
possível notar que os alunos levam em conta variados motivos para buscar uma
carreira profissional. Além de considerarem o gosto pessoal e as habilidades, também
são influenciados pelo meio e pelos familiares e prestam atenção no prestígio
social, nas tendências de mercado e na tradição.
A questão de escolha x gênero também apareceu nas respostas: 33% dos alunos do sexo masculino optaram por Tecnologia da Informação, Ciências de Dados e Inteligência Artificial (IA), enquanto 44% das participantes do sexo feminino escolheram Ciências da Saúde como uma possível profissão.
Para o CEO do Grupo Rabbit, as diferenças de
interesses nas áreas de atuação profissional conforme o gênero podem ser
explicadas por alguns fatores, incluindo estereótipos de gênero, desigualdades
de gênero, barreiras culturais e sociais, entre outros. “Desde a infância,
meninos e meninas são socializados de maneiras diferentes, o que pode levar a
diferenças nas expectativas e nos interesses profissionais. Por exemplo, as
meninas são muitas vezes incentivadas a buscar profissões relacionadas ao
cuidado com outras pessoas, como enfermagem e educação, enquanto os meninos são
incentivados a buscar profissões relacionadas à tecnologia e à ciência”,
acrescenta.
Ainda sobre a perspectiva futura dos adolescentes, quando indagados a respeito da prioridade daquilo que consideram mais importante na vida adulta, associando aspectos profissionais, pessoais e sociais, todos os segmentos consideraram a ‘qualidade de vida, bem-estar físico e mental’ como mais importante; na sequência, optam por ‘ter paixão pelo que faz’. A obtenção de uma remuneração adequada, capaz de dar tranquilidade financeira, está bem colocada no ranking.
“O que chama atenção, entretanto, são os últimos lugares em termos
de preocupação: para os jovens do Ensino Médio, contribuir para um Brasil e
para um mundo melhor ficou em 9º lugar de dez e cuidar ou melhorar a vida de
outras pessoas ocupou o 7 º lugar, o que mostra pouca empatia”, alega Coelho.
Essa falta de empatia traz um alerta importante, a geração Z possui um foco extremamente individualista. Todas as prioridades estão ligadas ao “ter” e não ao “ser”, para se sentirem felizes e realizados necessitam de satisfação pessoal, seja em ter bens materiais ou imateriais.
Exposição
às telas
Quando a temática se volta para a exposição de telas,
compreendendo televisão, celular, tablet e computador, 41% das crianças do
Berçário e da Educação Infantil ficam de 1 a 2 horas por dia nelas; quando o
foco está nas crianças do Ensino Fundamental I, 43% passam de 2 a 4 horas
consumindo as tecnologias. Esse tempo de exposição é maior que o recomendado
pela Sociedade Brasileira de Pediatria (Manual de Orientação de 2021).
“Os números mostram um excesso claro na exposição desde os primeiros anos, o que pode trazer consequências para a saúde física diversas e também no âmbito comportamental. É uma geração mais imersa no mundo virtual do que as anteriores, que se vê com maior dificuldade de interação social, como o próprio estudo mostra”, diz Coelho.“E o distanciamento é revelador na falta de empatia, na necessidade de olhar mais para questões individuais do que coletivas, em mais ter que ser”, completa o especialista.
Grupo
Rabbit
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